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TEXTO: DIÁLOGO

B: Sim Quando cheguei, havia um homem próximo a porta Pensei que fosse você e me aproximei Foi quando o rapaz virou e eu percebi que estava enganada Cruzei pelo moço e entre

2.5 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

2.5.2 A prática avaliativa nos PCNs

A avaliação é uma prática importante e necessária para o processo de ensino e aprendizagem, pois ela é capaz de indicar não apenas para os professores, mas também para os alunos, caminhos que possibilitem melhorar o desempenho em relação a determinado aspecto, considerado ainda frágil. Entretanto, ainda que tal prática tenha como propósito auxiliar a promover avanços quanto ao aprendizado, ela é vista, pelos alunos, como uma inimiga, pois, conforme mencionado na seção 2.2 (p. 76), frequentemente os professores utilizam-na como recurso para selecionar os alunos, isto é, para separar aqueles que não atingiram a média estipulada – os reprovados –, daqueles que a alcançaram – os aprovados.

Apesar de, em decorrência das exigências institucionais, a avaliação assumir um caráter seletivo devido à necessidade de quantificar a aprendizagem dos alunos, em vista a demonstrar numericamente a reprovação e/ou aprovação, os PCNs asseveram que a prática

avaliativa “deve ocorrer durante todo o processo de ensino e aprendizagem, e não apenas em momentos específicos caracterizados como fechamento de grandes etapas de trabalho” (BRASIL, 1998b, p. 93). Percebemos, assim, que o documento, por ser direcionado às escolas, não exclui a existência da avaliação com o intuito de atribuir nota e/ou conceito, mas alerta para a necessidade de se realizar a prática avaliativa durante todo o processo de ensino e aprendizagem, de modo que ela sirva como uma ferramenta que, de fato, ajude o professor a promover o desenvolvimento dos alunos.

Por isso, a avaliação deve integrar as atividades pedagógicas diárias dos professores, a fim de que possa auxiliá-los não somente na identificação das fragilidades apresentadas pelos alunos em relação a determinado conteúdo, como também no planejamento das ações seguintes, as quais devem ter como principal objetivo favorecer a minimização das dificuldades.

Além disso, tal prática precisa ser exercida, também, pelos próprios estudantes, visto serem eles sujeitos ativos do processo. Isso contribui para que possam refletir acerca de suas ações e, a partir disso, identificar as lacunas existentes em relação ao conteúdo, a fim de buscar melhorar seu desempenho nas ações seguintes propostas pelo professor. Por isso, tal como a língua, a avaliação não é “unilateral ou monológica, mas dialógica”, de modo que deva “realizar-se num espaço em que sejam considerados aquele que ensina, aquele que aprende e a relação intrínseca que se estabelece entre todos os participantes do processo de aprendizado” (BRASIL, 1998b, p. 94).

Ressaltamos, porém, que a ação reflexiva realizada pelos alunos sobre suas próprias práticas deve ocorrer com o auxílio do professor, ou seja, é fundamental o papel do docente enquanto mediador para a formação de sujeitos críticos e reflexivos, capazes de avaliar suas ações em vista a promover avanços. Para isso, é preciso que, além da avaliação realizada por ele, seja incluída no processo a autoavaliação, pois, com isso, a escola estará contribuindo para que, aos poucos, os alunos tenham autonomia suficiente para identificarem, sozinhos, aspectos já compreendidos e aspectos que requerem maior foco nas próximas atividades pedagógicas. Assim, no que diz respeito à formação de sujeitos autônomos, o documento postula que

para a constituição da autonomia do aluno, coloca-se a necessidade de construção de instrumentos de auto-avaliação que lhe possibilitem a tomada de consciência sobre o que sabe, o que deve aprender, o que precisa saber fazer melhor e que favoreçam maior controle da atividade, a partir da auto-análise de seu desempenho (BRASIL, 1998b, p. 94).

No entanto, para que exista avaliação, é necessário que os objetivos a serem alcançados no término do processo já estejam estabelecidos, uma vez que, de acordo com os PCNs (1998b), são eles que balizam a prática avaliativa. Além disso, é a partir deles que os critérios de avaliação são elaborados, os quais, quando bem definidos, permitem: a) ao professor, a possibilidade de obter informações mais confiáveis acerca do desempenho dos alunos, de modo que suas ações possam se tornar mais eficientes; b) aos alunos, atentar para os aspectos elencados, a fim de melhorar suas produções seguintes.

Por isso, é preciso que os critérios avaliativos, elaborados a partir dos objetivos postulados, estejam claramente definidos para que se possa realizar a avaliação e, principalmente, a autoavaliação. Para tanto, a distinção entre critérios avaliativos e objetivos é fundamental para a compreensão de suas funções no processo, a fim de não serem entendidos como sinônimos e, tampouco, de maneira invertida.

