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Mensagem de Zélio Fernandino de Moraes

No documento Origem Umbanda (páginas 171-175)

O conteúdo de nossas mentes é o que trazemos ao mundo que nos cerca, ao mundo de cada um, e que nos acompanha. Agora, mais do que nunca, eu compreendo a palavra de Cristo: “Bem-aventurados os puros de

coração”. Sim, verdadeiramente felizes são os que não enxergam tristezas, os que não prejudicam a ninguém

Nós outros, que queremos seguir outras trilhas: a da justiça com as próprias mãos; a do julgamento segundo nossa própria bitola da vida; a justiça segundo nossas verdades. Nós nos deparamos com o reflexo de tudo isso num grande espelho onde se refletem nossas ansiedades injustificadas, que reduzem a vitalidade do corpo e aprisiona o Espírito.

A vida após a morte não deveria ser espetáculo de surpresas para quem trabalhou anos a fio na mediunidade. Servindo de ponte entre Espíritos e homens, passamos grande parte fazendo, e pouco tempo pensando, aproveitando os ensinamentos e conversando com aqueles que estão ao nosso lado em silêncio, mas que não muitas vezes detentores de muitas verdades – não as “nossas” verdades, mas ensinamentos que devem ser compartilhados.

Até hoje não me pediam a palavra. Respeitei o não pedido. Mas agora que o fazem, deixem-me alertá-los: Conversem mais entre vocês – umbandistas, espíritas, cristãos. Vivam mais em alegria de confraternização e não em disputa de quem é maior, ou melhor. Aos olhos de Deus somos filhos iguais. Fazem-nos constantemente vingadores de uma causa que não é mais justa: nosso amor próprio ferido. Temos que ser tão superiores de modo a que o nosso amor amorteça as pedradas, e retornemos ao ofensor amando.

É necessário aprender na escola da vida, sabendo humildemente absorver problemas, transformando-os em exemplos edificantes de resgates de dívidas.

Meus filhos; que eu poderia dizer-lhes mais do que se amem e se compreendam, para que a par de toda a cultura espiritualista de que são detentores, não lhes sejam cobrados minutos de atenção e gentileza ao amigo ou à criança que sofre. Deus seja louvado. Que adianta trabalhar 20 anos se em um minuto nos negarmos a calar e escutar com carinho e paciência aqueles que nos procuram, por certo com carência, por necessidade de amor?

Abraços do sempre amigo, Zélio de Moraes.

(Zélio de Moraes – FUGABC – Federação Umbandista do Grande ABC – revista: “Mensagens e Orações de Umbanda” – Editora Modus – nº 01)

Em 1967, após 59 anos de atividade junto a Tenda Nossa Senhora da Piedade, Zélio entregou a direção dos trabalhos às suas filhas Zélia (Falecida em 2001) e Zilméia (falecida em 2010) e passou a viver em “Boca do Mato” (localidade do Município de Cachoeiras de Macacú, a 160 quilômetros do Rio de Janeiro) ao lado de sua esposa Dona Isabel (falecida em 1981), médium do Caboclo Roxo. Nesse recanto, privilegiado da Natureza, continuou a atender os necessitados do corpo e da alma, na “Cabana de Pai Antonio”.

Ronaldo Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, em época, gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, através de seu aparelho:

“Meus irmãos: sejam humildes. Tragam amor no coração para que vossa mediunidade possa receber Espíritos superiores, sempre afinados com as virtudes que Jesus pregou na Terra, para que as necessidades possam encontrar socorro nas nossas casas de caridade. Aceitem meu voto de paz, saúde e felicidade com amor”.

A última mensagem de Zélio de Moraes é de 1973 e foi transmitida através de Ronaldo Antônio Linares pela Rádio Cacique de São Caetano do Sul. Era assim:

“Umbandistas de São Paulo. A vocês todos eu desejo muita paz e felicidade. Há muita gente em São Paulo que me conhece, pois por aí passei muitas vezes, curando doentes com rezas e preces. Com a fé que tenho muita gente ficou curada. Por isso, a esses irmãos de São Paulo, aos umbandistas que praticam a Umbanda sem pensar na vil moeda, no dinheiro, o meu abraço fraternal.

O dinheiro estraga os homens e as mulheres. A vocês umbandistas sinceros, eu desejo muitas felicidades. Que Jesus irradie as vossas casas e os vossos corações.

Que Jesus permita que as falanges do bem, que assistem a Umbanda de humildade, amor e caridade pura, a Umbanda criada pelo Caboclo das Sete encruzilhadas, que é uma corrente poderosa, possa levar a cada lar uma centelha de luz, retirando de vossas casas os Espíritos que estejam nas trevas, para que todos os enfermos sejam curados.

Desejo a vocês paulistas, paz, saúde e felicidade. Salve a nossa Umbanda de humildade, amor e caridade”.

Ao terminar sua missão entre nós, Zélio desencarnou em 03 de Outubro de 1975, aos 84 anos; contava 67 anos dedicados às atividades mediúnicas ininterruptas, pois até quase às vésperas de sua “morte”, continuava atendendo aos necessitados, realizando curas, dando provas constantes de sua clarividência.

Enfermo, deixara o sítio de Boca do Mato e permanecia na casa das Neves, em tratamento. No dia 30 de setembro, dizia ele ao genro, Dr. Júlio de Oliveira Castro, que o visitava diariamente:

- Só mais três dias e estarei bom.

Realmente, três dias depois Zélio passava à vida espiritual.

Durante toda vida lutou por uma Umbanda pura, simples, honesta, não corrompida pelo dinheiro, com médiuns “dando de graça o que de graça estavam recebendo de Deus”.

Zélio Fernandino de Moraes dedicou 67 anos ininterruptos, ilibados, de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro de 1975, com a certeza da missão cumprida.

Túmulo onde estão os restos mortais de Zélio de Moraes, no Cemitério de Maruí, em São Gonçalo

Seu trabalho e as diretrizes traçadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas continuam em ação através de sua neta, Srª Lygia Cunha, que têm em seu coração um grande amor pela Umbanda, árvore frondosa que está sempre a dar frutos a quem souber e merecer colhê-los.

Paz e luz ao seu Espírito amigo, tolerante, humilde. Deus te abençoe irmão.

Pouco tempo depois do desencarne de Zélio, o noticioso “Macaia”, dirigido por Lilia Ribeiro, apresentava o seguinte texto:

No documento Origem Umbanda (páginas 171-175)

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