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Os outros entendem e aceitam meus sentimentos (Escore invertido) Item 12 Ninguém se importa realmente com meus sentimentos.

AVALIAÇÃO INICIAL E ENTREVISTA

Item 6. Os outros entendem e aceitam meus sentimentos (Escore invertido) Item 12 Ninguém se importa realmente com meus sentimentos.

Incompreensibilidade = (Item 03 + Item 07) / 2

Item 3. Existem coisas sobre mim que eu não entendo. Item 7. Meus sentimentos não fazem sentido para mim.

Culpa = (Item 02 + Item 10) / 2

Item 2. Alguns sentimentos são errados de se ter. Item 10. Eu sinto vergonha dos meus sentimentos.

Visão Simplista da Emoção = (Item 23 + Item 28) / 2

Item 23. Eu gosto de ser absolutamente determinado sobre a forma como me sinto sobre outras pessoas. Item 28. Eu gosto de ser absolutamente determinado sobre a forma como me sinto sobre mim mesmo.

Desvalorizado = (Item 14R + Item 26R) / 2

Item 14. Quando me sinto deprimido, tento pensar nas coisas mais importantes da vida - o que eu valorizo. (Escore invertido) Item 26. Existem valores mais elevados que eu aspiro. (Escore invertido) Perda do

Controle = (Item 05 + Item 17) / 2

Item 5. Se eu me permitir algum destes sentimentos, tenho medo de perder o controle. Item 17. Eu me preocupo se conseguirei controlar meus sentimentos.

Entorpecimento = (Item 11 + Item 20) / 2

Item 11. Coisas que incomodam outras pessoas não me incomodam.

Item 20. Frequentemente me sinto "entorpecido" emocionalmente - como se eu não tivesse sentimentos.

Excessivamente Racional = (Item 13 + Item 27) / 2

Item 13. É importante para mim ser racional e prático em vez de sensível e aberto aos meus sentimentos. Item 27. Acho importante ser racional e lógico em quase tudo.

Duração = (Item 09 + Item 19R) / 2

Item 9. Às vezes temo que se eu me permitir ter um sentimento forte, ele não vai desaparecer. Item 19. Sentimentos fortes duram apenas um curto período de tempo. (Escore invertido) Baixo Consenso = (Item 01 + Item 25R) / 2

Item 1. Frequentemente acho que reajo com sentimentos que outras pessoas não teriam. Item 25. Acho que eu tenho os mesmos sentimentos que as outras pessoas têm.

Não Aceitação dos Sentimentos = (Item 24R + Item 18) / 2 Item 24. Eu aceito meus sentimentos. (Escore invertido) Item 18. Você tem que se proteger de certos sentimentos.

Ruminação = (Item 22 + Item 16) / 2

Item 22. Quando me sinto deprimido, eu fico sozinho e penso muito sobre o quanto me sinto mal. Item 16. Frequentemente eu me pergunto: "O que há de errado comigo?"

Baixa Expressão = (Item 04R + Item 15R) / 2

Item 4. Acho importante me permitir chorar para deixar meus sentimentos "saírem".(Escore invertido) Item 15. Acho que consigo expressar meus sentimentos abertamente. (Escore invertido) Culpa = (Item 08 + Item 21) / 2

Item 8. Se as outras pessoas mudassem, eu me sentiría muito melhor.

Item 21. As outras pessoas fazem com que eu tenha sentimentos desagradáveis.

FIGURA 4.1 Catorze dimensões da Escala de Esquemas Emocionais de Leahy II (LESS II). De Leahy (2012a). Copyright 2012, Robert L. Leahy. Todos os direitos reservados. (Reprodução proibida.) Examinemos mais detalhadamente cada dimensão da LESS II. A primeira delas, Invalidação, se refere à crença do indivíduo de que os outros não o compreendem ou não se importam com suas emoções. Esse é um componente central da TCD e um fator importante em como as pessoas aprendem que suas emoções importam, têm sentido e são valorizadas pelos outros. A segunda dimensão, Incompreensibilidade, se refere à ideia de que as emoções fazem sentido – que elas não são caóticas ou desprovidas de significado, tampouco surgem do nada. De fato, uma característica central do modelo do esquema emocional é a psicoeducação do paciente, que o ajuda a entender seu pânico, sua depressão, sua ansiedade social ou outros problemas. A terceira dimensão, Culpa e Vergonha, se refere à crença do indivíduo de que não deve ter as emoções que está tendo – que elas são um reflexo de uma falha de caráter, fraqueza ou qualidades pessoais indesejáveis. Por exemplo, um sujeito pode se tornar autocrítico por estar ansioso ou deprimido, o que só exacerba o problema. A quarta dimensão é a Visão Simplista da Emoção, que se refere à intolerância de sentimentos contraditórios ou de ambivalência emocional. A quinta, Desvalor, reflete a crença de que as emoções não estão relacionadas aos valores pessoais. Por exemplo, um homem que alega sentir-se triste porque sente saudade da sua parceira pode não aceitar a emoção de tristeza como um componente necessário da valorização da intimidade e do compromisso. É possível que se possa tolerar e aceitar emoções difíceis se elas fizerem parte de uma vida valorizada.

