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C APÍTULO 18: A LGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO P ÚBLICO DOS MUSEUS

No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 141-147)

Como dissemos na Introdução da presente Tese, não desenvolvemos o assunto dos públicos dos museus de uma forma sistemática e abrangente, porque não encontrámos para a maior parte dos estabelecimentos estudados qualquer dado sobre os visitantes. Tal poder-se-á justificar, em primeira linha, pela existência precária de alguns daqueles equipamentos, às vezes só existentes no papel, com frequência em processo de instalação e por isso encerrados ao público, a tempo inteiro ou parcial.

A existência de números absolutos nem sempre é fácil de estabelecer, mesmo quando existem livros de visitantes. A configuração e a localização destes no final do percurso expositivo deixam em aberto várias hipóteses. A primeira é a de nem todos os visitantes quererem deixar registada a sua assinatura, outra é a de, por vezes, os visitantes poderem não se aperceber da existência de um livro do género para testemunhar a sua estada no museu ou até não saberem escrever.

Será mais importante vislumbrar no processo histórico as tendências que podem ou não suscitar um maior afluxo de público.

A primeira está estreitamente ligada com a importância educacional crescente dos museus, colocando-os num lugar de destaque como extensões da educação formal ministrada nas escolas e universidades, ou da instrução e formação cívica da sociedade em geral, justificando a gratuidade das entradas na maior parte das instituições.

A segunda remete para a relevância económica dos museus, tidos como importantes meios de desenvolvimento do Turismo, atividade que ganha maior preponderância no primeiro ano da República, e que como vimos motivou a realização no nosso país, do IV Congresso Internacional de Turismo, no âmbito do qual surgiu o Museu do Palácio Convento de Mafra. Começa a haver o entendimento de que ao abrir-se um museu está a ampliar-se significativamente a probabilidade de atrair visitantes e por seu turno as respetivas divisas.

A terceira prende-se com a ameaça de paralisação e degradação das vias de comunicação terrestre e marítima, a ameaçar paralisação e degradação. Contudo, o desenvolvimento das estruturas de suporte ao Turismo e à Economia em geral mobilizaram mais sensibilidades para a necessidade de incremento, interrompido com a eclosão da I Guerra Mundial260, mas num ritmo que denota crescimento.

260 Antes da I Guerra Mundial, o Anuário Comercial referia que das 5 mil povoações citadas só 400 eram

A quarta, intimamente relacionada com a anterior, está relacionada com o aumento bastante significativo do número de veículos automóveis e de transportes coletivos terrestres (ferroviários, automóveis e marítimos) durante a República, encurtando as distâncias e o tempo dispendido nas deslocações, e possibilitando o aumento do número de passageiros em circulação pelo país, ou seja, de potenciais turistas261.

Encontrámos algumas referências a números de visitantes aos nossos museus que, embora não nos permitam uma visão sistematizada e comprovem a inconsistência no fornecimento de dados, deixam em certos casos entrever a tendência para um crescimento do número de visitantes nos estabelecimentos que foram oferecendo maior estabilidade ou evolução no seu funcionamento. A falta de dados regulares permite-nos perceber que muitos dos museus estavam mais preocupados em sobreviver às incertezas

tração animal. Apesar de tudo, entre 1900 e 1930 a rede ferroviária aumentou de 2380 para 3424 Km. A rede de estradas também não apresentava perspetivas animadoras, apesar da legislação produzida para mudar a situação: em 1913 o Governo de Afonso Costa fez aprovar uma Lei (22 de fevereiro) promissora para o incremento rodoviário, através da reclassificação das estradas e da autorização para a contração de empréstimos para a conclusão de lanços já iniciados e para a reparação de outros; a criação da Administração Geral das Estradas e Turismo por Decreto de 17 de outubro de 1920, em que se incluía um Fundo de Viação e Turismo; A Lei de 3 de setembro de 1924 autorizando a contração de um empréstimo de 15 mil contos para reparação de estradas. Quando a República foi instaurada havia 16 mil km de estradas, em 1925 havia 13387 km de estradas nacionais e distritais e 4 mil km de estradas municipais, o que revela apesar de tudo um ligeiro aumento dos quilómetros de estradas, sobretudo ocorrido antes da Guerra. Os portos marítimos nacionais, poucos e mal apetrechados, padeciam de grandes deficiências, que se mantiveram devido ao desvio de fundos para o esforço de guerra, e apesar de começarem a surgir Juntas Autónomas nos portos do país a partir de 1910, apostadas em empreender melhoramentos. Cf. MARQUES, A.H. de Oliveira e ROLLO, Fernanda, «Os meios de circulação e distribuição» in SERRÃO, Joel e MARQUES, A.H. de Oliveira (Dir.), Nova História de Portugal: Vol. XI: Portugal da Monarquia

