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A Percepção Social dos Riscos e dos Benefícios dos Cultivos GM

Os benefícios da biotecnologia superam os riscos?

3.2 Causas da Oposição do Público aos Cultivos GM

3.2.2 A Percepção Social dos Riscos e dos Benefícios dos Cultivos GM

As preocupações excessivas com a segurança dos alimentos nos países mais ricos resultam em comportamentos de baixa tolerância aos riscos. Mas se os cientistas e os especialistas, incluindo os das empresas, das universidades, das agências reguladoras e dos organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde, insistem em afirmar que não há evidências de que os cultivos GM oferecem mais riscos do que os demais cultivos, como explicar a elevada percepção de riscos do público?

A percepção social de riscos reflete o julgamento feito por leigos. Diversos estudos têm apontado para três características da percepção social de riscos. A primeira é que a percepção de riscos dos leigos é diferente da percepção dos especialistas. Segundo, que existe uma correlação negativa entre percepção dos benefícios e percepção dos riscos. Quanto menor a percepção dos benefícios, maior tende a ser a percepção dos riscos. Terceiro, a percepção dos riscos está associada com a natureza dos riscos (SLOVIC, 1987; STARR, 1969).

Segundo SLOVIC (1987), a diferença entre os especialistas e o público leigo é que os primeiros julgam os riscos de determinada tecnologia ou atividade com base nas estatísticas de fatalidades ou de acidentes, enquanto que o julgamento do leigo não tem

asseguram que ela é segura. O contrário também pode ocorrer, ou seja, o público poderá se mostrar indiferente com relação aos riscos de determinada tecnologia ou produto, mesmo após os especialistas assegurarem dos seus riscos (SLOVIC, 1987; SLOVIC et al, 1981).

No caso específico da engenharia genética, SAVADORI et al (2004) comparou a percepção de riscos dos leigos com a dos especialistas para algumas aplicações da biotecnologia e para todas elas a percepção de riscos dos leigos foi maior do que a dos especialistas. O público julgou os riscos muito mais danosos do que os especialistas. O público continua percebendo muitos riscos no uso de cultivos GM mesmo após os especialistas afirmarem que não há evidências de que eles oferecem mais riscos do que as demais tecnologias agrícolas.

Se a percepção do público não está relacionada com a probabilidade de ocorrências de fatalidades, que variáveis explicam então a percepção de riscos do público leigo? Os estudos mostram que existem duas variáveis que estão associadas com a percepção de riscos do público. A primeira variável é o “potencial para o desastre”. Enquanto os especialistas olham para as estatísticas, o leigo olha para o potencial de desastre (SLOVIC, 1987; SLOVIC et al, 1981). A segunda variável são as características dos riscos. As reações individuais e sociais ao perigo dependem do grau em que os riscos das atividades ou das tecnologias são voluntários, controláveis, conhecidos pela ciência, conhecidos pelos que são expostos ao perigo, familiares, fatais, catastróficos, imediatamente manifestados e terrificantes (SLOVIC, 1987).

Um estudo empírico realizado por SLOVIC (1987), entrevistando leigos e especialistas, para avaliar a percepção de riscos de diversas tecnologias e atividades, ele encontrou dois resultados importantes. Primeiro, a percepção dos especialistas para as tecnologias e as atividades selecionadas não tiveram relação com as características dos riscos apresentadas acima, enquanto que para os leigos, as características dos riscos explicavam quase 100% da percepção de riscos.

O segundo resultado é a forte correlação que existe entre as características dos riscos. A partir de uma análise fatorial, as características de riscos foram agrupadas em dois fatores, como mostra a Figura 16. O valor positivo para o primeiro fator significa que os riscos percebidos têm as seguintes características: são incontroláveis, terrificantes, globalmente catastróficos, as conseqüências são fatais, não são equitativos, apresentam

riscos para as gerações futuras, não são facilmente reduzidos, são crescentes ao longo do tempo e são involuntários. O valor negativo significa o contrário, ou seja, que os riscos são controláveis, não terrificantes e etc. Para o segundo fator, o valor positivo está associado com as seguintes características de riscos: riscos não observáveis, desconhecidos das pessoas que estão expostas, os efeitos não são imediatos, os riscos são novos e desconhecidos pela ciência. Os valores negativos estão associados com características inversas, ou seja, riscos observáveis, conhecidos das pessoas que são expostas, os riscos são imediatos, são velhos e conhecidos pela ciência.

