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REGIMENTO INTERNO DA TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE

No documento Origem Umbanda (páginas 186-191)

Nota do autor: Para melhores realces, as apreciações e comentários de Cláudio Zeus dentro do contexto, estarão em itálico, dentro de uma tabela.

A Diretoria da Tenda, usando das atribuições estatutárias, por ordem e segundo orientação do nosso “Chefe Espiritual” - O Caboclo das Sete Encruzilhadas - resolveu aprovar o presente Regimento Interno, a fim de estabelecer a necessária ordem interna e para atender aos seus associados, trabalhadores e freqüentadores, na maior harmonia e o mais completo aproveitamento dos trabalhos espirituais.

CAPÍTULO I

DAS SESSÕES EM GERAL

Art. 1° - As sessões da Tenda, que deverão começar às 20 horas e terminar às 22 horas, com a tolerância de 15 minutos no máximo, sobre a hora de encerrar, dividem-se:

Primeiro aparte: Observemos que havia tempo determinado para a realização de Sessões. A mim foi explicado, quando de meu início, que esse tempo visava cautela para com os próprios médiuns, evitando desgastes desnecessários e muitas vezes nocivos, tanto à saúde física quanto mediúnica dos mesmos, incluindo-se aí o possível animismo imperante a partir do momento em que, por estarem cansados, médiuns costumam perder os contatos positivos com seus protetores, principalmente os de fase consciente.

a) Sessões de caridade:

b) Sessões de desenvolvimento mediúnico e de consultas exclusivamente para “trabalhadores do Terreiro”; c) Sessões especiais;

Segundo aparte: Havia orientação para que se fizessem sessões exclusivas para médiuns e trabalhadores do Terreiro, fossem elas de atendimento ou de desenvolvimento. Interessante porque você já deve ter lido sobre isso em alguns de meus textos.

Parágrafo único - Essas sessões terão lugar:

a) DE CARIDADE (Sessões públicas).

Às segundas-feiras - Trabalho de “Caboclo”;

Às terças-feiras - Trabalhos de “Pretos Velhos” e “Caboclos”; Às sextas-feiras - Trabalhos de “Pretos Velhos”.

Terceiro aparte: Reparou que não havia determinação para Sessões de Exu em relação à caridade? Perceba que entidades de trabalho para a Umbanda eram Caboclos e Pretos-Velhos apenas. Essa informação se torna interessante na medida em que muitos afirmam que Exu era Linha de Trabalho de Umbanda até para o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Onde estão eles então, na Tenda Nossa Senhora da Piedade?

Para as consultas nesses dias, serão distribuídas aos assistentes, por ordem cronológica de chegada à Tenda à partir das 18 horas, cartões numerados com o nome do “Guia”que os deverá atender.

b) DE DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO E CONSULTAS AOS “GUIAS “EXCLUSIVAMENTE PARA TRABALHADORES DO TERREIRO (Sessões privativas)

1) Só poderão tomar parte nessas sessões médiuns e cambonos matriculados, não sendo permitidos assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes;

2) Para freqüentá-las, torna-se necessário que o Guia Chefe do Terreiro, após verificar a necessidade de desenvolvimento mediúnico, encaminhe a pessoa interessada, privativamente, a “Orixá Mallet” para que este autorize ou não a respectiva matrícula;

3) Essas sessões são divididas em duas partes:

1ª – Das 20 às 21 horas - Trabalho de desenvolvimento mediúnico;

2ª – Das 21 às 22 horas - Consultas aos “Guias”, exclusivamente para os trabalhadores os quais poderão falar a mais de um “Guia”, conforme as possibilidades do momento.

Quarto aparte: Nota-se claramente nessas disposições a importância que era dada, tanto a médiuns quanto aos demais trabalhadores do Terreiro. Isto é muito importante se ter em mente, já que esses são na realidade, os sustentáculos para os trabalhos que possam vir a ser realizados – médiuns e trabalhadores (ogãs e demais) mal orientados ou com problemas particulares e psicológicos acabam atrapalhando mais que ajudando.

c) ESPECIAIS:

Entende-se por sessões especiais:

1 – Sessões do “Chefe” (Sessões públicas) na primeira Quinta-feira de cada mês. Sessões em que a presença do Chefe Espiritual era garantida.

2 – Sessões de “descarga” de “Orixá Mallet” (Sessões privativas). Na Quarta-Feira, véspera da Sessão do “Chefe”, são privativas dos trabalhadores da Tenda não se permitindo assistentes nem consultas. Sessões que visavam tirar dos médiuns quaisquer cargas acumuladas durante os trabalhos em dias de Sessões públicas e mesmo na vida diária.

