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C APÍTULO 17: A DISSOLUÇÃO DOS M USEUS J ESUÍTAS E O M USEU DAS

No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 131-141)

CONGREGAÇÕES

«Este admiravel museu que faz honra ao seu organisador – Snr. Borges Grainha – está destinado a ser uma das secções para o estudo da historia das religiões»

José de Castro, 9 de março de 1925.239

Como já salientámos, a implantação da República retomou as leis que expulsaram os Jesuítas (1759, 1767) e extinguiram as ordens religiosas (1834). Em 8 de outubro de 1910 foram nacionalizados por completo os bens dos primeiros240 e colocadas debaixo da tutela do Estado as coleções das congregações dissolvidas, autorizadas pelo Decreto de Hintze Ribeiro, de 18 de abril de 1901. Para arrolar os bens foi constituída, por Portaria de 27 de dezembro de 1910, a Comissão Jurisdicional dos bens das Extintas Congregações Religiosas241.

A este ambiente de espoliação e destruição não escaparam os museus dos colégios jesuítas já referidos, tendo sido saqueados, vandalizados e dispersos, sem que o Governo tenha tomado a tempo «as providências necessárias para o evitar»242. Esta situação gerou protestos da comunidade científica nacional e internacional, que utilizou a imprensa para apontar o dedo à lamentável perda das coleções, ainda que parcialmente conservadas por diversos museus do Estado ou recuperadas pelos proprietários, mediante intercessão dos governos dos seus países de origem. Falamos mais de uma perda do ponto de vista científico, dada a expulsão dos naturalistas que as formaram, entendiam e podiam documentar de forma sistemática, a fim de terem aproveitamento para a ciência. Algumas foram irremediavelmente perdidas e dispersas, sobretudo as dos naturalistas de nacionalidade portuguesa e as do Colégio de S. Fiel, cuja comissão nomeada pela República para fazer o arrolamento dos bens impediu a sua restituição.

239 Cf. ANTT, AC.Liv.1239, Livro de Honra do Museu das Congregações, p. 1.

240 Cf. Decreto de 8 de outubro de 1910, in Diário do Governo, n.º 4, 10 de outubro de 1919, p. 18, art.

8.º: «Os bens das associações ou casas religiosas serão arrolados e avaliados, precedendo imposição de

sellos; e os das casas occupadas pelos jesuítas, tanto moveis como immoveis, serão desde logo declarados pertença do Estado». - http://dre.pt/pdf1sdip/1910/10/00400/00170018.pdf (consulta efetuada

no dia 25 de outubro de 2012).

241 Em 6 de abril de 1911 foi promulgado um DFL do Ministério da Justiça, atualizando as competências

da CJBECR. Cf. Diário do Govêrno, I Série, n.º 80 de 7 de abril de 1911, pp. 1459-1460. http://dre.pt/pdf1sdip/1911/04/08000/14591460.pdf

242 Cf. MENESES, Maria de Fátima Pinto de, «Museus e ensino em Portugal – os museus escolares dos

Colégios Jesuítas», in Estudos de Castelo Branco: Revista de Cultura, junho de 2006, Nova Série, n.º 5, pp. 163-189 / julho de 2007, Nova Série, n.º 6, pp. 164 e 196.

A expulsão dos padres da Companhia de Jesus e das outras congregações ocasionou a desocupação de vários imóveis. Entre esses edifícios encontrava-se a Residência da Rua do Quelhas (6), para onde Manuel Borges Grainha243 – vogal da CJBECR –, transportou os documentos e objetos que Afonso Costa o encarregou de coligir e estudar244

A partir de junho de 1911 começaram efetivamente a chegar remessas de livros, manuscritos e diversos objetos (móveis, imagens, estátuas, hábitos, quadros, retábulos, entre outros), provenientes de diversas casas congreganistas, sendo entregues ao cuidado de Borges Grainha, que os acondicionou paredes-meias com o Museu da Revolução e com o Vintém Preventivo, ocupando também a antiga biblioteca e igreja da residência jesuíta.