A Figura 16 apresenta a classificação de tecnologias e atividades de acordo com os dois fatores. No primeiro quadrante, onde os dois fatores têm valores positivos, estão as tecnologias que apresentaram mais percepção de riscos pelo público. As armas e reatores nucleares foram as que apresentaram o maior valor do fator 1. Com relação ao fator 2, a tecnologia que apresentou o maior valor foi a tecnologia de DNA. O fator 2 está muito associado com os riscos desconhecidos, portanto, as tecnologias de DNA, que incluem a engenharia genética, segundo a percepção dos leigos, foram caracterizadas como tecnologias que apresentam muitos riscos desconhecidos.

No quadrante 1 também estão outras tecnologias agrícolas, como os fertilizantes nitrogenadas e os pesticidas. Por outro lado, as tecnologias e produtos da área da saúde humana, como diagnósticos de raio x, contraceptivos , antibióticos e vacinas estão no quadrante 4, onde os valores do fator 2 são positivos, mas os do fator 1 são negativos. Valores negativos para o fator 1 significa que o público não vê estes produtos ou tecnologias como capazes de provocar grandes catástrofes. Isto significa que o público terá uma percepção de risco menor para estes produtos. Esta diferença de percepção de riscos entre as tecnologias agrícolas e as aplicadas na saúde humana pode ajudar a entender porque as aplicações na agricultura têm uma rejeição maior do que na medicina humana.

Segundo SLOVIC (1987), a partir destas características é possível entender e prever a resposta do público as novas tecnologias. As tecnologias do primeiro quadrante tendem a apresentar uma elevada percepção de riscos por parte do público. Já para as tecnologias do terceiro quadrante se espera uma baixa percepção de riscos (SLOVIC, 1987; SLOVIC et al, 1981).

Figura 16. Classificação de atividades e tecnologias de acordo com as características dos riscos

Fonte: Adaptado de Slovic (1987).

A percepção de riscos influencia diretamente a atitude do público com relação à determinada tecnologia. Uma elevada percepção do risco significa uma baixa aceitabilidade do mesmo. Segundo SLOVIC (1987), quanto maior a percepção dos riscos, maior a demanda do público que eles sejam reduzidos, controlados e regulados de forma restritiva.

Uma característica que influencia muito a aceitação de um risco é o quanto voluntário ele é para o indivíduo. Quanto mais voluntário, maior a aceitabilidade do risco. Por outro lado, os riscos impostos têm uma percepção maior por parte do público e são objetos de indignação social. A Figura 17 apresenta uma classificação de alguns tipos de

Antibioticos

Cafeína Aspirina

Vacinas Valium

Contraceptivo OralDiagnósticos e Raio-X

Combustível Fóssil Mercúrio

Fertizantes Nitrog.

Pesticidas Acidentes Reat. Nuclear Falhas Armas Nucleares Colisões de Satélites Resíduos Radioativos SST Campos Elétricos Tecnologias do DNA Combustão de Carvão Guerra Nuclear Aviação Geral Construções Altas Dinamite Colisões Ferroviárias Aviação Comercial Automobilismo Revólver Acidente de Automóvel Cigarro (Doenças) Tratores Álcool Snowmobiles Elevadores Cigarro (Fogo) Bicicletas Motocicletas Pontes Fogos de Artifício Motoserra Fator 1 Fator 2 Fator 2 Observável Conhecido pelos expostos Efeito imediato Risco antigo Riscos conhecidos pela ciência Fator 1 Controlável Não terrificante Não globalmente catástrofico Cconsequências não fatais Equitativo Individual

Risco baixo para gerações futuras Facilmente reduzível Risco decrescente Voluntário

riscos de acordo com o grau de voluntariedade. Os riscos mais aceitos pelos indivíduos são os voluntários. Os riscos voluntários podem ser classificados de acordo com o grau de controle do indivíduo. Quanto maior o auto-controle maior tende a ser a aceitabilidade dos riscos. Os riscos impostos são os que mais amplificam a percepção social de riscos e também os que apresentam maior rejeição. Os riscos impostos podem ser classificados de acordo com a motivação de quem os estão impondo. Quanto há a percepção de que a imposição de um risco é por motivação puramente econômica, a rejeição a este risco tende a aumentar.

