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A Sociedade da Informação e a População Portuguesa

No documento Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (páginas 144-149)

Capítulo III A Sociedade da Informação

4. A Evolução da Sociedade da Informação em Portugal

4.1. A Sociedade da Informação e a População Portuguesa

A evolução da maioria dos indicadores da SI nos vários sectores sócio-económicos tem sido apreciável. No entanto, o esforço levado a cabo pelos sucessivos governos, bem como a considerável abertura dos Portugueses às novas tecnologias, tem esbarrado na deficiente liberalização do mercado das telecomunicações fixas, que se mantém sem concorrência. Esta situação provoca constrangimentos num sector essencial para o crescimento da sociedade da informação.

Para aprofundar o conhecimento da SI em termos sociais, analisaram-se alguns

indicadores. As taxas de qualificação83 das TIC84 têm, como seria de esperar, crescido a

um ritmo mais elevado, do que o conjunto da economia.

9.6 10.9 12.2 14.7 15.0 3.4 3.7 4.0 4.6 4.9 0 2 4 6 8 10 12 14 16 1995 1996 1997 1998 1999 Sector TIC Economia Portuguesa

Fonte estatística: Dep. Estatística, Emprego e Formação Profissional do MTS, Quadros de Pessoal, 2001. * A taxa de qualificação corresponde ao ratio trabalhadores diplomados pelo total de trabalhadores. %

Figura 16. – Evolução percentual das taxas de qualificação no sector das TIC em relação ao conjunto da economia.

83 A taxa de qualificação corresponde ao rácio ‘trabalhadores diplomados’ pelo ‘total de trabalhadores’. 84

Consideram-se do sector TIC as actividades do sector económico relacionadas com a produção e comercialização de bens e serviços no sector das tecnologias de informação e comunicação, com concordância entre o ISIC Rev. 3 e o NACE Rev. 1 para o sector TIC definido pela OCDE.

Em relação à evolução da percentagem da posse de computador nas famílias, verifica-se

um crescimento, que é acompanhado pela percentagem de utilizadores da Internet.

14 27 39 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Posse de Computador nas Famílias Utilizadores da Internet

Fonte estatística: Eurobarómetro, 1996 e 1997; OCT/IUTIC População Portuguesa 2000 e 2001. %

Figura 17. - Evolução percentual da posse de Computadores nas famílias e de utilizadores da Internet.

A análise dos valores percentuais e, nomeadamente, das taxas de crescimento anual é, por vezes, enganadora, pois parte de um valor absoluto inicial muito baixo em relação, por exemplo, a outros países Europeus.

No final do 1º Trimestre de 2003, o serviço de acesso à Internet registava em Portugal, um

total de cerca de 5.800 milhares de clientes, representando um crescimento de 11% face ao trimestre anterior. A variação homóloga (em relação ao ano anterior) correspondeu a um crescimento de cerca de 51%. O serviço de banda larga, nas modalidades de acesso por

cabo (modem e cabo) e ADSL, atingiram no seu conjunto cerca de 309 mil clientes, ou seja

5% do total de acessos, correspondendo a um crescimento de 19% face ao trimestre

anterior. A variação homóloga foi de cerca de mais 154%. O número de clientes ADSL85,

embora tenha crescido em relação ao último trimestre, representa apenas 25% do total de acessos em banda larga. Embora a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) não refira as quotas de mercado dos fornecedores do serviço, o Relatório de Contas divulgado pelo grupo ‘Portugal Telecom’, em Março de 2003, referia que a TVCabo tinha 140 mil

clientes e o serviço ADSL.pt possuía 53 mil clientes. Estes números correspondiam assim

a 68% do total do mercado doméstico de banda larga e a 82% do total de ligações ADSL.

85

Face à ausência de um mercado verdadeiramente liberalizado, o operador incumbente permanece numa posição monopolista, onde os preços continuam elevados e o controlo do

acesso à Internet em banda larga é total. A situação de monopólio da ‘Portugal Telecom’

será analisada um pouco mais em pormenor, aquando da análise dos indicadores de acessibilidade e da infra-estrutura disponibilizada.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 (1º Trim.) Vari ável em barr a s (Mil hare s ) 0 50 100 150 200 250

Clientes de Acesso ADSL Clientes de Acesso Modem por cabo Número Total de Clientes Clientes de Acesso dial-up

Fonte estatística: ANACOM, 2003.

