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C APÍTULO 11: O S MUSEUS AO SERVIÇO DA E DUCAÇÃO

No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 103-111)

A Educação foi para a República um dos grandes cavalos de batalha, ainda no tempo da propaganda pré-regime. Embora se tivesse verificado um grande estímulo ao Ensino Secundário durante a Monarquia Constitucional, com a criação dos Liceus por todo o país a partir de 1836, prevendo-se nas suas instalações a existência de museus escolares como complemento ao ensino das Ciências Físico-Químicas e Naturais, a instabilidade política e financeira vivida em permanência não permitiu a construção de edifícios de raiz e, consequentemente, a existência de espaço disponível para a instalação de museus escolares172. Esta situação levou Joel Serrão a afirmar que a República acabou por «administrar a herança monárquica mantendo, além do mais, o estatuto pedagógico estabelecido em 1895»173, com João Franco. Na transição da Monarquia para a República encontravam-se em construção os novos edifícios dos liceus Camões, Passos Manuel e Pedro Nunes, de Lisboa, constituindo os únicos casos de sucesso no tocante à Museologia escolar como suporte às Ciências Físico-Químicas, Naturais e Geográficas, enquanto o resto do país, mesmo em cidades como Coimbra e Porto, apresentava panoramas muito pouco animadores.

A República introduziu alguns dos valores defendidos pela Educação Nova, resultando não em planos abrangentes de atuação, mas em experiências isoladas, sobretudo no meio urbano, ou em propostas sem concretização, mas que comprovam a importância crescente atribuída aos museus no processo de ensino-aprendizagem. A Educação Nova, surgida nas últimas décadas do século XIX como crítica à escola

172 O Decreto de Passos Manuel, de 17 de novembro de 1836, criando os liceus e determinando que neles

se instalassem um jardim experimental para a Botânica, um laboratório químico e um gabinete com secções de Física, Mecânica, Zoologia e Mineralogia, teve como principal entrave as dificuldades financeiras que inviabilizaram a construção de novos edifícios adaptados às instituições criadas e às suas valências. Considerados supérfluos pelas entidades governamentais, os museus acabaram por não ser concretizados na maioria dos casos, pelo que o Decreto de Costa Cabral de 20 de setembro de 1844 retira dos liceus as dependências museológicas. O regulamento do ensino liceal de Fontes Pereira de Melo, de 10 de abril de 1860, marcou o regresso do ensino científico aos liceus de Lisboa, Coimbra, Porto, Évora e Braga, determinando a instalação de uma biblioteca, um gabinete de Física, um laboratório químico e um museu de História Natural. No entanto, estes avanços e recuos legislativos, aliados a deficientes instalações em antigos conventos e seminários impossibilitaram a concretização eficiente das instalações museais escolares. O inquérito-circular do Visconde de Benalcanfor (Ricardo Augusto Pereira Guimarães), Inspetor do Ensino Secundário, enviado em 11 de dezembro de 1880 aos reitores dos liceus resultou num retrato desolador dos museus liceais, mesmo no Liceu Central de Lisboa, que apesar de tudo apresentava o melhor panorama. Tiradas as devidas conclusões, o inspetor defendia que era necessário criar um sistema uniforme de construção dos edifícios dos liceus, conforme se tratassem de liceus centrais ou nacionais, e dotados de instalações adequadas às necessidades e ao decoro do Ensino Secundário. Cf. MENESES, Maria de Fátima de Faria Pinto de, Museus e Ensino [Texto Policopiado]: uma análise

histórica sobre os museus pedagógicos e escolares em Portugal (1836-1933), Ob. Cit., p. 62.

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tradicional e livresca, teve os seus anos dourados na década de 20 de 1900, com propostas de famigerados psicólogos ou pedagogos, como os franceses Alfred Binet e Roger Cousinet, os belgas Raymond Buyse e Ovide Decroly, os suíços Édouard Claparède e Adolphe Ferrière, o norte-americano John Dewey, a italiana Maria Montessori, o alemão Georg Kerschensteiner e o espanhol Lorenzo Luzuriaga. Defendiam, entre outros aspetos, o desenvolvimento de métodos ativos na Educação, ou seja, o papel dos próprios alunos na construção dos seus conhecimentos. Privilegiava-se o trabalho individual de cada aluno, assente na observação, na experiência, nas atividades manuais e na investigação, ao passo que o professor deveria ser o orientador, o consultor, o apoio na construção da síntese final, depois da apresentação individual do trabalho de cada aluno pelo respetivo autor e da sua comparação com os dos colegas.

