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A PERSPECTIVA NA INCLUSÃO NO ÂMBITO EDUCACIONAL

O direito de existência e expressão das diferentes possibilidades da sexualidade até os dias atuais ainda não é plenamente respeitado, visto que, para os que se “desviam” da norma heterossexual restam poucas alternativas: o silêncio e a dissimulação, a humilhação pública, a segregação e a violência. Essas ofensas, humilhações e ameaças dirigidas contra quaisquer manifestações ou sugestões de homossexualidade são um poderoso meio de pressão e controle nos grupos juvenis de

ami-principais de disseminação cultural da homofobia, considerada pre-conceito contra pessoas que se relacionam afetivo-sexualmente com outras do mesmo sexo (VASCONCELOS et. al., 2019).

As discriminações por gênero, etnia e orientação sexual são re-produzidas em todos os espaços da sociedade brasileira, e no espaço educacional não é diferente. Além disso, segundo Dinis (2008, p.479)

“a partir de 1997 pesquisadores da área da Educação de importantes centros universitários do país, tem debatido temas como gênero e sexu-alidade através de uma visão culturalista, rompendo com o paradigma biologizante predominante”.

É importante reconhecer que as preocupações em relação à sexu-alidade, homossexualidade e das identidades e expressões de gênero não são novas no espaço educacional, mas mesmo assim ainda existem essas lacunas que se tornam um agravante para todas as instituições educacionais (VASCONCELOS et. al., 2019).

É preciso tratar da orientação sexual como algo além do envolvi-mento de toda a equipe. Deve ser um processo contínuo de discussões sobre o sentido da orientação sexual no contexto concreto da sociedade atual, transformando o ambiente educacional num verdadeiro centro de informações, debates e avaliações a respeito das questões referentes à sexualidade. Desta maneira, os debates das temáticas referentes à orientação sexual e aos direitos sexuais nas escolas precisam tão so-mente do amparo das políticas públicas na área da educação, como da mobilização social visando desestabilizar a produção de hierarquias, as opressões e os padrões heteronormativos arraigados histórica e culturalmente e que moldam as relações de gênero.

No que se refere às práticas pedagógicas, vêm sendo discutida nos cursos de Licenciaturas e Ciências Biológicas, a maneira de trabalhar a orientação sexual com seus discentes, visto que o perfil acadêmico é bastante diversificado, o que dificulta o trabalho relacionado ao tema, especialmente pelo desconhecimento, como já foi mencionado.

O docente, muitas vezes, trabalha numa mesma turma com heteros-sexuais e LGBT’s, sem mesmo saber, já que a maioria desse grupo vive oprimida graças ao preconceito sofrido, que vão desde atos ofensivos até a agressão física (VASCONCELOS et. al., 2019).

Essas atitudes nem sempre são percebidas e a maior preocupa-ção a respeito disso, são as consequências desses atos, que podem ser agravadas pelo preconceito em relação à liberdade de orientação sexual presente nos discursos da instituição e da comunidade educacional.

Nesse sentido, “alguns autores têm enfatizado que a simples inclusão deste tema não garantirá o respeito à equidade de gênero e a aceitação

da diversidade de práticas e identidades sexuais diversificadas” (GAR-CIA, 2009, p. 3).

Vale lembrar, que o termo “orientação sexual” veio substituir a

“opção sexual”, pois “o objeto do desejo sexual não é uma opção ou escolha consciente da pessoa, uma vez que é resultado de um processo profundo, contraditório e extremamente complexo de constituição [...]” (BRASIL, 2007, p. 17).

Nota-se que o tema tem um grau de complexidade muito maior do que a forma com que é tratado cotidianamente. É preciso, portanto, ter em mente que o grupo de LGBT está amparado ao acesso educacio-nal desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacioeducacio-nal – LDB, Lei 9.394/96, até as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (BRASIL, 2013), que tem por finalidade assegurar o direito à escola para todas as pessoas, brasileiras ou não, que residem no país, sem resquício algum de discriminação de singularidades ou caracte-rísticas específicas de indivíduos ou grupos humanos. Contradizendo a discriminação oculta existente no Brasil, pessoas com orientação sexual diferente da heterossexualidade, não são anômalas, perante a Lei.

Com base nesses argumentos é que se compreende a grande dificuldade por parte dos docentes ao tratar esse assunto, e isso pode estar elencado à própria educação que tiveram, conforme menciona Camargo e Ribeiro (2000).

Assim, tanto as instituições, bem como o corpo docente e comu-nidade educacional em geral, não podem ignorar o assunto. Ao con-trário, como ambiente formador pode proporcionar reflexões sobre os padrões sociais, como forma de agregar o respeito ao cidadão, que é constitucional. Esses princípios de liberdade e igualdade devem ser estendidos e discutidos a todas as questões, especialmente às ligadas à orientação sexual.

Na visão de Costa (2009), além de nos proporcionar o contato com o outro e a reflexão de experiências individuais e coletivas, a sexualidade relaciona-se como um pressuposto valioso para a vivência política do sujeito na sociedade. Os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s, por meio do tema transversal orientação sexual que é um do-cumento que dá legitimidade para que o (a) professor (a) trabalhe com sexualidade em sala de aula, aborda diversos aspectos como: o social, o psíquico e o biológico, com o objetivo de fornecer uma visão pluralista da sexualidade, bem como sanar a ocorrência de gravidez indesejada, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e abuso sexual (BRASIL, 1997). Ainda destaca que, a orientação sexual refere-se à direção do

FORMAÇÃO DOCENTE: importância, estratégias e princípios - Volume 2

desejo sexual do indivíduo, como ele se sente perante a sociedade, podendo ser heterossexual, homossexual ou bissexual.

Neste sentido, o que parece prevalecer nos PCNs é uma orienta-ção imediatista e utilitarista de ensino. Com o intuito de ver se essa percepção ocorre no Instituto Federal Goiano ao que se refere aos futuros docentes, será apresentado a seguir o Plano de Desenvolvi-mento Institucional e o Projeto Pedagógico do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.