No grupo onde iniciei, elas se chamavam Sessões de Expurgo.

3 - Sessões de “demanda” (Sessões privativas) Em dia e hora designados pelo “Guia” que estiver encarregado de executar e dirigir os trabalhos. Só poderão ser realizadas, com autorização especial do “Chefe”, a qual será transmitida por “Pai Antonio”, e nela só poderão tomar parte os trabalhadores e pessoas que foram devidamente escaladas ou autorizadas pelo referido “Guia”.

Percebe-se ainda aqui a preocupação de só se realizar sessões deste tipo com a presença de médiuns preparados, médiuns estes apontados como potencialmente preparados e não com a presença de todos os outros, já que isso poderia (como já expliquei em outros textos) trazer até mesmo riscos à saúde mediúnica destes.

4 - Sessões destinadas exclusivamente ao estudo da doutrina, desenvolvimento de outras mediunidades e aperfeiçoamento de cambonos, etc. Às quintas-feiras, com exceção da 1ª de cada mês. Só poderão ser freqüentadas por médiuns desenvolvidos e auxiliares, cambonos ou pessoas designadas pelo “Chefe”, não sendo permitidos assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes.

Perceba-se que o Caboclo das Sete Encruzilhadas se preocupava também com o desenvolvimento de outras mediunidades e não somente a de incorporação e, além disso, preocupava-se também com o estudo da Doutrina. Mas que Doutrina seria essa? Vamos ver mais à frente.

5 - Sessões Festivas (Sessões públicas): Em 20 de Janeiro - de Oxossi (São Sebastião). Em 23 de Abril - de Ogum (São Jorge).

Em 13 de Junho - de Santo António e Pai António.

Em 15 de Setembro - de aniversário da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Em 27 de Setembro - de Cosme e Damião (Falange de crianças).

Em 30 de Setembro - de Xangô (São Jerônimo). Em 16 de novembro - de aniversário do Chefe. Em 04 de Dezembro - de Ynhaçã (Santa Bárbara).

Em 08 de Dezembro - de Yemanjá (Nossa Senhora da Conceição).

São sessões públicas comemorativas de datas solenes da Tenda e funcionam com horário especial, que será estabelecido na ocasião pelo Chefe. Nelas poderão participar médiuns e cambonos de outros Terreiros, desde que a Tenda a que pertençam tenha sido devidamente convidada.

Muito interessante: Alguém consegue ver nessa relação de Sessões Festivas alguma que fosse para Exu? Acho que não! E mais uma coisinha: Perceba-se também que se formos considerar “Orixás” o que o Caboclo das Sete Encruzilhadas considerava, com nomes africanos, veremos somente aqui, nessa relação de festas: Oxossi, Ogum, Xangô, Inhaçã e Yemanjá. As Sete Linhas de Trabalho seriam “fechadas” com Crianças (Cosme e Damião) e Pretos Velhos.

DA DIREÇÃO DAS SESSÕES

Art. 2° - As sessões serão dirigidas por um médium ou cambono designado pelo “Chefe”, o qual será auxiliado pelo cambonos Chefe.

Parágrafo único - São atribuições do dirigente: a) Abrir e encerar as sessões;

b) Organizar a mesa nas sessões de caridade, designando os médiuns auxiliares para compô-la e substituindo- os nas ocasiões que julgar necessário;

c) Cumprir e fazer cumprir por parte de todos, indistintamente, os dispositivos previstos nesse Regimento e ordens em vigor:

d) Resolver todos os casos omissos que chegarem ao seu conhecimento, quer no plano material, quer no espiritual, devendo, conforme o caso , dar ciência da solução adotada, na primeira oportunidade, ao Presidente da Tenda ou ao “Chefe” – Caboclo das Sete Encruzilhadas;

e) Tomar todas as medidas que julgar necessárias para o bom andamento da sessão e que não estejam previstas nesse Regimento, ouvido, na ocasião, o Guia Chefe do Terreiro.

DA REALIZAÇÃO DAS SESSÕES

Art. 3° - As sessões terão início às 20h00min com o defumador, o qual deverá terminar no máximo às 20h20min, até quando será permitida a entrada de assistentes e trabalhadores.

Isso é muito importante de se anotar porque essa medida visava fazer com que todos os presentes tivessem passado pela defumação. Acho que não preciso dizer o porquê.

§ 1° - As exceções do presente artigo, no qual diz respeito a entrada após às 20h20min, serão da alçada exclusiva do dirigente da sessão, ouvido o Guia Chefe do Terreiro;

Observar também: existiam exceções.

