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COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM NO PIBID-PEDAGOGIA

COMPUTADOR PO ALUNO (PROUCA)

COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM NO PIBID-PEDAGOGIA

SALGADO, Renata Araújo Silva (bolsista); GABASSA, Vanessa (orientadora).

Palavras-chave: Formação de professores; Atuações Educativas de Êxito;

Comunidades de Aprendizagem; Pibid-Pedagogia.

Justificativa / Base teórica

O presente trabalho é resultado de um projeto de iniciação científica que buscou investigar o impacto na formação inicial e continuada de professores a partir do desenvolvimento de uma proposta em escolas de educação básica por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. O projeto de iniciação científica se inseriu em uma pesquisa maior, intitulada Comunidades de aprendizagem em Goiânia-GO: possibilidade de inovação na formação docente e de melhoria da aprendizagem na educação básica por meio do PIBID, financiada pelo CNPq através do Edital Ciências Humanas e Ciências Humanas Aplicadas (2015- 2017). Os resultados desta pesquisa são resultados parciais da investigação mais ampla.

Nesta proposta entende-se a docência como o núcleo central do trabalho desenvolvido na escola, por isso acredita-se que ela se torna cada vez mais inviável se assumida, analisada e difundida como atividade individual e solitária – como é próprio de sua história de constituição e desenvolvimento. Com a proposta desenvolvida pelo Pibid-Pedagogia, aposta-se na ideia de que a visão de competência individual da docência precisa ser abandonada e defende-se a superação de tal perspectiva por meio da construção de um modelo comunitário de escola (MELLO et al., 2011). O desenvolvimento das Comunidades de Aprendizagem no âmbito do Pibid representa uma aposta nessa direção.

As Comunidades de Aprendizagem são, portanto, uma resposta educativa igualitária para se conseguir uma sociedade da informação para todas as pessoas.

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3 - 3366

Segundo Elboj et al (2002), nelas, parte-se do direito que todas e cada uma das crianças têm à melhor educação e se aposta em suas capacidades, contando com toda a comunidade educativa para se alcançar esse objetivo.

As Comunidades de Aprendizagem se organizam a partir do conceito de aprendizagem dialógica, que envolve sete princípios gerais: diálogo igualitário, inteligência cultural, dimensão instrumental, criação de sentido, solidariedade, transformação e igualdade de diferenças. Esses princípios, articulados, se efetivam no dia-a-dia da escola por meio das atuações educativas de êxito, que são práticas que apresentam bons resultados em diferentes contextos e, por isso, recomendadas às escolas organizadas como Comunidades de Aprendizagem, como as tertúlias literárias dialógicas, a biblioteca tutorada, os grupos interativos e a formação de familiares.

Considerando a relevância e o crescimento do Pibid no âmbito das políticas públicas nacionais de formação de professores e, por se tratar de uma articulação inovadora (Pibid e Comunidades de Aprendizagem), ponderamos que seria relevante um estudo exploratório da experiência em questão, com o objetivo de contribuir com a discussão da formação de professores no Brasil, tanto no âmbito da formação inicial como na perspectiva da formação continuada. Esse foi o desafio deste trabalho.

Objetivos

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de evidenciar, por meio de revisão bibliográfica, o conceito de formação inicial e formação continuada, no âmbito da formação de professores, relacionando os conceitos encontrados com os princípios e práticas desenvolvidas por meio das atuações educativas de êxito em Comunidades de Aprendizagem, buscando identificar, junto aos bolsistas de iniciação à docência e professores supervisores das escolas investigadas, as contribuições do desenvolvimento de atuações educativas de êxito à formação inicial e continuada de professores, destacando suas aprendizagens, dúvidas e dificuldades.

Metodologia

A pesquisa teve dois momentos distintos: estudo teórico e coleta de campo.

realização de fichamentos, tabelas e resenhas para apropriação dos conceitos sobre a formação de professores a partir dos princípios da aprendizagem dialógica e das atuações educativas de êxito em comunidades de aprendizagem. Em seguida, buscamos evidenciar o conceito de formação inicial e continuada, no âmbito da formação de professores, por meio de investigações em artigos científicos selecionados nas plataformas de periódicos eletrônicos brasileiros Educ@ e CAPES e na plataforma internacional ERIC1.

No segundo momento da investigação foi realizada uma coleta de campo a partir de uma técnica denominada relatos comunicativos de vida. Essa técnica é sustentada pela metodologia que embasou o presente trabalho e está em consonância com o referencial teórico das atuações educativas de êxito, que se estabelecem em torno do conceito de aprendizagem dialógica, a Metodologia Comunicativa Crítica, elabora pelo Centro Especial em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (Crea), da Universidade de Barcelona/Espanha.

Resultados / Discussão

Considerando o estudo teórico realizado, é possível apontar algumas questões gerais quanto à formação de professores preconizada por esse modelo e para esse modelo comunitário de escola. Primeiro, a questão da vivência dos princípios da aprendizagem dialógica como parte de todo o trabalho docente.