A formalização da existência do Museu das Congregações só aconteceu com a promulgação do Decreto n.º 3410 de 28 de setembro de 1917, do Ministério da Instrução Pública. Considerava-se urgente sistematizar, mediante organização, classificação, catalogação e instalação conveniente, todos os bens recolhidos entre as casas religiosas, para servirem a instrução do povo e os estudos dos eruditos e historiadores. Partindo destas premissas e das instruções de Júlio Dantas – Inspetor das Bibliotecas Eruditas e Arquivos – para que se constituísse um arquivo especial, por proposta dos Ministérios da Justiça e dos Cultos e da Instrução Pública foi decretada a criação do Arquivo das Congregações (AC), na dependência do segundo Ministério, por intermédio da Inspecão das Bibliotecas Eruditas e Arquivos. Em questões

243 Manuel Borges Grainha nasceu na Covilhã em 14 de janeiro de 1862, tendo-se mudado para Lisboa

depois de romper com os estudos sacerdotais que o ocuparam até 1886, para frequentar o Curso Superior de Letras, que concluiu em 1899. Dedicou-se então ao ensino, mas também à escrita pedagógica e política. Simpatizante dos ideais republicanos, revelou-se um aceso anticlericalista, publicando artigos desse teor na imprensa. Foi também maçon, tendo sido iniciado na Maçonaria em 1893. Uma portaria de 24 de novembro de 1921 encarregou Borges Grainha de fiscalizar a aplicação da Lei da Separação e restantes leis congreganistas. Morreu em Lisboa no dia 4 de abril de 1925.

244 Cf. «Arquivo das Congregações» in Arquivo Nacional Torre do Tombo,

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=1217649 – consulta efetuada em 24 de outubro de 2012. Fig. 13 – Apreensão dos bens dos Jesuítas no Colégio do Quelhas.

organizacionais, tendo em conta a tipologia dos bens acumulados, o AC ficava subdividido em três secções independentes: arquivo, biblioteca e museu.

O Museu das Congregações compreendia iconografia, indumentária religiosa, liturgia, mobiliário, bandeiras e material pedagógico245.

O Decreto deu azo a que os objetos recolhidos desde o início da República se separassem pelas diferentes secções e se tomassem as restantes providências para abrir o museu e biblioteca ao público. Em termos de recursos humanos, o diploma em análise simplesmente confirma na Direção do AC, em comissão de serviço gratuita, Manuel Borges Grainha, proposto pela Inspeção das Bibliotecas Eruditas e Arquivos, a quem incumbia também destacar para o serviço funcionários adidos.

O Decreto de 8 de maio de 1918 concedeu autonomia administrativa às bibliotecas e arquivos do Estado, ficando o Inspetor das Bibliotecas Eruditas e Arquivos impossibilitado de intervir quanto à dotação de pessoal e verbas orçamentais para esses estabelecimentos, deixando adivinhar mais complicações para a história desta e de outras instituições congéneres. No que toca ao AC, aquele decreto transformou-o num anexo do Arquivo da Torre do Tombo.

A instalação do museu foi lenta e atribulada, tendo sido constantemente ensombrada pela falta de recursos humanos e financeiros, comprometendo a logística de exposição, mas também a preparação do edifício para guardar em condições minimamente aceitáveis o acervo e para receber condignamente os futuros visitantes.

Os obstáculos à instalação e sobrevivência do museu não foram exclusivamente financeiros e humanos. Manuel Borges Grainha teve que enfrentar a concorrência de outras instituições, apostadas em ganhar espaço no complexo do Quelhas. Referimo-nos concretamente aos avanços do Instituto Superior de Comércio (ISC), que desde novembro de 1912 ocupava o n.º 6 A vizinho, correspondente ao antigo Colégio Jesuíta, e que em meados de 1921 cobiçava os espaços ocupados pelo AC no n.º 6, correspondente à antiga residência dos padres da Companhia de Jesus.

