• Nenhum resultado encontrado

ORIXÁ MALLET – O CAPITÃO DE DEMANDA

No documento Origem Umbanda (páginas 50-52)

Concepção do Orixá Mallet – Príncipe Malaio – O “Capitão de Demanda” da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade

Demanda, ao contrário de ser entendida como somente sendo um mal feito, na realidade significa: “Ação

judicial; causa; disputa, combate, guerra, peleja; à procura de; à cata de; em busca de”.

A partir de 1913 passou a atuar, através de mediunidade de Zélio de Moraes, uma Entidade da vibração de Ogum que se identificava como Orixá Mallet, chamado de “Capitão de Demanda”. De acordo com Leal de Souza, essa Entidade portentosa, emissária da Luz, atuava mais no terra-a-terra e trouxe consigo do espaço dois auxiliares, que haviam sido indígenas malaios na última encarnação. Dispunha essa Entidade ainda, dentre os elementos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, de cinco Falanges selecionadas do Povo da Costa, semelhante às tropas de choque dos exércitos da Terra, seis Falanges do Oriente, além de arqueiros de Oxossi, inclusive núcleos da Falange de Ubirajara.

Encontramos duas formas de apresentação do nome dessa Entidade Espiritual: Mallet, e/ou Malê. Qual seria a certa? Na certeza, só ele mesmo poderia dizer. Vamos aos estudos destes nomes, para que, pela razão e bom senso, podermos entendê-lo da forma correta. Cada um veja, reflita e escolha o que acha ser mais correto. É somente um nome e nada mais. Como o próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas disse: “Se querem um nome,

 Atualmente, os malaianos se referem ao termo “Mallet” como: “Uma ferramenta com uma cabeça

grande, usado para golpear uma superfície sem danificá-la”.

 “Mallet” também é designativo de nome. No Brasil, encontramo-lo no nome de um importante personagem militar: “Émile Louis Mallet, mais conhecido como Marechal Emílio Mallet, o Barão de

Itapevi (Dunquerque, 10 de junho de 1801 — Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1886), foi um militar brasileiro nascido na França. Homem de grande porte físico, com 2,01 metros de altura e 120 quilogramas de peso. É Patrono da Artilharia do Brasil e na data de seu aniversário é comemorada o Dia da Artilharia”.

 Somos sabedores que o Orixá Mallet, em sua última encarnação, foi um principe Malaio, seguidor do Islamismo, trazendo-o e ensinando-o na África, Indonésia e por fim, em sua terra natal, a Malásia. Teve grande influência e veneração pelos ensinamentos espirituais espalhados principalmente entre os escravos da cidade de Cabo. Ele é creditado por ter trazido o Islã na África do Sul. Pela grande penetração espiritual dada ao povo africano, pode ter recebido o nome – “Malê – que na lingua

Iorubá quer dizer: “muçulmano”. Portanto, esse poderia ser efetivamente seu nome correto.

Por trabalhar integrado a vibratória de Ogum, especialista em desmanches de magias negras e descarregos (desobsessões), carreou como companheiros de trabalhos, diversas outras entidades espirituais também especialistas nestes misteres.

Muitos dos Caboclos(as) da Mata, ligados a vibratória dos Orixás Oxossi, Xangô e Yansã, e principalmente de Ogum, trabalhadores da Umbanda, são conhecidos na Umbanda Crística como “Caboclos da Mata Demandadores”, pelas formas particulares como lidam com possíveis desmanches de magias negras, combatendo o mal, aplicando a Lei e a Justiça Divina. Suas maiores atuações se fazem nos processos de Descarregos (desobsessão). Alguns Caboclos Demandadores são particularmente identificados por muitos umbandistas como: “Caboclos Africanos”, por plasmarem mediunicamente a forma de um silvícola africano; mas, nesta Linha Espiritual encontram-se Espíritos, que quando encarnados, pertenceram a várias plagas. Na Umbanda, os Caboclos Africanos não existem como Linha especial de Trabalho Espiritual em particular e não devem ser tratados como tal, mas, estão integrados, incorporando, trabalhando e sendo identificados como Caboclos da Mata. Não nos esqueçamos: Linha de Trabalho Espiritual é composta por arquétipos sociais e não raciais. Na Umbanda, os “indígenas” que tiveram encarnações em solo africano, ou mesmo nos aparecem fluidicamente como africanos, não gostam, e não se identificam como sendo “Caboclos Africanos”, mas tão somente como “Caboclos da Mata”.

O Orixá Mallet, o Capitão de Demanda da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, vibratoriamente da Linha de Ogum, que se identificava fluidicamente como um malaio, manipulava com maestria as energias sutis da Natureza, exigindo para determinados trabalhos a calma dos campos, a altura das montanhas, o retiro das florestas, e as forças desagregadoras das ondas do mar. Leal de Souza que conviveu vários anos com essa Entidade, nos relata um caso presenciado por ele:

“Na primeira vez que o vi a sua grande bondade, para estimular minha humilde boa vontade, produziu uma daquelas esplêndidas demonstrações. Estávamos cerca de vinte pessoas numa sala completamente fechada. Ele, sob a curiosidade fiscalizadora de nossos olhos traçou alguns pontos no chão, passou, em seguida, a mão sobre eles como se apanhasse alguma coisa; alçou à sinistra, e abrindo-a, largou no ar três lindas borboletas amarelas, e, espalmando a destra na minha, passou-me a terceira”.

– Hoje, quando chegares a casa, e, amanhã, no trabalho, será recebido por uma dessas borboletas.

E, realmente, tarde da noite, quando regressei ao lar e acendi a luz, uma borboleta pousou no meu ombro e na manhã seguinte, ao chegar ao trabalho, surpreenderam-se todos os meus companheiros, vendo que outra borboleta, também amarela, como se descesse do teto, pousava-me na cabeça.

Tive ocasião de assistir à outra de suas demonstrações, fora desta Capital, à margem do Rio Macacú. Leváramos dois pombos brancos, que eu tinha a certeza de não serem amestrados, porque foram adquiridos por mim. Colocou-os o Orixá Mallet, como se os prendesse sobre um ponto traçado na areia, onde eles quedaram quietos, e começou a operar com fluídos elétricos para fazer chover.

Em meio à tarefa disse: – Os pombos não resistem a esse trabalho. Vamos passá-los para a outra margem do rio. Pegou-os, encostou-os à fronte do médium e alçando-os depois, soltou-os. Os dois pássaros, num vôo alvacento, transpuseram a caudal, e fecharam as asas na mesma árvore ficando, lado a lado, no mesmo galho. Passada a chuva que provocara, disse: – Vamos buscar os pombos. Chegamos à orla. O Orixá Mallet, com as mãos levantadas, bateu palmas e os dois pombos recruzando as águas, voltaram ao ponto traçado na areia”. Príncipe reinante, na última encarnação, numa ilha formosa do Oriente, o delegado de Ogum é Magnânimo, porém, rigoroso, e não diverte curiosos: – ensina e defende.

No documento Origem Umbanda (páginas 50-52)

Documentos relacionados