Em Portugal também houve adeptos da educação progressiva. Tivemos já oportunidade de referir o papel pioneiro de Francisco Adolfo Coelho na fundação e direção do Museu Pedagógico Municipal de Lisboa, em declínio a partir da legislação de 1892. A República ainda procurou recuperar o museu, designando Casimiro Freire para proceder ao seu inventário e organização, por Decreto de 5 de junho de 1915. Do trabalho resultou um relatório, entregue a 8 de março de 1916 ao Secretário Geral do Ministério da Instrução Pública, em que sugeria que um inventário definitivo fosse feito depois de se transferir o remanescente do museu para as novas instalações da Escola Normal Primária de Lisboa em Alcântara, por Decreto de 23 de dezembro de 1916. A transferência efetivou-se em 1917, restando o Diretor Adolfo Coelho no corpo de pessoal do museu e posteriormente à sua morte em 1919 foi integrado na Biblioteca e Museu do Ensino Primário, dirigida por Adolfo Lima entre 1920 e 1942174. Francisco Adolfo Coelho pode ser considerado o introdutor das ideias da Educação Nova no nosso país, em defesa da renovação do ensino pelo método ativo e pela supressão do ensino religioso e de memória ministrado nos liceus175. Na sequência daquele pedagogo, vieram outros com as suas propostas pedagógicas. Eis alguns exemplos:

174 Cf. FELGUEIRAS, Margarida Louro, «Herança educativa e museus: Reflexões em torno das práticas

de investigação, preservação e divulgação histórica», in Revista Brasileira de História da Educação, Campinas-São Paulo, jan./abr. 2011, vol. 11, n.º 1 (25), pp. 67-92.

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Adolfo Coelho apresentou as suas teses pedagógicas no âmbito das Conferências Democráticas do Casino realizadas em 1871. A sua conferência intitulada «A questão do Ensino» revelou-se um marco para o desenvolvimento da Pedagogia nacional, na medida em que afirma a capacidade do homem na formulação do seu próprio destino, num contexto de recriação do espírito e de desenvolvimento intelectual.

- Adolfo Lima (Lisboa, 1874-1943), bacharel em direito, pedagogo e professor, baseou a sua tese nas ideias de escola única, educação integral e autonomia dos educandos, tentando aplicá-las na Escola-Oficina n.º 1 de Lisboa, onde foi professor. Defendeu a existência de museus escolares de Ciências Naturais construídos pelos próprios alunos, como veículo do desenvolvimento integral das crianças, estimulando-lhes o prazer do sucesso e do colecionismo.

- Álvaro Viana de Lemos (Lousã, 1881-1972), pedagogo e professor, foi um dos grandes defensores da atualização permanente dos docentes e difusores da importância dos trabalhos manuais educativos. Como estudante do Colégio de Campolide, aprendeu a valorizar os museus escolares. Entendia-os «como de organização complexa e variada que depende de muitas circunstâncias: da região, dos alunos, dos gostos e cultura do professor, do mobiliário em prateleiras, caixas, gavetas e armários que a escola possua, etc.»176. Por essa variabilidade, no seu entender, «um museu escolar não pode regulamentar-se. Dele fazem parte amostras de produtos, estampas, recordações de excursões e de visitas de estudo, etc., tudo enfim que possa auxiliar o ensino intuitivo e prático»177. A par dos museus escolares, defendia a existência de museus pedagógicos junto das Escolas Normais, nos grandes centros, com coleções naturais, de miniaturas, estampas, fotografias, clichés para projeção cinematográfica, arquivo de trabalhos de alunos e professores. Em complemento destes, relevava a importância dos museus municipais ou regionais como alvo prioritário de visitas de estudo, preferencialmente os que apresentassem «de tudo uma hábil secção e com uma feição essencialmente prática, popular, regional e tradicional»178.

- Augusto de Vasconcelos (1867-1951), médico, professor, político e diplomata, foi autor de uma obra de referência sobre o assunto, intitulada Museus Escolares (sua necessidade, organização e funcionamento) - 1918. Defendia os museus escolares como suporte do ensino intuitivo e experimental das Ciências Naturais e a sua implementação regional, adaptada às características do meio.

