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Os alunos e eu (PP) temos mais chances para integrar-nos do que na configuração de aulas expositivas

I. Fundamentação Teórica

1) Como se dá a interação no processo de ensino/aprendizagem de língua espanhola

3.3 Os resultados apresentados pela configuração dos aprendizes trabalhando em pares, por meio de tarefas, e como estes se comparam àqueles construídos na

3.3.3 Os alunos e eu (PP) temos mais chances para integrar-nos do que na configuração de aulas expositivas

Os alunos trabalhando em pares mediante o uso de tarefas e eu (PP) ficamos mais integrados do que na configuração de aulas expositivas. Esse fato pode ser

verificado a partir de um dado registrado em meu diário, em que, embora concorde que devido à classe ser numerosa a atenção prestada por mim mereceria reparos, faço uma observação original sobre o trabalho nesse contexto. Observe-se:

Embora saiba que mesmo trabalhando com os alunos agrupados em pares a turma ainda é grande para aula de LE, essa nova configuração dos alunos pareceu-me muito frutífera no sentido em que tenho a oportunidade de conhecer mais de perto meus alunos e conversar com eles, independente da sala ser numerosa ou não, uma vez que a minha posição de trabalho é no meio deles, circulando entre eles, o que parece estreitar nossos laços de amizade. (diário, 01/10/01)

Além disso, há oportunidade de haver uma aula descontraída, já que a situação em que os alunos estão envolvidos parece relaxante e bem-humorada, o que parece ser positivo ao processo de aprendizagem de língua estrangeira.

No tocante à interação dos aprendizes, os alunos têm mais oportunidades de interação ao trabalhar em pares mediante o uso de tarefas do que em aulas expositivas, tanto no que se refere à tipologia das tarefas quanto à liberdade de escolher o parceiro.

Em entrevista com as alunas Laís, Luisa e Dora, após o término da aula do dia 12/11/03, estas relatam algumas diferenças entre as aulas durante o 1o semestre e as do 2o :

PP: você notou alguma diferença entre as aulas do semestre passado para as desse

semestre?

Laís: com certeza (1) as aulas desse semestre são mais dinâmicas e eu acho que em

dupla nós aproveitamos mais (1) tem mais entrosamento e mais interesse também (1) e também porque aprendemos mais (1) buscamos o que não sabemos (1) discutimos com outro aluno (1) nas suas aulas a gente raciocina elabora pensa (1) a gente vivencia a situação (1)

PP: o que você achou Dora (1) da nossa trajetória desde o 1o bimestre até hoje?

Dora: mudou totalmente (1) foi uma mudança muito boa (1) nós estávamos trabalhando

na forma de escrever no caderno e na apostila (1) agora está mais amplo e a gente aprende novas coisas (1) eu prefiro assim (1)

Luisa: também prefiro assim (1) naquela época era mais aprender a escrever as coisas e

parece que não anda e assim (1) falando outras coisas a gente aprende palavras novas (1) coisas novas (1) fica mais livre para a gente fazer as coisas

Laís: é (1) a gente tá sempre aprendendo a argumentar (1) pedir algo (1) são situações

em que nós nos deparamos com uma série de coisas (1) como usar o espanhol em algum país que a gente for (1)aqui agente aprende as palavras (1) se não sabe o que pôr vai ao dicionário (1) na própria folha da atividade (1)

Com relação à interação entre os alunos promovida pelas atividades implementadas, dados coletados em meu diário fazem menção a isso:

Creio que o ponto motivador de minhas aulas tem sido as tarefas de entrevista e produção textual. As primeiras motivam os alunos a interagirem na língua-alvo (ainda que de forma truncada, o que parece ser um desafio a enfrentar). E as segundas dão liberdade de expressão ao aluno, eles podem criar na língua-alvo sem que haja uma resposta pré-determinada. Parece que isso faz com que se sintam felizes. (diário, 12/11/01)

Quanto ao engajamento entre os parceiros durante o trabalho com tarefas, dados coletados durante a mesma entrevista vêm ratificar a visão de que os alunos preferem trabalhar com outros parceiros que também estejam motivados:

PP: qual é a sua opinião sobre ter mudado de par durante as aulas?

Luisa: BOM (1) eu gostei de mudar de par porque conheci o modo de trabalhar com

outras pessoas (1) eu gosto muito de trabalhar com o Tito (1) meu amigo com quem sempre faço as coisas (1) mas é bom mudar porque a gente pode trabalhar com outros tipos de pessoas (1) só uma coisa é ruim (1) se a pessoa for desmotivada pode me influenciar (1) tipo assim (1) eu acho que os professores de uma maneira geral não devem escolher os grupos ou duplas e sim os alunos é que devem se escolher entre si (1) cada um sabe com quem pode ou não trabalhar e assim produzir alguma coisa de bom e aproveitar o ensino (1)

PP: e a sua opinião Dora (1) com relação a isso?

Dora: concordo (1) se é uma pessoa interessada como eu (1) porque prá mim serve prá

eu ver que não sou só eu que tenho dificuldade (1) minha amiga também tem (1) às vezes eu fico me culpando (1) PUXA (1) não consigo aprender espanhol e sempre dou de cara com uma pessoa também que está tendo dificuldade (1) é bom prá eu ver que não sou a única e aí a gente vai conhecendo a dificuldade do outro também (1)

Nesse sentido, os alunos trabalhando em pares por meio de tarefas demonstram ter oportunidades não só de interagir em Língua Espanhola durante a sua realização, mas também fora, motivando-se a usar a língua-alvo até fora da sala de aula, como relatam Tito e Luisa em conversa informal, no dia 05/11/01:

Tito: eu tenho uma colega que já fez espanhol e mora também lá em Amigolândia (1)

tem vez que a gente vai daqui até lá conversando em espanhol (1) e eu vou falar (1) aí eu pergunto como diz tal coisa ela me fala me corrige (1) é super interessante (1) é gostoso ver que se desenvolve né (1) OLHA EU TÔ SABENDO NÉ (1) ela fez três anos e falo estou fazendo faz um ano (1) e ela se surpreende porque a gente vai conversando e conversa muito mesmo (1) outro dia nós fomos até Amigolândia (1) é quarenta e cinco minutos conversando em espanhol

Luisa: mas é porque a gente tá interessado mesmo professora (1) todo dia a gente vem

mais cedo prá fazer trabalho e todo dia BUENOS DÍAS (1) ¿CÓMO ESTÁS? (1) o que a gente vai falar sempre a gente fala em espanhol (1)

Os dados acima evidenciam que a motivação desses aprendizes para aprender a Língua Espanhola os faz envolver-se de uma maneira autêntica com a língua, não somente fazendo uso dela no momento em que estão ensaiando tarefas do ‘mundo real’ na sala de aula (Nunan, 1989), mas no momento em que vivenciam o próprio mundo real.

3.3.4 Os alunos afirmam ser mais motivados a trabalhar configurados em pares