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5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADE E ANÁLISE DOS DADOS

5.1 Desenvolvendo as etapas da sequência didática

O estudo em questão desenvolveu-se por meio da aplicação da sequência didática, seguindo os pressupostos de Costa Hübes (2008), a sequência adaptada levando em consideração o público-alvo, que são alunos do 5º ano. Dessa forma, o trabalho é baseado em leituras do gênero conto e o miniconto, bem como na discussão da temática da cultura africana e afro-brasileira, permeada pelo racismo, para que os colaboradores produzissem seus textos para serem publicados na plataforma Padlet.

A aplicação da sequência proporcionou o estudo de um gênero não tão comum no espaço escolar, que é a escrita de minicontos, gênero que trata de uma linguagem que não se restringe ao ambiente escolar, mas uma escrita perpassada por outros espaços sociais, sendo que os minicontos são facilmente encontrados nas redes, com as quais os alunos tem um contato mais direto. É o que atesta Kleiman (1995), uma escrita de viés social, que promove interação entre os sujeitos.

A BNCC (2018) também reforça em suas diretrizes sobre a escrita de gêneros narrativos como minicontos ainda nas séries iniciais do ensino fundamental, pois traz para o aluno a oportunidade de ativar a criatividade, a questão da escrita ficcional que aguça o imaginário do sujeito, tratando de motivá-lo para a escrita.

81 Diante do apresentado, seguimos com a discussão dos encontros ministrados na sequência, que aconteceram de maneira híbrida, e com parte presencial, principalmente as discussões dos textos e da temática e parte por meio da plataforma Google Meet, como também utilização do grupo de WhatsApp da turma, para colocar pôsteres e informações adicionais, os questionários eletrônicos, assim como a plataforma Padlet, objeto de estudo dessa análise, que coletou os textos dos alunos.

Na presente sequência, foram ministrados 08 encontros, cada encontro com duas aulas simultâneas de 40 minutos, tendo uma participação exitosa dos alunos, público da pesquisa.

5.1.1 Apresentação da situação de comunicação

Nesse encontro, decidimos por trazer os voluntários da pesquisa juntamente com a equipe escolar para apresentação da proposta de sequência, para ouvirmos o que a escola tinha a dizer, bem como levantar as expectativas dos alunos referente à temática de caráter social e à produção textual em uma ferramenta digital. Esse encontro aconteceu após os alunos terem recebido o convite por meio de WhatsApp individual para aceitar a participação nos encontros que seriam ministrados da sequência didática. E após anuência da participação do alunado, seguimos com a intervenção.

Para isso, preparamos o encontro e ele foi ministrado no auditório da escola, seguindo os protocolos de segurança contra a Covid-19, mantendo o distanciamento social necessário entre as pessoas que estavam participando.

Começamos, pois, apresentando em slides a proposta da sequência, trazendo os pontos principais, e o método de aplicação, que seria uma mediação levando em consideração o modelo presencial, mas também as plataformas digitais. Nesse sentido, aproveitamos a volta às aulas, mesmo que de forma híbrida, para acolher os alunos que estavam ávidos pelo retorno à escola, e com isso, a aplicação da sequência foi um momento oportuno de participação dos alunos, sem esquecer o que havia sido aprendido com o processo de isolamento da pandemia, o aprendizado com as novas tecnologias, que mudou a configuração do ensino, e que não podem mais ser dispensadas pelas propostas pedagógicas da atualidade.

Depois de apresentados os objetivos, a temática e a maneira como seriam executadas as atividades, apresentamos um vídeo, denominado “Cores e botas”, o vídeo trazia uma criança negra, cujo sonho era torna-se paquita, no entanto, não se encaixava no perfil de paquitas do programa que a mesma assistia, pois as meninas que faziam parte desse grupo, tinham fenótipo branco e com cabelos lisos e loiros, fugindo a esse padrão, a garota decide

82 participar da seleção, mas como já esperado não é classificada por ser negra, e não possuir cabelos lisos e loiros. Enraivada com a situação, decide escondido de seus familiares mudar a sua aparência, tentando modicar a cor de seus cabelos.

Após a passagem do vídeo, foi aberto um espaço para que os alunos e à gestão escolar que estavam participando pudessem trazer seu ponto de vista a respeito do vídeo, fazendo uma analogia com as crianças que sofrem o racismo velado, e muitas vezes não percebem que são vítimas de preconceito diante do desentendimento da situação, o que é ainda mais prejudicial nessa fase de formação da sua personalidade.

