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3 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

3.2 SUJEITOS DE PESQUISA

3.2.2 Perfil do sujeito selecionado “S22”

O nosso sujeito escolhido tem 13 anos e, desde o início da pesquisa, demonstrou não somente empolgação em participar, como também vontade de ser o chamado “sujeito de pesquisa”. Isso nos mostra ser este um aluno em busca de novos conhecimentos e aprendizados. Além disso, demonstra que, talvez, ele não carregue consigo o medo de ter suas fragilidades apontadas, visto que foi explicado para a turma o que é ser um “sujeito de pesquisa”.

Logo no começo das oficinas, após a apresentação da proposta do estudo e dos termos a serem assinados, foi realizado um primeiro debate, chamado “debate diagnóstico”, no qual foi selecionado um tema e solicitado à turma que o realizasse. Dessa forma, não foi explicitado aos alunos o que era o gênero em questão, não foram apresentados os papéis a serem assumidos e, tampouco, os aspectos referentes à argumentação.

Como pode se imaginar, não houve um debate propriamente dito, mas sim, conforme comentado por eles mesmos, uma “discussão”, um “bate-boca”. Entretanto, o que nos surpreendeu e nos chamou a atenção em relação a S22 foi: a) a iniciativa ao tentar organizar a sala, dividindo os grupos de acordo com o posicionamento adotado; b) a preocupação em manter a ordem do debate, solicitando aos colegas que falassem um de cada vez, a fim de que todos pudessem se escutar; c) a sua participação no debate, argumentando a partir de leituras ou escutas a respeito do tema, ainda que em sua maioria com base no senso comum.

Isso indica que, inconscientemente ou não, o sujeito mais ou menos conhecia o funcionamento e as características do gênero, visto que tentou promover momentos de fala para cada um, como se fosse o mediador. Também, demonstrou-se extremamente ativo e envolvido durante a atividade, o que vai ao encontro das características do sujeito inserido na metodologia da PA.

Um dos pontos positivos de S22 foi o fato de ser sempre um aluno muito participativo, tendo em vista que se envolveu em todas as atividades de forma ativa e responsável, já que, muitas vezes, ele ajudava os demais colegas e, quando ocorriam os trabalhos em grupo, procurava organizar e colaborar com os outros. Ademais, o aluno mantinha seu foco e sua

atenção nas explicações dadas, comentando sobre o assunto ou levantando suas dúvidas. Isso demonstra o interesse em aprender sem medo de expor suas incertezas ou erros.

A partir do exposto, ainda que tenha sido uma breve apresentação, entendemos que nosso sujeito de pesquisa corresponde não apenas à definição de sujeito adotada nesta dissertação, como também às características de um participante inserido em uma PA42.

3.3 OFICINAS

Nesta seção, apresentamos de que maneira a pesquisa ocorreu em sala de aula. Para isso, subdividimo-la em quatro subseções: Organização; Sequência didática; Transcrição; Debate público regrado.

Na primeira, explicitamos acerca das questões organizacionais da pesquisa no que tange às oficinas ministradas. Na segunda, com base na concepção de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), explicamos o funcionamento das oficinas por meio da sequência didática. Na terceira, abordamos o material linguístico utilizado para a avaliação do gênero oral. Por fim, na quarta e última, apresentamos o gênero textual oral selecionado para os fins do estudo. 3.3.1 Organização

No segundo semestre de 2017, de agosto a dezembro, foram realizadas as oficinas com a turma descrita na seção anterior. As atividades começaram, mais especificamente, no dia 16 de agosto e se encerraram no dia 13 de dezembro. Pontuamos que foi necessário adiar o encerramento, previsto para final de novembro, em razão de alguns feriados.

Haja vista ser este um trabalho com PA, ou seja, com sujeitos ativos inseridos em seu contexto real de aprendizagem, outro motivo levou-nos ao adiamento do encerramento: o tempo utilizado pelos alunos para a realização das atividades. Isso significa dizer que, como já exposto, foi preciso, muitas vezes, adequarmo-nos às situações surgidas e imprevistas. Assim, atividades que pensávamos utilizar somente um período de aula, 55 minutos, acabavam tomando mais tempo e nos levando a adiar as oficinas seguintes.

Para a realização da pesquisa, foram realizados 21 encontros – 3 a mais em relação à proposta inicial – nos quais foram dinamizadas 20 oficinas. Essa variação é consequência não

42 Ressaltamos que, além do S22 – sujeito de nossa pesquisa –, havia outros estudantes que, igualmente,

caracterizavam-se como representantes do sujeito de PA. Entretanto, conforme o Quadro 32, não atenderam a determinados critérios de seleção.

apenas das razões apresentadas anteriormente, mas também pela solicitação, por parte dos alunos, para a inserção de mais um debate, o qual não estava previsto pelas pesquisadoras.

Tendo em vista que a disciplina ministrada pela professora na turma (Produção Textual) continha carga horária de um período – 55 minutos – semanal, o que não seria suficiente para a realização do estudo, utilizamos alguns períodos cedidos pelo professor de Língua Portuguesa. Apesar do período contar com um tempo razoavelmente bom para a dinamização das atividades, sabemos que o professor, no contexto de sala de aula, tem esse tempo reduzido em função da organização da turma para o início da aula; das conversas paralelas que surgem; das perguntas fora do contexto temático; entre outros.

Considerando que a professora regente da turma era, também, a pesquisadora deste estudo – pesquisadora-professora43 (doravante, PP) –, o trabalho realizou-se durante o turno da aula, contando com a participação de todos os alunos. Porém, como possíveis sujeitos de pesquisa, consideramos somente aqueles que entregaram os termos solicitados – Termo de Consentimento Livre e Termo de Assentimento – e, posteriormente, atenderam aos critérios expostos na seção 3.2, intitulada Sujeito de Pesquisa (p. 128).

Assim, a organização das atividades ocorreu de forma contínua, isto é, semanalmente, o que evitou “quebra de continuidade temática”, exceto pelas semanas, nas quais havia feriados. Apesar disso, nas semanas em que o feriado era na sexta-feira, os períodos de quarta-feira, do professor de Língua Portuguesa, eram utilizados, a fim de evitar interrupções, mas, principalmente, para garantir tempo hábil para concluir todas as etapas previstas.

A seguir, aprofundamo-nos no funcionamento dos encontros, apresentando nossa metodologia, pautada na concepção da sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).