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Ocorrência(s) (2) nada

Estratégia utilizada pronome

Diferentemente da ocorrência (1), descrita no quadro das anáforas diretas, não é possível chegarmos à mesma conclusão nesse caso, haja vista que S22 não menciona, em seu texto, bebida alguma. Por conta disso, cabe ao interlocutor buscar no contexto o referente, visto “não existir no cotexto um antecedente explícito” (KOH; ELIAS, 2017b, p. 128).

Essas ocorrências, (1) e (2), são exemplos que comprovam a funcionalidade da língua, uma vez que temos o mesmo termo, porém estratégias referenciais e referentes distintos.

ANÁFORAS INDIRETAS

Ocorrência(s) (8) qualquer coisa

Estratégia utilizada nome genérico

Como o próprio termo propõe, é possível ao interlocutor subentender daí “qualquer coisa”, acarretando, assim, inúmeras interpretações, uma vez que cada participante pode pensar em um referente diferente.

ANÁFORAS INDIRETAS

Ocorrência(s) (15) (nós) (17) nós nos (21) a gente

Estratégia utilizada elipse pronome nome genérico

As ocorrências (15), (17) e (21) possuem o mesmo referente, visto que as três fazem referência a todas as pessoas de forma geral, ainda que por meio da utilização de expressões distintas. O primeiro caracteriza-se como uma elipse, a qual pode ser resolvida em função da conjugação do verbo, entendendo-se que se trata da primeira pessoa do plural “nós”.

Na sequência, esse pronome é apresentado na materialidade linguística por meio da expressão reflexiva “nós nos” (17) e retomada como “a gente” (21), expressão característica da linguagem informal.

ANÁFORAS INDIRETAS

Ocorrência(s) (22) viciados

Estratégia utilizada expressão nominal definida

O termo “viciados” aparece no texto, mas não possui referente explícito. Apesar disso, contextualmente, podemos compreender que se trata das pessoas que fazem uso das substâncias em foco no debate, ou seja, as drogas.

EXCERTO 2

S22: o que faz vocês pensarem que pode:::m que/ que voCÊS tem o poder de intervir no direito de

liberdade (1) de outra pessoa?

Esse excerto caracteriza um dos momentos previstos no cronograma de funcionamento do debate (Apêndice X, p. 384), no qual os grupos precisavam elaborar uma pergunta para o grupo oposto. Assim, em virtude da extensão do questionamento de S22, o excerto 2 apresenta, em comparação com os demais, menor número de ocorrências de referenciação.

ANÁFORAS DIRETAS

Ocorrência(s) (1) direito de liberdade

Estratégia utilizada expressão idêntica

Percebemos que, nessa ocorrência, S22 retoma uma expressão já utilizada por ele na primeira fala: (...) qua/ e qualquer... contestação sobre isso seria uma agressão ao direito de liberdade e propriedade dessa pessoa (...).

EXCERTO 3

S22: bom... ahn... ce/certamente isso (1) pode ocorrer já que a maconha ela (2) tem efeitos... ela

(3) tem efeitos psi/ ps::: C?: psicóticos

S22: mas isso (4) também facilmente aconteceria com o álcool e o álcool (5) é legalizado...

normalmente isso (6)... o problema de um indivíduo ser um problema da família... dos amigos... da igreja... da estrutura TOda familiar e das heranças... a herança:::... é herança::: genética... passo a palavra

Diferentemente do que ocorre no excerto anterior, podemos observar a presença de estratégias que recorrem ao cotexto em todas as ocorrências dessa fala. Além disso, optamos por deixar a fala de outro colega, o qual denominamos como “C?”, pois não conseguimos identificar quem realizou a manifestação, por entender como necessária para o entendimento. Isso porque, caso fosse excluída, faltaria o termo “psicóticos” não dito por S22.

Assim, chamamos a atenção para esse excerto, pois ele mostra a interação entre os participantes do debate, demonstrando o caráter dialógico da língua. Tal caráter fica evidente no momento em que um colega ajuda S22 a pronunciar o termo com o qual ele apresentava dificuldade. De acordo com Koch (2015b, p. 42), essa passagem caracteriza “um fato singular das interações faladas”, pois o falante recebe “ajuda explícita do ouvinte, para complementar um enunciado que está processando”.

ANÁFORAS DIRETAS

Ocorrência(s) (1) isso; (4) isso

Estratégia utilizada encapsulamento

O pronome demonstrativo “isso” aparece em três momentos nesse excerto. Nos dois primeiros, sobre os quais discorremos agora, ele retoma uma ideia apresentada anteriormente à fala de S22, ou seja, esse termo faz referência ao discurso de um outro integrante do debate. No excerto a seguir, destacamos a ideia que está sendo retomada pelo pronome:

“C26: bom... não seria intervir mas sim a pensar que nem toda sociedade deve pagar prum::: um erro de uma pessoa... por exemplo se::: uma pessoa... que::: usar maCOnha ahn... como a gente citou ela vai ficar com surtos psicóticos ao longo do tempo... então não vai ser só ela que vai sofre::: esses surtos mas sim quem convive com ela... por exemplo::: se um marido que:::r usar a droga... a mulher pode sofrer danos também... pelo consumo dele... mesmo ela não consumindo”.

Isso demonstra a atenção do aluno em relação ao discurso alheio, uma vez que, caso não estivesse atento a ele, não seria possível retomá-lo, a fim de organizar o seu argumento a partir dele.

ANÁFORAS DIRETAS

Ocorrência(s) (2) ela; (3) ela

Estratégia utilizada pronome

O pronome pessoal “ela” faz menção à substância “maconha”, no entanto, não consideramos a segunda ocorrência do pronome como repetição, mas sim como caraterística do processo de construção do texto oral, no qual planejamento e realização ocorrem simultaneamente. Dessa forma, entendemos tal passagem como um momento de elaboração e processamento textual, visto que o segmento como um todo é repetido: “ela tem efeitos... ela tem efeitos psi/ ps:::”.

Conforme postulam Fávero, Andrade e Aquino (2015, p. 246), tal passagem é característica do fenômeno da hesitação, uma vez que há “interrupção no fluxo informacional, devido a uma dificuldade de seleção de um ou mais termos do enunciado, resultando em um enunciado ainda não concluído do ponto de vista da organização sintagmática”.

ANÁFORAS DIRETAS

Ocorrência(s) (5) o álcool

Estratégia utilizada lexema idêntico

Nessa ocorrência, a retomada é feita por meio de um termo idêntico, visto que retoma a expressão “o álcool”. Entretanto, diferentemente das ocorrências anteriores – (2) e (3), essa não representa um momento de processamento textual, haja vista que há continuidade do texto, de modo que não se caracteriza como um segmento de elaboração que ocorre concomitantemente ao processo de execução.