para a República, Editorial Presença, Lisboa, 1991, 1.ª ed., pp. 146-163.

261 Ibidem, p. 155-161: Em 1916, Portugal era o 11.º país da Europa no que tocava ao número de

automóveis e camiões. Em 1923 deu-se um surto enorme no número de veículos existentes (entre carros, camiões e motociclos). Entre os períodos antes e após a I Guerra Mundial, o número de veículos aumentou sete vezes, com Lisboa a diminuir a percentagem diferencial relativamente ao resto do país, que se motorizava significativamente. Em 1926 no norte havia 80 carreiras de camioneta para transportar passageiros e no sul 50. O próprio número de embarcações mercantes a vapor e à vela de origem portuguesa revela o crescimento da movimentação de pessoas e mercadorias nos portos nacionais. Cf. SERRÃO, Joaquim Veríssimo, História de Portugal: volume XII: A Primeira República (1910-1926):

História Diplomática, Social, Económica e Cultural, Editorial Verbo, 2001, 2.ª ed., pp. 215-219: O

incremento da rede de caminhos-de-ferro foi visto pela República como um instrumento para a consolidação do próprio regime político, daí que tenha merecido a atenção dos Governos, apesar dos constrangimentos financeiros para o seu incremento. Durante a República foram adjudicados vários concursos públicos ou aprovados vários projetos para construção de lanços de via férrea: Portalegre (1913); Lagos (1914); linha entre Moura e Chaves, na margem esquerda do Tâmega (1915); abertura do entroncamento de Garvão, pala ligar as linhas do Vale do Sado e do sul e sueste (1915); ligação ferroviária entre Vila Real de Santo António e Aiamonte – Huelva (1915). A República, maculada pela participação portuguesa na Guerra, conseguiu, ainda assim, concretizar: a ligação ferroviária entre Grândola e o Lousal com passagem por Canal Caveira e ligando-se ao eixo ferroviário centro e sul; em 1920 foram estabelecidos comboios diretos diários entre Lisboa e Porto; em julho de 1922 foi inaugurado o ramal ferroviário de Portimão a Lagos; etc.

conjunturais que os influenciavam do que em contabilizar os agentes tidos como a principal razão da sua existência: os visitantes. Eis alguns exemplos:

- José de Figueiredo identifica um público do Museu Nacional de Arte Antiga constituído sobretudo por pessoas das classes médias e laboriosas, em detrimento das elites sociais e culturais262. João Couto refere num relatório de 1924 que no âmbito da exposição temporária da Vista Alegre, aquele museu «viu as suas salas, contrariamente ao que sucéde, repletas de visitantes»263. Os totais anuais de visitantes nacionais e estrangeiros do MNAA nos anos de 1920 e 1921264, enviados como dados estatísticos solicitados pelo Diretor Geral de Estatística são casos isolados detetados em copiadores de correspondência, mas dão claramente uma ideia de que o número de visitantes portugueses era significativamente superior.

- No caso do Museu Regional de Évora, António Alegria refere unicamente o número de 1680 visitantes265 no ano de 1922.

- A apresentação de totais anuais pelo Jardim Zoológico e de Aclimação de Lisboa para todos os anos do Regime é um caso quase único, que pode ser apreciado no capítulo respetivo.

