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UM MODELO DOS ESQUEMAS EMOCIONAIS

As melhores e mais belas coisas no mundo não podem ser vistas ou mesmo tocadas. Elas devem ser sentidas com o coração. – HELEN KELLER

Este capítulo descreve como as teorias da emoção podem ser ampliadas por um modelo social -cognitivo das emoções. Após uma breve revisão de outras teorias, examino as dimensões esp ecíficas da conceitualização da emoção e as estratégias de regulação emocional, além da sua r elação com a psicopatologia.

O MODELO DO ESQUEMA EMOCIONAL VERSUS OUTRAS TEORIAS DA EMOÇÃO

Gross (1998, 2002) propôs que a regulação emocional pode ocorrer em vários pontos numa se quência de eventos. Ele distingue entre estratégias de regulação “focadas no antecedente” e “f ocadas na resposta” – isto é, aquelas focadas no enfrentamento do problema antes ou depois que a emoção foi evocada. Inicialmente, os indivíduos podem optar por escolher situações me nos problemáticas – ou seja, evitar desencadeantes de emoções problemáticas. Por exemplo, u m homem que está passando por um rompimento pode evitar lugares onde ele e sua ex-parce ira iam. Embora a esquiva possa reduzir a ansiedade ou o estresse, depender dela também re duz a oportunidade de gratificações ou de enfrentamento efetivo dos obstáculos. De modo alt ernativo, as pessoas podem optar por modificar a situação por meio da solução de problemas ou ativação comportamental, como procurar outro comportamento gratificante ou, no caso d o rompimento, sair com novas pessoas. Na verdade, a solução de problemas é uma estratégia de enfrentamento frequentemente utilizada (Aldao & Nolen-Hoeksema, 2010, 2012a, 2012b ), mas nem todas as situações estressantes são passíveis de modificação ou solução de problem as. Assim, emoções indesejadas ainda podem surgir.

Depois que emoções foram despertadas, os indivíduos podem optar por se distrair dos estí mulos que capazes de lhes causar dificuldades. No entanto, a distração não é uma estratégia g eralmente eficaz para enfrentamento das dificuldades da vida. Ou, então, eles podem usar re estruturação cognitiva para reavaliar a situação. No exemplo do rompimento, o homem pode reavaliar as vantagens do rompimento, avaliar a ex-parceira de modo mais negativo ou encara r as alternativas de forma mais favorável. A reestruturação cognitiva é a marca da terapia cog nitiva, e existem evidências consideráveis de sua eficácia, embora, mesmo com reestruturação racional, ainda possam surgir emoções difíceis. Finalmente, os indivíduos podem modular ou tentar controlar suas respostas emocionais – por exemplo, por meio da supressão. Assim, o ho mem que passa pelo rompimento pode suprimir suas emoções abusando de substâncias ou te ntando “parar de se sentir tão mal”. Gross e John (2003) descobriram que a reavaliação era m ais efetiva do que a supressão da emoção; a supressão, na verdade, levava a um aumento na a tividade do sistema nervoso simpático.

O modelo de avaliação do estresse desenvolvido por Lazarus propõe que os indivíduos exp erimentam o estresse como um resultado das suas avaliações das pressões externas (ou estress ores) enfrentadas (Lazarus, 1999; Lazarus & Folkman, 1984). Tais avaliações da capacidade d

e enfrentamento sugerem que existe um componente cognitivo no estresse, mas a ênfase no modelo de Lazarus está nas fontes externas da dificuldade. O modelo do esquema emocional propõe que os indivíduos podem diferir em suas avaliações da sua própria experiência de estr esse. Por exemplo, eles podem avaliar seu estresse (ansiedade, frustração) junto com várias di mensões, como duração, compreensibilidade e controle. Tais avaliações – que são esquemas e mocionais ou conceitos de emoções – podem levar em conta a resposta ao estresse, aumentan do ou reduzindo a experiência. Por exemplo, se eu achar que a minha frustração no enfrenta mento de uma situação difícil é de curta duração, é compreensível e está dentro do meu cont role, não vou ficar mais ansioso. Em contraste, se achar que a minha frustração vai durar sem anas, é incompreensível e vai fugir ao controle, então irei passar por um estresse adicional. De fato, posso ficar ainda mais perturbado com esse estresse adicional, desencadeando uma casca ta de experiências e avaliações estressantes (Fig. 3.1).

