• Nenhum resultado encontrado

Municípios com ESCCA x Região

T ABELA 10 E SCALA DE L IKERT

A participação do POMMAR qualificou as políticas públicas de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes

GRUPO PONTUAÇÃO G1 3,8 G2 4,1 G3 3,7 G4 4,6 G5 4,3

Por todo o conhecimento da proposta metodológica para o enfrentamento à violência sexual, foi o POMMAR/USAID que efetivamente concebeu toda a proposta metodológica do PAIR. (G4 – SEDH)

O POMMAR foi fundamental não apenas financeiramente, mas a própria experiência que essas pessoas acumularam e desenvolveram também foi fundamental para a construção dessa metodologia do PAIR. Como primeira iniciativa de governo, de intersetorialidade, foi uma experiência riquíssima que deve ser apoiada. Foi uma iniciativa importante também pelo aspecto de dar concretude às propostas e diretrizes que construímos no Plano Nacional. Eu acho uma iniciativa da maior importância e a contribuição do POMMAR foi fundamental, não sei se o programa teria se sustentado sem eles. (G2 – Camará)

A intenção do convite ao POMMAR para colaborar no Sentinela foi para nos proporcionar uma assessoria técnica sobre como melhor atender às demandas existentes por uma ação pública nessa área. (G4 – SEAS)

Criou-se quase uma relação de assessoria técnica permanente entre o Ministério da Previdência e Assistência Social , através do Programa Sentinela, e a equipe do POMMAR. (G4 – SEAS)

Hoje a gente utiliza muito a experiência do POMMAR nas ações do PAIR, no monitoramento das ações, na construção do plano operativo. (G4 – SEAS)

Consideramos a nossa participação nos espaços estratégica, uma vez que temos clareza de que trabalhar com essa temática é um grande desafio. Penso que a nossa presença nesses espaços, sobretudo quando são espaços de discussões de políticas públicas, é essencial porque colabora para a construção de processos mais consistentes. (G5 – POMMAR)

O POMMAR participou diretamente da construção e execução das seguintes propostas técnicas das políticas públicas voltadas para o enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, comprovando uma forte incidência técnica nesta área:

ƒ Participação da equipe técnica do POMMAR na concepção e estruturação do Programa Sentinela (hoje denominado Serviço Sentinela/CREAS) vinculado ao governo federal;

ƒ Construção da proposta metodológica do PAIR;

ƒ Elaboração de parâmetros conceituais e técnicos curriculares nos processos de capacitação dos atores sociais diretamente responsáveis pelo atendimento de crianças e adolescentes, qualificando programas e serviços no campo das políticas públicas; ƒ Assistência técnica para elaboração de políticas e planos de ação dos Estados do

Piauí, Maranhão, Pará e Distrito Federal;

ƒ Apoio técnico na implantação do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em outubro e 2002;

ƒ Participação no Grupo de Trabalho encarregado da preparação do Relatório Brasileiro ao Comitê sobre os Direitos da Criança, que se constituiu no primeiro relatório governamental a ser apresentado pelo Brasil ao Comitê.

ƒ Mudança de paradigmas conceituais e metodológicos, com a introdução de temas e procedimentos inovadores produzindo forte impacto nas organizações do terceiro setor e conseqüente repercussão nas políticas públicas;

ƒ Apoio técnico na elaboração e sistematização do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual e do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil;

ƒ A contribuição técnica e financeira aos Fóruns e Redes, nos processos de elaboração e implementação dos Planos Estaduais e Municipais de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

De acordo com Milani (2006), a cooperação técnica internacional tem influenciado as experiências participativas no Brasil (por exemplo, as metodologias participativas, oficinas participativas e diagnósticos participativos). O chamado “princípio participativo”, segundo o autor, é, em muitos casos, fruto de discursos e projetos das agências bilaterais e multilaterais de cooperação (MILANI, 2005).