§ 2° - Nas sessões de caridade, a porta será aberta entre 21h10min e 21h20min, para saída das pessoas já atendidas e ingresso dos retardatários.

Ingresso de retardatários somente depois da gira firmada e não a qualquer momento com riscos e quebra de corrente.

Art. 4° - A abertura dos trabalhos, que será feita com uma preleção doutrinária conversando, principalmente, sobre assuntos atinentes à Linha de Umbanda, seguida de prece, terá a duração máxima de 15 minutos. § 1° - As consultas e passes só poderão ter início depois de baixar o Guia Chefe do Terreiro;

§ 2° - Nos dias de desenvolvimento mediúnico, serão feitas explicações apropriadas sobre pontos cantados e riscados, durante 20 minutos aproximadamente, sendo prestados, na ocasião, todos os esclarecimentos que a esse respeito forem solicitados.

Observe-se mais uma vez que a preocupação com a boa orientação dos médiuns em desenvolvimento era marca registrada do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Acredito piamente que ele entendia muito bem que médiuns, tanto podem ser muito bons para o Terreiro, quando conscientes de suas responsabilidades e bem preparados, como podem ser exatamente os pontos fracos por onde o Baixo Astral pode ir tomando conta.

Art. 5° - As sessões de caridade terminarão, obrigatoriamente, por uma descarga espiritual feita pelo Guia Chefe do Terreiro.

No meu entender e também como aprendi, isso é fator primordial. Médium que volta pra casa carregando nas costas as energias negativas de outros ou do ambiente, com certeza vai se desgastando aos poucos e quando chegar a perceber...

Parágrafo único: Iniciada essa descarga, cessarão, imediatamente, as consultas aos Guias no ponto em que estiverem, não sendo permitido, sob qualquer pretexto, e a quem quer que seja, se dirigir aos mesmos ou aos demais participantes do Terreiro.

A fim de que não haja perturbação do trabalho por quebra de corrente. Quebra de Corrente. Isso é tão importante quanto à própria respiração dentro de um Terreiro.

CAPÍTULO II

DOS TRABALHADORES DO TERREIRO

MÉDIUNS EM GERAL

Art. 6° - Médiuns desenvolvidos:

São os médiuns cruzados que tem autorização de “Orixá Mallet”, para dar passes e consultas, bem como auxiliar os trabalhos de desenvolvimento mediúnico, e outros quaisquer que se realizarem na Tenda, de acordo com esse Regimento.

Distintivo: FAIXA VERMELHA na cintura. Art. 7° - Médiuns em desenvolvimento:

a) Auxiliares: São os médiuns de desenvolvimento mediúnico adiantado, já classificados por “Orixá Mallet”. São obrigados a comparecer às sessões de quarta-feira, não podendo, contudo, freqüentar o Terreiro em outro qualquer dia, a não ser na qualidade de assistente.

Mais um dispositivo importantíssimo: Sempre que posso, procuro informar sobre a importância de não ter médiuns iniciantes em giras de trabalho, nem como cambonos, já que, por ingenuidade e falta de preparo, costumam ser os mais vulneráveis a atuações de energias e entidades do Baixo Astral. Existem exceções? Existem, é claro!

Mas a Regra é esta até por lógica, e se os médiuns iniciantes forem poupados, pelo menos no início de suas práticas, de estarem entrando em contato com energias e entidades que não conhecem, com certeza só terão a ganhar.

Aí, uma vez me disseram assim: “Que nada, é melhor mesmo que vão encarando “as barras pesadas” de começo e aprendendo, com isso, a levarem tombo e se levantarem”.

Um bom conselho, talvez... Mas será que aplicam essa “técnica” também no aprendizado sobre a vida a seus próprios filhos carnais? Será que os deixam, sem medos ou críticas, enfrentarem a vida sem conselhos, ensinamentos e até mesmo reprimendas? E será que se agirem assim não vão acabar se arrependendo como tantos que vemos por aí sabendo depois, pela mídia, que seus “pobres e queridos filhos” estão diretamente envolvidos no comércio de drogas proibidas? Sei não!

O pior é que em caso de médiuns iniciantes, além de poderem se prejudicar, poderão prejudicar a todo o grupo mediúnico, na medida em que, fatalmente, serão eles os principais alvos do Baixo Astral com conseqüentes quebra de correntes e até mesmo necessidade de atendimento imediato e particular. Vamos pensar um pouquinho mais sobre isso?

Art. 8° - Os médiuns em geral, devem dar máxima passividade possível às entidades que se aproximarem, para que essas possam trabalhar com plenitude de irradiação e de força.

