• Nenhum resultado encontrado

ABORDAGEM DE UMA FAMÍLIA COM RISCO CLÍNICO-SOCIAL POR MEIO DA FERRAMENTA

No documento CATEGORIA PÓS-GRADUANDO E DOCENTE - ORAL (páginas 105-107)

APGAR FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO

Rômulo César Afonso Goulart Filho Flavio Araújo Prado Lucilla de Sousa Olimpio de Melo Patrícia Aragão Alves Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto Eliany Nazaré Oliveira Maristela Inês Osawa Vasconcelos INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, o conceito de família tem adquirido um âmbito muito mais amplo, novas concepções,

tendências com diversidade e pluralidade (DIAS, 2011). É nesse contexto e com a proposta de inovação da assistência da saúde que a família é tida como foco principal da atenção em saúde, com a premissa de abordagem individual de forma global e integrado a seu contexto familiar e social. (BRASIL, 2007). Uma ferramenta utilizada na identificação das relações e função familiar é o ‘Family APGAR’, questionário desenvolvido por Gabriel Smilkstein, em 1978. Após ser traduzido, adaptado e validado, foi renomeado para ‘APGAR de Família’ (DUARTE, 2001). É instrumento de avaliação destinado a refletir a satisfação de cada membro da família. A partir de um questionário predeterminado, as famílias são classificadas como funcionais e moderadamente/gravemente disfuncionais (BRASIL, 2012).

OBJETIVOS: Realizar a abordagem de uma família, considerando os componentes sociais, afetivos e biológicos.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, realizado através de um estudo de caso de aplicação de

ferramentas de abordagem familiar, de modo a identificar a funcionalidade da família em estudo. A pesquisa foi desenvolvida no distrito de Jaibaras, no município de Sobral, Ceará. Definiu-se a família, considerando que a mesma apresentava situação de risco e vulnerabilidade, conforme Escala de Coelho e Savassi (2004). A partir da pontuação desta escala, com a soma do escore total, obtivemos a classificação de risco que varia de R1 – risco menor, R2- risco moderado e a R3 – risco máximo, descrito a seguir: escore 5 ou 6 = R1; escore 7 ou 8 = R2; escore maior que 9 = R3. Nessa família foram identificados os seguintes dados da Ficha A: deficiência física, deficiência mental, maior de 70 anos, HAS, relação morador/cômodo maior que 1, resultando assim em um escore de 11 pontos, enquadrando-se no risco máximo (R3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A família em estudo passa, atualmente, por um processo de readaptação pós-morte de um

dos seus membros. Senhor F.J.S., 64 anos, aposentado, com história de etilismo, ciumento, briguento, casado com a senhora M.C.A.S., 60 anos, sexo feminino, aposentada, encontra-se em tratamento de um nódulo/bócio tireoideano, com hipertensão arterial sistêmica (HAS), mãe de F.J.J., 38 anos, deficiente mental, beneficiário assistencial da previdência, agressivo; de M.S.F. 34 anos, sexo feminino e de A.A.S. 36 anos, sexo masculino, recentemente falecido por complicações de AIDS, casado com M. J.F., sexo feminino, 42 anos, portadora de HIV, diagnosticado há doze anos, passiva, conformada, mãe de E.F.A, 14 anos, sexo feminino, escolar e de J.L.F.A, 11 anos, sexo masculino, escolar. Além desses membros, reside também neste domicílio C.B.S., 77 anos, sexo feminino, pensionista, deficiente visual há 37 anos, madrasta de F.J.S. Também é observado o forte vínculo entre a maior parte dos membros da família com o sujeito índice do estudo, M.C.A.S, e uma relação conflituosa desta com um filho, que tem transtorno bipolar, faz uso de medicação controlada e é agressivo. É evidenciada ainda a morte recente de um membro deste grupo, que era soropositivo, o que está abalando fortemente a família e causando uma readequação de papéis no contexto familiar. Para representar o fenômeno da dinâmica familiar, sob a visão do caso índice do estudo, com o uso do questionário do APGAR Familiar, pode-se concluir que é uma família com boa funcionalidade, uma vez que obteve resultado 8. Em relação à Adaptação (A = Adaptation), a Sra. MCAS respondeu que QUASE SEMPRE (dois pontos) está satisfeita com a atenção que lhe é prestada ao procurar a família quando algo lhe preocupa ou incomoda. Na dimensão Companheirismo (P=Partinership), respondeu que “ÀS VEZES” (um ponto) está satisfeita com a forma com que sua família discute as questões de interesse comum e compartilha com ela. No aspecto do Desenvolvimento (G=Growth), refutou que QUASE SEMPRE a família aceita seus desejos de iniciar novas atividades ou de realizar mudanças em seu estilo de vida. Na dimensão da afetividade (A=Affection), referiu

1 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 2 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 3 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 4 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 5 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 6 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - 7 - UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ.

que “ÀS VEZES” está satisfeita com a forma com que sua família expressa afeição e reage em relação aos seus sentimentos. Quanto à Capacidade resolutiva (R= Resolve), respondeu que “QUASE SEMPRE” (dois pontos) está contente com o modo que a família compartilha tempo juntos. Essa família é considerada funcional, o que foi destacado durante a roda de conversa, com os relatos de caso, e com a boa convivência entre os membros. Pode-se observar que a maioria das respostas foi quase sempre, o que demonstra a satisfação da genitora em relação ao companheirismo, afetividade, capacidade resolutiva e adaptação. No que se refere à avaliação funcional, pode-se concluir que todos necessitam de cuidados. A matriarca desenvolve seus afazeres domésticos e é auxiliada pela nora.

CONCLUSÃO: As ferramentas de avaliação familiar utilizadas no acompanhamento da família favoreceram a criação de

vínculo da equipe com a família e possibilitaram uma melhor visualização das relações com a comunidade. Proporcionou, ainda, uma reflexão da postura em relação a forma de atendimento da equipe e de busca de novas abordagens. No entanto, percebemos a escassez de estudos que orientassem a aplicabilidade do questionário da ferramenta em questão, que corroborassem com o processo de trabalho, além da limitação de possibilitar a identificação de outros problemas que possam estar interferindo no contexto familiar. Assim, com essa abordagem, pode-se elencar algumas ações de intervenção: ressocialização do filho com deficiência mental, inserindo-o no atendimento do CAPS; solicitar apoio do NASF para acompanhamento psicológico devido à perda do filho; acompanhar a regulação e marcação da cirurgia para as devidas orientações.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012.;

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde; 2007.;

COELHO, F. L. G.; SAVASSI, L. C. M. Aplicação da Escala de Risco Familiar como instrumento de priorização das visitas domiciliares. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Brasil, v. 1, n. 2, p. 19-26, 2004.;

DIAS, M. O. Um olhar sobre a família na perspectiva sistémica: o processo de comunicação no sistema familiar. Comissão Política Distrital do Partido Social Democrata, Mangualde, 2011.;

DUARTE YAO. Família: rede de suporte ou fator estressor. A ótica de idosos e cuidadores familiares. [these] São Paulo (São Paulo): Universidade de São Paulo -Escola de Enfermagem; p.196, 2001.;

418

S A N A R E, Suplemento 3, ISSN:2447-5815, V.15 - 2016 - V COPISP

APOIO MATRICIAL: VIVÊNCIAS DA EQUIPE

No documento CATEGORIA PÓS-GRADUANDO E DOCENTE - ORAL (páginas 105-107)

Outline

Documentos relacionados