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5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADE E ANÁLISE DOS DADOS

5.3 Análise do questionário referente à temática do racismo

Esse questionário eletrônico foi aplicado após o primeiro encontro da sequência didática, depois de termos apresentado a temática de que se tratava o estudo e os objetivos da intervenção à comunidade escolar e aos participantes da pesquisa. Com isso, solicitamos que os alunos respondessem a esse questionário para entendermos os seus conhecimentos com relação ao tema, se sabiam do que se tratava o racismo, se em algum momento teriam sido vítimas de racismo, ou se já tinham presenciado situações racistas.

Para tanto, disponibilizamos o link do questionário no grupo de WhatsApp da turma para que respondessem ao Google Forms. Aos alunos que não tinham acesso à internet puderam responder no encontro posterior que ocorreu presencialmente, e dessa forma, no laboratório da escola responderam ao questionário, sendo que para essa atividade foi criado um e-mail específico para esse fim, de resposta dos questionários pelos participantes da pesquisa.

Essas respostas também nos serviram para apresentar a relevância da intervenção que foi feita, pois é urgente o tratamento desse tema na sala de aula, e não apenas em datas específicas, mas como parte do currículo escolar.

Começamos no Forms, perguntando a cor da pele com a qual os alunos se identificam.

Gráfico 1: Qual cor você se define?

43%

28%

24%

0%

5%

Branco Preto Pardo Indígena Não declarar

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

109 As respostas mais abrangentes foram essas, 43% da turma se dizem ser branco, então vemos que o público de alunos que se consideram brancos são uma maioria, 28% se consideram pretos, 24% pardos, e 5% não quiseram declarar a cor.

A segunda pergunta trazia o questionamento se os alunos entendiam o que era racismo.

Gráfico 2: O que você entende por racismo?

86%

14%

Entendo que o racismo é uma forma de preconceito direcionada a alguém contra sua origem étinico-racial.

Não tenho muito entendimento do que de fato vem a ser o racismo.

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Um total de 86% diz entender o que é racismo a partir da afirmativa presente no questionário. Foi bastante relevante essa resposta, pois de algum modo percebemos, que alguns alunos conseguem entender que o racismo é uma forma de preconceito étnico-racial, sendo esse já um princípio de entendimento sobre o tema.

Temos que 14% dos alunos disseram não ter entendimento do que se trata racismo, e mesmo sendo uma quantidade mínima de alunos que não têm entendimento, esse é um dado que precisa ser modificado e a escola tem esse papel, de levar até os alunos o esclarecimento do que seja a perspectiva do racismo, para que as situações de racismo velado não venham a ter espaço para acontecer, e caso aconteçam que os aluno saibam a quem recorrer para esse momento, e que não seja apaziguado com medidas paliativas como costuma ocorrer, pois a proposta é levar até mesmo as crianças ao entendimento da problemática do preconceito racial.

Seguimos questionando os alunos, se eles achavam que existia preconceito racial no ambiente escolar

110 Gráfico 3: Você acha que na escola existem situações de racismo?

95%

5%

Sim. Eu já presenciei algumas situações.

Não. Nunca presenciei nenhuma situação de racismo na escola.

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

E para essa indagação 95% disseram ter presenciado algumas situações de preconceito racial. E com isso podemos perceber que os dados nos mostram um número alarmante de crianças que afirmaram já ter presenciado cenários de racismo, tal questão serve de alerta para as instituições, de que é preciso tratar o tema com a sua devida importância, como afirma Munanga (2005), está munido de um diálogo informativo sobre o racismo, como ele acontece e formas de combate, e isso parte do estudo e da formação continuada dos professores para além dos conteúdos engessados, tratando de questões que também façam com que os alunos se tornem seres críticos e respeitosos com o próximo.

Quando perguntamos se os alunos já tinham ouvido algumas expressões racistas as respostas foram:

111 Gráfico 4: Você já ouviu alguém dizer expressões tais como: “macaco”, “só pode ser preto mesmo”,

“neguinho” ou outras de mesmo teor?

95%

5%

Sim o

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Percebemos um alto número de alunos que já ouviram alguma expressão racista pelas respostas que foram expostas, um total de 95%, e essa é uma realidade que acontece no dia a dia dos discentes e por vezes até passa despercebida, não sendo tratada como um termo racista, mas como um xingamento como outro qualquer.