A crescente importância dos museus na Educação, que era tida, juntamente com a salvaguarda do património, como uma das suas principais razões de ser, culminou com a publicação de variada legislação, seguindo uma tendência do período monárquico

176

Cf. MENESES, Maria de Fátima de Faria Pinto de, Museus e Ensino (2003), Ob. Cit., p. 106 [citando Álvaro Viana de Lemos].

177 Ibidem.

178 Ibidem, p. 123 [citando Álvaro Viana de Lemos]. Álvaro Viana de Lemos e António Sérgio dirigiram a

constitucional. Alguns dos principais museus nacionais passaram a estar vinculados ao Ensino, como complemento do ensino formal ministrado nos estabelecimentos universitários, secundários e primários, ou como espaço privilegiado para aulas práticas de algumas cadeiras curriculares. Entre os diplomas promulgados destacamos o Decreto de 16 de agosto de 1913, anexando pedagogicamente o Museu Etnológico Português à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, oferecendo aos alunos vários elementos de estudo para várias disciplinas179. Em 8 de setembro seguinte foi a vez do Decreto n.º 124, anexando o Museu Machado de Castro à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Com o Decreto n.º 1127 de 28 de novembro de 1914 as cadeiras de Estética e de História da Arte das Faculdades de Letras de Lisboa e Coimbra180 foram anexadas respetivamente ao Museu Nacional de Arte Antiga e ao Museu Machado de Castro, colmatando a falta de professores no grupo de Filosofia e potenciando a existência de objetos ilustrativos dos conteúdos curriculares.

Para instaurar e regulamentar os trabalhos individuais educativos nos liceus com materiais didáticos suficientes, foram promulgados o Decreto n.º 896 e a Portaria n.º 239, ambos de 26 de setembro de 1914. Tais trabalhos, aplicados às disciplinas de Física, Química, Biologia, Geologia e Geografia, do Ensino Secundário, forneciam ao aluno competências de investigação, nomeadamente ao nível da observação e da experiência181. Os museus passam a ser reconhecidos como locais ou meios para a execução dos trabalhos, tal como os laboratórios e as saídas de campo, desenvolvendo no aluno «a sua educação scientífica, procurando criar nele hábitos de investigação e crítica»182, incentivando a sua autonomia e apostando numa vertente prática complementar à dimensão quase exclusivamente teórica do ensino183.

Outros exemplos ilustrativos da dimensão educativa dos museus são:

179

Cf. Diário do Govêrno, I Série, n.º 196, de 22 de agosto de 1913, p. 3139, disponível em http://dre.pt/pdf1sdip/1913/08/19600/31393139.pdf.

180 Cf. Diário do Govêrno I Série, n.º 225, de 2 de dezembro de 1914. 181 Cf. Decreto n.º 896 de 26 de setembro de 1914, p. 889.

http://dre.pt/pdf1sdip/1914/09/17500/08890890.pdf

182 Cf. Portaria n.º 239 de 26 de setembro de 1914, Ibidem, p. 890.

183 Existem várias referências a visitas de estudo realizadas no âmbito do ensino: o n.º 248 da Illustração

Portugueza, de 21 de novembro de 1921, surge um artigo intitulado «A excursão das escolas ao Jardim

Zoologico», alusivo às visitas dos alunos das escolas paroquiais de instrução primária àquele estabelecimento e outros de dimensão educativa e fabril, como forma de intensificar competências práticas preparatórias para os cursos liceais e superiores. Essas visitas eram normalmente orientadas pelos professores oficiais de instrução primária e realizavam-se às quintas-feiras, dia de descanso escolar; Também na Illustração Portugueza, n.º 269 de 17 de abril de 1911, é noticiada uma visita de estudo do Regimento de Infantaria n.º 1 ao Museu Nacional de Arte Antiga, na sequência de uma propaganda iniciada pelos oficiais junto dos subordinados, introduzindo na sua instrução prática as visitas a vários estabelecimentos científicos, educativos e culturais. Cf. «Figuras e Factos», in Illustração Portugueza, Lisboa, 17 de abril de 1911, n.º 269, p. 486.