Esta situação motivou uma enérgica reação de Borges Grainha, que resolveu expor os inconvenientes de se aceder às pretensões do ISC. Em 13 de outubro de 1921 foi recebido por António Granjo, Presidente do Conselho de Ministros, que o encaminhou para o Ministro da Justiça, Raul Lelo Portela, a quem foram entregues três documentos. No primeiro, datado de 24 de setembro de 1921, Borges Grainha põe em

245 Cf. Decreto n.º 3410 de 28 de setembro de 1917, in Diário do Governo, n.º 168, I Série, art. 3.º, § 1.º,

causa a continuidade das suas funções gratuitas, caso o Governo não resolvesse sobre o edifício em que se encontrava instalado o AC246. Acrescentava, em seguida, ser necessário concluir as obras iniciadas recentemente para abrir o museu ao público, em especial a colocação de janelas para impedir a entrada de água e evitar a degradação do edifício. Por fim, salientava a importante e gratuita coadjuvação de Agostinho de Almeida Paiva, professor de Inglês e Alemão no Liceu Passos Manuel, e solicitava que aquele colaborador não fosse transferido para uma escola fora de Lisboa, para poder continuar a ajudá-lo. O segundo documento ilustra a posição de Manuel Borges Grainha sobre as pretensões do ISC ocupar integralmente o edifício do Quelhas, para instalação de biblioteca e laboratório. Se por um lado frisa que os ministros do Comércio e da Justiça não se mostraram muito favoráveis à ideia, o próprio Grainha apresentou razões para o indeferimento: - segundo opinião de Vicente Luís Gomes (Presidente da CJBECR), o AC devia permanecer na casa mãe dos Jesuítas, de resto a que oferecia melhores condições; - a mudança de objetos de diversas naturezas atingia custos e riscos elevados, convindo evitar a dispersão das coleções; - a possibilidade de o ISC utilizar a cerca do convento. O terceiro documento ocupa-se da igreja anexa à casa, já reservada para incluir parte do museu, e cobiçada pelo ISC para instalar a sua biblioteca. Antes de ser tomada qualquer decisão, Borges Grainha alerta para a necessidade de: engenheiros especializados averiguarem se o rasgo de janelas necessárias numa biblioteca não ameaçaria a estrutura do edifício; se avaliarem os azulejos e a talha antes de serem removidos e alienados; contabilizar os custos financeiros de uma eventual mudança do AC para outro local; encarregar pessoal competente para procurar um edifício alternativo para instalar o AC, caso a igreja do Quelhas seja ocupada pela biblioteca do ISC.

A médio prazo, os argumentos de Borges Grainha parecem ter resultado, pois tomou as providências necessárias para aprontar o museu, sugerindo ao Ministro da Instrução Pública a conveniência de selecionar objetos sem interesse para leiloar, e usar as verbas obtidas para beneficiar as coleções e financiar as obras247. A 4 de junho de 1922 realizou-se um leilão, que rendeu 8136$00, montante utilizado em vários melhoramentos.

246 Cf. ANTT, ref. PT/TT/AC/M029.04, cota: AC/Mç. 29/mct. 4.

247 Cf. Ofício 2/175 de 12 de maio de 1924, in ANTT, ref. PT/TT/AC/M029.04, Cota: Arquivo das

A Câmara Municipal de Lisboa também prestou o seu contributo em alguns arranjos estéticos levados a cabo nas vésperas da abertura do museu ao público, designadamente no pátio de entrada – arranjo do empedrado, ajardinamento, colocação de uma estátua de S. Francisco de Assis a servir de fonte, fixação de azulejos248. Estes trabalhos mereceram o reconhecimento de Borges Grainha e a atribuição do nome «Pátio da Câmara Municipal de 1924» ao local intervencionado, homenagem que foi comunicada à Autarquia por ofício datado de 14 de outubro de 1924249.

Os aprestos para a abertura do museu ao público iam-se concluindo, fazendo-se sentir a necessidade crescente de recursos humanos, não só para arrumar e limpar as instalações, mas também para as vigiar em dias de visita. Parece, aliás, ter sido uma das principais razões do atraso na abertura do museu, pois a avaliar pela figura anterior, datata de 1921, e pelo conteúdo de um ofício dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, datado de 1 de julho de 1924, o museu já se encontrava pronto para abrir ao público, aguardando-se simplesmente a transferência de alguns serventes250. Numa tentativa de conseguir captar funcionários, e porque não havia qualquer dotação orçamental nem quadro de pessoal cabimentados para o AC, Borges Grainha não hesitou em pedir o auxílio de outras entidades251, como o Ministério da

248 Cf. Ofício n.º 2/193 de 13 de agosto de 1924, de Manuel Borges Grainha – Diretor do AC – para o

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, in ANTT, ref. PT/TT/AC/M029.04, Cota: Arquivo das Congregações, mç 29, mct. 4.

