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Adriano Lima Troleis Elisabeth Cristina Dantas de Araújo

Introdução

O conjunto de transformações de cunho político, econô- mico, social e cultural, comumente denominado globalização, representa o atual estágio em que se encontra a sociedade brasi- leira, e traz para seu interior novos arranjos organizacionais e estratégicos que determinam o modo de ser e agir de pessoas, empresas e instituições, entre elas a escola, que vem sendo constantemente questionada quanto ao seu papel enquanto instituição social educativa (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSHI, 2005). Nas últimas décadas, a reestruturação da escola frente às novas demandas sociais e de mercado, pautada no novo modelo

de produção e concepção ideológica, exige que todos os agentes nela atuantes acompanhem o processo de mudança, principalmente os professores, em seu papel de formadores de opinião e mediadores do conhecimento. Não é sem motivo que a formação docente tem se tornado um tema tão frequente nas reformas educacionais no Brasil e nas discussões sobre o novo panorama educacional para o século XXI.

É nesse sentido que Cortez (2012) afirma que:

À medida que a sociedade se desenvolve e torna-se mais complexa, a preocupação com o preparo do professor, não apenas como um sujeito que possui uma cultura mais abrangente, mas também conhecimentos pedagógicos que o tornam capaz de exercer com eficiência a função docente, no seio de uma sociedade em progressiva mudança, passa a ser uma constante. (CORTEZ, 2012, p. 38).

Embora a formação de professores no Brasil tenha tido início por volta do ano de 1835, com a criação das escolas normais, e no Rio Grande do Norte nos anos de 1873 (CORTEZ, 2012), os descompassos entre o modelo de escola que buscamos e aquele que encontramos no cotidiano ainda são muito grandes, sendo responsáveis diretos por esse processo: o Estado, como entidade gestora, e os professores, que estão em contato direto no dia a dia com os alunos, realizando a difícil tarefa de ensino-aprendizagem no exercício da sua docência.

Por isso, o Estado deve entender que a criação de políticas educacionais e programas de formação continuada de valorização docente é fundamental para a qualificação e melhoria dos indicadores da educação, sendo meta primor- dial para o desenvolvimento do sistema educacional tanto

na educação básica como no ensino superior. Segundo Roitman (2010 apud CORTEZ, 2012, p. 58),

nenhum sucesso será alcançado se não valorizarmos o professor, o que implica em uma formação inicial de quali- dade, uma formação continuada, salários dignos, valorização da carreira e condições de trabalho.

Dentro dessa concepção, corroboramos a importância da criação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), concebido sob a ótica da valorização e do fortalecimento da carreira docente, da melhoria da quali- dade de ensino e servindo como ponto de partida para as futuras modificações no processo educativo, tendo em vista sua atuação.

O PIBID foi criado em 2007 pelo Ministério da Educação, em consonância com o Edital MEC/CAPES/FNDE Nº 1/2007, sendo gerenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, vinculado à Diretoria de Educação Básica Presencial, submetido à Secretaria de Ensino Superior – SESu e financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE (CAPES, 2012).

São objetivos do PIBID: incentivar a formação de professores a partir da inserção dos bolsistas nas escolas de atuação, ainda no período de formação do curso de licenciatura; aprimorar a qualidade da educação básica das escolas públicas brasileiras e valorizar a profissão docente, em todas as suas áreas de atuação curricular. Desde sua criação, o PIBID tem desempenhado um papel preponderante na formação inicial de professores, contribuindo no processo de qualificação da educação pública do país, ao passo que estimula os licenciandos a continuarem na carreira docente,

desenvolvendo atividades que envolvem as dimensões de ensino, pesquisa e extensão, ao mesmo tempo em que desperta no aluno da educação básica um novo olhar frente às disciplinas do currículo por meio das diferentes formas de se aprender os componentes curriculares, desenvolvendo competências e habilidades que lhes permitem ler o mundo em suas diferentes escalas: local, regional e global.

Desde a década de 1990 até a atualidade, a formação de professores tem sido direcionada por uma política educa- cional centrada em um ideário de educação voltada para o mercado de trabalho e para que o cidadão saiba ler o espaço em que vive, por isso, o Estado vem investindo fortemente na aprovação e execução de programas e projetos com esse fim. Como documento norteador desse processo, o Ministério da Educação lançou o Plano Nacional de Educação (PNE) que se configura como um dos principais eixos norteadores para as ações da educação nos próximos anos.

Em consonância com essa abordagem, a alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 12.796, 04/04/2013, em seu artigo 62, fortaleceu a temática da formação de professores para que se torne cada dia mais efetiva. A lei prevê que:

§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. (BRASIL, 2013).

Nesse sentido, o PIBID torna-se um programa indis- pensável na condução do processo formador docente,

fortalecendo o papel das licenciaturas e ajudando a ampliar, cada vez mais, a busca pelos cursos de formação, elevando a qualidade da educação por meio de suas práticas, oferecendo novas perspectivas tanto para o licenciando em seu processo formativo, quanto para o professor que atua na escola, assim como para os alunos das escolas conveniadas.

Nesse sentido, Martins e Pernambuco (2011) destacam que:

O enorme déficit de professores da Educação Básica pública, no Brasil, acrescido da desvalorização da profissão de professor, torna o PIBID uma das mais importantes iniciativas no campo das políticas públicas destinadas à melhoria da qualidade da escola e da formação de profissionais qualificados para nela atuarem [...] (MARTINS; PERNAMBUCO, 2011, p. 8).

Assim, o PIBID se constitui como um marco histórico no processo de formação de professores, tendo em vista que proporciona um novo olhar sobre os componentes curricu- lares e a própria escola, valorizando as relações humanas e os processos de aprendizagem concernentes a cada indivíduo.

Arcabouço teórico-metodológico