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ANÁLISE DOS CONTATOS FALTOSOS DE HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE FLORIANO-P

No documento CATEGORIA PÓS-GRADUANDO E DOCENTE - ORAL (páginas 71-73)

Isadora Teles Soares Beserra Sibele Teles Soares Beserra Hélida dos Santos Ferreira Mariana Barbosa Dias

INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica, proveniente da infecção causada pelo

Mycobacterium leprae (M.leprae). O bacilo se aloja nas células cutâneas ou nas células dos nervos periféricos, podendo multiplicar-se. Apresenta-se sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões de pele e dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (CID et al., 2012). Para Faria et al. (2013), a vigilância de contatos tem como objetivo realizar medidas profiláticas, em que o diagnóstico precoce proporciona ações terapêuticas imediatas e corretas, bloqueando a disseminação do bacilo e a instalação de incapacidades. A realização do exame dos contatos intradomiciliares, isto é, qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente nos últimos cinco anos, é justificada por apresentar um maior risco de adoecimento do que a população, em geral (PEIXOTO et al., 2011).

OBJETIVOS: Analisar os motivos que levam os contatos intradomiciliares de hanseníase a não procurar a Unidade Básica de

Saúde (UBS) para realização do exame dermatoneurológico no município de Floriano-Piauí.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo com abordagem qualitativa, realizado em três UBS no município

de Floriano-Piauí. Os sujeitos foram 15 contatos intradomiciliares que obedeceram aos seguintes critérios de inclusão: contatos não submetidos ao exame dermatoneurológico recomendado pelo Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH), que tomaram ou não a vacina Bacilo de Calmette-Guérin (BCG) e aqueles que possuíram uma comunicação verbal e o poder de interpretação dos questionamentos. A coleta dos dados foi através de depoimentos no domicílio sob a forma de entrevista registrada por gravador de voz, após a aceitação dos sujeitos e mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no período de novembro a dezembro de 2014. Para a análise e interpretação, os dados foram trabalhados de acordo com a análise de conteúdo de Laurence Bardin (2011) que consistiu em colocar em relevo as informações, o que possibilitou a construção de unidade de significação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para a promoção das ações de controle da hanseníase, a equipe multiprofissional deve realizar

o seu trabalho de forma compartilhada, desde a busca ativa pelos agentes comunitários de saúde até a realização do exame dermatoneurológico com o médico e/ou enfermeiro. Através dos depoimentos, pode-se observar que apesar dos contatos estarem convivendo com uma pessoa com hanseníase ou que já fez tratamento, eles não têm o conhecimento adequado ou até mesmo o desconhecimento sobre o que é e como se transmite a doença, mas sentem medo de adquiri-la. Segundo a OMS (2010), o medo é um obstáculo comum enfrentados pelas pessoas ao serem examinadas. Podendo ser medo do diagnóstico, de deformidades futuras, de se expor como tendo hanseníase ou de que a família sofra por conta da doença do paciente. Constatou-se que os sujeitos tinham a consciência de serem contatos intradomiciliares por conviverem no mesmo domicílio que um paciente de hanseníase ou que já realizou o tratamento. E que os principais meios pelos quais os contatos receberam essas informações foram a televisão e o familiar que possui a doença, porém nenhuma das falas relata que receberam essa informação da equipe de saúde. Vale ressaltar que o enfermeiro é um agente fundamental na construção dessas ações de controle da hanseníase, principalmente na divulgação das medidas de vigilância e da realização do exame dermatoneurológico nos contatos. Quando questionados quanto aos motivos da não adesão ao exame dermatoneurológico: quatro contatos responderam não ter sido informado pela equipe de saúde para comparecer à UBS; três relataram ter medo do exame e de possuir a doença; três dos entrevistados afirmaram que a

1 - FACULDADE VALE DO JAGUARIBE- FVJ - 2 - FACULDADE VALE DO JAGUARIBE - FVJ - 3 – UNIDADES INTEGRADAS DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO-UNIPÓS - 4 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI.

vacinação e informações inadequadas da equipe de saúde foram os motivos do não comparecimento na UBS; dois responderam a incompatibilidade dos horários de funcionamento das UBS com seus horários disponíveis e falta de tempo; dois argumentaram a falta de interesse e omissão; e um contato relatou a ausência de sinais e sintomas da hanseníase. Neste sentido, a falta de adesão ao exame dermatoneurológico está correlacionada à questão administrativa e operacional do serviço de saúde e cabe ao profissional enfermeiro realizar estratégicas que facilitem a realização do exames nos contatos faltosos, pois a falta de adesão ao exame é considerada como fator de manutenção da doença. No estudo de Ferreira, Ferreira e Morraye (2012), a falta de informação, a omissão e falta de interesse dos mesmos em procurar o serviço também foram identificadas pelos contatos como motivo de não terem procurado o serviço de saúde, resultado este semelhante ao presente estudo. Portanto, independentemente dos sinais e/ou sintomas, ou forma bacilar dos casos-índice, os contatos intradomiciliares devem ser sempre examinados e encaminhados à vacinação, já que possuem um maior risco de serem contaminados do que a população por conviver com um paciente de hanseníase.

CONCLUSÃO: Diante dos depoimentos, pode-se concluir que, ao analisar os contatos faltosos de hanseníase, vários fatores

envolvem a não adesão dos mesmos em realizar o exame dermatoneurológico, sendo o motivo de não ter sido informado pela equipe de saúde para comparecer à UBS o que mais prevaleceu. Diante disso, é necessária a elaboração de estratégias educacionais de divulgação da doença e a capacitação da equipe de saúde para promover as ações do Programa Nacional de Controle da Hanseníase. A educação continuada em saúde é imprescindível não somente aos profissionais do nível médio mas também do nível superior de ensino, aos doentes, aos contatos e à comunidade sobre aspectos clínicos, epidemiologia, tratamento e prevenção da hanseníase cujo objetivo é disseminar informações sobre a doença e promover o diagnóstico precoce, podendo minimizar o medo, preconceito e o estigma.

REFERÊNCIAS:

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 229 p, 2011.;

CID, R. D. S et al. Percepção de Usuários Sobre o Preconceito da Hanseníase. Ver Rene, v.13, n.5, p.1004-14, 2012.;

FARIA, D. R. et al. Avaliação de Contatos de Hanseníase. Revista Panorâmica on-line, v.14, p.35–46, jul, 2013.;

FERREIRA, I. L.C.S.N; FERREIRA, I. N.; MORRAYE, M. A. Os Con¬tatos de Portadores de Hanseníase em Paracatu (MG): Perfil, Conhecimentos e Percepções. Hansenologia Internationalis, v.37, n.1, p.53-44, 2012.;

OMS. Organização Mundial de Saúde. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase: 2011-2015: diretrizes operacionais. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2010.;

PEIXOTO, B. K. S. et al. Aspectos Epidemiológicos dos Contatos de Hanseníase no Município de São Luís-Ma. Hansenologia Internationalis, v.36, n.1, p.23-30, 2011.;

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S A N A R E, Suplemento 3, ISSN:2447-5815, V.15 - 2016 - V COPISP

PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DE UMA

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