Esta distinção entre riscos voluntários e involuntários ajuda a entender a razão pela qual os riscos da engenharia genética na medicina são mais tolerados do que na agricultura. Usar um medicamento produzido a partir da engenharia genética é um ato voluntário, porque embora em muitos casos ele será recomendado por um especialista, a decisão final de assumir ou não o riscos é do indivíduo. Já no caso da agricultura, a produção de cultivos GM em grande escala é vista como imposição de um risco ambiental ou de riscos para a saúde humana e animal. Além do mais, como os cultivos GM foram desenvolvidos por empresas privadas, muitas pessoas, incluindo especialistas e formadores de opinião, os vêem como uma imposição de empresas privadas por motivos puramente econômicos.

Figura 17. Riscos Voluntários, Riscos Involuntários e Riscos Impostos

Fonte: ADAMS (2009).

Mas existem outras razões pelas quais os medicamentos produzidos a partir da engenharia genética são mais aceitos do que os cultivos GM. Uma delas são os benefícios observados. Os estudos mostram que existe uma correlação negativa entre percepção dos benefícios e aceitação dos riscos. Quanto maior os benefícios percebidos, maior a aceitação da tecnologia (STARR, 1969; SLOVIC, 1987; ALHAKAMI & SLOVIC, 1994; ADAMS, 2009).

No estudo empírico realizado por ALHAKAMI & SLOVIC (1994), dentre 40 itens, incluindo atividades e tecnologias, em 38 itens foi encontrado uma correlação negativa entre percepção de riscos e percepção dos benefícios. Este estudo mostrou também que a correlação varia muito entre os diferentes itens e que as tecnologias agrícolas, como os herbicidas e os fertilizantes químicos, estavam dentre aquelas que apresentaram as correlações negativas mais fortes entre benefícios percebidos e riscos percebidos. No outro extremo, as tecnologias aplicadas à saúde humana, como antibióticos, cirurgias e terapias por radiação, apresentaram as correlações negativas mais fracas (ALHAKAMI & SLOVIC, 1994).

Os cultivos GM produzidos atualmente, assim como grande parte das tecnologias agrícolas, apresentam uma baixa percepção social dos seus benefícios. A inovação

Risco Voluntário Autocontrolado Alpinismo Dirigir carro Controle diminuído Andar de bicicleta Nenhum controle Viajar de avião ou trem Involuntário Economia

natural Monte Etna

Imposto

Benigno Torres de celulares

Motivado pelo lucro Cultivos GM Maligno Assassinatos Ataques Terroristas Aceitabilidade do risco Amplificação do risco

tecnológica na agricultura nem sempre visa benefícios diretos para o consumidor final. Muitas tecnologias, como os pesticidas, os fertilizantes, as maquinas e as sementes melhoradas foram desenvolvidas para superar problemas agronômicos, como a produtividade por hectare, o controle de pragas e a maior eficiência dos recursos produtivos. As tecnologias que melhoram as práticas agrícolas e aumentam a produtividade podem beneficiar os consumidores se 1) eles resultarem em redução do preço ao consumidor final e 2) melhorarem a qualidade final dos produtos. Mas existem dois problemas. Primeiro, como visto acima, a variável preço perde importância na decisão do consumidor na medida em que a sua renda aumenta. Segundo, a melhora na qualidade dos alimentos resultantes, por exemplo, de menos aplicações de inseticidas, não são percebidas pelo consumidor.

A baixa percepção dos benefícios dos alimentos GM pode ser atribuída as características dos cultivos GM que são produzidos atualmente. Estes cultivos, como a soja tolerante a herbicidas e o milho resistente a insetos, foram desenvolvidos para resolver problemas agronômicos, como a maior eficiência do manejo de pragas. Do ponto de vista dos atributos extrínsecos de qualidade, estes cultivos não trazem nenhuma modificação que possa ser percebida pelos consumidores. Eles apresentam algumas modificações nos atributos intrínsecos de qualidades, mas que não podem ser percebidos diretamente pelos consumidores. Por exemplo, a soja tolerante a herbicidas reduz o uso de herbicidas com alto grau de toxicidade e isto tem um impacto positivo sobre o meio ambiente e sobre a saúde dos trabalhadores. A mesma coisa acontece com o milho resistente a insetos, que reduz o uso de inseticidas, com impactos positivos sobre o meio ambiente, a saúde do trabalhador e sobre a saúde do consumidor final, porque segundo algumas pesquisas, o milho Bt produz menos micotoxinas (GOMES-BARBERO, 2006). Mas todos estes benefícios são imperceptíveis ao consumidor final.

divulgados e o público precisa confiar nas instituições responsáveis pelas informações (ISAAC, 2003; PRIEST et al, 2003).