Acredito que isso seja norma em qualquer Terreiro, até hoje.

CAMBONO EM GERAL

Art. 9° - Aos cambonos cruzados - secretários dos Guias - compete: § 1° - Ao cambono Chefe:

a) Cumprir e fazer cumprir no Terreiro, pelos médiuns, cambonos e assistentes, todas as origens vigorantes, velando pela boa e perfeita normalidade e regularidade dos serviços a seu cargo;

b) Fiscalizar o preparo e execução do defumador no início de cada sessão;

c) Superintender todos os serviços atribuídos aos demais cambonos, controlando a distribuição de todo material que se fizer necessário à realização dos trabalhos;

d) Controlar e disciplinar a chamada dos consulentes;

e) Esforçar-se para manter os trabalhadores e assistentes, em constante concentração espiritual, não permitindo que cruzem braços e pernas, que conversem e que procurem ter curiosidade sobre o que se passa no Terreiro, além de tudo mais que possa perturbar ou quebrar a corrente fluídica durante as sessões;

f) Levar ao conhecimento do dirigente da sessão, qualquer irregularidade que notar, antes, durante e após os trabalhos;

g) Finalmente acatar e fazer cumprir as resoluções que eventualmente possam ser emanadas do dirigente da sessão ou Guia Chefe do Terreiro.

Em relação ao item “E”, percebemos a importância que era dada à participação da assistência que, embora alguns não levem em conta, é importantíssima na formação da egrégora do Terreiro. Uma Assistência dispersiva, não concentrada, conversando entre si, também pode provocar maior carga de trabalho para os médiuns com não muito boas conseqüências ao longo do tempo.

§ 2°- O Cambono Chefe deverá ser substituído em seus impedimentos por um dos cambonos substitutos; § 3°- Ao Cambono Tronqueira: Além das atribuições dos cambonos substitutos e auxiliares, fica especialmente encarregado de:

a) Fazer parte, obrigatoriamente, da mesa nas sessões de caridade, auxiliando os trabalhos de descarga e de doutrinação que se fizerem necessários aos espíritos sofredores que nela baixarem.

§ 4°- Ao cambono subchefe: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente: a) Zelar pelo asseio e correção do uniforme dos trabalhadores do sexo feminino;

b) Fiscalizar o vestiário das senhoras;

c) Exercer controle da passagem que dá acesso ao toalete durante os trabalhos.

§ 5°- As funções desse cambono, que está subordinado diretamente ao cambono chefe, serão privativas do sexo feminino e só poderão ser exercidas, em caso de substituição eventual, por pessoa do mesmo sexo, designada pelo “Chefe”, para esse fim.

§ 6°- Ao cambono substituto: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente: a) Substituir os cambonos chefe e tronqueira em seus impedimentos eventuais;

b) Secundar e auxiliar o cambono chefe em todas as suas atribuições;

c) Executar as ordens de serviço relativa à subdivisão de trabalhos e atividades que cada um deve superintender durante as sessões.

§ 7° - Ao cambono auxiliar: Além das atribuições ainda não previstas: a) Acatar e fazer cumprir as ordens recebidas do cambono chefe;

b) Receber das mãos do cambono chefe todo material que se fizer necessário ao Guia que assistir, salvo se o mesmo possuir material próprio, caso em que levará apenas ao conhecimento do cambono chefe a natureza do material a ser empregado;

c) Dar plena e geral assistência ao Guia com o qual estiver trabalhando, não podendo dele se afastar sem sua permissão;

d) Abster-se de ouvir as consultas, somente intercedendo nas mesmas em caso de ser chamado pelo Guia e apenas para atender ao assunto que por ele lhe for atribuído;

É terminantemente vedado:

1° - Revelar ou comentar a natureza das consultas e bem assim procurar tirar qualquer proveito dos assuntos tratados nas mesmas;

2° - Tomar ou procurar tomar conhecimento das consultas dadas por outros Guias, seja por curiosidade, seja por qualquer outro motivo.

§ 8° Ao cambono zelador: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente: Zelar pelo “Jacotá” (altar), trazendo-o sempre limpo.

Zelar pelo asseio e higiene de todas as dependências da Tenda:

Providenciar para que todos os objetos e utensílio à ela pertencentes estejam sempre limpos, arrumados em ordem e em seus devidos lugares;

§ 9° - Esse lugar será exercido por pessoa do sexo feminino diretamente subordinada à direção da Tenda; Distintivo dos cambonos cruzados: Faixa verde na cintura.

O que está acima nem é preciso comentar. São determinações de âmbito puramente material.

No documento Origem Umbanda (páginas 186-191)

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