Os comentários foram diversos, o vídeo foi bastante impactante para a equipe da coordenação que estavam participando, e que enfatizaram a importância de se trabalhar o tema na escola, de uma forma mais efetiva e abrangente. Também tiveram alguns comentários que trouxeram uma situação de negação ao racismo, no sentido de que a instituição, lócus da pesquisa, não possuía casos a esse extremo, com ênfase na frase “não que a escola tenha tido esse tipo de reclamação”. No entanto, é oportuno perceber, que muitas vezes as pessoas que sofrem o racismo, no caso de crianças, nem sempre se dão conta da situação de preconceito em que estão envolvidas, acreditam ser uma ofensa por outras questões, e a omissão em falar sobre o tema pode ser muito prejudicial em um futuro não tão distante.

Sendo assim, alguns dos colaboradores, também participaram dessa discussão e algumas meninas falaram da insatisfação com seu cabelo e do desejo de terem cabelos lisos, como os de algumas colegas, pois o seu cabelo dava “muito trabalho”, sendo essa uma visão estereotipada dos cabelos encaracolados, e tal problemática por muitas vezes não é tida como importante para ser tratada no ambiente escolar, precisando ser revista.

Esse encontro, além de trazer a maneira como a intervenção ocorreu, também buscou alertar sobre a importância do debate com o tema do racismo, e formas de como combater práticas racistas. E com isso não se quer dizer que a partir da abordagem do tema, não se vá mais ter questões preconceituosas entre os alunos, pois temos ideia de que essa postura ainda precisa de tempo e uma sensibilização das pessoas. Mas trazer essa vertente, ainda no ensino fundamental I, é uma forma de tratar do tema, mostrando a importância dos povos negros, sua cultura e contribuição, principalmente a nível nacional, e mostrar o preconceito como uma atitude errada e que não pode acontecer. E para isso, a literatura, pode ser um caminho viável e humanizador.

Para finalização desse encontro, os alunos foram solicitados a responderem um questionário eletrônico (Apêndice A), contendo 10 questões que tratavam sobre as acepções dos alunos com relação ao racismo, o que sabem sobre o tema, antes de adentrarmos de fato

83 aos encontros e materiais da sequência. Os alunos puderam responder ao questionário em casa, aqueles que tinham acesso à rede de internet, por meio do link que foi disponibilizado no grupo de WhatsApp da turma. Os discentes que não possuíam acesso à internet, puderam, no dia seguinte que era o encontro presencial, responder ao questionário no laboratório de informática da escola.

5.1.2 Apresentação da situação de comunicação – Falando sobre preconceito

Nesse encontro, ocorrido de maneira presencial, foi de fato onde começamos a trabalhar os passos da sequência com os alunos, depois do momento de apresentação e discussão com a comunidade escolar.

Para tanto, em slides foram apresentadas frases do livro “Pequeno manual antirracista”, de Djamila Ribeiro, as frases foram pré-selecionadas (Anexo A), pois nelas estavam um autorrelato da escritora, que trazia algumas questões de racismo sofridas durante sua vida, de uma forma muito didática, a autora do livro tratava de situações preconceituosas ocorridas em seu cotidiano, que para pessoas brancas possivelmente não se configurariam como preconceito racial.

Desse modo, após o exposto trazido nas frases, os alunos puderam trazer um pouco de sua opinião referente ao contexto abordado. Esse foi um encontro interessante, pois a turma tem uma parcela considerável de alunos negros, e tais alunos tinham muito o que dizer, e se viram refletidos naquelas frases.

Comentários como “tia eu não sei qual é a minha cor”, ou até mesmo “eu não gosto muito do meu cabelo e minhas amigas brancas também não gostam”. Trouxeram também indagações tais como “tia, então mangar do cabelo da gente que é moreno é preconceito?”.

Tais relatos nos mostram que a conscientização sobre o que é prática de preconceito ainda não chegou de forma integral para esses alunos, muitos deles não sabem sequer que estão sendo vítimas de racismo e isso reflete na autoestima da criança, fazendo com que ela passe a ter o discurso da pessoa que é branca como um discurso correto. Outro detalhe importante, foi o silenciamento dos meninos, quase não discutiram sobre o assunto, porém, ficaram atentos as frases e escutaram com atenção a fala das meninas da sala.