A informação sobre os atributos de um produto, incluindo os seus riscos, é uma variável fundamental para a escolha do consumidor. Os bens de consumo podem ser classificados, segundo a forma utilizada pelo consumidor para adquirir as informações relevantes para a tomada de decisão, em três categorias: os bens de busca (research goods), os bens de experiência (experience goods) e os bens credenciais (credence goods) (TIROLE,1988).

A categoria dos bens de busca é constituída por aqueles bens para os quais os consumidores buscam as informações necessárias antes de tomar a decisão de compra. Neste caso, os atributos de qualidade são transferidos dos produtores para os consumidores. A segunda categoria, a dos bens de experiência, é constituída por aqueles bens que não permite a total identificação dos atributos de qualidade antes de realizar a compra. Nestes casos, os consumidores poderão experimentar todas as alternativas disponíveis antes de tomar uma decisão. Para esta categoria existem assimetrias de informações, ou seja, o processo de transferência de informações entre produtores e consumidores não é efetivo. Na terceira categoria de bens, a dos bens credenciais, estão os bens cujo os atributos de qualidade podem ser avaliados somente pelos especialistas. Ou seja, são bens para os quais o consumidor não tem como acessar nenhuma informação prévia e muito menos perceber a sua qualidade a partir da experiência. Resumindo, os primeiros tipos de bens se caracterizam pela transferência completa de informações entre produtores e consumidores, os segundos pela transferência parcial e os terceiros pela ausência de qualquer tipo de transferência. No último caso, a decisão do consumidor depende da confiança naqueles que desenvolvem, que produzem e que regulam os bens.

Segundo ISAAC & PHILLIPS (2001), os cultivos GM são típicos credence goods. Primeiro, porque a maioria dos consumidores não compreende as técnicas e os procedimentos científicos envolvidos no processo de modificação genética. Alguns estudos mostram que mesmo nos países desenvolvidos, onde o nível educacional é mais elevado, há uma grande ignorância por parte do público com relação os conceitos básicos da engenharia genética e biotecnologia. Segundo, a predominância das empresas privadas no processo de

desenvolvimento de novas aplicações da engenharia genética na agricultura faz com que muitas informações fiquem inacessíveis.

A dificuldade de acessar e processar as informações relevantes para a tomada de decisão aumenta a importância da confiança nas informações fornecidas pelas instituições envolvidas com o desenvolvimento da tecnologia, tanto para avaliar os benefícios quanto os riscos da tecnologia. Portanto é fundamental para o desenvolvimento da engenharia genética na agricultura a confiança do público nos stakeholders relevantes, principalmente nos stakeholders primários e nos governos.

Assim, além das características dos riscos percebidos e dos benefícios observados, existe uma terceira variável que ajudar a explicar o comportamento do público que é a confiança nas empresas, nos cientistas e nos governos. Segundo LUHMANN (2000), “um sistema – econômico, legal ou político – requer confiança como uma condição fundamental. Sem confiança não é possível estimular atividades de apoio em situações de incerteza e de riscos” (Apud. SIEGRIST & CVETKOVICH, 2000).

A Figura 18 sintetiza um modelo hipotético que ajudar a explicar a atitude do público perante as novas tecnologias. A atitude do público sobre influência direta da percepção dos riscos e dos benefícios. A percepção dos riscos depende dos atributos dos riscos, da confiança nas instituições e dos benefícios percebidos. A percepção dos benefícios, em situações de assimetria de informações e de racionalidade limitada, também depende da confiança nas instituições. Portanto, a confiança influencia os riscos percebidos de forma direta e indireta. Por fim, a atitude do público a partir dos benefícios e dos riscos percebidos dependerá também de fatores psicológicos individuais e coletivos, como uma maior ou menor aversão a riscos, e de fatores sócio-culturais, tais como nível de renda, escolaridade, gênero, idade, religião18 e etc.