FIGURA 3.1 Avaliações do estressor, enfrentamento e emoção.

Os esquemas emocionais nesse modelo são diferentes daqueles descritos por Greenberg e s eus colegas em seu modelo de terapia focada na emoção (p. ex., Greenberg & Safran, 1987, 1 989, 1990). No modelo de Greenberg, as emoções carregam consigo o conteúdo cognitivo qu e pode ser de valor; isto é, emoções que são ativadas e nos dizem alguma coisa sobre o signific ado das expe​riências. Por exemplo, a emoção de tristeza pode “conter” o pensamento “Eu vou ficar sozinho para sempre”. O modelo focado no esquema emocional se baseia nas ideias valio sas do modelo de Greenberg, mas define os “esquemas” como conceitos, avaliações e estratégi as que os indivíduos empregam sobre suas emoções. Embora reconhecendo que a indução de uma emoção frequente​mente irá ativar os pensamentos associados a ela (o que também é con sistente com o modelo de Beck), o modelo focado no esquema emocional dá um passo a mais para investigar quais são as crenças de um indivíduo sobre a emoção em si. O modelo focado no esquema emocional é um modelo sociocognitivo, em que as emoções são os objetos do pen samento, não apenas as fontes de pensamentos e imagens. Assim, podemos investigar qual a e

xpectativa do indivíduo sobre a duração, a controlabilidade e a compreensibilidade de uma e moção. Tais conceitualizações sobre emoção são de interesse particular na terapia focada no e squema emocional.

A abordagem focada na emoção de Gottman e colegas identifica “filosofias” de metaemoçã o que os pais podem ter acerca dos sentimentos dos filhos (Gottman, Katz, & Hooven, 1996). A filosofia mais positiva é a de “coaching emocional”, que tem cinco componentes: consciênci a das suas emoções e das dos outros, mesmo que sejam de baixa intensidade; visão da emoçã o negativa de uma criança como uma oportunidade de se aproximar e de ter importância par a ela; validação dos sentimentos da criança; auxílio na nomeação da emoção; e solução de pro blemas e estabelecimento de objetivos com o infante (Gottman et al., 1996). Gottman identifi cou outras respostas problemáticas à emoção de uma criança, como “rejeição”, “desdenho/crít icas” e “sobrecarregadas”. O genitor minimiza a emoção do filho quando usa a rejeição (“Não se preocupe. Isso não tem importância”); o cuidador desdenhoso ou crítico rotula o filho com o ridículo ou imaturo (“Pare de agir como um bebê”); e o sobrecarregado responde salientan do as próprias dificuldades com a emoção (“Eu não posso cuidar disso, já tenho problemas de mais”). Pesquisas sobre coaching de emoção sugerem que esse recurso facilita processos fisioló gicos e a regulação da emoção na criança. Inúmeros estudos indicam que as crenças dos pais s obre emoção têm um efeito significativo nas estratégias de criação dos filhos e nos resultados que estes terão em suas vidas (Dunsmore & Halberstadt, 1997; Eisenberg, Cumberland, & Spi nrad, 1998; Halberstadt et al., 2013; McGillicuddy-De Lisi & Sigel, 1995). Halberstadt e coleg as (2013) desenvolveram um questionário (Crenças dos Pais sobre as Emoções dos Filhos) qu e consiste em sete subescalas: Custos da Positividade, Valor da Raiva, Manipulação, Controle, Conhecimento do Pai, Autonomia e Estabilidade. Constatou-se que essas crenças estavam dir etamente relacionadas às práticas de socialização parental. O modelo do esquema emocional s e baseia no modelo de Gottman das filosofias de metacognição, ampliando-o para dimensões específicas da explicação, avaliação e interpretação, bem como estratégias de crenças sobre em oção e regulação emocional.