A sexta dimensão da LESS II, Perda do Controle, se refere à crença do indivíduo de que suas emoções precisam ser controladas – em alguns casos, suprimidas – e que permitir-se ficar

ansioso ou triste levará ao transbordamento da emoção. A sétima dimensão é Entorpecimento, que se refere à crença do indivíduo de que não se deve vivenciar emoções intensas ou fortes e que sua experiência emocional carece de força ou impacto. A oitava dimensão, Excessivamente Racional, reflete a crença do paciente de que ele deve ser racional, não emocional, e que a emocionalidade é algo a ser evitado e substituído pelo pensamento racional ou lógico. A nona dimensão, Duração, refere-se à crença do indivíduo de que suas emoções vão durar indefinidamente e persistirão de uma forma que poderá não ser tolerável. Por exemplo, uma mulher que se sente triste pode acreditar que sua tristeza vai continuar por um longo período de tempo ou talvez para sempre, e isso pode se somar aos seus sentimentos de desesperança.

A 10ª dimensão da LESS II, Baixo Consenso, reflete a crença do indivíduo de que as outras pessoas não compartilham suas emoções, ou que existe algo de único ou diferente nas suas vivências emocionais; em consequência, pode se sentir sozinho no mundo e errado por ter tais experiências. A 11ª dimensão é Ruminação, que reflete a crença do indivíduo de que ele deve se apegar às crenças negativas e focar no seu significado ou falta de significado, frequentemente de forma repetitiva e interminável. Por exemplo, uma pessoa que se sente triste foca na experiência de tristeza perguntando “O que há de errado comigo?” ou “Por que isso está acontecendo?” de forma repetitiva, sem que nenhuma resposta pareça suficiente. A Não Aceitação dos Sentimentos é a 12ª dimensão, que reflete a crença do paciente de que não pode permitir que emoções de certos tipos sejam experimentadas e que estas precisam ser evitadas ou eliminadas. A 13ª dimensão, Baixa Expressão, reflete a crença do indivíduo de que não pode expressar emoções abertamente, como falar sobre elas, compartilhá-las ou exibi-las não verbalmente (p. ex., chorando). Essa dimensão é diferente daquela referente à Invalidação, que diz respeito à crença de que os outros não entendem e não se preocupam com a emoção: o sujeito é capaz de expressar emoção, mas se sente invalidado. A 14ª dimensão é Culpa, ou a crença do indivíduo de que as emoções que está tendo se devem à ação ou inação de outras pessoas. Por exemplo, um homem pode dizer que sua raiva se deve ao comportamento da sua esposa, em vez de refletir que essa emoção também pode ser parcialmente devida à forma como ele vê as coisas.

Além disso, utilizamos o formulário de autorrelato que avalia como o indivíduo encara a resposta do seu parceiro às suas emoções – a RESS, que tem o subtítulo de “Como Meu Parceiro Lida Com as Minhas Emoções”, para uso do paciente. A RESS é apresentada na Figura 4.2.

FIGURA 4.2 Escala de Esquemas Emocionais no Relacionamento (RESS). Copyright 2010, Robert L. Leahy. Todos os direitos reservados. (Reprodução proibida.) O terapeuta também pode utilizar outras escalas de esquema emocional para se “adequar” à preocupação emocional central do paciente. Por exemplo, a LESS II pode ser modificada para avaliar esquemas sobre solidão, inveja, ciúme, desesperança e qualquer outra emoção. O profissional também pode avaliar esquemas emocionais sobre impulsos, como o comer compulsivo, purgação, verificação ou outro comportamento compulsivo. Embora não existam normas para a população geral, escores mais elevados na LESS original estão relacionados a depressão, ansiedade, dependência de substância e transtornos da personalidade. As outras 11 formas de autorrelato que usamos foram listadas anteriormente, e as descrições da maioria dessas escalas podem ser encontradas no Apêndice 4.1.

