A Regulação dos Cultivos GM nos demais Países

O conflito regulatório entre EUA e União Européia é uma fonte de incertezas para os demais países. De um lado os EUA, que é um grande exportador agrícola, adotam políticas mais permissivas e em alguns casos promotoras dos cultivos GM. De outro lado, a

benefícios e dos riscos dos cultivos GM. A grande questão é que para estes países tanto os benefícios quanto os riscos do uso dos cultivos GM são dependentes das políticas adotadas tanto pelos EUA quanto pela União Européia. Por exemplo, para um país exportador de soja ou de milho, os benefícios econômicos de usar sementes GM dependerão das políticas que serão adotadas pelos países importadores. Se o país importador adota uma política de rastreabilidade obrigatória, os benefícios econômicos dos cultivos GM para os produtores poderão ser anulados pelos custos necessários para atender as exigências dos importadores. Portanto, além dos riscos para o meio ambiente e para a saúde humana, os países exportadores enfrentam também riscos comerciais. Por outro lado, se o país exportador adota uma política restritiva para os cultivos GM, que restringirá a difusão dos cultivos GM, existe o risco de perder competitividade com relação aos EUA. Este é um risco para a maioria dos países em desenvolvimento e que são agro-exportadores, dado que os EUA são grandes produtores de soja, milho e algodão e ao mesmo tempo lidera tanto as pesquisas quanto a produção comercial de cultivos GM.

Em função destas incertezas e das características de cada país, a regulação mundial dos cultivos GM é caracterizada por uma grande heterogeneidade entre os países quanto aos tipos de políticas adotadas. De maneira geral, a partir das diferentes políticas adotadas, os países podem ser divididos em três grupos (ZARRILLI, 2005; GRUERE, 2006). Primeiro, os países com políticas restritivas, incluindo aprovação de segurança e rotulagem obrigatórios. Segundo, os países que adotam políticas mais permissivas e mais pragmáticas, com base na equivalência substancial e com rotulagem voluntária. Terceiro, há um grande número de países sem políticas regulatórias. Considerando as variações e combinações de políticas que podem surgir dentro de cada grupo, os países podem ser divididos em 8 grupos, como mostra a Figura 29.

No primeiro nível da Figura 29, os países são divididos entre os países que tem políticas regulatórias e os que não têm. Entre aqueles que têm políticas regulatórias bem definidas, existem dois grupos, de acordo com as políticas de aprovação para a comercialização. No primeiro grupo estão os países que adotam o princípio da equivalência substancial e que regula com foco no produto. No segundo grupo de países que tem políticas regulatórias estão aqueles que regulam com foco no processo de produção, o que significa que um alimento produzido ou derivado de cultivo GM é sujeito a regulação.

Na parte inferior da Figura 29 estão os oito grupos de países. Os quatro primeiros grupos são países que já adotaram uma abordagem regulatória e políticas bem definidas e o que os diferenciam são as diferentes políticas de rotulagem dos cultivos GM. Estas políticas de rotulagem podem ser de três formas: rotulagem obrigatória e com rastreabilidade, rotulagem obrigatória sem rastreabilidade e rotulagem voluntária.

Nos demais grupos estão os países que ainda não tem políticas regulatórias. Existem três tipos de países nestes grupos: os que estão em fase de implementação e de introdução das leis e das políticas regulatórias, os que estão “esperando para ver” e os países que são auto declarados como livre de cultivos GM.

Figura 29. Classificação dos Países segundo as suas políticas comerciais para os cultivos GM

Fonte: GRUERE, 2006. Países

Países com Regulação Países sem Regulação

Baseado no Processo Equivalência Substancial Aprovação de Segurança Obrigatório Consulta de Segurança Voluntária Rotulagem obrigatória de alimentos contendo ingredientes GM ou derivados Rotulagem obrigatória de alimentos contendo ingredientes GM Rotulagem rigorosa: baixo ou nenhum nível de tolerância 1-Rotulagem rigorosa e exigência de rastreabilidade 2-Rotulagem rigorosa e sem exigências de rastreabilidade 3-Rotulagem obrigatória e pragmática: com exceções e

nível de tolerância 4-Rotulagem voluntária de alimentos GM e não GM Em processo de adoção 5-Em fase de implementação das Leis 6. Introduzindo as Leis 7. Regulação Indefinida: esperar e ver 8. Auto declarado como livre de cultivos GM

Sul. Nos outros 4 grupos, onde estão os países que ainda não tem regulação, estão a maioria dos países em desenvolvimento.

Quadro 11. Grupos de países, segundo as políticas regulatórias adotadas

Grupos de Países

Regulação para aprovação de alimentos seguros

Tipo de Rotulagem Especificidades Países

Grupo 1 Obrigatória com base no processo Obrigatória e restritiva: inclui produtos derivados Exigência de rastreabilidade, nível de tolerância de 0,9%

União Européia e Leste Europeu

Grupo 2 Obrigatória com base no processo

Obrigatória e restritiva: inclui produtos

derivados

Sem rastreabilidade, baixo nível de tolerância

Brasil, China, Rússia, Suiça e Noruega

Grupo 3 Obrigatória com base no

processo Obrigatório pragmático

Muitas exceções de rotulagem

Austrália, Japão, Coréia, Arábia Saudita,

Tailândia

Grupo 4

Obrigatória com base na equivalência substancial

(EUA)

Voluntário Nível de tolerância para rotulagem de 5%

Estados Unidos, Canadá, Argentina, África do Sul, Taiwan Grupo 5 Obrigatória (pendente) Obrigatório, mas não

implementado

Exigência pragmática de rotulagem

Indonésia, Malásia, México, Filipinas, Vietnã Grupo 6 Obrigatória (pendente) Intenção para exigir

rotulagem

Processo regulatório

lento Índia, Kênia

Grupo 7 Considerando _Obrigatória Posição indefinida Abordagem “esperar _{para ver”} Bangladesh, muitos _{países Africanos}

Grupo 8 Não Não Livre de cultivos GM Alguns países Africanos

(Zâmbia, Zimbabwe) Fonte: GRUERE, 2006.

5 A CONTROVÉRSIA ENTRE OS ESPECIALISTAS: