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A História da World Wide Web

No documento Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (páginas 90-93)

Capítulo II Do Paradigma Tecnológico ao Paradigma Sócio-Info-Tecnológico

4. As Redes de Inovação e de Tecnologia no Espaço de Fluxos

4.2. A História da World Wide Web

Outra das grandes responsáveis pelo crescimento da rede Internet foi a diversificação dos

serviços disponibilizados aos utilizadores: os directórios de assuntos, a indexação e os

motores de busca, a cada vez maior capacidade e dinâmica do e-mail. Serviços como os

disponibilizados pelo Lycos da Universidade de Carnegie Mellon, o Yahoo da Universidade

de Stanford, ou o Infoseek. No entanto, nenhuma destas aplicações teria o impacto e a

importância da World Wide Web (www), a aplicação por excelência a funcionar sobre a

Internet, ou utilizando uma expressão mais comum nas ciências computacionais, uma verdadeira killer application.

Sendo um dos contributos mais importantes da Europa para o desenvolvimento da Internet,

a www nasceu no European Center for Particle Research (CERN), na Suíça. Foi pela

primeira vez utilizado de uma forma experimental em 1989, mas só em 1992 recebeu a

devida atenção de uma equipa de programadores do National Center for Supercomputing

Application (NCSA) na Universidade de Illinois. Esta equipa foi a responsável pelo

desenvolvimento do primeiro browser gráfico para a Internet, que se chamava Mosaic. Este

software foi disponibilizado gratuitamente na Internet e conquistou rapidamente o mundo.

Era a primeira vez que através da Internet e numa só página, podia ver-se texto e imagens

em movimento, ouvir-se som e utilizar texto com mais de uma fonte. Nascia o hipertexto e

com ele dava-se mais um salto de gigante na evolução da Internet e na sua utilização

como elemento de disseminação da pesquisa científica e da inovação. Entre 1993 e 1996

apareceram uma quantidade razoável de browsers semelhantes ao Mosaic e observou-se

uma evolução normal das funcionalidades. Nascia o ‘rato’ e o ‘apontar e clicar’ (point and

click), transformando também o computador numa máquina cada vez mais intuitiva e massificada.

Em 1995, já existiam mais de 30.000 sites na www. As empresas começavam a ter a

certeza que existir (só) fisicamente não era suficiente, era também necessário existir virtualmente, ou seja, passar também para a rede, as estruturas e os negócios existentes,

vão continuar a transformar a forma como se organiza a sociedade. A Internet é uma infra- estrutura verdadeiramente global e a sua evolução é extremamente rápida. Mas o facto de ser já uma tecnologia estável e ter sido construída em cerca de 30 anos, tornam-na ainda mais notável.

De acordo com os dados disponíveis50, em 2002, 580 milhões de pessoas tinham acesso à

Internet em todo o mundo. Desse total, 170 milhões estavam nos EUA. A população on-line

cresceu cerca de 4% nos 11 maiores mercados Internet durante o ano referido,

principalmente em Espanha onde se registou um aumento de 22%, correspondendo a 17 milhões de utilizadores. Espanha registou ainda aumentos na maior parte das actividades

ligadas à Internet: 6% na utilização de e-mail e 5% no acesso a conteúdos audiovisuais,

resultado de uma correcta estratégia de implementação da banda larga. A Alemanha (35.6 milhões), o Reino Unido (29 milhões) e a Itália (22.7 milhões) são os países, a seguir aos

Estados Unidos, com maior número de pessoas com acesso particular à Internet.

Ainda de acordo com este Internet Report, a Suécia, Hong Kong, a Holanda e a Austrália,

são os mercados onde a Internet está mais consolidada, quer em termos de uso

doméstico, quer em termos de taxas de conectividade. Na União Europeia, a utilização da rede continua ainda a ser feita no local de trabalho. Em Hong Kong, na Islândia, na Noruega, na Suécia e nos Estados Unidos, ela chega a mais de metade da população e

nalguns países da OCDE chega a um terço.51 No resto do mundo, a percentagem é muito

menor, chegando a apenas 0.4% da população Sub-saariana. Mesmo na Índia, onde se localiza um dos maiores pólos tecnológicos do mundo, a percentagem é de apenas 0.4%.

Actualmente, cerca de 80% dos utilizadores da Internet vivem em países da OCDE. No

entanto, o aumento dos valores, mesmo em países em desenvolvimento, tem sido considerável: no Brasil, de 1,7 milhões de utilizadores em 1998 para 9,8 milhões em 2000; na China de 3,8 milhões para 16,9 milhões; e no Uganda, de 2.500 para 25.000.

50 Nielsen/NetRatings (2002). 51

26.3 6.9 0.8 0.5 0.8 0.2 0.1 0.04 2.4 54.3 28.2 3.2 2.3 3.9 0.6 0.4 0.4 6.7 0 10 20 30 40 50 60

Estados Unidos OCDE de rendimento elevado (excl. EUA)

América Latina e Caraíbas Asia Oriental e Pacífico Europa do Leste e CEI

Países Árabes África Subsariana Ásia do Sul Mundo 1998 2000

Fonte: Cálculos do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano baseados em dados fornecidos por NUA Publish 2001 e UN2001.

Figura 9. – Utilizadores de Internet (em relação ao total da população), 2000.

Esta desigualdade na difusão da Internet não acontece só entre diferentes países, como

dentro dos próprios países. Apesar de serem ainda poucos os dados sobre a demografia dos seus utilizadores, constata-se que são predominantemente urbanos, com maiores rendimentos e com níveis de educação mais elevados.

É na rede que a educação, a economia, os governos e as actividades se desenrolam; é também na rede que se conhecem os últimos avanços na investigação; é ela que permite comunicar de uma forma mais rápida. No entanto, a sua utilização não cria milagres económicos e de desenvolvimento. Depois de euforias e desaires, vive-se agora num momento de reflexão. No entanto, é indiscutível que tanto nos ‘picos’ como nos ‘fundos’, a rede desempenha um papel fundamental no novo século.

A Internet é actualmente um dos suportes tecnológicos, a par da criatividade e partilha de

informação, sobre o qual se desenvolve a investigação e a pesquisa científica mais avançada. Quer seja para fins militares, energéticos, académicos, quer para simples lazer ou divertimento, ‘a rede’ tem que suportar aplicações extremamente exigentes. Isso leva a

que os backbones sejam constantemente sujeitos a upgrades, num esforço de

modernização, que tenta acompanhar as crescentes necessidades no que respeita à velocidade e quantidade dos fluxos existentes. Possui também uma ordem lógica, hierárquica, sem a qual não seria possível percorrer os complexos canais da informação,

interpretar os pontos de origem e de destino dos fluxos. Sobre a rede Internet se falará

ainda, mais tarde, quando se analisar a dinâmica da sua geografia, bem como o seu ordenamento espacial.

5. Nova Economia, Economia Digital ou Economia da Informação?

No documento Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (páginas 90-93)