V a riá v el em linha (Milh ares )

Figura 18. - Evolução do número total de clientes Internet e por tipo de ligação.

Tendo em conta o número total de clientes Internet, face ao valor da população residente

em Portugal no ano de 2001, a taxa de penetração atingiu cerca de 58% da população total.

Outra variável importante é a evolução do número de utilizadores de computador por escalão etário. Verificava-se que, tanto para o ano de 2000, como para 2001, o escalão etário com os valores mais elevados era o dos 15 aos 19 anos, com 81% e 85%, respectivamente. Esta realidade demonstra que o uso do computador está a generalizar-se junto das classes mais jovens; mas poderá também mostrar a apetência dos jovens pelos jogos de computador. No entanto, a evolução anual dos números representados em todos os escalões parecem demonstrar uma utilização generalista, orientada para uma aplicação múltipla.

81 68 55 37 27 11 85 77 65 48 38 20 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

15-19 anos 20-24 anos 25-29 anos 30-39 anos 40-49 anos >50 anos 2000 2001

Fonte estatística: OCT/ICP, IUTIC População Portuguesa, 2000; OCT/IUTIC População Portuguesa, 2001. %

Figura 19. - Evolução percentual dos utilizadores de computador por escalão etário.

Quando se fala na revolução das TIC, é inevitável analisar o crescimento das redes móveis em Portugal. Desde o início da década de 90, que os telemóveis têm ganho crescente aceitação, tornando Portugal num dos países do mundo com mais altas taxas de penetração na tecnologia GSM.

Figura 20. – Evolução do número de assinantes do serviço móvel terrestre.

No primeiro trimestre de 2003, mais de 8.5 milhões de pessoas eram assinantes do serviço móvel terrestre. Em termos percentuais, isto significa que, em 5 anos, a taxa de cobertura para a população portuguesa passou de cerca de 31% para mais de 85% em 2001. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 200 3 (1º Tr im. )

Fonte estatística: ANACOM, 2003.

Mil

har

es

Em finais de 2003 havia já um telemóvel para cada português. Estes valores contrastam com a taxa de penetração de cerca de 43.5% do serviço fixo de telefone.

Analisando ainda as figuras 17 e 18, parecem existir três fases distintas na evolução do número de clientes Internet e no tipo de ligação que utilizam. Uma primeira fase entre 1996 e 1998, de ligeira subida em que parece haver algumas limitações no acesso.

Figura 21. – Evolução percentual da taxa de penetração do serviço móvel terrestre em relação à população. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 I Trim .200 3

Fonte estatística: INE - Censos; ANACOM, 2003. %

Uma segunda fase, entre 1998 e 2002, que reflecte a introdução da Internet grátis por

acesso dial-up, onde se verifica um elevado crescimento. A evolução do número de

subscritores com acesso por modem de cabo a partir do ano de 2000 é notável e o aparecimento do acesso em banda larga por tecnologia ADSL no ano de 2001, leva

também a um aumento do número de utilizadores de Internet. No entanto, a partir de 2002,

numa terceira fase, dá-se um considerável abrandamento na evolução do número de utilizadores, aproximadamente nos 5.5 milhões de clientes. Este cenário deve-se, entre outras razões, aos constrangimentos no acesso à banda larga por parte do operador

incumbente, provocado pelo monopólio das ligações por modem por cabo e por tecnologia

ADSL, que resultou numa estagnação de alguns indicadores relacionados com a sociedade da informação.

Observando os gráficos 20 e 21, verifica-se uma situação diferente. O número de assinantes e a taxa de penetração do serviço móvel são sempre crescentes e começam a estagnar ou, numa fase de claro abrandamento por volta de 2002, tal como o número de

clientes Internet, mas a população abrangida aproxima-se dos 10 milhões de utilizadores,

isto é, o dobro dos utilizadores Internet.

Esta realidade completamente diferente, observada nas telecomunicações móveis, deveu-se a uma liberalização ‘real’ do sector, que criou um cenário de plena concorrência e levou a uma redução considerável das tarifas praticadas. Os níveis de penetração chegam assim perto dos 100% da população, num claro exemplo em que, quando bem delineadas, as estratégias públicas no acesso às tecnologias de informação e comunicação são essenciais para o sucesso da Sociedade da Informação e consequentemente da qualidade de vida dos cidadãos.

No documento Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (páginas 144-149)