Após a discussão das frases, os discentes rascunharam comentários, sobre as suas acepções com relação ao visto, trazendo a opinião deles sobre a questão do racismo, de uma maneira informal, apenas para perceber o que eles poderiam trazer em seus comentários para esse momento.

84 Para encerramos esse encontro ainda foi visto o vídeo “Ninguém nasce racista, continue sendo criança”, um vídeo produzido pela emissora Globo, referente ao racismo, o qual consistia em uma encenação, em que crianças eram convidadas para proferirem frases racistas, retiradas da internet, para uma atriz negra. Quando as crianças liam as frases, em sua maioria, ficavam chocadas, algumas conseguem proferir as frases, outras se emocionam e não conseguem concluir a cena.

Tal vídeo, constituiu-se como impactante para os alunos, devido o teor das frases e as reações das crianças que estavam fazendo parte daquela cena. Alguns alunos se emocionaram com o visto, e também para esse momento foi aberto um espaço de fala, porque muito mais do que conteúdos, o processo de humanização e entendimento do que era o preconceito precisava ser trazido para aqueles alunos.

Tais questões foram bem aceitas pelos discentes que trouxeram falas importantes, e comentários pertinentes sobre o que foi visto no vídeo. Como esperado, os alunos relataram que seus pais já passaram por essa situação, mas que deixavam a prática racista impune, pois é assim que funciona, uma aluna disse o seguinte comentário “é assim mesmo tia, as pessoas dizem, vai negro tu devia era está na senzala, e a gente as vezes não diz é nada, porque sabe que não vai dar jeito”.

Relatos como esse são cruciais para identificar um sistema opressor, que ainda prevalece mesmo diante de tantos debates, sendo que ainda é necessário, que a escola como espaço de letramento trate de maneira mais enfática e esclarecida o tema do racismo, trazendo o público infantil para essa discussão, pois é preciso essa conscientização ainda no período da infância.

Também é percebido, que muitas vezes, acontece de a escola não achar o racismo um debate que vá render em alguma aprendizagem, os discursos se perpetuam de que se gasta muito tempo com sequências temáticas que pouco surtem efeito na aprendizagem conteudista dos alunos. É o que trata Moran, Masetto, Behrens (2013, p. 17)

As escolas se preocupam principalmente com o conhecimento intelectual, e hoje constatamos que tão importante como as ideias é o equilíbrio emocional, o desenvolvimento de atitudes positivas diante de si mesmo e dos outros, e aprender a colaborar, a viver em sociedade e em grupo, e gostar de si e dos demais.

Atitudes de valorização ao próximo são tão relevantes quanto os conteúdos, e com o desenvolvimento dessa sequência, percebemos que mais do que um trabalho de produção intelectual, desejamos fazer com que os alunos consigam se relacionar uns com os outros sem preconceitos ou competições.

85 5.1.3 Módulo de reconhecimento do gênero – A busca por inserção social (personagens negros na literatura)

O terceiro encontro da sequência também ocorreu de maneira presencial. Previamente preparou-se uma página no Padlet, para que os alunos tivessem o primeiro contato informal com a ferramenta, e só assim seria possível saber se eles sentiriam dificuldades com relação ao manuseio da plataforma.

Para isso, um dia antes do encontro presencial, foi inserido na plataforma Padlet o PDF do livro “O mundo no Black Power de Tayó” e uma pequena biografia da escritora Kiusam de Oliveira. Após o feito, o link da página, previamente preparada pela professora pesquisadora, foi disponibilizado no grupo de WhatsApp da turma, e assim foi comunicado que os alunos podiam acessar a página por meio do link, abrir o PDF do livro, ou baixar caso achassem necessário, mas caso não quisessem baixar o arquivo era possível à leitura de todo o material por meio do Padlet.

No dia seguinte, começamos a discussão perguntando as impressões dos alunos com relação ao contato que tiveram com a ferramenta, se conheciam essa plataforma e o que acharam do texto está presente nesse espaço. Os comentários foram variados, de alunos que acertaram de primeira manusear a ferramenta e fizeram a leitura do texto por meio dela, alguns ressaltaram a questão de colocar comentários sobre o livro, outros ainda disseram que parecia com o instagram, e também tiveram alguns alunos que acharam difícil de manusear, e que ficaram um tanto perdidos sem saber qual o comando que deveriam fazer para acessar o texto.