Vários documentos nos anos 1990 colocam a participação no centro do debate sobre as práticas de desenvolvimento. Para o governo norte-americano:

Finalmente, qualquer programa de desenvolvimento [...] poderá ser bem-sucedido somente se for sustentável por um longo período de tempo após as ONGs norte- americanas deixarem a área. Em países de todo o mundo, uma vasta cadeia de ONGs dos EUA está trabalhando lado a lado com comunidades, ONGs locais, governos e pessoas, para estabelecer as bases para um mundo mais justo, próspero e pacífico. (KELLETT, 2003, p.40)

É importante observar que o POMMAR, como programa de uma agência norte- americana, trouxe a influência dessas questões (metodologias participativas, importância da sustentabilidade das ações, práticas descentralizadas e passíveis de replicação em outros contextos), e acabou aportando essas metodologias na construção das políticas públicas, fato visto de forma muito positiva pelos parceiros e evidenciado pela alta pontuação na escala de Likert.

Sustentabilidade das ações

O que eu percebo é que programas de outras agências internacionais colocam recursos em alguma ação e quando o recurso acaba a ação acaba também. E o que dá para perceber, por esse trabalho do PAIR é que a tecnologia e a produção do conhecimento ficam na localidade. (G4 – SEDH)

Como o POMMAR sabia que tinha um tempo definido de permanência, ele se preocupou bastante em como ficariam as ações. O elemento de sustentabilidade foi um outro elemento que o POMMAR trouxe para a qualificação da proposta e das políticas públicas. (G4 – SEAS)

Metodologias participativas

Acho o PAIR um ótimo exemplo de política participativa, que escuta as bases. Lembro que não chegávamos impondo nada, sempre numa postura de ouvir as pessoas dos locais e construirmos juntos. Pra mim foi uma experiência muito rica. E todos sabemos que o POMMAR foi essencial no desenho dessa política. (G1 – CEDECA/BA)

Uma outra contribuição do POMMAR foi a instrumentalização das cidades para a criação dos Planos Municipais de Enfrentamento à Violência Sexual de forma participativa, tendo como referência a sua experiência na construção do Plano Nacional, facilitando inclusive para que os municípios colocassem o Programa num contexto integrado de políticas públicas refletida nos próprios planos. Isso foi muito importante. (G4 – SEAS)

Práticas descentralizadas

O Programa não leva ao município nenhuma receita. Ele disponibiliza métodos e possibilidades, sugere ao conjunto das forças do município que trabalhem dentro da lógica do Plano Nacional: Análise da situação, apropriação da realidade, mobilização de todos os setores institucionais, responsabilização dos agressores, atendimento adequado das vítimas, dessas famílias, agindo preventivamente no desenvolvimento da sexualidade saudável da criança através da educação, com atenções básicas à saúde e, por fim a participação juvenil. (G4 – SEAS)

Nós sempre referenciamos que o marco referencial do programa era o ECA, no seu artigo 86, com o princípio da integração, participação e descentralização, e o Plano Nacional, então não era a opinião de ninguém, era o pressuposto de um marco legal. (G5 – POMMAR)

Operacionalmente, o PAIR vem obedecendo a essa lógica descentralizada e participativa, desde o âmbito federal até o municipal. (G5 – USAID).

Metodologias passíveis de replicação

No PAIR, o alcance dos objetivos vai fazer com que possamos oferecer ambientes propícios à transferência de metodologias para outras cidades. Construímos um grande laboratório que pode resultar na criação de ações de referências. Um dos maiores méritos da proposta é a potencialização da participação da sociedade e a consolidação das comissões municipais. A execução de um sistema de monitoramento descentralizado, em que a própria comunidade monitora todo o processo estabelecido nos planos operacionais, é uma das metas do PAIR. (G4 – SEAS)

Na minha concepção, diante da diversidade do nosso país e diante do PAIR ter se iniciado apenas em sete municípios, eu não vejo um grande impacto na realidade. Mas eu vejo como uma construção importante, como um projeto piloto de construção de metodologia que poderá ser replicada em outro contexto; sendo assim, eu vejo como uma iniciativa muito interessante. Mas eu não vejo um impacto como uma política pública, mas como algo piloto. (G2 – Casa Renascer).