Obviamente, os clínicos podem decidir usar somente alguns (ou nenhum) desses formulários, porém, nossa experiência é que essa avaliação inicial abrangente fornece ao paciente e ao clínico informações significativas relevantes para desenvolver uma conceitualização de caso e plano de tratamento. Por exemplo, a LESS II fornece informações sobre crenças problemáticas específicas sobre as emoções, o ERSQ provê dados sobre as estratégias preferidas de regulação emocional; a PANAS indica o equilíbrio ou proporção das emoções positivas e negativas; o AAQ-II fornece informações sobre flexibilidade psicológica que pode estar relacionada a respostas de emoções problemáticas; o MCQ-3- fornece informações sobre crenças acerca de pensamentos intrusivos que serão diretamente relevantes para crenças sobre emoções problemáticas; a DAS indica quais áreas das relações íntimas primárias são problemáticas; a RESS identifica como o paciente pensa que seu parceiro íntimo responde à sua emoção; a MOPS fornece informações sobre experiências problemáticas com os pais durante a infância; o ECR-R, sobre ansiedade e esquiva nos relacionamentos íntimos; e o MCMI-III fornece uma ampla gama de escores normalizados para transtornos da personalidade e outras dimensões da psicopatologia. Com essa avaliação inicial abrangente, o clínico terá um excelente começo na compreensão de áreas problemáticas específicas, crenças sobre emoção, experiência de socialização e regulação emocional do paciente.

ENTREVISTA INICIAL

A entrevista inicial pode durar duas ou mais sessões e, preferencialmente, o clínico terá acesso a todos os formulários de admissão. Junto com a avaliação da presença de transtornos do humor e de ansiedade, transtorno de uso de substância, transtornos da personalidade e outras categorias diagnósticas, o terapeuta focado no esquema emocional estará particularmente interessado nas emoções que mais preocupam o paciente, as formas como elas são expressas hoje na interação com o terapeuta, suas crenças sobre emoção, a história atual e passada de tentativas de regulação emocional, a natureza da socialização emocional durante a infância do paciente e as dimensões específicas dos esquemas emocionais que exibe.

Preocupação emocional primária

Os pacientes frequentemente chegam à terapia focando em uma única emoção – ou apenas em algumas emoções. Por exemplo, uma mulher casada descreveu sua preocupação primária como sua ansiedade quanto à possibilidade de ter ataques de pânico, bem como seu temor de perda do controle e humilhação devido a esses ataques. No curso da sua entrevista inicial, ela descreveu seu marido em termos ideais – “perfeitamente compreensivo” e “maravilhoso”. O diagnóstico inicial foi transtorno de pânico com agorafobia. No entanto, sessões posteriores revelaram uma quantidade considerável de raiva dirigida ao marido, a quem ela via como desdenhoso e indisponível. Assim, ela parecia querer projetar um relacionamento harmônico com seu marido, ao mesmo tempo criticando sua própria “fraqueza” por ter transtorno de pânico. Outro paciente, um homem casado, inicialmente se queixou de medo de ataques de pânico ao atravessar túneis. Ele descreveu apenas de modo breve seus conflitos com sua esposa e duas filhas. Uma investigação mais detalhada constatou que a emoção que mais o estava influenciando era sua raiva considerável – até mesmo desprezo – em relação a sua esposa e, secundariamente, a sua filha mais velha; ele acreditava que elas não lhe

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demonstravam respeito suficiente. A emoção atual pode, portanto, não ser o único aspecto importante para paciente e terapeuta abordarem. Quando a queixa atual e as questões de desregulação emocional subjacentes são incongruentes, como nos dois exemplos supracitados, o clínico estará interessado em por que certas emoções são vistas como de maior interesse do que outras. Por exemplo, pode ser menos egodistônico para um homem que tem dificuldade no controle da raiva focar na preocupação “ilegítima” da sua esposa sobre a emoção dele do que em suas ansiedades pela possibilidade de ser “humilhado” ou “controlado”.