Tais comentários foram pertinentes e interessantes para o início da discussão. Para tanto, foi dito que essa seria a ferramenta de produção escrita da sequência, e que posteriormente os discentes também iriam poder inserir seus textos naqueles mecanismos. O que despertou a curiosidade dos alunos, que se demonstraram interessados em fazer perguntas tais como: “professora, a gente pode ter uma página?”, “vamos poder ver os textos dos colegas?”, “podemos colocar tipo, fotos nessa página?”, entre outras perguntas com relação às potencialidades da ferramenta.

Deixando um pouco de lado a curiosidade dos alunos, seguimos com o foco do encontro que foi a leitura compartilhada do material, os discentes em sua maioria, devido a curiosidade do novo veículo de leitura, já haviam feito uma leitura prévia do livro.

86 Nesse sentido, realizamos uma leitura compartilhada da obra “O mundo no Black Power de Tayó”5, apresentada por meio de slides, para que todos os presentes pudessem visualizar o livro. Fizemos durante esse processo paradas estratégicas da história para explicar quem era Tayó, e a importância de sua história.

O livro traz a contação de história da vida de Tayó, sua ancestralidade e sua percepção com relação ao povo negro, em uma linguagem simples o livro trata não só de questões voltadas para o preconceito, mas ressalta a beleza da cultura africana, e o quanto essa cultura tem a nos ensinar, trazendo sua importância para uma abordagem no espaço escolar.

Os alunos eram indagados sobre as partes do livro e também sobre as questões multimodais, como as imagens presentes no texto, da ilustradora Thaisa Borges, que enchiam os olhos com a profundidade das ilustrações, trazendo os fenótipos da menina Tayó com muita precisão, bem como ressaltando o seu penteado, o cabelo Black Power, a parte do corpo que Tayó mais gostava, pois o seu cabelo era sua identidade.

Nesse momento de leitura, fomos realizando paradas estratégicas para ouvir o que os discentes tinham a dizer, e muitas meninas se identificaram com a história e com os traços negroides de Tayó, questões como, dizer que “meu nariz, tia, parece com o dela”, “ meus olhos também parecem muito com os de Tayó”, e foi percebido durante essa leitura a representatividade que é tratada, as alunas negras se viam na imagem de Tayó, e nisso se sentiam importantes e bonitas, percebiam que o nariz largo, o cabelo Black Power eram qualidades que estavam sendo ressaltadas em uma literatura, questões que pouco são vistas no dia a dia desses alunos.

Ainda nesse encontro, foram abordadas algumas características do gênero conto, como sendo uma narrativa que gira em torno de um conflito, tendo essa narrativa um início, meio e fim, que prende a atenção do leitor, com personagens, espaço e tempo. Situações que os alunos puderam identificar na leitura do livro.

Em seguida, solicitamos que algumas questões de interpretação fossem realizadas pelos discentes (Anexo B), referente à leitura do livro, não traremos a análise dessas atividades, pois esse não é o foco desse trabalho, as atividades tinham o objetivo de que os alunos entendessem mais sobre a temática do livro, os ajudando para a posterior escrita.

5 link de acesso a obra “O mundo no Black Power de Tayó”

https://drive.google.com/file/d/1FoMk6eYm2TNTqQWh4EwBh7l0bo0cp1Sm/view?usp=sharing. O PDF disponível no drive da professora pesquisadora, se trata de um compilado, em que por não encontrar o livro em sua versão digital em sites de confiança, foram escaneadas às páginas do livro em questão, com alguns recortes, para ser trabalhado com os alunos participantes dessa pesquisa, para que esses tivessem acesso ao material, bem como para inserção nessa pesquisa e aberto aos que sentirem interesse na leitura, que possam realizá-la por meio desse drive. Nesse sentido, o livro não está na integra, pois foram realizados cortes que não prejudicam na leitura e entendimento do texto, mas para ficar de forma mais clara e didática para os alunos, público do trabalho.

87 Por se tratar de alunos do 5º ano, as atividades escritas são necessárias para fixação do que é visto, pois ainda sentem uma certa dificuldade de expressarem suas opiniões de maneira mais organizada e por isso é necessário o exercício de atividades interpretativas para melhoria de seu potencial criativo e de argumentação.