Segundo, a percepção da escola como uma instituição da comunidade e da sociedade e como espaço privilegiado de articulação e aprendizagem dessa comunidade. A proposta dialógica da aprendizagem indica, ainda que indiretamente, que a formação do professor deve se dar no sentido da prática dialógica na sala de aula e nos espaços de gestão; do reconhecimento das diferentes culturas e conhecimentos como riqueza da comunidade escolar, favorecendo as múltiplas interações; da defesa de valores como respeito e solidariedade no espaço educativo, com vistas à transformação das pessoas, dos espaços e das práticas escolares; e da compreensão de que a formação humana é tão importante para os estudantes quanto à formação acadêmica, mantendo-se altas expectativas de aprendizagem.

1 Escolhemos essas bases de dados como fonte de pesquisa por serem referência no que diz respeito à compilação e disponibilidade de produções científicas na área da educação, tanto em âmbito nacional como internacional.

No que se refere ao conceito de formação inicial e continuada na área de formação de professores encontrado nos artigos científicos analisados é possível apontar, tanto no âmbito da aprendizagem dialógica como no da produção nacional, indicações e sugestões em que a formação de professores deve estar ancorada em práticas educativas humanizadoras, mas que, ao mesmo tempo, contemple a dimensão instrumental da aprendizagem; que busque a transformação da sociedade com vistas a superar as desigualdades sociais; que proporcione a formação em pesquisa; que promova as parcerias entre as IES e as escolas; e que proporcione a sensibilidade na acepção da amorosidade freireana. Porém, é importante salientar que a proposta Comunidades de Aprendizagem e o conceito de aprendizagem dialógica têm a prerrogativa de uma formação docente que seja ampliada e compartilhada, que articule sua atuação com os familiares dos alunos, com os demais profissionais da escola e com a comunidade de entorno, o que extrapola o que é indicado pela literatura investigada.

Em relação aos relatos comunicativos de vida, as análises desta pesquisa apontam para uma formação do professorado que prime pelo desenvolvimento de uma consciência crítica, reflexiva e dialógica sobre os conhecimentos acadêmicos, sobre a realidade da sociedade atual e sobre a responsabilidade social que o ato de educar implica. De acordo com Braga, Gabassa e Mello (2010, p.54), “é nessa medida que o professor pode atuar como intelectual transformador nos termos de Giroux (1990), fazendo suas argumentações não apenas no sentido da denúncia, mas de anúncio também, movimentando-se do discurso para ação”. A partir da perspectiva da aprendizagem dialógica, o professor pode não só atuar como um agente transformador que visa mudanças em prol do interesse comum, promovendo interações que possibilitem transformar a realidade social, mas também como mediador: articulando a realidade, a cultura e o saber sistematizado, atuando com postura dialógica a favor de uma educação mais igualitária, solidária e democrática.

Conclusões

De maneira geral, os dados da pesquisa revelam que a proposta Comunidades de Aprendizagem pode contribuir de maneira muito significativa para a formação docente (inicial e continuada) quando realizada por meio do Pibid.

Evidenciou-se que a proposta de Comunidades de Aprendizagem ressalta uma

que se realiza em todos os âmbitos da escola e não somente na sala de aula.

Outros espaços, como a biblioteca e momentos de formação com familiares podem ser também espaços de atuação docente. A compreensão de um trabalho compartilhado com outros agentes educativos também é estrutural desse modelo.

Os professores devem se preparar para atuar em conjunto com a comunidade, na valorização da participação educativa dentro da escola e trabalhar, inclusive, como articuladores dessa participação, numa perspectiva crítica e transformadora. Quanto a essa questão, destacam-se as atuações educativas de êxito que podem ser desenvolvidas nas universidades (AEU). De acordo com Flecha et al.(2014), essas atuações de êxito trabalham com os futuros professores competências transversais, capacidades relacionadas à prática reflexiva e à investigação em aula, habilidades para pensar criticamente e para tomar iniciativas, resolver problemas e trabalhar em colaboração. Todas essas competências e habilidades são essenciais para o desenvolvimento dos princípios da aprendizagem dialógica e das Atuações Educativas de Êxito nas escolas.

Por outro lado, há aspectos a serem trabalhados, refletidos e repensados, como a própria estrutura do programa Pibid, a forma de desenvolvimento de ações isoladas nas escolas e a própria organização de cada atuação, na tentativa de superação dos limites para o pleno desenvolvimento do projeto e o avanço das escolas. Estudos futuros sobre a articulação entre formação docente e aprendizagem dialógica ou Comunidades de Aprendizagem podem se apresentar na direção de suprir essas lacunas.

Referências

BRAGA, F. M.; GABASSA, V.; MELLO, R. R. de. Aprendizagem dialógica – ações e reflexões de uma prática educativa de êxito para todos (as). São Carlos: EdUFSCar, 2010.

ELBOJ, C; PUIGDELLÍVOL, I; SOLER, M; VALLS, R. Comunidades de aprendizaje.

Transformar la educación. Graó, 2002. FLECHA, R. Compartiendo palabras. Barcelona:

Paidós, 1997.

FLECHA, R. et al. Actuaciones Educativas de Éxito en la Universidad. Hacía la Excelencia tomando las mejores universidades como modelo. Multidisciplinary Journal of Educational Research. Barcelona, Vol. 4, No. 2, p.131-150, June 2014.

MELLO, R.R.; GABASSA, V.; BRAGA, F.M.. Comunidades de Aprendizagem: ser professora num modelo comunitário de escola. Anais I CIMIE: Congresso Internacional Multidisciplinar de Investigação Educativa. Barcelona/Espanha, 2011.

CONTEÚDOS DA GEOGRAFIA URBANA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO

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