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BASES ESTRUTURANTES DA (RE)CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

No documento IFRN 10 anos de criação.pdf (14.27Mb) (páginas 175-177)

A ênfase na reflexão que se inicia permeia o processo dinâmico e inacaba- do de (re)construção do projeto político-pedagógico, que se constitui em um processo complexo a ser edificado sob preceitos democráticos, participativos e coletivos (GAN- DIN, 2006), cujo conjunto de práticas educativas se articulam em torno de um propó- sito da melhoria global da instituição educativa.

O Projeto Político-Pedagógico possibilita uma caminhada consciente em busca de um ideal, construído passo a passo, até transformá-lo em realidade. Ele é entendido como a organização do trabalho político-pedagógico institucional, propor- cionando qualidade social, gestão democrática, participação e valorização dos profis- sionais, dentre outros aspectos de autonomia.

Desse modo, apresentamos aqui um movimento de ruptura com o espectro de “documento institucional”, cristalizador de concepções e práticas, por vezes, ina- propriadas ao contexto em que está inserida a instituição, construído para fins exclu- sivos do cumprimento de uma formalidade legal, expressa por meio da Lei de Diretri- zes e Bases da Educação Nacional - LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 1996). Tal ação leva em conta a cultura institucional, dado que prioriza a reflexão sobre os valores e as nor- mas, bem como “identifica como as coisas são pensadas e feitas ali, a maneira como os atores captam e descrevem a realidade, reagem à organização, aos acontecimentos, às palavras, às ações, as interpretam e lhes dão sentido” (THURLER, 1994, p. 181).

Nesse movimento, o planejamento participativo, a organização das práticas pedagógicas, a formação continuada de servidores, o acompanhamento, a avaliação curricular e os indicadores dos resultados da aprendizagem passam a ser a tônica e o termômetro do processo perspectivados nos respectivos contextos culturais e sociais, tendo em vista a interação mútua entre as dimensões institucionais. Segundo Garcia e Queiroz (2009, p.122), uma ação complexa dessa natureza exige “reflexão, diálogo, intercâmbio e disposição para promover uma contínua redefinição das concepções e das ações que os sujeitos pretendem vivenciar”.

A atuação de todos os sujeitos partícipes nessa conjuntura implica o desafio de se estabelecerem canais de comunicação, com abertura para se discutir, a priori, os sentidos do que vem a ser o PPP e os significados da instauração de construção coletiva em instituições de natureza educativa. Por ser configurado como processo de organi- zação global das ações de uma instituição educativa, abrangendo dimensões pedagó- gicas, administrativas e financeiras (VEIGA, 1995), é imprescindível compreendê-lo como instrumento de gestão democrática.

No entanto, definir os caminhos desse percurso envolvendo a comunidade educativa e conduzir um processo que se legitima como espaço coletivo e de forma- ção integral (humana, técnica e profissional) é, de fato, o grande desafio. O caráter dialético do PPP, enquanto prática social, traduz-se como um projeto educativo de natureza conflitante, dado que visa dialogar, avaliar e promover mudanças em con- cepções e práticas cotidianas, considerando as relações de poder que permeiam os espaços sociais.

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- ENSINO

Nessa direção, instaurar um processo coletivo para a efetivação do PPP, con- figurado como um instrumento dinâmico de cunho teórico, filosófico e metodológico norteador do planejamento e da implementação dos processos pedagógicos, adminis- trativos e financeiros, implica planejamento, de forma racional, consciente, sistema- tizada e a longo prazo, sob os princípios da flexibilização e da negociação. Oliveira (2012), ao perscrutar a construção crítica de PPP, ressalta a indispensabilidade de a escola ser autora do seu Projeto, assumindo três condições basilares: a construção co- letiva, a participação e a tomada de decisões democráticas.

Uma instituição educativa, se comprometida com a educação de qualidade referenciada socialmente e com a proeminência dos valores democráticos no currícu- lo, efetivamente adere a mecanismos de participação e de fortalecimento da autono- mia. Tais dinâmicas são expressas no movimento de construção coletiva de um PPP, dada a amplitude dos vieses de organicidade e de abertura ao diálogo proporcionados pela ação participativa. Neste sentido, a instituição educativa possibilita exercer um papel decisivo na emancipação dos sujeitos, contribuindo assim, para a construção de uma sociedade mais equânime e baseada no respeito ao outro. Segundo Padilha e Oliveira (2013, p. 23),

É necessário que a escola, com seu currículo e suas práticas pe- dagógicas, exerça papel relevante na formação dos valores e dos direitos constitutivos de uma identidade do ser genérico. Para isso, precisa ultrapassar, ir além, intencionalmente, do formalis- mo jurídico ou de um discurso de “faz de conta”. Tal atitude supõe profundo processo de transformação de valores, ou seja, de uma profunda transformação ética.

Nesse alcance, é preciso refletir sobre o perfil exigido na maestria dessa con- dução. A coordenação desempenha papel central na regência desse processo, por ter a função de planejar, organizar, dinamizar, sensibilizar e envolver os participantes. Não se reduz, portanto, a uma simples execução de tarefas. Por tratar-se de um conjunto de ações planejadas (no e para o coletivo), exige conhecimentos político-pedagógicos, domínio teórico-metodológico, envolvimento, autoridade, sensibilidade, postura pro- positiva, adequação, eficiência, efetividade, criatividade, credibilidade, dinamismo e, acima de tudo, flexibilidade e dialogicidade (PEREIRA, BECKER e FURTADO; 2004).

Nesse entendimento, a equipe gestora do trabalho coletivo em instituição educativa deve prever e promover, momentos de socialização, reflexão e de formação capazes de integrar o conjunto de setores das instâncias pedagógicas, administrativas e financeiras, em perspectiva democratizadora. Para Toaldo (2012), é importante com- preender que a convivência democrática na escola e a autonomia assegurada por lei, não deve ser vista como uma obrigação, mas como um direito a ser posto em prática.

Portanto, defende-se que o valor estruturante da construção de um PPP seja fundamentado em sua natureza participativa e coletiva. Para tanto, a dinâmica meto- dológica deste percurso, alicerçada no princípio da democratização dos processos de gestão, requereu a escolha de procedimentos, etapas e ações relevantes para a garan- tia da participação de todos.

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- 10 anos dos Institutos F

ederais de Educação, Ciência e T

ecnologia

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