- Temos dados para o Aquário Vasco da Gama para o período compreendido entre 1910 e 1921, período para o qual foram publicados relatórios pormenorizados sobre todos os aspetos relacionados com a vida da instituição, e que serão oportunamente referidos. - Uma referência isolada aos 5911 visitantes do Museu Etnológico Português no ano de 1914, entre especialistas, curiosos e estudantes de vários níveis e estabelecimentos de ensino266.

262 Cf. Entrevista de António Cobeira a José de Figueiredo na rubrica «Cronica Occidental», in Occidente,

Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, Caetano Alberto da Silva, Lisboa, 30 de novembro de

1912, 36.º Ano, n.º 1221, p. 258: «E visto falar-lhe de frequencia, embora ela não seja o que devia sêr, é,

comtudo, maior do que muita gente supõe. As altas classes, salvo os amadôres, não o frequentam tanto como seria para desejar, mas as classes medias e baixas visitam-no bastante. Como anteriormente á minha vinda para aqui, não havia mapa dessa frequencia, falta-me o elemento de comparação para averiguar da maior ou menor progressividade dessa frequencia. Mas atualmente e apezar do Museu só estar patente ao publico, por falta de guardas, ás quintas-feiras e domingos, essa frequencia passa normalmente de 3:000. Em um só dos ultimos domingos, excedeu 1:000, sendo tanta que foi necessario que se reforçasse a guarda habitual».

263 Cf. MNAA, AJF, Caixa 3, Pasta 3, Secção 3.4., Doc. 1: Relatório de João Rodrigues da Silva Couto,

Conservador Adjunto do Museu, dirigido ao Diretor, o Dr. José de Figueiredo, em 28 de agosto de 1924. Ver Doc. 10 em Apêndice Documental).

264 Visitantes no ano de 1920: Nacionais: 16742; Estrangeiros: 750; Total: 17492; Ano de 1921:

Nacionais 17833; Estrangeiros: 987; Total: 18820. Cf. MNAA, Copias da Correspondencia Remetida, Livros n.º 2 e 3.

265 Cf. ALEGRIA, António Miguel, «O Museu de Évora e o seu Público / Rupturas, Inovações e

Continuidades (1915/1999)», in A Cidade de Évora: Boletim de Cultura da Câmara Municipal, Évora, 2001, II Série, n.º 5, pp. 365 e 366.

- Os números apurados por Henrique Coutinho Gouveia no livro de visitantes do Museu Regional e Paroquial de Lorvão267, criado com os pretextos de valorização do Mosteiro, fixação do património na localidade e atração turística, revelam um aumento consistente do número de visitas.

- Ao longo dos seus boletins, a Sociedade de Geografia de Lisboa foi publicando os relatórios anuais da sua atividade, nos quais figuraram os números de visitantes precisamente até 1926268, com um claro declínio ao longo de todo o período estudado. - O livro de visitantes do Tesouro da Colegiada da Oliveira aberto em 1899 dá-nos a conhecer o número de visitantes nacionais e estrangeiros até 1931269, com um hiato relativo aos anos de 1914 a 1917 e ao de 1919.

266

Cf. VASCONCELOS, José Leite de, Historia do Museu Etnologico Português: 1893-1914, Imprensa Nacional, Lisboa, 1915, p. 341.

267 Visitantes entre julho e dezembro de 1921: 368; em 1922: 91 (sem registo nos meses de agosto,

outubro, novembro e dezembro); em 1923: 274 (sem registo nos meses de janeiro a março); em 1924: 416; em 1925: 736; em 1926: 868. Cf. GOUVEIA, Henrique Coutinho, Para a história dos Museus

Locais em Portugal: a propósito da criação do Museu de Lorvão, col. Estudos e Materiais, Instituto

Português do Património Cultural, Departamento de Etnologia, Lisboa, 1984, n.º 5, pp. 13, 14 e 31.

268 Totais de visitantes entre 1910 e 1926: 1910 – 50000; 1911 – 30000; 1912 – s/n; 1913 – 23000; 1914 –

22716; 1915 – 38000; 1916 – 25000; 1917 – 26856; 1918 – s/n; 1919 – 15000; 1920 – 20000; 1921 – 12000; 1922 – s/n; 1923 – 5000; 1924 - 4000; 1925 – s/n; 1926 – 3500. Cf. PEREIRA, Maria Manuela Cantinho, Museu Etnográfico da Sociedade de Geografia de Lisboa. Modernidade, Colonização e

Alteridade [Texto Policopiado], Tese de Doutoramento em Antropologia Social, ISCTE, Lisboa, 1999, p.