Expressão da emoção

Os pacientes diferem em sua expressão da emoção nas sessões iniciais e posteriores. Alguns são abertamente expressivos (chorando, mostrando uma expressão triste, abaixando os olhos), enquanto outros podem se apresentar como brandos, indiferentes ou distantes. Em alguns casos, um paciente pode não exibir verbalmente emoções que são inconsistentes com o conteúdo do que está sendo dito. O terapeuta deve observar a entonação vocal, expressão facial, contato vi​sual, postura corporal, hesitações ao falar, tentativas de evitar o choro ou mudar de assunto ao discutir tópicos difíceis, gesticulação com as mãos, movimentos corporais e outros sinais não verbais de emoção. O conteúdo do que está sendo dito é congruente com a expressão não verbal que está sendo observada?

Uma jovem contou ao terapeuta que o motivo de estar procurando terapia cognitivo- comportamental era sua dificuldade para dormir: “Se você puder me ensinar alguns truques, seria muito útil para mim”. No entanto, sua história era de psicopatologia significativa, incluindo episódios de depressão maior, transtornos alimentares, automutilação, uma tentativa de suicídio, abuso de múltiplas substâncias (atual e passado), relações autodestrutivas com os homens e ansiedade generalizada. Enquanto descrevia sua história, tinha um sorriso inadequado no rosto, frequentemente brincando e minimizando o que estava dizendo (p. ex., “Aquilo foi engraçado na época”). Ocorreu o seguinte diálogo: Você está descrevendo algumas dificuldades e tragédias reais em sua vida, mas está falando como se tudo fosse uma piada – algo que não deveríamos levar a sério. Eu me pergunto por que você agiria assim – fazendo de conta que suas emoções e experiências são simplesmente uma brincadeira superficial.

Eu não quero parecer uma chorona. Não quero fazer um bicho-de-sete-cabeças das coisas que aconteceram comigo. Tudo o que ​quero é alguns truques que me ajudem a dormir.

Isto soa como se não devêssemos levar as suas emoções a sério. É assim que você se relaciona com as pessoas – como alguém que não deve ser levada a sério?

Eu sou a garota da festa. Eu sou aquela que sobe no balcão do bar e dança. Eu sou aquela que faz as pessoas rirem.

E se elas a levassem a sério e conhecessem você? Eu não deixo ninguém me conhecer.

Paciente:

Terapeuta:

Paciente:

Isto conduziu a uma discussão de como seus pais respondiam à sua emoção quando ela era mais moça.

Eu me recordo de quando tinha 16 anos e estava viajando pela Europa, e meu namorado me disse que estava rompendo comigo. Quando voltei para casa, tentei uma overdose. Minha mãe me levou ao hospital e disse: “Isto deve ser por causa da mudança de fuso horário”. Ela não achou que eu precisasse de terapia. Nós somos a família que aparenta estar bem; nós pertencemos ao country club. Não falamos de problemas.

Embora essa paciente tenha tentado enfrentar os problemas projetando uma imagem de uma pessoa superficial, a “garota da festa”, seu sofrimento era vivido como incompreensível e incontrolável. Tendo sido marginalizada e invalidada por seus pais, ela recorreu à autoinvalidação e a tentativas de minimizar seus problemas. Além do mais, ter “emoções difíceis” era visto como “falha perante a família”, levando-a a não confiar em si mesma – nem no terapeuta: “Eu não vou deixar você me ver chorar”.

Outras expressões não verbais de emoção incluem a aparência geral e os movimentos do paciente. Por exemplo, o indivíduo está trajado de forma descuidada ou provocativa? Seus movimentos são lentos e calculados? Ele está agitado fisicamente (p. ex., gesticulando quando se sente emocional)? Mantém contato visual? Seu tom de voz é baixo, monótono, não emocional? O paciente sorri inadequadamente? Existem outros fatores não verbais? Especialmente relevante é se a expressão não verbal é congruente com o conteúdo daquilo que está sendo dito. O paciente está descrevendo eventos perturbadores ou mesmo traumáticos de forma monótona, sem emoção ou até mesmo com um sorriso incongruente? Como as emoções subjacentes à história e à experiência se expressam na apresentação do indivíduo?