Discutindo posteriormente essa resposta com os discentes, os meninos disseram já ter ouvido a expressão “macaco”, nos estádios de futebol para com os jogadores negros, uma realidade ainda hoje vista com frequência. Disseram que alguns de seus jogadores favoritos já foram vítimas de preconceito racial, quando chamados de “macaco”. Outros alunos ainda trouxeram a expressão “negrinho”, não sendo tratada como preconceito, mas como uma forma carinhosa de tratar um amigo negro. Tais comentários surgiram como um ponto de discussão para apresentar que muitas vezes não temos o entendimento de que algumas expressões que falamos no nosso cotidiano são na verdade expressões racistas.

Em seguida, os discentes foram indagados se já haviam sido vítimas de racismo pela sua cor, e as respostas se deram da seguinte forma

112 Gráfico 5: Você já sofreu algum tipo de preconceito devido à sua cor?

48%

52%

Sim Não

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Levando em consideração que uma parte significativa dos alunos da turma consideram-se brancos, o percentual foi de encontro ao público branco que diz não ter sofrido preconceito devido sua cor, com um total de 52% das respostas. Sendo que 48% consideram ter sofrido preconceito pela cor da pele. Nesse caso, podemos entender, que provavelmente os alunos negros da turma teriam de algum modo sofrido racismo devido a cor de sua pele, pelos dados que percebemos no gráfico 5, que mesmo sendo em uma porcentagem menor, que não podem ser desconsideradas, mas precisam ser vistas e levadas em consideração pela escola e pelos professores que precisam estar atentos aos casos de racismo, e os discursos racistas no ambiente de ensino.

Quando foram indagados sobre de onde partiu o preconceito, as respostas dos alunos foram variadas

113 Gráfico 6: Em caso afirmativo, na pergunta anterior, a discriminação sofrida partiu de:

28%

0%

24%

48%

Colegas da escola

Por parte dos professores Funcionários:

Diretores, Zeladores, Monitores, etc.

Não passei por esse tipo de discriminação

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Sendo assim, 48% disseram não ter sofrido discriminação racial de nenhuma forma, 28% disseram ter sofrido pelos colegas da escola, e 24% disseram ter sofrido preconceito racial por parte dos funcionários, diretores, zeladores da escola. Nesse caso, juntando os percentuais da cor azul e cinza da legenda que ficam no total de 52%, podemos observar que alguns alunos dizem já ter sofrido preconceito por parte dos colegas da escola, e também por funcionários, de uma maneira geral. O que era já esperado como resposta, pois no ambiente escolar, frequentemente se parte dessa forma a questão do preconceito racial, por parte dos colegas, e também em algumas situações por alguns funcionários da escola.

Quando indagados sobre a escola ter desenvolvido algum tipo de projeto ou aula sobre a diversidade étnico-racial, responderam segundo o gráfico abaixo:

114 Gráfico 7: A escola já desenvolveu algum projeto ou aula sobre a diversidade racial?

29%

71%

Sim. Os professores sempre tratam da diversidade racial e o estudo da cultura afro-brasileira como parte do currículo.

As vezes. Tratam da temática da diversidade racial em datas simbólicas como: Dia da consciência negra ou abolição da escravatura.

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Vemos que 71% das respostas foram que às vezes os professores tratam da temática da diversidade racial. Então, não seria em forma de projetos, ou com uma abrangência mais efetiva que esse assunto é tratado. Percebemos com esse resultado que o trabalho com a diversidade ainda se dá de uma maneira paliativa ou com situações que não vem a contribuir para práticas antirracistas, são modelos de aula que folclorizam a temática, ou que só vêm a ser trabalhada em dias específico como “comemoração ao dia da abolição da escravatura”, ou

“Consciência negra”, como se apenas essas datas fossem suficientes para abordar o tema.

Não sendo por esse viés o trabalho com a diversidade étnico-racial, esse assunto deve ser uma constante no espaço escolar, a começar apresentando as contribuições dos povos negros, assim como sua importância para a formação nacional, e assim explorar de fato as consequências do racismo, suas marcas até os dias de hoje na sociedade e formas de combate ao preconceito.

