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MAPEAMENTO COGNITIVO

3.5 ANÁLISE DE MAPAS COGNITIVOS

Tendo sido construído o mapa cognitivo, deve-se, na seqüência, buscar formas pelas quais esse mapa possa ser analisado, incrementando o processo de geração de aprendizado sobre a situação problemática. A literatura sobre o assunto tem apresentado uma diversidade de formas para a análise de mapas cognitivos (HUFF e FIOL, 1992).

Consoante ao fato de que o emprego dos mapas na metodologia MCDA-Construtivista reveste-se de algumas particularidades inerentes a ela, descreve-se os parâmetros de análise, tendo como base a classificação sugerida por Ensslin e Montibeller Neto (1998c), em análise tradicional e avançada de mapas.

3.5.1 ANÁLISE TRADICIONAL DE MAPAS COGNITIVOS

Em uma perspectiva estrutural, Ensslin e Montibeller Neto (1998b) definem os mapas cognitivos como sendo grafos, onde cada conceito é considerado um nó, e uma relação de influência é uma ligação. Esses mapas possuem uma estrutura hierárquica na forma de meios- fins que pode, sob certas circunstâncias, ser quebrada devido a laços fechados formados entre os nós.

Na medida em que os mapas são compostos por um expressivo número de nós, tornando-se relativamente complexos, emerge a necessidade da identificação das características estruturais que permitam sua análise. Face essa contingência, Eden, Ackermann e Cropper (1992) propõem uma forma de análise, que é denominada por Ensslin e Montibeller Neto (1998c) de análise tradicional de mapas cognitivos.

Segundo esses autores, a análise tradicional de mapas de relações meios-fins leva em consideração apenas a forma do mapa. É considerado um procedimento inicial que visa colocar ordem no mapa, através da hierarquização de seus conceitos. Para tanto, reúne as análises da hierarquia meios-fins, dos conceitos cabeças e rabos, dos laços de realimentação e dos clusters do mapa.

A análise de hierarquia meios-fins procura verificar as possíveis ligações de influência entre duas variáveis localizadas nos pólos de dois conceitos, um meio e um fim, respectivamente. Essas ligações podem ser de influência, onde uma variação no nível de uma variável inicial A é uma condição necessária, mas não suficiente para mudar o nível de uma variável B, ou de possível influência, quando uma variação no nível de uma variável inicial A não é uma condição necessária nem suficiente para mudar o nível de uma variável final B. Quando a relação for de possível influência, A tem maiores ou menores chances de explicar B, de acordo com uma determinada probabilidade ou condição estabelecida (COSSETTE e AUDET, 1992; ENSSLIN e MONTIBELLER NETO, 1998b).

Quanto à análise de conceitos rabos e conceitos cabeças, é importante compreender que conceitos rabos de um mapa são aqueles em que não entram flechas, e conceitos cabeças são aqueles dos quais não saem flechas (DUTRA, 1998). Um número elevado de conceitos cabeças indica uma série de objetivos a serem levados em conta. O conceito cabeça mais elevado no mapa de relações meios-fins indicará o objetivo mais estratégico. Um número

elevado de conceitos rabos indica a existência de múltiplas formas de atender aos objetivos do decisor (DUTRA, 1998).

No que concerne à análise de laços de realimentação, pode-se dizer que um dos maiores problemas de estrutura hierárquica de um mapa de relações meios-fins é a formação de uma cadeia de nós ligados circularmente, em forma de um laço de realimentação. Isto porque, conceitualmente, todos os nós presentes em uma estrutura circular têm o mesmo nível hierárquico dentro do mapa e podem, portanto, ser substituídos por um único nó que descreve o laço. Com isso, tem-se uma perda de informação indesejada (ENSSLIN e MONTIBELLER NETO, 1998b). A análise de existência de circularidades deve preceder a todas as outras análises, sendo cada laço conferido e corrigido antes do prosseguimento do processo (BOUGON, 1992; ENSSLIN, MONTIBELLER NETO e NORONHA, 2001).

A última análise, a de clusters, tem como lógica o pressuposto que em vários sistemas complexos e hierárquicos, as ligações intra-componentes são mais fortes que as ligações inter- componentes. Assim, um cluster é um conjunto de nós que são relacionados por ligações intra-componentes e um mapa de relações meios-fins é um conjunto de clusters relacionados por ligações inter-componentes. A detecção de um cluster permite uma visão macroscópica do mapa, além da divisão do mapa global em mapas menores relativamente não relacionados, diminuindo, de certa forma, a complexidade cognitiva do mapa global (ENSSLIN e MONTIBELLER NETO, 1998b; ENSSLIN, MONTIBELLER NETO e NORONHA, 2001).

3.5.2 ANÁLISE AVANÇADA DE MAPAS COGNITIVOS

Preliminarmente ao relato da análise avançada, faz-se necessário estabelecer a distinção entre ela e análise tradicional de mapas. Como expõe Dutra (1998), enquanto a primeira tem como base única e exclusiva a forma do mapa, a segunda objetiva capturar os

diferentes eixos de avaliação da situação decisória, incorporando, necessariamente, o conteúdo do mapa, não considerado na perspectiva tradicional. Isso se dá pela identificação das linhas de argumentação e dos ramos do mapa cognitivo (MONTIBELLER NETO, 1996).

Ensslin, Montibeller Neto e Noronha (2001) explicam que, uma linha de argumentação é constituída por um conjunto de conceitos influenciados e hierarquicamente superiores a um conceito rabo. Ela começa em um conceito rabo e tem seu término em um conceito cabeça. Sob essa ótica, a análise que procura identificar uma linha de argumentação é basicamente relacionada à forma do mapa.

Ainda, segundo os referidos autores, um ramo é conformado por uma ou mais linhas de argumentação que demonstrem preocupações similares sobre o contexto decisório. A análise é feita considerando as idéias expostas nos conceitos, o que denota um exame do conteúdo do mapa.

Uma vez definidos seus ramos, considera-se concluída a fase de análise do mapa