O modelo do esquema emocional também se baseia nas “teorias de atribuição” – ou seja, t eorias sobre as causas dos eventos e a estabilidade das emoções (Alloy et al., 1988; Jones & D avis, 1965; Kelley, 1973; Weiner, 1986). Assim, existem várias dimensões de interesse depend endo se os indivíduos acreditam que suas emoções são específicas deles (i. e., exibem falta de consenso), são causadas externamente, são invariáveis (são consistentes entre as situações – is to é, traços estáveis) ou estão dentro da possibilidade de controle. Outras dimensões de avalia ções incluem se uma emoção “faz sentido” (i. e., se é compreensível), é perigosa ou prejudicia l, de longa duração ou vergonhosa. Além disso, os indivíduos têm crenças sobre o valor das e xpressões das emoções e se os outros irão validá-las (ou desconsiderá-las ou, ainda, humilhá-l os). Algumas pessoas acreditam que as emoções são uma perda de tempo e que devem ser rac ionais o tempo todo – que as emoções “atrapalham”. Outras acham que não conseguem toler ar sentimentos contraditórios e devem descobrir como eles “realmente são”.

O modelo do esquema emocional reconhece que as emoções evoluíram porque eram adap tativas durante a história da espécie, proporcionando aos indivíduos detecção de ameaças, res postas rápidas e intuitivas e “módulos” para resolver problemas. Por exemplo, a agorafobia, ac ompanhada de intensa ansiedade e tendência a entrar em colapso, evitar ou escapar, é um m ódulo adaptativo para se proteger contra ataques por predadores em espaços onde o indivídu

o está vulnerável (espaços abertos ou espaços fechados onde a saída está bloqueada). Igualme nte, os medos mais comuns – de água, cães, raios, alturas e aranhas – também são adaptativos , já que protegem contra ameaças mortais. O modelo do esquema emocional procura normali zar uma ampla variedade de sentimentos (incluindo ansiedade, tristeza, raiva, ciúme, inveja e vergonha) como heranças que evoluíram e são ativadas automaticamente depois que um estí mulo ou situação relevante emergiu para um indivíduo. Conforme descrito no Capítulo 2, ess e modelo evolucionário das emoções ajuda a normalizá-las – até mesmo torná-las universais – e a compreendê-las, validando a experiência emocional dos indivíduos, tornando os sentim entos compreensíveis e reduzindo a culpa e a vergonha a seu respeito.

Os modelos evolucionário ou biológico da emoção são às vezes contrastados com aqueles s ocioconstrutivos : argumenta-se que as emoções são biologicamente determinadas ou cognitiv a e culturalmente construídas. O modelo do esquema emocional reconhece o valor das duas abordagens. Ele vê a predisposição biológica e a universalidade da emoção como informações relacionadas a sua compreensibilidade e normalidade; assim, aborda as questões cognitivas de encontrar um sentido e dar legitimidade às emoções do indivíduo. Por exemplo, a inveja (um a emoção frequentemente depreciada) está vinculada no modelo do esquema emocional aos universais biológicos da hierarquia da dominância, competição por status e recursos, bem co mo insistência na distribuição justa. O modelo também relaciona o sentimento de inveja a co nstruções sociais que arbitrariamente o depreciam como uma emoção “vergonhosa”. Assim, o indivíduo pode ter construções sociais sobre emoções predispostas biologicamente e seus indu tores.

Além disso, muitos endossam um modelo de “perfeccionismo emocional”. Ou seja, eles ac ham que suas emoções devem ser claras, estar sob total controle, ser confortáveis, “boas” e co mpletamente compreensíveis. Esse perfeccionismo emocional está relacionado a um modelo p articular de teoria da mente ao qual me refiro como “mente pura”. Os indivíduos que endoss am uma crença na mente pura acreditam que não devem ter pensamentos indesejáveis e intr usivos, sentimentos “antissociais”, fantasias que parecem “impuras” ou “imorais”, ou sensaçõe s, pensamentos e emoções conflitantes e confusos. O modelo do esquema emocional propõe q ue as emoções são frequentemente cascatas caóticas de ruído confuso e experiência imprevisív el, muito parecido com um caleidoscópio da percepção e sensação, e que as tentativas de ter u ma mente pura só levarão à falha em suprimir e controlar o imprevisível. A mente pura é freq uentemente um pressuposto por trás da intolerância a sentimentos contraditórios (“Sim, mas eu não sei como eu realmente me sinto”), culpa e vergonha sobre pensamentos e imagens (“ O que há de errado comigo para ter esses sentimentos?”) e a crença de que as próprias emoçõ es são incompreensíveis (“Eu não consigo entender o que há de errado comigo”).