De acordo com o documento (1998b, p. 94), “os critérios de avaliação referem-se ao que é necessário aprender, enquanto os objetivos, ao que é possível aprender”. Em outras palavras, os critérios avaliativos apontam para aquilo que o sujeito precisa aprender para alcançar os objetivos determinados. Já objetivos sinalizam aquilo que o sujeito pode aprender. Isso não significa dizer que ele, com certeza, vá aprender. Caso o aluno aprenda, de modo que alcance o objetivo proposto, ele estará apto a avançar de nível no sistema educacional, ou seja, passar de ano. Caso contrário, é necessário que ele refaça o procedimento, a fim de que, com o auxílio do professor, atenda ao objetivo.

Todavia, é importante que o professor, ao avaliar os resultados obtidos por meio dos critérios avaliativos, tenha consciência de que uma turma é composta por vários sujeitos, os quais são constituídos por conhecimentos e fragilidades distintas, ou seja, aquilo que um determinado aluno já sabe, pode ser completamente desconhecido para outro. Nesse viés, os PCNs alertam para o fato de que

um progresso relacionado a um critério específico pode manifestar-se de diferentes formas, em diferentes alunos, e que uma mesma ação pode, para um aluno, indicar avanço em relação a um critério estabelecido e, para outro, não. Por isso, além de necessitarem de indicadores precisos, os critérios de avaliação devem ser tomados em seu conjunto, considerados de forma contextual e analisados à luz dos objetivos que realmente orientaram o ensino oferecido aos alunos (BRASIL, 1998b, p. 94-95).

Diante disso, entendemos que a avaliação precisa ser individual e não comparativa, uma vez que vários, ou até mesmo todos os alunos, podem apresentar avanços em relação a determinado critério, ainda que em níveis distintos. Em contrapartida, na concepção de uma

avaliação comparativa, os alunos são avaliados com base em um “padrão” pré-determinado a ser alcançado. Isso significa dizer que, ao avaliar dois alunos – um que apresentou alto nível de aprendizagem e outro que demonstrou baixo nível em relação ao padrão almejado, por exemplo –, provavelmente, o aluno cuja aprendizagem atingiu um patamar menor obterá uma nota e/ou conceito muito inferior ao do colega. Dessa forma, nossa avaliação seria injusta, pois, possivelmente esse avanço, ainda que pequeno se comparado ao padrão, representa alto nível de aprendizagem, se estivermos falando de um aluno com grande dificuldade para assimilar e compreender os conteúdos. Assim, esse pequeno avanço em comparação ao colega não quer dizer que ele nada ou pouco aprendeu, diferentemente disso, deve ser visto e avaliado como avanço também em comparação ao estágio anterior desse mesmo aluno.

Seguindo esse raciocínio, compreendemos que, avaliando esse aluno individualmente, o que ocorre é o inverso, visto que houve, ainda que pequena, evolução em comparação com ações anteriores, de modo que ele apresenta, indubitavelmente, avanço. Em vista disso, os PCNs postulam que os critérios avaliativos devem ser compreendidos de duas maneiras:

por um lado, como aprendizagens indispensáveis ao final de um período. Por outro, como referências que permitem – se comparados aos objetivos do ensino e ao conhecimento prévio com que o aluno iniciou a aprendizagem – a análise de seus avanços ao longo do processo, considerando que as manifestações desses avanços não são lineares, nem idênticas, em diferentes sujeitos (BRASIL, 1998b, p. 95).

Por isso, é essencial que os professores, ao elaborarem os critérios de avaliação para determinada prática pedagógica, tenham, anteriormente, os objetivos a serem alcançados claramente definidos para que, a partir da avaliação realizada com base nos critérios, possam planejar as ações seguintes, com o intuito de promover o desenvolvimento dos alunos. Não esquecendo que seus alunos são sujeitos diferentes cujo processo de aprendizagem ocorre, também, de maneira distinta.

Compreendemos, portanto, que a avaliação é uma prática essencial para ambos os lados: a) para o professor, pois o ajuda identificar fragilidades; planejar ações posteriores para minimizar essas fragilidades; analisar o avanço apresentado pelo estudante; b) para o aluno, pois o ajuda olhar para sua prática de maneira crítica e reflexiva; desenvolver a autonomia. Sabemos que tanto a avaliação quanto a autoavaliação proporcionam outros benefícios ao processo de ensino e aprendizagem e aos sujeitos envolvidos. Entretanto, haja vista que, nesta seção, discorremos somente acerca dos PCNs, optamos por apresentar os pontos positivos de acordo com o que está postulado no documento.

A partir disso, acreditamos que, ao considerar os alunos como sujeitos ativos capazes de, juntamente com o professor, realizar a prática avaliativa acerca do processo de ensino e aprendizagem, é possível gerar mudança em relação à concepção de avaliação, de modo que os alunos compreendam que sua função primeira é auxiliá-los a progredir. Ademais, professores contribuem, também, para a desconstrução da ideia de que a avaliação é uma inimiga dos estudantes cujo propósito principal é reprová-los.