Figura 18. Modelo Hipotético para explicar a atitude do público perante novas tecnologias

Fonte: elaboração própria.

Diversos estudos sobre percepção de riscos para novas tecnologias sugerem a relação entre as variáveis: benefícios observados, riscos observados e confiança nas instituições. FLYNN et al (2005) estudou a percepção de riscos da energia de hidrogênio e observou que a percepção de riscos do público diverge da percepção dos riscos dos especialistas e que ela depende dos benefícios percebidos.

No caso da nanotecnologia, COBB & MACOUBRIE (2004) encontrou uma correlação negativa entre confiança nas instituições reguladoras e a aceitação dos riscos. No caso da biotecnologia, TANAKA (2004) realizou um estudo para analisar a atitude do público com relação à tecnologia de recombinação genética e os seus resultados mostram que a aceitação desta tecnologia está fortemente relacionada com a percepção dos riscos e dos benefícios, confiança nas instituições e sentido de bioética de cada pessoa.

A pesquisa de opinião realizada pelo Eurobarométer mostra que existe uma grande percepção de risco para os cultivos GM na União Européia e que esta está associada com a baixa percepção dos benefícios. A Figura 19 apresenta a percepção dos riscos e dos benefícios para algumas aplicações da engenharia genética e da nanotecnologia. Para as quatro tecnologias selecionadas é possível observar uma forte correlação entre benefícios e riscos observados. Se a tecnologia é percebida com muito benéfica, ela é percebida como pouco arriscada. E quanto menos arriscada e mais benéfica, maior a concordância do público de que o desenvolvimento desta tecnologia deve ser apoiado. Os resultados mostram ainda que existe uma correlação entre percepção de riscos e dos benefícios e a concordância com o apoio da tecnologia. No caso dos alimentos GM, que são vistos como

Atitude do Público: aceitação ou rejeição Percepção dos riscos Percepção dos benefícios

Atributos dos Riscos: voluntário, pessoal, catastrófico, terrificante, desconhecidos pela ciência, equitativo, imediato, observável Confiança nas Instituições que Avaliam e Gerenciam os Riscos: Empresas, Universidades, Institutos de Pesquisa, Agências Reguladoras Fatores Sócio- Culturais Fatores Psicológicos

poucos benéficos e muito arriscados, as pessoas acham que este tipo de inovação não deve ser apoiada. Por outro lado, a terapia gênica, que apesar de também ser vista como arriscada, deve ser apoiada porque as pessoas percebem os seus benefícios.

Figura 19. Percepção dos riscos e dos benefícios de algumas aplicações tecnológicas na União Européia

Fonte: Eurobarométer, 2006.

Os resultados apresentados na Figura 20, que compara 7 aplicações da engenharia genética, também mostram a correlação entre benefícios e riscos percebidos. Os resultados confirmam que o público europeu não rejeita a engenharia genética em si, mas apenas algumas das suas aplicações. Os resultados mostram que as aplicações na saúde humana têm grande aceitação, seguidas pelas aplicações ambientais, como a biorremediação. No outro extremo estão as aplicações que são rejeitadas, como a clonagem de animais e a produção de cultivos com modificações na qualidade dos alimentos. Os cultivos com

Moralmente Aceitável Benéfico Muito Arriscado Deve ser apoiado

Parte da resposta para a questão está nas próprias informações da Figura. No caso da produção de cultivos com propriedades agronômicas, o público percebe um pouco de benefício e acha que é moralmente aceitável, entretanto, acha que esta aplicação não deve ser promovida. No caso dos cultivos com modificações nas características dos alimentos, o público não percebe nenhum benefício, muitos riscos e acha que é moralmente inaceitável e neste caso este tipo de aplicação deve ser proibida (GASKELL, 2000).

Figura 20. A percepção do público para diferentes aplicações da engenharia genética na Europa

Fonte: Elaborado a partir de Gaskell, 2000.

No caso da engenharia genética, os estudos do Eurobarómeter encontraram uma forte correlação entre a percepção de riscos e o grau de apoio ao seu desenvolvimento. Segundo as características das respostas encontradas, o Eurobarómeter classificou o público em três grupos: os apoiadores incondicionais, os apoiadores com tolerância aos riscos e os