429.

269 No livro de visitantes identificam-se visitantes nacionais das seguintes localidades ou regiões (por

ordem alfabética: Abrantes, Aguada de Cima (Águeda), Águeda, Aguda, Airão (Guimarães), Alcobaça, Alenquer, Algés, Almodôvar, Alter do Chão, Alandroal, Altura, Amadora, Amarante, Amares, Anadia, Angra do Heroísmo, Arouca, Arcos de Valdevez, Aveiro, Azurara (V. Conde), Baião, Baltar, Barcelos, Barquinha, Barreiro, Beja, Besteiros, Bouças, Braga, Bragança, Cabeceiras de Basto, Cabeço de Vide, Caldas da Rainha, Caminha, Campo Maior (Portalegre), Carrazeda de Ansiães, Casa Branca, Castanheira de Pêra, Castelo Branco, Castelo de Paiva, Castro Daire, Celorico de Basto, Cernache do Bonjardim, Chaves, Coimbra, Coimbrões (V. N. de Gaia), Colares, Covilhã, Cucujães, Custóias, Eixo (Aveiro), Elvas, Entre-os-Rios, Ervedal, Ervedosa (Vinhais), Escalhão (Fig. Cast.º Rodrigo), Esmoriz, Espinhel, Espinho, Esposende, Estarreja, Estremoz, Évora, Fafe, Famalicão, Fanzeres, Faro, Felgueiras, Ferreira do Zêzere, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Freamunde, Freixo de Espada à Cinta, Fronteira, Funchal, Fundão, Golegã, Gondomar, Gouveia, Grijó, Guarda, Guimarães, Ílhavo, Lamego, Leça da Palmeira, Leiria, Lisboa, Lousã, Lousada, Mação, Madeira, Maia, Margaride (Felgueiras), Marinha Grande, Matosinhos, Mêda, Melgaço, Mesão Frio, Mirandela, Mogadouro, Moimenta da Beira, Moita, Monção, Montemor-o-Novo, Murça, Murtosa, Negrelos (Santo Tirso), Nisa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Paços de Ferreira, Paredes, Pedrógão Grande, Penafiel, Penela, Penela da Beira (Penedono), Pevidem (Guimarães), Pinhel, Ponta Delgada, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Portalegre, Portimão, Porto, Praia do Ribatejo, Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Varzim, Redondo, Ribeira de Pena, Rio Tinto, Régua, Reguengos, Ruivães, Santarém, Santa Maria da Feira, São Mamede de Infesta, São Martinho do Campo, São Martinho do Porto, São Pedro do Sul, São Torcato (Guimarães), Santo Tirso, Serpa, Setúbal, Sinfães, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Soure, Sousela (Lousada), Taipas (Guimarães), Terras de Bouro, Tomar, Torres Novas, Torres Vedras, Valença, Valongo, Valpaços, Viana do Castelo, Vieira de Leiria, Vieira do Minho, Vila da Ponte (Sernancelhe), Vila de Rei, Vila do Conde, Vila Flor, Vila Nova de Gaia, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Ourém, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real, Vila Real de Santo António, Vila Verde, Vilarinho do Bairro (Anadia), Vimioso, Vinhais, Viseu, Vizela, Vouzela; das antigas colónias: Angola (Luanda, Malanje), Cabo Verde (Ilha do Fogo) Goa, Guiné, Moçambique (Beira, Lourenço Marques, Quelimane), S. Tomé, Timor (Díli); também identificámos visitantes de outros países e ou regiões estrangeiras: Alemanha (Augsburgo, Baden-Baden, Berlim, Dusseldorf,

- Um relatório de 1924 sobre o Museu Camilo em S. Miguel de Seide, da autoria do primeiro Diretor, José de Azevedo e Menezes, dá-nos um total de 320 visitantes para um período compreendido entre 15 de outubro de 1922 e 6 de abril de 1924;

- O Livro de Visitas do Museu Municipal de Moura indica-nos um total de 995 no período compreendido entre 31 de Julho de 1915 e 31 de Março de 1926.