249

Cf. Ofício n.º 2/215 de 14 de outubro de 1924, in ANTT, ref. PT/TT/AC/M029.04, Cota: Arquivo das Congregações, mç 29, mct. 4.

250 Cf. Ofício n.º 2/183, Ibidem.

251 O Ofício n.º 2/174 de 6 de maio de 1924 dirigido ao Ministro da Instrução Pública ilustra bem as

preocupações do Diretor do AC: «Exm.º Snr. Ministro da Instrução Publica § Depois de V. Ex.ª ter

Fig. 14 – O Museu das Congregações, instalado na igreja do Convento do Quelhas.

Instrução Pública, os Diretores de escolas primárias superiores (como a de Aldeia Galega, Almada e Sintra252), e a outros Ministérios253.

Uma missiva dirigida ao Ministério de Instrução Pública, datada de 25 de setembro de 1924, confirma o recrutamento precário de alguns recursos humanos, graças à colaboração do Ministério da Agricultura e da Escola Primária Superior de Almada, que dispensou alguns dos seus funcionários. Mas as carências de pessoal nos seus locais de origem, bem como as perspetivas de melhores salários na Torre do Tombo, rapidamente colocaram ao AC a necessidade de procurar pessoal excedentário em outras repartições do Estado254.

Os pedidos de colaboração estender-se-iam também às forças policiais, com as quais Borges Grainha pôde contar pela cedência de alguns agentes nos primeiros domingos em que o museu esteve aberto ao público, para assegurarem a «guarda dos objectos e ordem dos visitantes»255.

Estando pronto para ser inaugurado o museu, Borges Grainha tentou acordar com o Governo e com o Grémio dos Revolucionários Civis256 – encarregue de organizar as Comemorações do Aniversário da Implantação da República –, a data da cerimónia. O Diretor era favorável à escolha do dia 5 de outubro (um domingo) por se comemorarem 14 anos sobre a data histórica que instaurou o novo regime. A instâncias do Grémio, o museu foi inaugurado no dia 4 de outubro de 1924 às 14 horas, com a presença do Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes.

Em abril de 1925, provavelmente por se encontrar já doente, Manuel Borges Grainha foi substituído interinamente na Direção do AC por Aquilino Ribeiro. O novo diretor não tardou a apresentar ao Inspetor das Bibliotecas Eruditas e Arquivos (Júlio Dantas) um circunstanciado relatório sobre a situação em que se encontravam os serviços a seu cargo. De entre os três equipamentos culturais, Aquilino Ribeiro dizia

verificado de visu a necessidade urgente da transferência para este Arquivo de algum pessoal afim de se abrir ao publico o Museu já agora prompto na parte respeitante a sua organisação, e bem assim a instante necessidade de salvaguardar a conservação do importante Arquivo e Biblioteca […]», in ANTT,

ref. PT/TT/AC/M029.04, Cota: Arquivo das Congregações, mç 29, mct. 4.

252

Cf. Ofícios n.º 2/178, 2/179 e 2/180, de 19 de junho de 1924, enviados por Manuel Borges Grainha, respetivamente, aos diretores das Escolas Primárias Superiores de Almada, Sintra e Aldeia Galega (atual Montijo), in ANTT, ref. PT/TT/AC/M029.04, Cota: Arquivo das Congregações, mç 29, mct. 4.

253 Cf. Ofício n.º 2/177, de 19 de junho de 1924, enviado por Manuel Borges Grainha ao Secretário Geral

do Ministério da Agricultura, Ibidem.

254

Cf. Ofício n.º 2/202, de 25 de setembro de 1924, Ibidem. Ver Doc. 7 em Apêndice Documental.

255 Cf. Ofício n.º 2/218, de 22 de outubro de 1924, do diretor do AC ao Comandante da Polícia de

Segurança Pública, Ibidem.

