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A PEQUENA EMPRESA REPRESENTA PAPEL FUNDAMENTAL NA ECONOMIA

No documento Livro - O Segredo de Luíza (páginas 145-150)

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A PEQUENA EMPRESA REPRESENTA PAPEL FUNDAMENTAL NA ECONOMIA

As micro e as pequenas empresa no Brasil

As MPME (micro, pequenas e médias empresas) têm grande importância na economia mundial. Em alguns países, sua participação no PIB atinge cerca de 50%, com fortes tendências de crescimento. No Brasil, existiam em 2003, segundo o IBGE, cerca de 10,5 milhões de pequenos negócios, dos quais 98% são informais. A participação dessas empresas na economia do país distribui-se de acordo com os seguintes dados:

No número de empresas 98% Na produção 48% Empregos 60% Salários 42% Vendas no comércio 72% Prestação de serviços 56% Participação no PIB 25%

Taxa de mortalidade de empresas por região e Brasil — 2000 / 2002

Duração Sudeste Sul . Nordeste Norte Centro-Oeste Brasil

2 anos 56,7 52,9 46,7 47,5 49,4 49,4

3 anos 56,4 60,1 53,4 51,6 54,6 56,4

4 anos 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9

O fechamento das empresas tem elevado custo social.

Custo socíoeconômico advindo da taxa de mortalidade empresarial no Brasil

Ano encerradas Empresas ocupações Perdas de Desperdícios econômicos (bilhões de R$)

2000 275.900 924.202 6,6

2001 276.874 705.125 6,7

2002 219.905 684.956 6,5

Total 772.679 2.400.000 19,8

No Brasil, por vários motivos, existem ainda grandes obstáculos à atividade empreendedora nascente.

Causas das dificuldades e razões para o fechamento das empresas

Categoria Ranking Dificuldades/Razões que responderam % empresários

Falhas gerenciais 1º Falta cap. de giro 42%

3° Problemas financeiros 21% 8° Ponto / local inadequado 8% 9° Falta conhec. gerenciais 7% Conjuntura econômica 2° Falta de clientes 25%

4° Maus pagadores 16%

6° Recessão econômica 14%

Logística operacional 12° Instalações inadequadas 3% 11° Falta mão-de-obra qualificada 5% Políticas públicas - leis 5o Falta crédito bancário 14%

10° Fiscalização 6%

13° Carga tributária elevada 1%

7o Outra razão 14%

Ainda segundo pesquisas do Sebrae, os dados sobre competitividade das MPME em todos os Estados podem ser relacionados como segue:

Porte da empresa: quanto menor o empreendimento, maior o risco de extinção. Das

Idade das empresas: 36% das pequenas empresas morrem antes do primeiro ano; 49%

antes do segundo ano de vida.

Escolaridade dos sócios: quanto maior a escolaridade dos empreendedores, maior a

chance de sucesso. Em 35% das firmas extintas, os sócios tinham, no máximo, o primeiro grau. Em 63% das empresas de sucesso, os proprietários tinham curso superior completo.

Experiência prévia: 60% dos empresários de sucesso tinham experiência anterior em

algum negócio.

Disponibilidade de capital na abertura:

amplia um pouco as chances de sucesso do empreendimento: 14% dos empresários que tiveram sucesso tinham dinheiro para iniciar sua empresa, contra 6% (menos da metade) no caso de empresas extintas.

Identificação e avaliação de oportunidades: 71% dos empresários que tiveram suas

atividades extintas afirmaram ter aberto suas empresas porque haviam identificado uma boa- oportunidade. A possibilidade de erro de julgamento ou na formatação posterior do negócio não pode ser desprezada.

Marketing e vendas: 53% das empresas bem-sucedidas consideraram marketing e

vendas de enorme importância no sucesso, diante de 35% no caso das extintas.

Apesar da grande participação percentual no número de empresas, as MPME são responsáveis por apenas 5% das exportações brasileiras (na França, 24%; no Japão e na Itália, por 30%). As pequenas empresas têm grande potencial de atuação no Mercosul. No setor de brindes, por exemplo, 80% das empresas participantes são micro, pequenas e médias. No mercado das compras governamentais, as MPME ainda poderão crescer bastante e melhorar sua participação, inferior a 10% (nos EUA, 20%; no Japão, 35%).

Qual a contribuição das MPME para a economia? Em resumo, elas representam: ■ emprego e renda familiar.

■ incubação de grandes empresas. ■ escola de mão-de-obra.

■ complemento na cadeia produtiva. ■ flexibilidade para pequenos nichos. ■ consolidação do franchising.

■ enxugamento da máquina governamental, que desemprega executivos e técnicos. ■ terceirização dos serviços públicos.

O número de micro e pequenas empresas continuará crescendo devido aos seguintes fatores:

pequenas (spin off);

■ consolidação da subcontratação das cadeias de pequenos fornecedores; ■ espírito empreendedor e necessidade de realização pessoal;

■ aposentadoria precoce;

■ informatização e robotização das empresas, que dispensam pessoas de nível técnico/gerencial;

■ crescimento descomunal de serviços ligados à informação.

Fontes: http://www.sebrae.org.br http://www.ibge.gov.br

— Que ótimo! — exclamou Luísa. — Nunca tinha ouvido falar. Quero participar do próximo, se for possível.

— É claro que é. Eu telefonei justamente para convidá-la. Onde você se meteu no sábado?

