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Abordando uma visão simplista das emoções

A capacidade de diferenciar uma grande variedade de emoções em si e nos outros é uma consequência do crescente desenvolvimento cognitivo (Saarni, 1999, 2007). Na literatura psicanalítica, o desenvolvimento do ego é caracterizado pela crescente consciência das qualidades do self potencialmente conflitantes; com a emergência da “identidade do ego”, em que uma qualidade central é identificada, ao mesmo tempo incorporando emoções ou qualidades pessoais diferenciadas (Loevinger, 1975). Assim, uma criança pequena pode ver os outros (e a si mesma) em termos de traços dicotômicos (p. ex., “Ele é desagradável”), enquanto um adulto mais diferenciado é capaz de reconhecer a variabilidade das qualidades pessoais ao longo do tempo em diferentes situações (p. ex., “Às vezes ele é desagradável, mas em outras pode ser amável”). Pesquisas sobre as percepções que a pessoa tem dos indivíduos com transtorno da personalidade borderline indicam uma tendência a usar afirmações dicotômicas (Arntz & Haaf, 2012; Veen & Arntz, 2000). O problema com o pensamento dicotômico é que ele leva a atribuições de traços estáveis sobre si e os outros, sem permitir o

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reconhecimento da variabilidade e flexibilidade situacionais e temporais. Se eu pensar em mim mesmo como uma pessoa triste, a minha narrativa de vida será de memória seletiva, atenção e ênfase em informações que confirmam essa crença – uma forma de viés de confirmação. Se pensar em mim mesmo como capaz de uma ampla variedade de emoções e comportamentos, poderei me imaginar sendo mais flexível – o que é uma visão de mim mesmo muito mais adaptativa. Portanto, abordar uma visão simplista da emoção – que é uma das 14 dimensões dos esquemas emocionais discutidas em capítulos anteriores e avaliada com a LESS II – está entre as primeiras tarefas para aumentar a tolerância à ambivalência em terapia focada no esquema emocional.

Dissipar o mito do pensamento dicotômico sobre a própria personalidade ou emoções é um elemento-chave para aumentar a aceitação e a flexibilidade, bem como reduzir a ruminação. Ao contrário do personagem de Jack Nicholson no filme Tratamento de choque, que provoca continuamente o tímido personagem de Adam Sandler com “Mas como você se sente realmente?”, o terapeuta focado no esquema emocional abarca e encoraja a aceitação de sentimentos mistos e ambivalência. Alguns pacientes acham que deveriam “descobrir como eu de fato me sinto”, questionando a legitimidade das emoções ou “cavando mais fundo” na busca da “emoção subjacente”. A ideia de que existe alguma emoção básica, um sentimento verdadeiro ou um segredo subjacente apenas precipita uma série de pensamentos ruminativos na busca de uma “resposta”. A verdadeira “resposta” reside na aceitação da complexidade das contradições.

Por exemplo, o homem descrito anteriormente estava tentando descobrir seus “verdadeiros sentimentos” sobre a sua namorada.

Eu a acho atraente, ela é muito boa para mim – às vezes muito estimulante –, mas às vezes ela diz coisas que me incomodam muito.

O que ela diz que lhe incomoda?

Bem, ela não é tão interessada em política quanto eu gostaria que fosse.

Ok. Então existe alguma coisa nela que você não gosta. Por que isso o incomoda a ponto de você não se sentir completamente positivo em relação a ela – sobre tudo?

Bem, talvez ela não seja a pessoa certa para mim.

Este é um típico treino do pensamento para pessoas que estão tentando tomar decisões importantes, mas não conseguem aceitar a ambivalência. Isso reflete perfeccionismo e “mente pura”. Nesse caso, o indivíduo estava procurando “perfeccionismo existencial”: “Eu não deveria ter certeza antes de me decidir?”. Nesse caso particular de “perfeccionismo emocional”, as dúvidas do homem sobre sua namorada levaram a um foco excessivo nos aspectos negativos, ruminação, desconsideração dos aspectos positivos, hesitação sobre seu compromisso e distanciamento da parceira. Suas crenças subjacentes eram: “Eu só deveria me sentir de uma forma”, “Eu deveria ter certeza do que sinto”, “Eu não posso me apaixonar se eu tiver um misto de sentimentos” e “Não posso tomar uma decisão de me comprometer se eu estiver ambivalente”. Essa idealização da emoção univalente frequentemente resulta na incapacidade de aprofundar relações íntimas.

