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Sumário

ANÁLISE DE DADOS

O primeiro texto apresentado é o de Hipocrates, médico grego que viveu no século IV a.C, tal fragmente é importante porque foi base para o desenvolvimento da

medicina medieval e foi utilizado por médicos posteriores por toda a Idade Média. O trecho foi retirado da obra Aforismos.

Uma dieta longa e restrita é perigosa, sempre, nas doenças longas e entre as doenças agudas, naquelas em que não é indicada. A dieta levada ao extremo de atenuação é prejudicial, com as reparações ao extremo limite são também perigosas.

(Hipocrates,2004,p46)

O conceito de medicina como moderação foi perpetuado pela história da medicina. Hipocrates define que dieta longa e restrita é perigosa. Equilíbrio é um ponto chave para entender a medicina Antiga e Medieval, seja pelas dietas ou pelos humores.

O próximo médico a ser citado aqui é o Alexandre de Trales, um médico Grego do século V. Essa fonte foi retirada de uma coletânea de textos em língua inglesa reunidas por Faith Wallis (2010), assim como outros apresentados neste trabalho. O fragmento exposto aqui é da obra Theraupetica, tal passagem é importante para entender-se o que é dietética e a sua relação com os humores do corpo humano.

Se alimentos, bebidas ou medicamentos quentes são administrados, estes [sintomas] são muitos exagerados e nunca sem febre. Tal são os sinais que ambas as cólicas são geradas por humor colérico ou quente.

(Alexandre de Tralles, Therapeutica, século V)

No fragmente é apresentado como os humores e a falta de equilíbrio, podem gerar no indivíduo, a partir de uma noção Antiga/Medieval de medicina. O seguinte texto a ser apresentado é um fragmento de Etymologiae de Isidoro de Sevilha, que foi um Bispo de Sevilha no século VII. Este texto foi escolhido porque resume de maneira clara e eficiente vários aspectos da medicina antiga e medieval:

1. Medicina

1. Medicina é o que protege ou restaura a saúde do corpo:

esse sujeito se importa com doenças e feridas.

2. O que pertence à medicina não é apenas as coisas que mostram habilidades de quem ganha o nome de físico (medico) é propriamente aplicado, mas também alimentação e bebida, abrigo e vestimenta. Em resumo, isso inclui qualquer defesa e fortificação que por essa, nosso corpo, é mantido [seguro] de ataques externos e acidentes.

(Isidoro de Sevilha, Etymologiae, século VII)

Este primeiro fragmento pode ser utilizado pela clareza de sua definição do conceito de medicina e como pode ser claro e atual para os alunos. Aqui medicina é definida como uma forma de manter o corpo seguro.

2. Esse nome

O nome da medicina é o pensamento que foi recebido da moderação (modus), que é, de uma devida proporção, o que avida que as coisas não devem ser feitas no excesso, mas pouco por pouco. Para a natureza fica aflito por excessos, mas se alegra pela moderação. Donde também aqueles que pegam drogas e antídotos constantemente, ou para o ponto de saturação, é extremamente incomodo, cada imoderação não traz saúde, apenas perigos.

(Isidoro de Sevilha, Etymologiae, século VII)

O autor reforça este conceito baseado na moderação, da qual foi retirada por Hipócrates e pode ser percebido na obra Aforismos. Isidoro de Sevilha utilizou-se do conceito de Hipócrates. Existe aqui uma continuidade e não uma ruptura entre a Idade Média e a Antiguidade Clássica. Posteriormente Isidoro faz uma pequena narrativa da História da Medicina:

3. Os fundadores da medicina

1. Dentre os gregos, o descobrimento e fundação da arte da medicina era dito que foi feito por Apollo. Seu filho, Asclépio, adicionou isso com sua fama e seus trabalhos.

2. Porém, após a morte de Asclépio por um trovão, foi dito que a arte da cura foi proibida e que a arte morreu com o seu fundador, e foi escondido por cerca de quinhentos anos, até o tempo de Xerxes, Rei da Pérsia. Naquele tempo, Hipócrates, nasceu na Ilha de Cós e do qual seu pai foi Asclépio, que devolveu isso à luz.

4. As três seitas dos físicos

1. Estes três homens fundaram muitas seitas. A primeira ou o método foi fundada por Apollo, do qual seus remédios são discutidos em poemas. A segunda ou empírica, que é, a mais plenamente testada, foi estabelecida por Asclépio e é baseada em cima de apenas observações factuais testadas, e não em meros sinais e indicações. A terceira ou logica, que é, seita racional, foi fundada por Hipócrates.

2. Por ter discutido as qualidades das idades da vida, regiões e doenças, Hipócrates cuidadosamente e racionalmente investigou o manejo da arte; doenças foram pesquisadas por meio de suas causas na luz da razão e sua cura foi racionalmente estudada. Os empíricos seguiram apenas a experiência; os lógicos colocaram razão na experiência; os metodistas estudaram a relação de nenhum destes elementos, tempo, idade, nem causas, mas apenas as propriedades das doenças de si mesmos.

(Isidoro de Sevilha, Etymologiae, século VII)

Esta narrativa envolve Ciência e Mitologia, mesmo havendo esta união que parece ser contraditória, o autor parte de um plano mitológico para o real. É interessante pois o autor é cristão, mas mesmo assim se utiliza de elementos de uma cultura pagã. O texto possui caráter pragmático na definição de medicina e pode ser indagado entre os alunos como este texto poderia ser utilizado em seu

contexto. Com Isidoro de Sevilha e Hipocrates pude perceber como a medicina na Idade Média estava atrelada à sua herança clássica.

Seguindo com Agnelo de Ravena, autor do século VI, o seu texto expõe o caráter empírico e a amplitude de conhecimento que um médico deveria ter na Idade Média.

O doutor dogmático, deve saber a natureza do homem, a natureza das águas, a natureza das áreas e as faculdades de tudo.

(Agnelo de Ravena, Lectures on Galens ‘De sectis’, século IX)

O texto a seguir é de Gilles de Corbeil, um autor do século XIII. Aqui ele disserta sobre a urina, mas o interessante a se mostrar é como ele se utiliza de um método de análise:

O físico que deseja ser considerado um mestre na análise de urina, deve considerar as seguintes coisas: qual classificação, o que é, o que está, qual a quantidade, qual a frequência, onde, quando; idade, natureza, sexo, exercícios, raiva, dieta, ansiedade, fome, movimento, banhos, comida [...]

(Gilles de Corbeil, On Urines, século XIII,)

Trazer estes fragmentos para a sala de aula, produz interdisciplinaridade na qual os alunos podem ter um bom desenvolvimento e ampliação da curiosidade.

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