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Os dados coletados receberam tratamento de acordo com o proposto por Bardin (2011) por meio da análise de conteúdo definida como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. [...] A intenção da análise de conteúdo é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência essa que recorre a indicadores (quantitativos ou não) (BARDIN, 2011, p. 44).

Para a escolha da análise temática, modalidade de análise de conteúdo, foi considerada a necessidade de serem trabalhados os núcleos de sentido que compõem uma mensagem e cuja frequência de aparição ou mesmo presença relacionam-se com o objetivo do estudo. Operacionalmente, a análise de conteúdo temática foi desdobrada em três etapas: 1) pré-análise; 2) exploração do material; e 3) tratamento dos resultados, inferência e interpretação.

4.7.1 Pré-análise

De acordo com Bardin (2011) a pré-análise “corresponde a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um esquema preciso de desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 2011, p. 125).

Esta etapa consistiu na preparação e organização do material: as entrevistas foram transcritas na íntegra com auxílio do programa InqScribe® e os registros das observações foram digitados e armazenados em arquivos Microsoft Word®, gerando um banco de dados. Uma cópia do original das entrevistas e registros de observações foi conservada e outra passou por processo de edição, excluindo-se expressões repetidas e vícios de linguagem, e codificando nomes dos sujeitos da pesquisa, bem como das pessoas e instituições citadas, de forma a evitar a identificação.

Os nomes das cuidadoras principais foram substituídos por códigos alfanuméricos, compostos pela letra C seguida da identificação numérica de 1 a 17, correspondente à ordem em que foram entrevistadas. Dessa forma, a primeira cuidadora entrevistada recebeu a codificação C1 e a última, C17. Da mesma maneira as entrevistas foram codificadas: recebendo a letra E seguida da identificação numérica de 1 a 17. Para exemplificar, na apresentação dos resultados, o código E1 significa: dados da entrevista com a cuidadora C1. Os nomes das crianças foram substituídos pela letra M seguida da identificação numérica de 1 a 20. Outros nomes como de filhos, familiares, amigos e profissionais foram omitidos para se preservar o anonimato.

Os registros das observações foram digitados e codificados com códigos alfanuméricos compostos pelas letras “Ob” seguidas da identificação numérica de 1 a 16, correspondente à ordem de realização das entrevistas e também à cuidadora entrevistada. Dessa forma, a observação realizada no domicílio da primeira cuidadora entrevistada recebeu a codificação Ob1 e a última, Ob16. A observação relativa ao cotidiano de cuidado da família da cuidadora C4, tia das crianças M5 e M6, foi excluída.

Os nomes dos estabelecimentos de saúde, de assistência social ou da comunidade foram omitidos, sendo mencionada somente a natureza do serviço: Centro de Saúde (CS), Serviço Público de Reabilitação (SPR), Serviço Filantrópico de Reabilitação (SFR), Centro de Reabilitação Público, Ambulatório de Seguimento do Hospital Público de Ensino, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Hospital anexo a um Hospital Público de Ensino, Hospital Filantrópico, Hospital Público Infantil, Hospital Público Geral, Hospital Público de Ensino (HPE), Hospital de Reabilitação, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Associação de Pais e Amigos dos Portadores de Deficiências Visuais e Associadas (APADV), Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI), Clínica do Centro de Educação Especial (CEE) e Atendimento Educacional Especializado (AEE).

4.7.2 Exploração do material

Nesta etapa as entrevistas e os registros das observações foram submetidos à leitura exaustiva e identificação das ideias centrais presentes nos textos. Destaca-se que essa identificação foi validada por outra pesquisadora da seguinte maneira: duas pesquisadoras realizaram a identificação das ideias centrais das entrevistas separadamente. Após a identificação as pesquisadoras se encontraram e as entrevistas marcadas foram confrontadas para verificar a concordância entre as ideias centrais encontradas. Após a discussão entre as pesquisadoras verificou-se a concordância entre a maioria das ideias centrais, o que permitiu equalizá-las e validar o processo. Em seguida foram feitos os procedimentos de recorte, classificação e agregação das unidades de registro.

A unidade de registro é a unidade de significação a ser considerada como unidade de base, visando à categorização, e, neste estudo, optou-se por utilizar o tema como unidade de registro. “O tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria que dá guia à leitura” (BARDIN, 2011, p.135).

Os temas foram selecionados por meio da leitura aprofundada das transcrições das entrevistas e posteriormente foram recortados os enunciados que tinham relação com os objetivos da pesquisa, tanto por recorrência quanto por relevância.

Para que os recortes fossem posteriormente localizados nas entrevistas, à medida que foram extraídos, receberam um código composto pela codificação da entrevista e pelo número referente à ordem em que apareceram na mesma.

Em seguida, os recortes foram classificados formando os núcleos temáticos comuns, que foram constituídos por agrupamento e semelhança de sentido dos enunciados. Os núcleos temáticos foram lidos e validados por outra pesquisadora.

Desses agrupamentos emergiram as categorias empíricas. Após a definição das categorias empíricas, os recortes foram reorganizados dentro de cada categoria, permitindo que emergissem as subcategorias empíricas apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2 - Categorias e subcategorias empíricas, Belo Horizonte, Minas Gerais, 2014

Categorias empíricas Subcategorias empíricas

Cuidado da criança com condição crônica no domicílio

-

Rede Social Institucional Serviços de Saúde Serviços Educacionais

Serviço de Assistência Social e Benefícios

Rede Social Familiar -

Perspectiva das cuidadoras em relação à criança

-

Fonte: elaboração própria, 2014.

4.7.3 Tratamento dos resultados, inferência e interpretação

Nesta etapa realizou-se a descrição do conteúdo dos recortes de enunciados de cada categoria, buscando articulá-los. Na análise das categorias e subcategorias foram considerados os temas agrupados a partir da reorganização dos discursos e das observações. Posteriormente os resultados foram submetidos a inferências e a interpretações à luz do referencial teórico que orientou o estudo.

Foram apresentados trechos das entrevistas e das observações para elucidar ou exemplificar a descrição do conteúdo. Foi utilizada a seguinte padronização: recortes dentro

do mesmo discurso foram representados por reticências entre colchetes; informações contextuais ou observações importantes sobre comportamentos não verbais dos entrevistados foram colocadas entre colchetes.

Os trechos foram identificados pelos códigos atribuídos aos recortes de enunciado nos quais se encontravam (compostos pela codificação da entrevista ou da observação e pelo número referente à ordem em que apareceram).