Outro aspecto da intolerância à ambivalência é a crença de que o indivíduo ficará preso ao arrependimento se for tomada a “decisão errada”. A procura de uma alternativa perfeita é uma tentativa de evitar esse arrependimento. Recordo-me, anos atrás, de estar conversando com alguém que tinha um relacionamento problemático. Perguntei-lhe se ele tinha algum arrependimento. Ele tentou parecer completamente racional e respondeu: “Não. Toda a decisão que eu tomei foi minha decisão, portanto, eu assumo a responsabilidade por essas decisões”. Isso me pareceu um tanto irrealista, se não ingênuo. Como alguém poderia aprender com os erros, como poderia ter certeza dos seus sentimentos se não havia espaço para o arrependimento? De fato, o arrependimento frequentemente nos diz que deveríamos tomar melhores decisões. E mesmo que esse sentimento seja irrealista, arrepender-se não significa que devemos ficar completamente mergulhados e “atrelados” de modo permanente a esses arrependimentos. Podemos reconhecer momentaneamente: “Eu me arrependo de estar dentro do ônibus na Segunda Avenida pela manhã preso no trânsito”, e em seguida descer do transporte. Por fim, o arrependimento pode simplesmente fazer parte de uma decisão difícil, como observou Soren Kierkegaard (1843/1992): “Eu vejo isto com perfeição; existem duas situações possíveis – posso fazer isso ou aquilo. Minha opinião honesta e meu conselho amigo é este: faça ou não – você vai se arrepender de qualquer forma”.

Examinando os custos e os benefícios de tolerar a ambivalência

Assim como ocorre com a maioria dos esquemas e das estratégias emocionais, um elemento- chave na mudança de esquemas relacionados ao medo da ambivalência é examinar a motivação para modificar os esquemas. Sem jogo de palavras, a maioria dos indivíduos intolerantes à ambivalência possuem motivos mistos: existem custos para tal intolerância, e existe a percepção de que existem benefícios. O terapeuta pode perguntar: “Quais são os custos e benefícios de não tolerar a ambivalência?”. Muitos pacientes conseguem reconhecer os custos prontamente: insatisfação com suas vidas, ruminação, preocupação com o futuro e incapacidade de desfrutar o momento presente. O profissional pode ajudar esses indivíduos a focar na possibilidade de que tolerar a ambivalência, em vez de eliminá-la, pode resultar numa forma mais adaptativa de viver. Por exemplo, tolerar a ambivalência pode levar à aceitação da realidade como ela é, à capacidade de valorizar o que somos, à redução da ruminação, a lamentar menos e a maior capacidade de tomar decisões.

O terapeuta pode focar nas consequências de procurar a simplicidade ou um sentimento definitivo: “Quando fica se questionando como realmente se sente [ou tem dificuldade em aceitar sentimentos mistos], quais são as conse​quências para você? Quais são as vantagens de não aceitar os sentimentos mistos? Quais são as desvantagens?”. As desvantagens podem ser a incapacidade de tomar uma decisão, a ruminação, a esquiva (de situações que evocam sentimentos mistos), a insegurança, a autocrítica (“O que há de errado comigo que eu não sei?”), a busca excessiva de confirmação e a filtragem negativa.

Algumas pessoas acreditam que uma vantagem de rejeitar sentimentos mistos é que não vão tomar uma decisão da qual venham a se arrepender. Outros acreditam que deve haver algum sentimento básico que precisa ser identificado para que possam “saber com certeza”. Conforme já observado, essa busca por “como eu realmente me sinto” é uma característica clássica daqueles que não conseguem tolerar a incerteza – “Eu preciso saber com certeza” (Dugas, Freeston, & Ladouceur, 1997; Ladouceur, Gosselin, & Dugas, 2000). A incerteza

pode ser equiparada a um mau resultado (“Eu vou acabar tomando a decisão errada” ou “Eu vou me enganar”) ou à falta de controle (“Se eu não souber como realmente me sinto, como vou conseguir controlar como as coisas vão ficar?”). Essas crenças podem ser abordadas diretamente. O terapeuta pode perguntar: “É possível que você possa saber com certeza que tem pensamentos específicos que sejam diferentes? Por exemplo, pode saber com certeza que sente raiva num momento, está triste em outro momento e feliz em outro momento? Saber como se sente não tem que significar que você sempre se sente da mesma maneira em relação a si mesmo ou a outra pessoa. De fato, é possível dizer: ‘Sei com certeza que eu tenho sentimentos mistos’?”

