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Análise da Fabricante de Produtos para Linha Branca 169

5   ANÁLISES E CONCLUSÕES 160

5.1   Análises intracasos 160

5.1.3   Análise da Fabricante de Produtos para Linha Branca 169

A implementação do Seis Sigma nessa organização começou com o objetivo de resolver problemas, enfatizando a redução de custos e visando também à disseminação da cultura Seis Sigma. Ao lado disso, encontra-se a gestão do programa Seis Sigma, que ainda está numa fase inicial, sendo o acompanhamento dos projetos informal.

A falta de aderência de alguns Belts à cultura Seis Sigma, que é voltada para fatos e dados, prejudica o desenvolvimento dos projetos seis sigma e pode conduzir a uma influência negativa do comportamento dos Black Belts aos Green Belts.

O conhecimento sobre o processo foi verificado como sendo um fator importante que auxilia na aplicação dos métodos estatísticos e das ferramentas da qualidade à proporção que fornece uma visão melhor do equacionamento y=f(xi, xi+1, ..,

xn). Isso sugere que utilizar Belts com conhecimentos específicos de um assunto de

forma flexível em áreas que contemplam assuntos diferentes pode dificultar o entendimento desse equacionamento.

A seleção e a priorização dos projetos seis sigma a serem desenvolvidos, devido ao estágio inicial de implantação, ainda não ocorrem, existindo ainda uma falta de projetos. Outro destaque é a dificuldade em definir se um projeto deve ou não utilizar

o método Seis Sigma. Por isso, a decisão da escolha dos projetos fica por conta do próprio Black Belt, que apesar de receber sugestões de projetos baseadas em indicadores de desempenho por alguns gerentes das áreas, pode optar por executar (ou não) tais projetos.

Apesar de não existir um critério para a seleção dos projetos, a pressão do Champion sobre os ganhos financeiros existe, e isso influencia a estimativa dos ganhos para menos, pois, caso contrário, expectativas falsas podem ser geradas, prejudicando, principalmente, o Black Belt. Ou seja, a medição de desempenho influencia o comportamento dos Belts à medida que eles são cobrados pelas estimativas financeiras realizadas no começo dos projetos. Além disso, tal influência parece gerar um maior comprometimento dos Belts em relação aos projetos que estão conduzindo.

Outro fato destacado foi que não existe uma participação intensa de especialistas da área financeira para auxiliar a estimativa dos ganhos na fase Define. Isso também prejudica a comparação entre o estimado e o validado na fase Control. Ao lado disso, existe um conflito entre a visão dos especialistas da área financeira e a dos

Belts no estabelecimento do relacionamento entre as medidas não-financeiras e

financeiras. A falta de um consenso entre o avalista financeiro e o Belt parece prejudicar o desenvolvimento do projeto, principalmente devido à pressão, relatada no parágrafo anterior, que os Belts recebem sobre os resultados financeiros que precisam ser alcançados.

Os produtos da empresa possuem muitas CTQs e, com isso, muitos dados são gerados. Contudo, a confiabilidade dos dados foi destacada como um fator crítico, em que o hábito de verificar os dados parece imperar. Além disso, muitos xi, que não

estão nas bases de dados, precisam ser coletados de forma ad-hoc nas fases Measure e

Analyse. Isso faz com que essas fases sejam as que mais demandam tempo nos projetos

seis sigma.

A resistência das pessoas à coleta dos dados, por causa do medo que elas têm serem julgadas pelo que eles indicam, foi um fator constatado como crítico. Essa resistência é causada por uma cultura organizacional baseada no medo, em que os problemas não são vistos como oportunidades de melhoria. Essa resistência afeta negativamente a confiabilidade dos dados. Ou seja, aspectos organizacionais, como

cultura baseada no medo, influenciam os projetos seis sigma via medição de desempenho.

Denominar de projetos seis sigma projetos que visam reduzir a necessidade de mão-de-obra parece um pouco inconsistente com o objetivo do Seis Sigma, que é o de reduzir a variabilidade dos processos. Porém, conforme foi destacado, a empresa ainda está numa fase inicial de disseminação da cultura Seis Sigma. Nesse sentido, fazer uso da estrutura de pessoas, técnicas e método do programa pode ajudar a desenvolver outros projetos não-Seis Sigma de forma mais estruturada.

A mudança de uma estrutura de TI para outra com plataforma diferenciada tem feito com que as pessoas façam uma reflexão sobre os indicadores do sistema, e isso, em conjunto com as necessidades de medidas dos projetos seis sigma, pode conduzir a uma estrutura de TI mais baseada no uso.

Os projetos seis sigma administrativos, apesar de não terem sido conduzidos ainda pela empresa, foram destacados como sendo de difícil elaboração devido a dois fatores: dificuldade de entendimento do pessoal administrativo dos conceitos estatísticos envolvidos no Seis Sigma e falta de indicadores de desempenho para esses processos. O primeiro fator não tem evidências concretas. No entanto, o segundo foi destacado como marcante para esse tipo de processo.

Enfim, a análise evidencia alguns fatores que influenciam o desenvolvimento dos projetos seis sigma:

• os sistemas de custeio implementados não suportam as necessidades de informações exigidas pelos projetos seis sigma; • a falta de medidas de desempenho dificulta a identificação dos

projetos seis sigma;

• a falta de confiabilidade nos dados influencia o resultado da estimativa financeira para menos;

• a cultura baseada em fatos e dados afeta a confiabilidade dos dados usados nos projetos seis sigma;

• o aumento do conhecimento das relações de causa-e-efeito promove mudanças na medição de desempenho que afeta o desenvolvimento dos projetos seis sigma;

• o estabelecimento do relacionamento entre as medidas não- financeiras e financeiras afeta o desenvolvimento dos projetos seis sigma; e

• o desenvolvimento dos projetos seis sigma promove um uso mais analítico da medição de desempenho.