256 Cf. Ofício n.º 2/202 datado de 22 de setembro de 1924, do diretor do AC ao Presidente do Grémio dos

que «o denominado Museu é a secção melhor tratada e que não exige cuidados de intervenção, por agora»257. Paradoxalmente, sobre o arquivo e a biblioteca denunciava, respetivamente, a falta de um inventário e consequente classificação e catalogação que permitissem disponibilizar a documentação ao público, e o facto de a biblioteca não ser mais do que um depósito de livros, sem classificação, e muitos deles em adiantado estado de deterioração.

Em comum com a anterior Direção, Aquilino Ribeiro sentiu na pele a falta de recursos humanos e financeiros que pudessem colmatar os problemas relatados. Como em tantas situações da vida, as ambições tendem normalmente a regredir. O caso de Aquilino Ribeiro confirma a regra. No primeiro relatório apresentado a Júlio Dantas defendia o aumento de recursos humanos e o estabelecimento de uma dotação mensal para despesas de secretaria, serviços de catalogação e demais expediente258. Em ofícios posteriores dirigidos ao mesmo Inspetor, Aquilino Ribeiro continua a testemunhar as deficientes situações humana e financeira mas chega a limitar o seu pedido a «um servente com urgência e a dotação respectiva», denunciando a falta de limpeza, que «data de meses e deve-se á Biblioteca Nacional que, a meu pedido e a titulo gracioso aqui enviou uma turma de mulheres assalariadas»259.

Também as estratégias para conseguir entesourar algum dinheiro que fizesse face às despesas correntes foram similares às adotadas por Borges Grainha: a realização de leilões.

A história do Arquivo das Congregações e das suas secções enquanto espaços autónomos terminou com a sua incorporação física no Arquivo da Torre do Tombo – então localizado no Palácio de São Bento – pelo decreto n.º 18769 de 16 de agosto de 1930. A residência do Quelhas ficava assim disponível para acolher na sua plenitude o Instituto Superior de Comércio, hoje Instituto Superior de Economia e Gestão.

257 Cf. Ofício n.º 236 de 25 de abril de 1925, do Diretor interino do AC (Aquilino Ribeiro) ao Inspetor das

Bibliotecas Eruditas e Arquivos (Júlio Dantas), Ibidem. Ver Doc. 9 em Apêndice Documental.

258 Ibidem: «para corresponder ás necessidades da presente conjuntura, deverá compôr-se de 8

funcionários superiores, pelo menos, e 4 serventes. Atualmente ha em serviço neste Arquivo, provido definitivamente = um continuo, a titulo provisório = um funcionario (senhora) requisitado ao Ministerio da Guerra. Havia ainda uma amanuense, das Escolas Primarias Superiores, em comissão de serviço, mas que recebeu ordem de se apresentar na respectiva Secretaria, ordem a que convem obstar, se é possivel. Alem desta organisação, numericamente muito aquem das necessidades do Arquivo, será preciso estabelecer uma dotação mensal para despesas de secretaria, serviço de catalogação, e mais expediente».

259

PARTE 3 – OS MUSEUS NA 1.ª REPÚBLICA: ESTUDOS DE CASO E NOTÍCIAS

O Estado inaugurou na 1.ª República o primeiro sistema museológico coerente, balizado por políticas descentralizadoras, mas alicerçado num sistema piramidal de museus nacionais e regionais, fiscalizado e controlado a partir das Circunscrições Artísticas, hierarquizadas no Ministério do Interior, e posteriormente da Instrução.

Contudo, a tradição museológica precedente continuou a desempenhar um importante papel no panorama nacional. É assim que se entende a existência de tutelas de museus diferenciadas, públicas e privadas.

A primazia da Arte e da Arqueologia nos museus convivia com a existência de coleções e museus especializados em outras áreas do saber ou da cultura material, com particular destaque para a História Natural e a Etnografia.

Neste grande item propomos uma viagem pelo universo individualizado da maior parte dos museus existentes em Portugal, entre 1910 e 1926, tendo em conta a sua história, o seu enquadramento institucional, os seus desafios, as suas coleções e as suas realizações.

No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 131-141)