Outra forma de abordar a incerteza é questionar se existe certeza sobre alguma coisa que é complexa: “Você tem um misto de sentimentos sobre o seu emprego?” ou “Você já assistiu um filme de que gostou, mas que continha partes de que não gostou?”. Os sentimentos mistos podem ser reestruturados como complexidade, honestidade, consciência e riqueza da experiência, e também sugerem que não existem alternativas perfeitas em um mundo imperfeito, onde as pessoas e os eventos estão em fluxo constante. De fato, reconhecer a ambivalência pode normalizar que as dificuldades, os desafios e as decepções são inevitáveis na vida – e aceitáveis.

Alguns pacientes acreditam que ter uma variedade de sentimentos significa que eles são “contraditórios”. Por exemplo: “Tem algumas coisas nele que eu gosto e algumas coisas que não gosto”. O pressuposto é que todos os sentimentos devem ser univalentes – ou seja, inteiramente positivos ou negativos. Rotular os sentimentos como contraditórios pode desencadear tanto crenças na necessidade de pensamento linear como crenças sobre exclusão (“Eu não posso ser ‘A’ e ‘não A’”). Esse sistema de crenças binário pode levar à rejeição de uma gama de sentimentos como logicamente contraditórios e, portanto, errados. Uma alternativa é substituir “contraditórios” por “uma gama de sentimentos” – ou, melhor ainda, uma “riqueza de sentimentos.” O terapeuta pode dizer: “Imagine uma pintura que é uma bela imagem de um campo de flores. Existem flores vermelhas, rosas, amarelas, roxas e brancas, uma grama verde e um céu azul a distância. Essas cores são contraditórias? Como seria a pintura se ela fosse só em preto e branco? Se você conseguisse ver todas as cores e apreciar cada uma como algo distinto, vibrante e real, isso seria um problema para você? Ou imagine que está comendo em um bufê. Você prova um prato, e ele tem um pouco de sal; outro prato é condimentado; outro é doce. Você diria que deveria haver apenas um gosto para esses alimentos?”

O imperador José II supostamente disse a Mozart sobre suas óperas: “Notas demais”, ao que Mozart teria respondido: “Exatamente, tantas quanto necessário, Vossa Majestade”. Esta história também pode ser usada.

O terapeuta pode, ainda, abordar a questão da complexidade e riqueza como uma fonte de percepção e consciência: “Talvez você seja muito complexo e sofisticado em suas percepções de modo que consegue reconhecer a variedade e a riqueza da experiência. Você tem consciência de muitos sentimentos, e isso pode simplesmente refletir sua maior capacidade de ver as coisas com clareza”. Uma forma de diferenciar as emoções é reconhecer que existem respostas emocionais diferentes a estímulos diferentes em momentos diferentes: “É possível você se sentir triste quando está tendo pensamentos muito negativos e feliz quando está fazendo coisas gratificantes? Se os seus sentimentos mudam dependendo do que

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está pensando, eles podem simplesmente refletir que diferentes pensamentos e experiências levam a diferentes sentimentos.”

Associando a intolerância à ambivalência a estratégias de enfrentamento problemáticas Muitos indivíduos com intolerância à ambivalência ativam estratégias problemáticas para lidar com seus sentimentos mistos. Uma estratégia óbvia é a indecisão – a qual frequentemente envolve esperar por mais informações que possam pender a balança. O indivíduo indeciso e ambivalente pode não conseguir levar adiante um relacionamento ou não conseguir tomar uma decisão sobre uma compra importante, abdicando assim da possibilidade de desfrutar de um relacionamento mais satisfatório ou da alternativa. Conforme sugerido, uma maneira de abordar isso é assinalar que, quando a pessoa permanece indecisa, ela sofre o custo de oportunidade das alternativas não aceitas. Outra estratégia de enfrentamento problemática é a ruminação: “Preciso continuar pensando nisso até que eu finalmente me sinta certo a respeito”. Outros indivíduos ambivalentes podem enfrentar procurando a confirmação dos outros, repetidamente pedindo conselhos sobre qual deve ser o sentimento certo ou a decisão certa. Em alguns casos, uma pessoa ambivalente pode “testar” outra para descobrir se esta realmente importa ou se, na verdade, tem uma qualidade indesejada. Por fim, alguns indivíduos se sentem culpados pela sua ambivalência e se tornam autocríticos. Eles veem a ambivalência como uma falha pessoal, achando que deveriam estar completamente seguros em meio à complexidade e contradições aparentes. Reconhecimento da aceitação da ambivalência atual