- o Decreto n.º 1868 de 4 de setembro de 1915184, regulamentando o funcionamento do Instituto Feminino de Educação e Trabalho, destinado à educação das filhas dos militares, criado por DFL de 25 de maio de 1911, com o intuito de valorizar o papel da mulher na sociedade, num meio termo entre o abandono a que foi votada a educação feminina no regime monárquico e os movimentos feministas radicais. Ministrando um ensino eminentemente prático, porque o objetivo principal era preparar as mulheres para a vida ativa, o Instituto funcionou com um regulamento provisório concedido por Despacho ministerial de 13 de agosto de 1913, urgindo aplicar um regulamento definitivo. O novo texto jurídico, resultante do acordo dos Ministérios da Guerra, Marinha, Finanças, Colónias e Instrução Pública, apresenta entre as suas determinações, a constituição de gabinetes de Física, Fotografia, Química e História Natural e de um museu escolar, como guardiões de todos os materiais considerados necessários ao ensino, com intervenção direta das alunas na sua organização e manutenção (artigos 279 a 288). Um testemunho datado de 1944, da professora Ofélia Serra Martins indica-nos que o museu de História Natural ainda não se encontrava suficientemente apetrechado, o museu comercial apresentava uma amostra de produtos e o gabinete de física detinha alguns instrumentos do antigo Colégio de Campolide185.

- o Decreto n.º 3091 de 17 de abril de 1917186, coligindo todas as disposições legais sobre o Ensino Secundário, e introduzindo algumas reformas, determina logo no seu artigo 2.º que todos os liceus deviam ser instalados em edifícios adaptados ao ensino neles ministrado, e por isso dotados de espaços exteriores para a prática de exercícios físicos, e de mobiliário e material didático adequados. Por sua vez, o capítulo XII prevê a existência de instalações para as disciplinas de Geografia, Física, Química, Ciências Biológicas, Mineralogia e Geologia, dotadas do material necessário para a elaboração dos trabalhos práticos individuais, instituídos como obrigatórios. No capítulo XIII, sobre as excursões escolares e visitas de estudo, tidas como essenciais para o ensino objetivo das Ciências Físico-Químicas e Naturais, e para a formação cívica dos alunos, nomeadamente no respeito pelos monumentos, pelo trabalho e pela educação,

184 Cf. Decreto n.º 1868, in DG, I Série, n.º 177, de 4 de setembro de 1915, pp. 898-926

(http://dre.pt/pdf1sdip/1915/09/17700/08980926.pdf - Sítio de internet do DR). O Decreto n.º 8526 de 25 de setembro de 1922, mandando pôr em execução o regulamento introduz-lhe algumas alterações, mas o essencial no que toca aos museus mantém-se: Cf. DG, I Série, n.º 252, de 6 de dezembro de 1922, pp. 1427-1456 (http://dre.pt/pdf1sdip/1922/12/25200/14271456.pdf).

185 Cf. MENESES, Maria de Fátima de Faria Pinto de, Museus e Ensino [Texto Policopiado]: uma análise

histórica sobre os museus pedagógicos e escolares em Portugal (1836-1933), Ob. Cit., p. 170.

186 Cf. DG, I Série, N.º 60, de 17 de abril de 1917, pp. 259-294 (Sítio de internet do Diário da República -

recomendava-se a visita de estudo ao campo, monumentos, museus, fábricas, jardins botânicos e instituições de educação e de beneficência (artigos 146.º e 147.º, p. 271). - o Decreto n.º 4650 de 14 de julho de 1918, introduzindo algumas reformas no Ensino Secundário e atualizando os vencimentos do pessoal, insiste na importância da existência de laboratórios e gabinetes escolares para os trabalhos práticos individuais de Física, Química, Mineralogia, Geologia, Ciências Biológicas e Geografia, recomendando mesmo que o Ensino Complementar não deveria ser ministrado nos que não possuíssem aquele tipo de instalações (art. 5.º, § 1.º, p. 1315). Por outro lado, no art. 32.º (p. 1317), defende-se a importância do método ativo e dos processos intuitivos de aprendizagem, baseados na observação, análise, comparação e classificação, especialmente nos dois primeiros anos do Ensino Secundário. Neste contexto, mais uma vez se releva a importância dos museus escolares187.

