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EIXO FORMAÇÃO DE FORMADORES

A escolha do tema Formação de Formadores trouxe necessidade aprofundamento epistemológico. Os organizadores dos eventos pedagó-gicos buscaram lacunas de conhecimento e competências pedagógicas.

Destaca-se nesse eixo temático o uso de tecnologias visuais (filmes e vídeos) e suas metodologias inovadoras, o cine debate e o cine clube, como novas formas de organizar os ambientes de aprendizagem. Me-todologias ativas exigem novas formas de gestão da sala de aula, dos conteúdos e da relação com o conhecimento. A partir da exposição de trechos de filmes e documentários, os policiais docentes/coordenadores foram levados a refletir e analisar, na perspectiva da complexidade, sobre a construção da humanidade e o processo de aprendizagem dos indivíduos em diferentes contextos.

Foi dada também ênfase a uma nova postura do professor (policial coordenador ou instrutor que assume a docência frente a seus pares em processo de formação e/ou atualização). Para isso, dois referen-ciais – Delors, com os quatro pilares da Educação e Morin, com os sete saberes necessários à educação do presente e do futuro – foram tomados como base para a necessária compreensão das mudanças de paradigma: do pensamento linear para o pensamento complexo, da formação por disciplina para a formação complexa, em que as partes são tecidas juntas de tal forma a se ter um processo formativo aberto, com inúmeras e diferentes particularidades, bem como com diferentes

resultados uma vez que a soma das partes necessariamente não atinge o todo ou supera o que se espera do todo.

A prática da docência (da vivência para a experiência) exige, na complexidade, desafiar os alunos a buscarem uma formação crítica e competente. Como metodologia ativa os participantes foram colo-cados diante de uma atividade de RPG para solucionar problemas do cotidiano profissional cujas decisões e soluções deveriam ser coletivas e compartilhadas entre as equipes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação de todos foi fundamental, vez que o envolvimento da equipe pedagógica melhorou o engajamento para as mudanças educacionais e a qualidade do ensino na formação de novos policiais.

As ressignificações do entorno e da realidade que cerca o policial são motrizes que impelem os educadores policiais para ato de aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, conforme preceituou Delors (2003).

O psicólogo Lewin (1952) defendeu que, para uma mudança de comportamento acontecer, uma nova práxis, devemos levar em con-sideração todos os detalhes disponíveis, tanto do indivíduo quanto do ambiente. Na medida em que o tempo avança, as qualidades e os valores de um sistema vão se descortinando. Logo, o próprio processo de mudança fornece informações importantes sobre o entorno, sobre o servidor público, sobre o sistema complexo em que está imerso. Kurt Lewin acreditava que somente compreendemos um sistema ao tentar transformá-lo.

A consciência dos seres em relação à sua permanência e transito-riedade em um mundo caótico, em constante movimento, revela ne-cessidades emergentes, transcendentes, universais. Estabelece relação entre o ser humano e o profissional por meio de uma reflexão sobre a plenitude do ser, enquanto ético. A consciência, neste sentido, foi a ideia de que os coordenadores pedagógicos levaram aos demais a boa nova de que uns precisam dos outros. Aliás, este tipo de interdependência é um desafio à maturidade do indivíduo e do funcionamento do grupo, dos futuros policiais, do entorno, da sociedade.

A complexidade, conforme abordado no EAP, objetivou a compre-ensão de que o destino de um único integrante depende da relação e do destino do grupo inteiro, e que assim, por premissa e por vocação ao ensino, o sujeito sente vontade de assumir parte da responsabilidade

pelo bem-estar geral. No caso da PRF, diferente de outras institui-ções formadoras, a identidade profissional está diretamente ligada e identificada com a instituição da qual o servidor faz parte. Desta forma, os valores institucionais são os valores referenciais da for-mação profissional, bem como as competências institucionais são as competências que o policial deve buscar desenvolver, como CHAVE para o pensamento complexo, abrindo possibilidades para resolver os desafios do presente e do futuro.

A avaliação dos eventos está sujeita à flecha do tempo, sendo os frutos colhidos por meio da abertura de todas as disciplinas e daquilo que as ultrapassa, que as atravessa. As avaliações formativas, somati-vas ou diagnósticas não dão conta da dimensão transdisciplinar – são indicativas, mas o resultado é semente, esperamos, em terra boa.

A abertura, quando isto ocorre, dos olhos do sujeito para os diferentes níveis de realidade, conforme lembram Morin, Nicolescu e De Freitas (1994), permite observar um mundo regido por lógicas diferentes inerentes às atitudes transdisciplinares. A junção dos eixos, Educação por Competência, Complexidade e Formação de Formadores, de forma provocativa, buscando a curiosidade epistemológica, formam o caldo proposto pelo encontro, cujo objetivo, educar, se movimenta entre as realidades dos educadores.

Por derradeiro, como se dá a construção do conhecimento a partir da prática do Instrutor Docente que passou por um programa de for-mação continuada? Em que área do conhecimento o docente entende que a formação continuada é mais eficaz? Que outras possibilidades emergem para o educador, que transcendem seu pertencer ao mundo?

As respostas podem divergir, mas a intencionalidade do encontro, não.

A intenção da melhora constante, a consciência de que, para formar sujeitos plenos é mister a busca da constante formação.

REFERÊNCIAS

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