Relacionado à ilusão da mente pura está o “perfeccionismo existencial” – ou seja, a crença do indivíduo de que sua vida deve seguir um curso ideal, que ele deve descobrir “o que deve fazer”. Os pressupostos subjacentes são de que existe um determinado “caminho” a ser seguid o, que amor e trabalho devem ser ideais, que conflitos nos relacionamentos sempre são ruins e que as escolhas devem fornecer uma direção inequívoca. O perfeccionismo existencial é um a filosofia constante sobre o que deve ser a experiência de vida do indivíduo. Por exemplo, u m homem defrontado com uma série de alternativas desejáveis teve grande dificuldade porq ue achava que deveria encontrar a sua “verdadeira paixão”, descobrir o que “deveria fazer” e não ter que fazer negociações. Ele achava que os conflitos com sua parceira significavam que

o relacionamento estava condenado – em vez de pensar que fazem parte do relacionamento. Achava que ambivalência é sempre um mau sinal, em vez de pensar que é frequentemente in evitável. Os capítulos posteriores deste livro irão mostrar como o perfeccionismo existencial, o perfeccionismo emocional e a mente pura contribuem para crenças problemáticas sobre emoç ões específicas que levam a estratégias inúteis de regulação da emoção.

EXEMPLOS QUE ILUSTRAM O MODELO EM AÇÃO

Considere a seguinte situação hipotética: John recebe a notícia de que está sendo demitido de seu emprego depois de menos de um ano. A companhia está reduzindo o quadro de funcion ários, mas sua avaliação recente foi confusa e ele não estava satisfeito há algum tempo. John o bserva várias sensações físicas (respiração rápida, frequência cardíaca acelerada, “um buraco” no estômago). Ele acha que ser demitido desencadeou uma forte resposta emocional, mas nã o tem muita certeza de quais emoções está sentindo. Sente-se agitado, como se quisesse jogar alguma coisa longe ou bater em algo. Quer contatar sua ex-chefe, mas acha que isso seria hu milhante, e se dá conta de que não sabe bem o que dizer. Gostaria de ligar para seu amigo Ed , mas se sente envergonhado e confuso, bem como acha que estaria sobrecarregando Ed com suas preocupações. Ele observa que está tendo inúmeros pensamentos: “Não acredito que eu fui demitido” e “Eu não acredito que eles fizeram isso sem uma explicação”. Também pensa: “Minha chefe era uma narcisista – nada nunca estava suficientemente bem para ela” e “Eu est ou melhor sem esse emprego”. Mas, então, ele percebe outros pensamentos: “Eu vou ficar se m trabalho e miserável” e “Nada dá certo para mim”. Começa a pensar: “Eu estou me sentind o zangado, ansioso e triste. Também estou me sentindo confuso. E, por alguma razão, també m me sinto aliviado”. Aos olhos de John, essas várias emoções parecem estar em conflito entr e si, já que ele possui a crença de que só deve ter um sentimento: “Eu não consigo descobrir c omo realmente me sinto”. Então, começa a cismar e a ruminar suas emoções, tentando desco brir como “de fato se sente”. Ele começa a se sentir envergonhado por causa de sua ansiedade , achando que estar ansioso e triste é um sinal de fraqueza. Portanto, está menos inclinado a querer discutir isso com Ed ou seus outros amigos.

John examina seus sentimentos de ansiedade e pensa: “Acho que estou me sentindo ansio so porque não sei o que vai acontecer a seguir”. Mas, então, ele se pergunta se não está se sen tindo ansioso porque tomou muito café: “Talvez seja a cafeína.” Questiona se esses sentiment os ansiosos são causados pelos “eventos externos” ou por “alguma coisa comigo”. Ele não está certo sobre o motivo de estar se sentindo ansioso, triste, zangado, confuso e um pouco aliviad o: “Não faz sentido. Como posso ter sentimentos tão diferentes? Eu deveria me sentir de um j eito. Isto é muito confuso”. Ele começa a ruminar, cismando sobre suas emoções, ainda tenta ndo descobrir como “realmente” se sente: “Estou aliviado por estar sem trabalho porque sou preguiçoso? Eu queria ser demitido?”.

Ele questiona se a sua ansiedade vai durar indefinidamente: “Eu não posso continuar a ca da dia com este nível de ansiedade. Não vou conseguir funcionar”. Ele acha que sua ansiedad e vai impedi-lo de dormir, digerir a comida, fazer seu trabalho ou se concentrar no que tem q ue fazer. As ideias de perigo começam a inundar sua imaginação enquanto começa a pensar q ue vai ficar louco, ser arrastado numa camisa de força.