- o Decreto n.º 5002 de 27 de novembro de 1918188, regulamentando os programas das disciplinas da instrução secundária, é mais uma prova da importância concedida aos museus como complemento do ensino. Assim, as instruções relativas ao programa da disciplina de Narrativas Históricas, das 1.ª e 2.ª classes do Ensino Secundário, alvitram a realização de visitas de estudo a museus, monumentos históricos, edifícios associados a tradições, arquivos e bibliotecas, para evitar a monotonia e a tendência para decorar sem compreender; no tocante às 1.ª e 2.ª classes das disciplinas de Ciências Naturais (Botânica e Zoologia), sugeria-se um ensino elementar apoiado na dedução e intuição das características dos principais animais e plantas, apelando à observação de preparações zoológicas e botânicas existentes em museus ou gabinetes de História Natural; o mesmo acontecia para as 1.ª e 2.ª classes das disciplinas de Física e de Química, convidando-se o professor e os alunos a executarem algumas experiências ou a observar alguns fenómenos básicos tendo como ponto de partida modelos existentes; a valorização da observação direta dos fenómenos e da experiência continua a ser apanágio das 3.ª, 4.ª e 5.ª classes, quer das disciplinas de Zoologia e de Botânica, quer

187

Cf. Decreto n.º 4650 de 14 de julho de 1918, in Diário do Govêrno, I Série, n.º 157, de 14 de julho de 1918 , pp. 1314-1323 (http://dre.pt/pdf1sdip/1918/07/15702/13141323.pdf). O decreto n.º 4799 de 8 de setembro de 1918 aprovou o regulamento da instrução secundária e consigna nas suas disposições os elementos respeitantes às instalações de materiais didáticos para os trabalhos práticos individuais e às excursões e visitas de estudo: Capítulo VIII, art. 130º a 142.º, pp. 1653-1654; Capítulo XII, art. 176.º a 185.º, pp. 1657-1658, Cf. Diário do Govêrno, I Série, n.º 198, de 12 de setembro de 1918, pp. 1643-1679 (http://dre.pt/pdf1sdip/1918/09/19800/16431679.pdf - Sítio de internet do Diário da República).

188 Cf. Decreto n.º 5002 de 27 de novembro de 1918, in Diário do Govêrno, I Série, n.º 257, de 28 de

novembro de 1918, pp. 2015-2034 (http://dre.pt/pdf1sdip/1918/11/25700/20152034.pdf - Sítio de internet do Diário da República).

de Física e de Química; no tocante ao Ensino Secundário Complementar de Letras (3.ª secção, 6.ª e 7.ª classes), a disciplina de História de Portugal convida à visita a museus189; o mesmo se passa com as cadeiras de Ciências Físico-Naturais dos cursos complementares de Letras e de Ciências, 6.ª e 7.ª classes, onde os conhecimentos ministrados deveriam ter sempre como suporte as «visitas a laboratórios, fábricas, jardins botânicos e agrícolas, jardins zoológicos, museus de zoologia, laboratórios de bacteriologia, museus de mineralogia e geologia e excursões escolares a minas e regiões geologicamente características»190.

- o Decreto n.º 5240 de 13 de março de 1919, da iniciativa do Ministro da Instrução, Domingos Pereira, organizou junto da Escola de Belas Artes de Lisboa um museu escolar de Escultura Comparada. Entregue a João Barreira, professor de História Antiga e Medieval, o museu visava conglomerar num espaço único um conjunto de reproduções nacionais e estrangeiras de esculturas que ilustrassem a evolução artística, para usufruto do «estudante, o amador e o simples curioso»191. O projeto nunca foi concretizado.

A proficuidade legislativa foi bem além da sua aplicação prática, levando o Ministro da Instrução, João José da Conceição Camoesas, a apresentar à Câmara dos Deputados em 1923, uma Proposta de lei sobre a reorganização da educação nacional, considerada a primeira tentativa de implantar uma lei de bases do sistema educativo português. Embora não tenha sido aprovada, na sequência da queda do Governo de António Maria da Silva (9 de janeiro a 22 de junho de 1923) em que Camoesas se integrava, no dia a seguir à sua apresentação, o preâmbulo destaca as deficientes instalações dos liceus e a inexistência dos museus escolares previstos, excetuando-se os casos dos renovados liceus Camões, Passos Manuel e Pedro Nunes, e sugere a criação de um Museu Pedagógico Nacional e a remuneração compensatória aos professores que desempenhassem funções diretivas nos museus pedagógicos e escolares192.

189

Ibidem, p. 2029.

190 Ibidem.

191 Cf. CORREIA, Vergílio, Arte e Arqueologia, Lisboa, 1920, p. 95. Diário do Govêrno, I Série, n.º 51,

p. 410, https://dre.pt/pdf1sdip/1919/03/05100/04100410.pdf

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No documento Os museus em Portugal durante a 1ª República (páginas 103-111)