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APRECIAÇÃO MUSICAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA COM MÚSICAS PARA PIANO DA BELLE ÉPOQUE BRASILEIRA

COMPUTADOR PO ALUNO (PROUCA)

APRECIAÇÃO MUSICAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA COM MÚSICAS PARA PIANO DA BELLE ÉPOQUE BRASILEIRA

COSTA, Matheus Cordeiro (Bolsista)1 ROSA, Robervaldo Linhares (Orientador)2

Palavras-chave 1. Apreciação musical; 2. Educação básica; 3. Músicas para piano;

4.Belle époque brasileira

INTRODUÇÃO

Vivemos atualmente um momento histórico em que os recursos tecnológicos possibilitam um grande acesso à música. Podemos dizer que a música permeia atos fundamentais da vida cotidiana, como o ato de fazer compras em supermercados, as viagens em transportes públicos, a participação em shows megalomaníacos e, até mesmo, na privacidade absoluta dos fones de ouvido como coadjuvante de outras atividades. Sem duvida estamos “mergulhados” na música.

No entanto, a despeito da abundância de música disponível na sociedade, nunca se escutou tão pouco como atualmente. Ora, diante desse paradoxo, é necessário compreender o significado de vocábulos que bem ilustram esse impasse. Assim, vale a pena inquirir acerca dos sentidos das palavras ouvir e escutar. Granja (2006) elucida essa questão:

Ouvir é captar fisicamente a presença do som. Nesta perspectiva, o “ouvir” estaria mais próximo da dimensão sensorial da percepção, ou seja, da categoria peirciana de primeiridade. Escutar, por outro lado, é dar significado ao que ouve. “Escutar” estaria mais próximo da dimensão interpretativa da percepção, que corresponde, à categoria da terceiridade. Em poucas palavras, poderíamos dizer que o ouvir refere-se ao

1 Aluno do curso de Licenciatura em Música – Instrumento: Percussão, da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. E-mail: matheuscordeirocosta@gmail.com.

2 Professor Adjunto das disciplinas do Eixo Musicológico da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2016) 3332 - 3340

conforto do previsível, enquanto o escutar demanda uma disposição para a acuidade sonora. (Granja, p. 65)

Tal distinção entre ouvir e escutar é extremamente significativa na medida em que nos dá conta de que a sociedade atual está muito mais em contato com o ouvir.

Nesse tipo de audição, o ouvinte tem uma postura cômoda, pelo fato do elemento sonoro ser percebido como um dado concluído. Diferentemente, o escutar, pressupõe a necessidade de um investimento pessoal para que, efetivamente, os dados sonoros venham a ter significado.

JUSTIFICATIVA

Quando se pensa em apreciação musical, talvez a primeira coisa que vem à mente seja a questão do repertório. Como a música brasileira quase nunca é privilegiada em cursos de apreciação musical, consideramos oportuno a inclusão desse repertório na sala de aula. Um período próspero de nossa cultura, conhecido como belle époque, vivido de forma intensa na cidade do Rio de Janeiro, se destacou por ter sido momento de grandes transformações. Rosa (2014), comentando acerca desse período, entende que:

No final do século XIX e início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, epicentro da cultura nacional, viveu um momento de grande efervescência política, social, urbana e cultural. Citem-se a abolição da escravatura, a proclamação da República, o desenvolvimento industrial, o avanço acelerado do mercado interno, a imigração em massa e a intensificação do crescimento urbano. (Rosa, p. 99)

Dessa forma, com o repertório fincado nas músicas para piano da belle époque brasileira, tivemos a oportunidade de ampliar a capacidade de escuta de alunos da Educação Básica, da CPMG Ayrton Senna, localizado em Goiânia, graças ao trabalho realizado com a apreciação musical.

OBJETIVOS

- Proporcionar aos alunos da Educação Básica a oportunidade de ter vivências sonoras em que a Apreciação Musical fosse o foco;

- Possibilitar aos alunos o acesso à Apreciação Musical;

- Refletir sobre a importância da música brasileira;

- Colaborar para a ampliação da capacidade crítica dos alunos-ouvintes.

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido em oito etapas, a saber; 1) pesquisa sobre a conjuntura histórica e o respectivo contexto da belle époque brasileira; 2) pesquisa sobre as músicas para piano da belle époque brasileira; 3) elaboração de formulários para que se pudesse conhecer as práticas musicais e os gostos pessoais dos alunos do Colégio da Polícia Militar de Goiás Ayrton Senna, de Goiânia; 4) busca por uma síntese entre as práticas musicais dos alunos e as do professor orientador com as minhas (bolsista PROLICEN), com o objetivo de definir o que deveria ser trabalhado nas palestras e oficinas. 5) definição do repertório que foi trabalhado nos encontros com os alunos, tendo em vista as músicas para piano da belle époque; 6) avaliação do trabalho realizado; 7) colaborar com o professor orientador na produção de material didático; 8) produção de relatório final sobre apreciação musical na Educação Básica.

RESULTADOS

O trabalho foi bastante produtivo, tanto para os pesquisadores quanto para os alunos do Ensino Básico da Rede Pública. Ficou claro que antes os alunos não

tinham o hábito de uma apreciação musical consciente, pois a música era tratada como um complemento de alguma atividade.

Após as aulas foi notável que a forma com que os alunos apreciavam a música tinha mudado. Os alunos passaram a identificar elementos da música, tais como: melodia, ritmo, forma, timbre. Os alunos também aprenderam a função dos instrumentos que compõe a formação tradicional do Choro, a saber, a formação pau e corda (flauta, cavaquinho, violão sete cordas), em que a flauta faz a melodia, o cavaquinho o acompanhamento rítmico e o violão de sete cordas as baixarias. A contextualização histórica deu outro olhar à música brasileira, levando os alunos a conhecerem um novo repertório musical, no mais das vezes escamoteado pela indústria cultural.

Depois desse trabalho os alunos deixaram de ser ouvintes leigos, pois agora conseguem identificar cada elemento, e analisar de forma sucinta uma música, ou seja, passaram a ter uma apreciação musical.

CONCLUSÕES

A Apreciação Musical é uma das ferramentas mais acessíveis para se trabalhar educação musical no Ensino Básico. Pois, muito embora ouvir música seja um hábito cada vez mais presente na sociedade, apreciar a música ainda não o é. Hoje em dia a população está sempre relacionando a música como complemento de algo, seja ele para fazer alguma propaganda, ou para criar clima agradável em um shopping. Talvez por ter um fácil acesso, as pessoas acabam deixando a música à margem, ou seja não apreciam a música na sua total expressividade.

O trabalho concluído trouxe muitos resultados positivos, os alunos que participaram da pesquisa demonstraram desenvolver um ouvido crítico. A apreciação musical é uma ferramenta poderosa para podermos obter um ensino de qualidade no que se refere à educação musical. Esse trabalho aponta um caminho rico para o futuro da educação musical no Ensino Básico, visto ser uma ferramenta de fácil acesso, a despeito do pouco material para auxiliar os professores no ensino.

REFERÊNCIAS

GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Musicalizando a escola: conhecimento e educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.

ROSA, Robervaldo Linhares. Como é bom poder tocar um instrumento: pianeiros na cena urbana brasileira. Goiânia: Cânone Editorial, 2014.

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