E com isso, os materiais que tratam da literatura negra constituem aspectos relevantes para serem trabalhados na escola, mas ainda são leituras pouco vistas pelos alunos e pouco trabalhadas pelos professores, que por muitas vezes também não conhecem algumas obras e por isso a prevalência da leitura de margem canônica, que não é um problema de ser apresentada para os alunos, mas é preciso diversificar os materiais literários, e trazer a literatura de margem africana para ser trabalhada também com os alunos do fundamental I.

Sendo assim, no gráfico 8, os alunos foram indagados sobre leituras que tivessem como autoria pessoas negras, e as respostas se deram da seguinte forma:

115 Gráfico 8: Você já leu, no ambiente escolar, livros de autores negros?

14%

86%

Sim Não

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Quando indagados se já haviam lido algum material de autores negros, um total de 86% afirmou não ter tido contato com livros de autores negros. E de fato existe uma falta de conhecimento sobre autores negros, eles não são tão abrangentes no espaço escolar. Até mesmo nas formações disponibilizadas para os professores, quando se tem sugestões de livros literários para serem trabalhados, raramente ou quase nunca são apresentados títulos de autores negros.

Nas bibliotecas escolares, existem um pequeno acervo de livros, sobre a diversidade racial, ou cultura afro-brasileira, mas ainda pouco procurados pelos alunos, e também quase não utilizados pelos professores que talvez pela falta de entendimento do tema, ou insegurança de falar sobre a questão, preferem não trabalhar esses materiais, o que é uma perca para a educação.

Com relação ao conhecimento de manifestações culturais trazidas por negros, as respostas foram as seguintes

116 Gráfico 9: Você conhece alguma manifestação cultural trazida pelos negros?

14%

86%

Sim Não

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

Um total de 86% dos alunos dizem não conhecer manifestações da cultura negra, que também não são vistas com frequência nos ambientes escolares, devido a questão de preconceitos a essas manifestações, que vão de contrário a alguns dogmas da maioria dos alunos. Também tem-se algumas manifestações, como a capoeira e algumas danças que mesmo trazidas para o ambiente escolar, não se dá a ênfase de que essas manifestações são referentes à cultura negra, então muitas vezes os discentes têm o contato, mas não têm entendimento do que são, o que se torna uma forma de desentendimento, e que muitas vezes gera o preconceito.

E como última pergunta do questionário, os alunos foram indagados de como combater as questões de preconceito racial

Gráfico 10: Como devemos combater o racismo no espaço escolar?

81%

19%

0% O racismo na escola pode ser combatido com a inserção de aulas e projetos temáticos sobre a diversidade racial e a cultura africana e afro-brasileira, para permitir um debate mais enfático sobre o tema.

O preparo dos professores para lidar com as questões da diversidade racial e práticas antirracista é um fator de importância no espaço educacional.

Não creio que seja preciso um debate constante sobre a cultura africana e afro-brasileira, pois os conteúdos são mais relevantes para o ensino.

Fonte: Pesquisa direta, 2021.

117 Nesse caso, 81% dos alunos dizem que a escola deveria inserir mais aulas e projetos temáticos sobre a diversidade racial e cultura africana e afro-brasileira. Percebemos por essas respostas que o trabalho com esse tema, se torna válido, por ser até mesmo uma exigência dos alunos, para entender o que vem a ser a diversidade cultural e como tratar a questão do racismo, pois como afirma Ribeiro (2018), todos nós precisamos entender sobre o racismo para podermos combater, todos nós deveríamos ser antirracistas, para podermos viver em uma sociedade mais justa. E trazer essa discussão é atravessar os muros escolares, é tratar de uma formação social e que está presente nas relações dos alunos. Mesmo os que não são negros precisam entender sobre o racismo e suas consequências para a sociedade, essa é uma forma de aproximar escola e sociedade.

Além disso, 19% dos alunos acham pertinente o preparo dos professores para lidar com a diversidade racial e práticas antirracistas. Como já dito anteriormente, o debate sobre o racismo precisa ser uma constante na sala de aula, e para esse trato é imprescindível que os professores tenham formação para abordar o assunto de modo coerente, e emancipador. Dessa forma construímos uma sociedade mais igualitária.

5.4 Aplicação do questionário referente à avaliação da produção colaborativa na