5.1.4 O Movimento Black Power

O quarto encontro se deu de maneira presencial, e para essa aula nos aprofundamos no tema do cabelo Black Power, com o texto, presente nas atividades da sequência “O movimento Black Power” (Anexo C), tal texto trouxe informações como o surgimento desse movimento e seus líderes, o que chamou a atenção dos alunos, o fato de não ser um movimento tão novo, mas mesmo assim, ainda hoje as pessoas tratam o formato do cabelo Black Power com preconceito. Com isso, os alunos ainda fizeram alguns comentários, ressaltando que já haviam sofrido preconceito com relação ao cabelo, com expressões como

“você tem o cabelo ruim”, “tu não pode ajeitar esse cabelo, está tão assanhado”, entre outras situações expostas pelos discentes que demostravam um certo desconforto, por não ter os cabelos lisos, como impusera o padrão.

Após a leitura e discussão do texto, foram apresentados por meio de slides, imagens de personalidades negras, para saber se os alunos conheciam aquelas pessoas, eram as personalidades “Chico Cezar”, “Seu Jorge”, e “Paulo Sérgio Campos”, mais conhecido como Cirilo da novela carrossel.

Por se tratar do público infantil, os alunos identificaram o ator Cirilo como conhecido e o cantor Seu Jorge, por ser mais famoso no universo da música, em sua maioria não sabiam quem era Chico Cezar. Personalidade essa que não estava certamente em seu convívio, e que não foi apresentado a esses alunos, por achar que sua história talvez não fosse pertinente para ser passada.

Nesse sentido, os alunos receberam uma ficha (Anexo D), com essas personalidades, e nos direcionamos a sala de informática da escola, para realizarmos uma pesquisa sobre dados biográficos dessas personalidades. Os alunos se sentiram motivados com essa pesquisa, depois de alguns comentários sobre cada um deles, como o de que Chico Cezar também ser um paraibano, então nosso conterrâneo de estado, o que despertou a curiosidade dos discentes em buscar informações sobre esse; mais tarde puderam ser compartilhadas com a turma as pesquisas realizadas, e essas foram bastante satisfatórias na maneira como foram trazidas pelos alunos.

88 Seguindo com as atividades, para finalizar esse encontro ouvimos a música “Problema social” de Seu Jorge (Anexo E), para refletir o lugar do negro na sociedade, gerando mais uma vez uma discussão da marginalização do povo negro, que precisa o tempo todo lutar por seus direitos, que não são respeitados. A letra da música fez com que alguns alunos também trouxessem depoimentos de colegas, que precisam trabalhar para ajudar os pais e por serem negros, não se acham no direito de frequentar os bancos escolares, pois tal situação não gera renda, não podem nos bancos da escola ajudar os pais nos suprimentos de casa, uma realidade com a qual os alunos já tem uma certa familiaridade, ou por passarem pela situação ou conhecer alguém que passa pela questão.

5.1.5 Módulo de reconhecimento do gênero Miniconto – Seleção de minicontos africanos

O quinto encontro, também se desenvolveu de maneira presencial. Para esse momento os alunos tiveram o contato com o livro “Contos e minicontos africanos”, aos quais foi apresentada inicialmente a materialidade do livro, explicando aos alunos que se trata de um E-book, um livro digital, que tem sua versão impressa graças à Editora Pindorama, e assim os alunos tiveram o contato com o livro impresso inicialmente, mas sua versão digital foi encaminhada para os alunos por meio do grupo de WhatsApp da turma, para que pudessem desfrutar da leitura dos contos e minicontos existentes naquele material.

Para essa parte do encontro, também foi utilizado o data show, para apresentar aos alunos com mais nitidez e de maneira mais abrangente as partes do livro, em que analisamos o sumário, as gravuras iniciais, e fomos para uma breve explicação de quem era a organizadora do livro, sendo assim, foi apresentada a professora Daiane Katiuscia, trazendo um pouco de sua história e a nobre iniciativa de construir um E-book com os textos de seus alunos, sendo esse um projeto pedagógico de extrema valia para ser trabalhado na escola.

Do livro em questão, foram selecionados para leitura coletiva por meio de slides, um conto e três minicontos de título “O racismo na escola” (Anexo F), o conto “O sonho de Ananda” (Anexo G), “A princesinha negra” (Anexo H) e “A cultura africana” (Anexo I). A leitura dos textos selecionados aconteceu de forma partilhada e com paradas estratégicas para comentários dos alunos, também foi ressaltado no momento de leitura que os textos com os quais os alunos estavam tendo contato, também foram escritos por alunos, com mesma faixa etária, e isso fez com que a atenção da turma redobrasse, pois tratava-se de uma leitura que parecia com seu contexto de escrita, se aproximava de suas vivências, ponto importante a ser ressaltado no momento de trazer uma leitura para os alunos .