Em muitos casos, um indivíduo está focando em uma área de ambivalência enquanto ignora as muitas áreas da vida em que já aceita confortavelmente tal sentimento. Por exemplo, uma mulher estava preocupada com seus sentimentos ambivalentes sobre seu parceiro; ela interpretava esta ambivalência como um “mau sinal” e achava que deveria se sentir “completamente 100%” sobre ele. Isso indicava uma visão da ambivalência como um estado emocional indesejável e inaceitável. No entanto, quando o terapeuta investigou sobre outras áreas da sua vida em que ela poderia se sentir dividida, a cliente reconheceu várias: Sim, eu tenho um misto de sentimentos em relação a cada um dos meus amigos. Existem algumas coisas que eu gosto neles, outras que não gosto. Pensando nisso, eu tenho um misto de sentimentos sobre o meu trabalho, também, mas acho que eu o aceito. E eu tenho um misto de sentimentos sobre viver na cidade de Nova York. Ela é cara e barulhenta; às vezes, as pessoas são rudes. Mas existem muitas coisas em Nova York que eu gosto, portanto – no final das contas – eu consigo aceitá-la.

Se a ambivalência é, por natureza, tão má, então por que você a aceita com seus amigos, seu emprego e onde vive?

Bem, acho que eu preciso de amigos, preciso de um emprego e preciso viver em algum lugar. Eu não tenho opção.

Se você quer ter uma relação íntima com alguém, é possível que a ambivalência faça parte. É possível realmente conhecer bem alguém e não ter alguma ambivalência?

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Normalizando a ambivalência nas vidas das outras pessoas

Mesmo que o paciente reconheça que já aceita a ambivalência em muitas áreas da vida, ele pode ter uma visão idealizada das vidas das outras pessoas. Um exemplo disso é um homem com sentimentos ambivalentes sobre sua parceira: Acho que eu idealizo as outras pessoas. Acho que a minha irmã tem um relacionamento perfeito com o marido dela e que os meus amigos têm vidas perfeitas. Mas então eu penso nisso e consigo perceber que a minha irmã também tem algumas dificuldades e que as coisas não são perfeitas.

Os seus amigos eventualmente expressam dúvidas sobre seus relacionamentos ou seus empregos?

É claro que sim. Na verdade, outra noite eu estava conversando com meu amigo Dan, e ele me dizia que estava tendo alguns problemas em seu casamento. Conversamos sobre isso, e ele se deu conta que, fazendo um balanço, também existem muitas coisas boas.

O terapeuta pode sugerir:

“Aceitar negociações nos relacionamentos, no trabalho, onde você vive e o que você faz pode ser uma parte universal da condição humana. Isso nos permite viver nossas vidas em um mundo real. Em um mundo real existe incerteza, frustração, decepção e desafio, e isso pode ser contrabalançado por experiências gratificantes e significativas em relacionamentos de compromisso e no trabalho. É possível que uma forma mais útil de olhar para isso seja avaliar se faz sentido aceitar algumas negociações para desfrutar de alguns benefícios? É isso que outras pessoas que você conhece estão fazendo?”

Examinando distorções cognitivas subjacentes à intolerância à ambivalência

Conforme já indicado, a intolerância à incerteza é frequentemente caracterizada por uma ampla gama de distorções cognitivas. Cada uma delas pode ser abordada através do uso de técnicas estandardizadas de terapia cognitiva. Por exemplo, o pensamento dicotômico – “Ou é certo ou não é certo”, “É tudo positivo ou negativo” – pode ser examinado considerando-se as evidências de outras decisões: “Existem outras decisões que não sejam preto ou branco – em que existem prós e contras para cada alternativa?”

“Se comprasse um carro depois de considerar outros, não identificaria que existem aspectos positivos nestes que você talvez não tenha no automóvel pelo qual se decidiu?” “Como poderia haver escolha sem um custo?”

“O carro não custa alguma coisa?”

