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SEXUAL DOS ENVOLVIDOS NA PESQUISA

Com relação à orientação sexual dos funcionários (docentes e servidores) do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, 100% (n=

9) se declararam heterossexuais (sentem atração apenas por pessoas do sexo oposto).

E, por unanimidade, relataram que convivem diariamente com pessoas do grupo LGBT, sendo que o local de maior convivência com o grupo LGBT é no trabalho 56% (n=5). Os demais estão distribuídos entre o grupo de amigos 22% (n=2). Apenas 22% (n=2), não declararam a respeito. No que se refere à forma de preconceito dentro do ambiente escolar, a opinião dos docentes e servidores podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1: Preconceito dentro do ambiente acadêmico na Instituição�

Número de

entrevistados Manifestação de preconceito

Grau de manifestação de

preconceito/n

9

Forte, porém diminuindo. 78% / n= 7 Quase não há mais preconceito 11% / n= 1 Não observa manifestações 11% / n= 1

Fonte: Questionário aplicado aos docentes e servidores (2019)

Verifica-se que 78% (n=7) dos entrevistados consideram o pre-conceito contra o grupo LGBT dentro do ambiente escolar muito forte, porém percebem que está diminuindo. Por ser um espaço de sociali-zação mais amplo do que a família, a escola permite uma convivência maior com a diversidade, isto porque ao conhecer de perto um gay, a pessoa acaba desmontando a imagem preconceituosa (OLIVEIRA, 2013).

Quando questionados se são preconceituosos (as) quanto ao grupo LGBT, 89% (n=8) responderam que não e 11% (n=1) responderam que sim. Cada pessoa carrega dentro de si preconceitos e na ausência de políticas e propostas para lidar com esse tipo de conflito, o resultado é a não aceitação do grupo LGBT. Para tanto, a Tabela 2 apresenta o quantitativo de funcionários (docentes e servidores administrativos) com relação à aceitação e a não aceitação do grupo LGBT na família e no grupo de amizades.

Tabela 2: Opinião dos funcionários quanto à aceitação do grupo LGBT

Você aceitaria ter pessoas destes grupos co

mo: Lésbicas Bissexuais Homossexuais Travestis Transexuais

Familiar: pai, mãe,

filho (a), irmã (ão) 56% 67% 67% 56% 56%

No meu grupo de amizades ou

como amigos de meus filhos 78% 56% 78% 56% 56%

No meu grupo de estudos 78% 67% 78% 78% 56%

Como colegas de

curso da faculdade 89% 67% 89% 78% 67%

Eu os afastaria da sociedade - - - -

-Fonte: Questionário aplicado aos docentes e servidores (2016)

A Tabela 2 mostra que nenhum dos entrevistados é preconceituoso ao ponto de querer afastar o grupo LGBT da sociedade, porém, sentem preconceito quanto à aceitação de algumas orientações sexuais no meio familiar e no grupo de amizades. De acordo com os PCNs sobre sexualidade (BRASIL, 1997, p. 4), “ao invés do professor apresentar pre-conceitos, este deve intervir para garantir as mesmas oportunidades de participação a ambos os sexos, ao mesmo tempo em que deve respeita os interesses existentes entre seus alunos e alunas”.

O respeito mútuo faz com que as pessoas vivam harmoniosamente, sem distinção de raça, cor, ou qualquer outra forma que venha separar essas pessoas e os Direitos Humanos, estão sempre ligados com as mais diversas situações que envolvam os seres humanos. Desta forma, não seria diferente com os homossexuais, sendo que possuem os mesmos direitos independente da orientação sexual.

Pelo fato de nenhum dos entrevistados não se considerarem do grupo LGBT, as respostas das questões sobre terem sido vítimas de preconceito, ato violento ou discriminação devido à orientação sexual não foi respondido.

Portanto, percebeu-se que os docentes, inconscientemente, emitem valores referentes à sexualidade e, como consequência, a transmissão da opinião pessoal do educador em sala de aula pode favorecer o sur-gimento de dúvidas, questionamentos e crenças.

Nesse sentido, espera-se que o docente reflita sobre seus próprios valores e respeitem a opinião de seus discentes, pelo simples fato de que, o seu papel é orientar, ou seja, mostrar o discente o lado positivo e negativo de cada atitude e, não determinar o que é certo ou errado.

Atentando para a afirmação de Teles (1992):

Os professores encarregados de educação sexual na escola devem ter autenticidade, empatia e respeito. Se o lar está falhando neste campo, cabe à escola preencher lacunas de informações, erradicar preconceitos epossibilitar as discussões das emoções e valores (TELES, 1992, p. 12).

Torna-se então necessária uma educação sexual que busque a formação científica e que traga práticas que levem o indivíduo a ter uma vida digna e a ser um cidadão respeitado e que saiba respeitar as diferenças dos outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo de se apropriar da concepção dos servidores (Docentes e Técnicos Administrativos em Educação) no que tange a formação de professores de Ciências com uma visão holística acerca da orientação sexual no meio acadêmico revelou que os participantes, no geral, se declaram livres de preconceito contra o grupo LGBT, revelando res-peito à diversidade sexual dentro da instituição e no meio social. No entanto, acreditamos que ainda há a necessidade de discussões sobre orientação sexual, tanto no currículo de formação, quanto no próprio espaço de formação social na instituição. Além disso, é preciso tratar e trabalhar a temática de forma interdisciplinar e não apenas em uma disciplina isolada, o que pode deixar lacunas na formação do futuro licenciado em Ciências Biológicas se for considerada a área em que trata principalmente a identidade dos sujeitos. É nesta perspectiva que se tornou relevante trabalhar a orientação sexual e a inclusão enquanto pesquisa, acarretando um conhecimento emancipatório e complementar na formação, mostrando que o sujeito pertencente ao

Cabe mencionar que a IES, especificamente o curso de Licencia-tura em Ciências Biológicas, deve continuar sensibilizando docentes, servidores, e também os estudantes, para o tema e incluir a orientação sexual em seus currículos de forma mais abrangente, como trata as diretrizes curriculares. Preencher essa lacuna vai proporcionar a for-mação de profissionais preparados para essa abordagem no contexto da Educação Básica, trazendo um grande avanço na superação destes estereótipos da educação formal, proporcionando a verdadeira inclu-são que, muitas vezes, existe nos documentos, mas não é trabalhada de forma real. A partir do momento que isso acontecer, vai contribuir para a prevenção de diversos problemas sociais e educacionais, dentre eles a discriminação sexual dentro do ambiente acadêmico, que mesmo oculto e silencioso ainda acontece.

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