John pensa agora que precisa ter essas emoções sob controle, mas começa a chorar. Tentan do segurar as lágrimas, sente-se ainda mais tenso, com mais medo e mais fora de controle. “E

u não posso deixar isso me atingir”, diz, e depois acende um baseado: “Isso vai me acalmar”. Ele pensa: “Eu tenho que me acalmar. Tenho que controlar as coisas imediatamente, ou entã o vou me expor. E quem sabe aonde isso vai levar?”.

Quando começa a se preocupar com sua ansiedade e tristeza, pensa que esses sentimentos podem durar para sempre. Ele não consegue se dar conta de que muitos outros eventos pode m acontecer. Talvez acorde amanhã e esteja feliz por não ter que ir trabalhar, por não ter que lidar com a estafa de um trabalho sem saída, monótono e com uma chefe crítica. Ele não acha que ficaria aliviado em jantar com Ed ou outro amigo. Não consegue reconhecer que outras e xperiências terão impacto em seus sentimentos. Não consegue se lembrar de que outros senti mentos infelizes se dissiparam com o tempo e a experiência – que as emoções são fugazes, mu dam, evaporam, constantemente indo e vindo. John foca em um único sentimento, em um ú nico momento e em um único detalhe: ser demitido. Ele tem dificuldade de dar um passo atr ás e reconhecer que muitos outros sentimentos, momentos e comunicações com outras pessoa s vão eclipsar toda essa experiência. Focado em sua emoção nesse exato momento, tem dificul dade em prever que isso também passará. Começa a entrar em pânico, tendo um sentimento de urgência de que tem de se sentir melhor e se livrar da ansiedade terrível imediatamente. E le vê o mundo por meio dos esquemas negativos dos seus sentimentos ansiosos – esquemas q ue o prendem ao momento presente e o impedem de ver qualquer possibilidade no futuro.

Como revela essa história ficcional, o pobre John possui uma ampla gama de crenças negat ivas, ou esquemas, sobre suas emoções. Elas não fazem sentido para ele; não sente que pode e xpressá-las abertamente ou obter validação; rumina seus sentimentos; sente-se envergonhado ; não consegue tolerar seus sentimentos contraditórios; e acredita que eles vão sair do control e e durar indefinidamente. John é um bom exemplo de como avaliações negativas podem lev ar a estratégias de enfrentamento problemáticas. A Figura 3.2 apresenta um diagrama do mo delo do esquema emocional. (No Cap. 5 discuto como esse diagrama pode ser usado na social

ização de um paciente com o modelo.)

Examinemos a Figura 3.2, usando John como exemplo. Primeiramente, ele inicia com uma ampla gama de emoções – raiva, ansiedade, tristeza e um sentimento de alívio. Então, perceb e as sensações e, de alguma forma, as nomeia. A seguir, as vê como problemáticas: acredita q ue não faz sentido sentir algumas delas (como alívio), sente-se envergonhado pela sua ansied ade e tristeza, acha que suas emoções vão sair do controle e durar indefinidamente; alémdiss o, não normaliza essa gama de emoções, não reconhecendo que muitas pessoas possuem senti mentos semelhantes. Ele é intolerante com seus sentimentos contraditórios, ruminando sobre por que se sente dessa maneira e tentando identificar o que “realmente sente”. Com as interp retações negativas de suas emoções, ele procura suprimi-las fumando maconha, evitando as p essoas porque tem vergonha e se sente um fardo, culpando sua antiga chefe e a si mesmo, ru minando sobre o que aconteceu para “compreender” e se preocupando com o futuro. John ex emplifica o estilo problemático de resposta emocional a um importante evento vital.

Igualmente, imagine Mary, que nota que está se sentindo “desconfortável”. Pode ser que e la tenha dificuldades em identificar qual é a emoção que sente; inicialmente apenas reconhec e sensações fisiológicas, como seus dedos dormentes, o coração batendo rapidamente e a cabe ça tonta. Enquanto reflete sobre essas sensações e sobre o que acabou de acontecer, ela pode r econhecer que atualmente está experimentando tristeza. O primeiro passo em uma sequência