Em um caso de rotulagem (“Esta é uma alternativa inaceitável/uma má escolha”), o terapeuta pode examinar o significado do rótulo “escolha”: “‘Escolha’ não significa que existe outra opção com qualidades atraentes?”

“Quando você faz uma escolha, não está avaliando as compensações das alternativas, de modo que possa argumentar em favor de cada uma?”

“Não é possível que não existam boas e más escolhas, mas, em vez disso, alternativas com compensações, ambas com incertezas e com a incerteza adicional de que você nunca sabe como as coisas vão funcionar?”

A desconsideração dos aspectos positivos pode ser abordada por meio do exame dos custos e benefícios de ignorar os pontos positivos da alternativa escolhida: “Se tudo o que você faz é apontar a imperfeição, não estará ignorando informações importantes sobre os aspectos positivos?”

“Quais são os aspectos positivos? Quais seriam as vantagens de reconhecer tais aspectos?” A filtragem negativa também pode ser examinada com técnicas de terapia cognitiva: “Se você só focar nos aspectos negativos, não estará ignorando aspectos positivos importantes?”

“Existe alguma alternativa que não tenha alguns aspectos negativos?”

“E se você pesasse os aspectos positivos e negativos e incluísse ambos? Existe uma alternativa com uma compensação significativamente melhor dos aspectos positivos e negativos?”

O terapeuta pode ajudar o paciente a abordar a adivinhação – isto é, a previsão de que uma escolha levará a um mau resultado – por meio de um questionamento similar: “Com frequência predizemos que teremos certos sentimentos no futuro, mas seguidamente estamos errados. Você já esteve errado em relação às suas predições no passado?”

“Seria aceitável se você tivesse sentimentos positivos e negativos sobre a sua escolha no futuro, ou só aceitaria sentimentos positivos?”

“Você conhece alguém que se sinta completamente positivo sobre suas escolhas e nunca tenha um sentimento negativo?”

Algumas pessoas acreditam que uma “escolha errada” seria catastrófica. O terapeuta pode perguntar: “Exatamente o quê seria insuportável se você fizesse esta escolha?”

“Quais são as evidências de que isso será terrível?”

“Existem aspectos positivos que poderiam compensar os negativos?” “Você é incapaz de tolerar a frustração?”

“Se fosse tão terrível – e não sabemos se isso será verdade –, você reverteria a sua decisão?” Outros indivíduos abordam a ambivalência com raciocínio emocional: “Como estou ambivalente, esta deve ser uma má escolha”. Esse é outro sinal de perfeccionismo emocional (“Eu tenho que me sentir completamente bem sempre que tomo uma decisão, e apenas coisas boas devem vir em decorrência”). O terapeuta pode investigar: “A natureza da ambivalência não é de sentimentos positivos e negativos?”

“É possível que você esteja raciocinando somente a partir da sua emoção e não reconhecendo que fazer uma escolha quase necessariamente envolve sentimentos positivos e negativos?”

“Você já teve antes um sentimento negativo sobre uma escolha, mas depois percebeu que a escolha levou a resultados positivos?”

“Se você simplesmente examinasse as compensações de ambas as alternativas sem usar sua emoção, conseguiria convencer outra pessoa de uma das opções?”

“Pode ser que as suas emoções mudem com o tempo, depois de você ter feito uma escolha?”

Muitos indivíduos endossam uma variedade de afirmações do tipo “deveria”: “Eu deveria estar completamente feliz com a escolha” e “Eu não deveria ficar ambivalente”. Tais crenças podem ser examinadas: “Quais são os custos e benefícios de acreditar que você nunca deve ficar ambivalente quando faz uma escolha?”

“Quais são as evidências de que esta é uma abordagem prática e realista para a vida?”

“Se todas as pessoas são ambivalentes em algum momento, por que você deveria ser diferente das outras pessoas?”

“Se ambivalência é definida como o reconhecimento dos prós e contras de uma escolha, você deveria fazer escolhas sem reconhecer os prós e contras?”

Por fim, muitas pessoas acreditam que uma má escolha irá condená-las permanentemente a um resultado intolerável. O terapeuta pode examinar esta crença: “Imaginemos que você fez uma escolha de comprar um apartamento e, depois que se mudou, se deu conta de que existem muitos problemas com o apartamento – vazamentos, um vizinho antipático, alguns reparos dispendiosos. Mesmo que você tenha feito uma má escolha de acordo com as