- Tito Larcher indicou, nos seus relatórios do Museu Regional de Leiria, dados estatísticos para os anos de 1917, 1918 e 1919, correspondendo aos anos em que o museu esteve aberto com regularidade.

- A Sociedade Martins Sarmento, por exemplo, só começou a preocupar-se com a contabilização dos visitantes em 1934.

- Através da Revista de Turismo conhecemos o número de visitantes do Museu Rafael Bordalo Pinheiro no ano de 1916, ascendendo aos 518270.

A própria Direção Geral de Estatística apresentou grandes inconsistências no fornecimento de dados sobre os visitantes dos museus, o que desde logo nos permite levantar várias hipóteses sobre o assunto, desde a própria irregularidade de inquirição e divulgação de números por parte dos serviços estatísticos, o não fornecimento sistemático de informações por parte das instituições e a pouca preocupação destas em fazer o levantamento ou tratamento desses dados. Atentando aos Anuários Estatísticos publicados para o período estudado, verificamos que só o do ano de 1919 apresenta números, circunscritos a um universo muito limitado de museus. Os estabelecimentos e os números de visitantes referidos são os seguintes: Museu Nacional de Arte Antiga – 14131; Museu Nacional de Arte Contemporânea – 4390; Museu Nacional dos Coches – 19766; Museu Regional de Évora – 700; Museu Regional de Faro – 500; Museu de Arte Sacra da Sé de Coimbra – 600; Museu Machado de Castro – 4100; Museu Grão Vasco – 2685; Museu Municipal Francisco Tavares Proença Júnior – 4000; Museu Municipal Santos Rocha – 442; Museu Regional de Aveiro – 6000; Museu Regional de Lamego – 20000; Museu Regional de Leiria – 682; Museu Municipal do Porto – 1452; Museu

Hamburgo, Pomerânia), Argentina, Áustria, Brasil (Baía, Campinas, Lagoa, Manaus, Maranhão, Niterói, Pará, Pernambuco, Petrópolis, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo), China (Xangai), Espanha (Cádis, Madrid, Vigo), Escócia (Edimburgo), França (Bar-le-Duc, Le Hâvre, Paris), Honduras, Inglaterra (Londres, Preston), Irlanda (Cork), Itália (Bolonha, Florença), Rússia (São Petersburgo, Sibéria), Uruguai (Montevideu). Os totais de visitantes entre 1910 e 1926 constam: de outubro a dezembro de 1910: 4; 1911: 188; 1912: 2; 1913: 17; 1918: 2; 1920: 70; 1921: 285; 1922: 303; 1923: 375; 1924: 238; 1925: 183; 1926 (até ao 28 de maio): 19.

270 Cf. «Museu Rafael Bordalo Pinheiro – Estatística d‟este Museu», in Revista de Turismo, Lx., 20 de

Municipal Azuaga – 720; Museus da Sociedade Martins Sarmento – 578; Museu Regional de Bragança – 160271.

Vários registos referem as condições de acessibilidade aos museus por parte do público, numa tentativa de definir os seus direitos e obrigações. As principais referências surgem-nos nos regulamentos internos, que disponibilizam não só os horários de abertura, muitas vezes fazendo a destrinça entre um público especializado e o público geral, como também as normas de acesso, normalmente relacionadas com a segurança e a reprodução dos objetos em exposição.

Podemos afirmar que a República intensifica a dimensão pública do museu, materializada em diferentes aspetos: a tendência para o alargamento dos horários de abertura ao público; a publicação de catálogos das coleções; a multiplicação dos grupos de amigos, refletindo uma maior participação cívica na vida das instituições; uma maior preocupação com a seleção dos objetos em exposição e com a produção de um discurso museográfico descodificado e acessível a todos os visitantes.

Viajemos agora pelo universo museológico nacional.

271 Cf. Direção Geral de Estatística, Anuário Estatístico de Portugal – Ano de 1919 – Capítulo IV –

No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 141-147)