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ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA DOCENTE

No documento IFRN 10 anos de criação.pdf (14.27Mb) (páginas 103-105)

NO IFRN - CAMPUS DE SÃO GONÇALO

DO AMARANTE

Rebeka Caroca Seixas21

INTRODUÇÃO

O ensino da arte vem passando por diversas mudanças ao longo dos anos, principalmente após a instituição da Lei 11.769, de 18 de agosto de 2008, que tornou obrigatório, mas não exclusivo, o ensino de música22 e, mais recentemente, em 23 de fevereiro de 2016, a aprovação da proposta que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O texto da proposta de alteração da lei indica que a música, o tea- tro, as artes visuais e a dança passem a compor o componente curricular obrigatório do ensino de artes23. Essa obrigatoriedade visa, entre outras coisas, proporcionar ao aluno o contato com as diferentes linguagens artísticas.

21 Graduada em Educação Artística pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2004). Especialista em Teatro Contemporâneo pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, Brasília-DF (2007). Mestre em Artes Cênicas pela UFRN. Doutora em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, estágio doutoral pela Universidade de Coimbra e pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris III. Pós-doutorado em andamento na área de Dramaturgia na Universidade do Minho em Portugal. Professora de Teatro do Instituto Federal do Rio Grande do Norte.

22 Segundo o texto da determinação prevista no Art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do que é dito no § 6º: “A música deverá ser

conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º des- te artigo” (BRASIL, 2008).

23 Conforme dispõe do Art. 26, a redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016, § 6º: “As

artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2º deste artigo” (BRASIL, 1996).

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- ENSINO

Mais recentemente, a Reforma do Ensino Médio impôs novos desafios aos professores de Arte. É importante frisar que a disciplina de Arte, juntamente com ou- tras, foi excluída das disciplinas obrigatórias do ensino médio, segundo um dos pri- meiros textos da reforma. Somente após alguns protestos e reivindicações, a discipli- na voltou a integrar a base comum obrigatória do currículo, porém sem levar em conta as diferentes linguagens artísticas e suas complexidades. Dessa forma, podemos dizer que houve um significativo retrocesso no que diz respeito ao papel da Arte no ensino médio. Os institutos ainda estão em um período de adaptação a nova reforma, contu- do, sabemos que a forma como a arte foi tratada desde o início da constituição do texto desse documento faz com que alguns gestores, que já não entendiam a Arte como co- nhecimento indispensável para os alunos, agora tenham mote para questionar e redu- zir a carga horária da disciplina cada vez mais.

No presente artigo, discutiremos a dinâmica da disciplina de Arte III – Teatro no IFRN, ministrada no Campus São Gonçalo do Amarante, ainda levando em consideração a estrutura atual, que não foi alterada à luz da Reforma do Ensino Médio. Cabe ressaltar que estamos no campo das incertezas e dependemos da maneira como a administração do IFRN irá olhar para tal disciplina, a fim de que possamos vislumbrar um futuro. Diferentes situações já nos foram postas, como: a diminuição de carga horária, a diminuição de professores por campus e a inserção da disciplina no contraturno. São vários os cenários que demonstram como a disciplina, de forma genérica, é desvalorizada pela comunidade acadêmica do IFRN.

No Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), o campus Natal Central, durante anos, foi o único que possuía professores de diferentes linguagens artísticas, entre elas: Música, Artes Visuais e Teatro. Após o ano de 2011, com a expansão do IFRN, os campi do interior que atualmente somam 18 campi e que, até então, possuíam ape- nas um professor de Arte foram, aos poucos, ganhando o segundo professor, todavia, mesmo com essa ampliação do número de professores, a linguagem da Dança ainda não é contemplada nessa expansão.

É importante destacar que a disciplina Arte no IFRN se divide em três semestres, com carga horária semanal de duas horas/aula. Levando em consideração a existência de apenas dois professores de Arte em cada campus, com formação em linguagens distintas, e visando o maior contato dos alunos com diferentes linguagens artísticas, alguns professores, em diferentes campi, optaram por dividir a disciplina Arte da seguinte forma: Arte I, que seria a disciplina introdutória onde o aluno teria contato com a arte de forma mais ampla, em seus aspectos de fruição, apreciação es- tética, bem como uma breve introdução à História da Arte; Arte II, específica e que compreende uma das linguagens artísticas, a depender da formação dos professores de Arte que estão lotados no campus; e Arte III, que também é específica e depende da formação do professor lotado no campus24.

24 Tal divisão foi proposta pelo grupo de Arte do IFRN durante reuniões do NCE (Núcleo Central Estruturante) de Arte. Dessa forma, em todos os PPCs (Projetos Políticos-Pedagógicos de Cursos do IFRN) dos cursos de Ensino Médio Integrado po- demos encontrar ementas das três linguagens específicas, a saber: Artes Visuais, Musica e Teatro. Nesse sentido, os conteúdos da disciplina de Arte II e Arte III, bem como, a utilização dessas ementas vai depender da habilitação dos professores lotados em cada campus. Através de nossas pesquisas, até o presente momento, podemos apontar aqui, como campi que seguem essa divisão da disciplina de Arte, o Campus de São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, João Câmara, Macau, São Paulo do Potengi, Santa Cruz, Canguaretama e Ceará Mirim.

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- 10 anos dos Institutos F

ederais de Educação, Ciência e T

ecnologia

No caso específico do campus do IFRN de São Gonçalo do Amarante, foco dessa pesquisa, temos: Arte I, que diz respeito a Introdução a Estética e a História da Arte de forma ampla; Arte II, que contempla o conteúdo da área especifica de Música e Arte III, que contempla a área de Teatro. Tal divisão possibilita ao aluno o contato com algumas das linguagens artísticas de forma mais específica, bem como, perceber a importância de tal conhecimento em suas diversas possibilidades.

A metodologia utilizada será o relato de experiência, onde descreveremos as práticas desenvolvidas na disciplina Arte III, que se refere especificamente ao Ensino de Teatro, desenvolvida no Campus do IFRN de São Gonçalo do Amarante.

A DISCIPLINA DE ARTE

No documento IFRN 10 anos de criação.pdf (14.27Mb) (páginas 103-105)