Crenças sobre emoção

O terapeuta focado no esquema emocional está particularmente interessado nas crenças do paciente sobre emoção. Estas incluem crenças sobre “boas” e “más” emoções; vergonha de que os outros conheçam suas emoções; crenças sobre a duração e necessidade de controle; tolerância a sentimentos contraditórios; crenças quanto à possibilidade de outras pessoas terem as mesmas emoções; e crenças sobre a necessidade de expressar emoções. Discuto em consideráveis detalhes cada uma dessas dimensões ao longo deste livro, mas, na entrevista inicial, o terapeuta pode começar a coletar informações sobre esses esquemas emocionais. A LESS II pode ajudar a identificar algumas dessas crenças, e o terapeuta pode usar seus resultados como base para investigação mais detalhada.

Eu observei no questionário [LESS II] que você acha que outras pessoas não conseguiriam entender suas emoções. Quais emoções você acha que os outros não entenderiam?

Bem, o fato de eu estar deprimida. Eu mesma não entendo. Afinal de contas, tenho uma ótima família, meu marido é muito apoiador; quais motivos eu tenho para estar deprimida? Devia estar feliz.

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Quando você fala sobre a sua depressão, o que seu marido diz?

Diz que eu não tenho nenhum motivo para me sentir mal. Ele me diz que existem muitas pessoas que têm dificuldades reais e não estão deprimidas, que eu deveria me sentir agradecida.

Isto soa como se ele dissesse que você não tem o direito de estar deprimida. Como você se sente quando ele diz isso?

Isto me deixa ainda mais deprimida porque eu sinto – bem – não tenho direito a ter esses sentimentos, e penso que sou egoísta. E então me pergunto se estou falhando com ele por estar deprimida.

Existem outros sentimentos que você tem quando ele diz isso?

Acho que fico com raiva. Eu sei que não deveria. Ele só está tentando me ajudar.

Então parece que você acha que a sua depressão e sua raiva não fazem sentido para você, que não tem o direito de ter esses sentimentos e que ninguém – incluindo você mesma – compreende isso. Portanto, deve ser difícil – ter sentimentos que não fazem sentido, que ninguém compreende, e você se sente culpada a respeito.

É, é como um círculo vicioso.

Outro paciente indicou que a razão de estar procurando terapia era que sua esposa achava que ele tinha um “problema com a raiva”. Ele reconhecia que às vezes perdia a paciência, mas tinha melhorado nas últimas semanas. Observou que sua esposa não prestava atenção ao que ele estava dizendo, que ela frequentemente se esquecia do que ele havia lhe pedido e que não era tão prática como deveria na solução de problemas. “Não suporto quando as pessoas dizem: ‘Eu não consigo’. Isto não faz parte do meu vocabulário. Isso é um pretexto”. Ele indicava que sua raiva fazia sentido, que era sua esposa quem o estava deixando irritado e que trabalhava duro para sustentar sua família, mas não se sentia reconhecido. “Se ao menos ela escutasse o que digo, nós não teríamos problemas”. Nesse caso, ele tinha crenças problemáticas sobre as emoções e as necessidades de sua esposa. Achava que ela deveria estar em sintonia com tudo o que dizia, fazer tudo segundo suas condições, não se opor a ele e reconhecer todas as coisas boas que fazia. No entanto, observava que não conseguia entender por que ficava tão irritado quando ela não o “escutava”. Isso levou a uma discussão de como seus pais respondiam às suas emoções durante a sua infância. Ele descreveu sua mãe como intimidada por seu pai, que era irritado e controlador, e observou que ela frequentemente tentava “ficar em paz” ou pelo menos ficar fora do caminho dele. Também descreveu como seu pai era “apoiador”.

Então, como seu pai respondia às suas emoções quando você era criança?

Deixe que eu lhe dê um exemplo de alguns anos atrás. Eu lhe telefonei e ele me perguntou: “Como vão as coisas?”, e eu disse: “Ótimas”. E ele: “Isso é o que eu quero ouvir – ‘Ótimas’. Isso é o que eu quero ouvir”. Mas você sabe, é exatamente isso. Ele não quer ouvir mais nada. Apenas que as coisas vão bem. Quando eu era criança e outro menino me provocava, ele dizia: “Tudo vai ficar

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Deixe que eu lhe dê um exemplo de alguns anos atrás. Eu lhe telefonei e ele me perguntou: “Como vão as coisas?”, e eu disse: “Ótimas”. E ele: “Isso é o que eu quero ouvir – ‘Ótimas’. Isso é o que eu quero ouvir”. Mas você sabe, é exatamente isso. Ele não quer ouvir mais nada. Apenas que as coisas vão bem. Quando eu era criança e outro menino me provocava, ele dizia: “Tudo vai ficar