O POMMAR também se fez presente nas políticas públicas por meio da participação técnica das instituições apoiadas por ele em ações das políticas municipais, estaduais ou federais. De acordo com o POMMAR, a instituição apoiada que teve a maior incidência neste aspecto foi o CEDECA/BA, que foi convidado a assumir a coordenação do grupo de assessoria técnica do programa PAIR80, além de ter com o Governo do Estado da Bahia desde

2001 um convênio de cooperação técnica para o acompanhamento do Programa Sentinela no Estado. Outras instituições apoiadas também participam ativamente de espaços importantes de construção de políticas, como o Comitê Nacional, os Comitês Estaduais, os Conselhos, e tornaram-se referências metodológicas na área.

Os resultados foram decorrentes desse acreditar, da dedicação dos técnicos do POMMAR. Foi um resultado positivo não só para o CEDECA, para a Bahia, mas para o Brasil, na medida em que essa metodologia foi reeditada no contexto das

80

Uma das metas estratégicas do PAIR foi propiciar aos municípios condições para, a partir de tecnologias sociais já testadas e validadas, construírem metodologias de referência na área de atenção psicossocial, sistematizá-las e disponibilizá-la para a replicação em outros municípios. Para tanto, fora oferecido tanto por USAID/Partners, quanto pelo governo brasileiro a assistência técnica de especialistas de diversas instituições, sob a coordenação do CEDECA/BA. A proposta da Assessoria Técnica tem por finalidade a consolidação das metodologias que vêm sendo desenvolvidas nos municípios do PAIR, bem como a inserção de atores locais no processo de assistência técnica especializada, valendo-se preferencialmente dos recursos humanos especializados que atuam no campo da pesquisa e extensão nas universidades públicas.

políticas públicas no caso do Sentinela na Bahia e do PAIR para o Brasil. (G1 – CEDECA/BA)

A condição de coordenação da Assessoria Técnica exercida pelo CEDECA está ancorada na sua experiência desenvolvida durante mais de sete anos com apoio do POMMAR/USAID–Partners, construindo uma metodologia de atendimento psicossocial e a defesa jurídica de crianças violadas sexualmente. (G4 – SEAS) Tem experiências que não chegaram a se transformar em política pública, mas acabaram se constituindo como referência. Nós já vínhamos com a experiência da metodologia do Moda Axé, e teve o desdobramento para a Casa de Passagem, adequando ao perfil de público da exploração e assim construindo o Maracatu Moda, pensando a reinserção a partir da arte. Teve também uma experiência com a Casa das Meninas, em Fortaleza, onde trabalhávamos a profissionalização a partir de uma perspectiva diferenciada e que acabou evoluindo para a perspectiva da rede, com a criação da Rede de Educação Profissionalizante, já envolvendo um grupo maior de organizações, que acabou se constituindo uma metodologia de trabalho em rede. Penso que são ações até hoje com forte impacto; em Recife essa experiência continua sendo trabalhada, a Universidade Federal de Pernambuco fez uma pesquisa sobre o impacto, essa experiência foi sistematizada e ainda hoje reconhecida. Tudo começou com o POMMAR. (G5 – POMMAR)

No elenco de apoios, tanto técnicos quanto financeiros, viabilizados pelo programa, posso destacar várias ações, algumas delas com repercussão muito forte ainda hoje. (G5 – POMMAR)

Participamos do Comitê Nacional, do Fórum Cearense, na Comissão Municipal do PAIR. (G1 – Curumins)

Neste aspecto, embora os dois grupos demonstrem concordar com a afirmação, há uma discrepância entre a percepção que o POMMAR tem sobre a sua influência técnica na participação das ONGs apoiadas nas políticas públicas e a percepção das próprias ONGs sobre este mesmo aspecto, conforme a (Tabela 11). Uma hipótese para essa discrepância pode estar relacionada à baixa participação direta das ONGs do G1 nas políticas públicas. Talvez a frase devesse ter sido: “As orientações técnicas/estratégicas repassadas pelo POMMAR influenciaram a nossa participação nos espaços importantes de construção de políticas públicas (municipal, estadual ou federal)”.

Participação direta mesmo nas políticas públicas eu sei do CEDECA/BA; as outras instituições apoiadas têm uma grande participação no contexto das políticas, nos espaços de discussão, no diálogo com a esfera pública, nos conselhos e comitês. (G5 – POMMAR)