— Bom — disse Luísa —, é sobre isso que quero falar, além, é claro, de lhe mostrar o ponto em que estou na GMA. Minha família preparou uma grande armadilha, uma verdadeira conspiração contra a Goiabadas Maria Amália. — E contou os detalhes.

O professor Pedro ouviu atentamente a narração de Luísa. Às vezes, tinha um sorriso nos lábios; outras vezes, gargalhava. A história o fascinara. Queria saber detalhes, perguntava sobre as reações de cada pessoa. De vez em quando, anotava algo em sua caderneta. Era perceptível o prazer que a narrativa de Luísa lhe causava.

Por fim, reclinou-se na poltrona e olhou para o teto.

— Interessantíssimo... Eu imaginava que algo iria acontecer, mas jamais poderia conceber uma estratégia tão refinada, envolvendo tantos atores e com tal abrangência e articulação. Maravilhoso!

— E agora, o que faço? — Luísa buscava conselho. — Eu nem mesmo comecei e já estou precisando de suporte!

— Vamos ver o que você já fez a respeito da GMA. Em que ponto está? — perguntou, desviando o assunto.

— Mas, professor, o que achou dessa emboscada familiar?

— Já lhe disse que achei sensacional. Talvez a transforme em um caso didático. Se você permitir, é claro.

— Não faço a mínima idéia. Sinto lhe dizer, mas aqui quem dá respostas é você. Eu a adverti de que nessa história quem aprende sou eu.

Na verdade, o professor continha o forte impulso de dizer a Luísa para largar tudo e partir em busca de si mesma, perseguir o que seu coração mandava, realizar seu sonho. Enfim, abrir a Goiabadas Maria Amália, porque, na opinião dele, tinha grandes chances de sucesso.

Mas, em vez disso, mantinha-se fiel aos pilares de sua metodologia, e um dos principais consistia em induzir o pré-empreendedor a sempre caminhar com as próprias pernas.

Ao ver a frustração estampada no rosto da moça, tentou amenizar, sorriso discreto nos lábios, voz suave, amiga.

— Não estou preparado para dar respostas, lembra-se? Somente sei fazer perguntas. Mas vamos lá: como está evoluindo a idéia da Goiabadas Maria Amália? Adoro esse nome. Já vi que tem até uma sigla, GMA... Humm... será bom nome para exportação — pensou em voz alta.

Luísa compreendera: ele estava decidido a não responder. Era seu método de trabalho. Sentiu-se derrotada. Entregou-lhe todos os papéis, acompanhados das explicações necessárias.

A conversa transcorreu animada, como sempre. Luísa conseguira isolar o

dilema familiar em um canto do coração, da mente. Sabia fazer isso com

habilidade. Era o que lhe permitia estar inteira e concentrar-se no trabalho, mesmo nos momentos em que outras áreas do seu afeto e da sua emoção estivessem em pedaços.

— Bom, muito bom — disse o professor Pedro após ler o material trazido por Luísa e ouvir seu relato.

— Grandes progressos, hein?

Depois de fazer algumas anotações, ele, como de hábito, arremeteu com duas perguntas:

— Você já fez o “Teste a sua idéia de empresa”? E onde está o seu mentor? Luísa ainda não tinha escolhido um mentor, mas achava estar preparada para submeter-se ao questionário que acompanhava o material emprestado pelo professor Pedro. Tinha achado interessante o “Teste”, um conjunto de perguntas abrangendo

todos os detalhes da empresa, ao fim do qual a própria pessoa faz a avaliação, atribuindo-se uma nota. Desse modo, ela mesma decide se já está pronta para começar a fazer o Plano de Negócios.

— Tenho uma pessoa em mente; ele é dono de uma fábrica de biscoitos. Vou procurá-lo.

O professor acrescentou:

— Muito bom. Você deve pedir conselhos a ele. Mostre-lhe todos os seus estudos, idéias. Ele estará em condições de contribuir como consultor. Diferentemente de mim, que posso ajudá-la apenas quanto à metodologia, pois não conheço o negócio em si, ele poderá usar sua experiência para lhe dar conselhos e orientações. Principalmente no que diz respeito a assuntos como organização da fábrica, contratação de pessoal, aluguel de balcão, fornecedores de matéria-prima. De minha parte, posso dizer que você está indo no caminho certo. Acho que deve entrar mais fundo no estudo de mercado. É o ponto crucial na análise da viabilidade de uma empresa.

Luísa animou-se a procurar seu potencial mentor, o empresário André Ferreira Oliveira, que tinha uma antiga fábrica de doces no Barreiro. Começara de baixo, balconista de loja, depois feirante, proprietário de uma pequena mercearia de bairro. Por fim, proprietário de uma indústria de desidratados e biscoitos.

No caminho até o Barreiro, foi pensando em como convencer o seu André a aceitar ser seu mentor. “Será que vai funcionar?”, pensava Luísa com seus botões. Por que uma pessoa tão ocupada, rica, iria perder tempo com uma estudante de odontologia que queria fazer goiabada? “Não sei qual seria minha reação se estivesse no lugar dele”.

Com as dúvidas martelando sua cabeça, Luísa pegou uma edição bastante manuseada da revista O Empreendedor na sala de espera do presidente da Biscoitos Santa Luzia. O que iria acontecer ali era muito importante para ela; poderia mudar sua vida. Sentia a incerteza do momento e refletia sobre como pequenas coisas são capazes de influenciar profundamente uma vida. No entanto, tudo o que estava acontecendo com ela, longe de ameaçá-la, a instigava, mobilizava sua força.

No documento Livro - O Segredo de Luíza (páginas 145-150)

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