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Aprendizagem como ampliação do si próprio

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Abaixo do esplendor do edifício do ser emaranhado por sua junção com o mundo em sentido, rege a comunhão mais antiga e inalienável do ser com o mundo da vida, uma ligação anterior às constituições sociais e culturais e que sustenta todas essas. O contato da brutidão do ser com o entorno dá-se por sua possibilidade de tatear as estruturas do mundo, de senti-lo por meio de sua sensibilidade e com isso tocar-se e sentir-se como consequência do toque. A reversibilidade do sentir é vivida na tensão da pele, enquanto superfície de onde se apreendem todos os sentidos (LE BRETON, 2016). Nas análises de Le Breton (2016) a respeito do tato, o autor resgata a noção merleau-pontyana de que todo o tocar é também um tocar-se, “a pele não sente nada sem sentir-se ela mesma” (p.208), trata-se do modo do ser de fincar sua presença no mundo, de tatear o entorno e dar-se conta de sua situação.

É isso que o antropólogo resgata na vivência de despertar, descrita por Proust, a respeito da abertura do tato ao mundo, o corpo ao sair de seu entorpecimento dá- se conta do entorno, localiza o corpo e o meio ao alinhavar sua consciência ao estado de alerta. Os sentidos apresentam recursividade uns aos outros. Embora suas dimensões perceptivas sejam soberanas elas se entrelaçam no modo de viver o mundo, um sentido se encontra presente no outro, ainda que por metonímia. Isso é compreendido facilmente na experiência do gosto ou do frio, o cheiro pode alavancar o desejo pelo alimento, do mesmo modo que o som pode indicar distâncias ou o olhar pode revelar certa rugosidade da superfície do objeto.

A experiência dos sentidos corpóreos é aquela que ensina primeiramente o ser sobre si próprio, as primeiras vivências de cuidado no meio familiar são experimentadas por meio da audição na vida intrauterina e no acolhimento do tato ao nascer. Essa antiga relação com o mundo enreda os demais sentidos corpóreos rumo à constituição dos demais sentidos da existência.

Os diferentes modos de se viver a sensibilidade ensina o sujeito a respeito de si próprio, uma vez que todo o conhecer descende dessa relação primeira dos sentidos corpóreos com o mundo. Aquilo percebido como prazer na vivência de uma pessoa ou desprazer na de outra só pode ser reconhecido a partir do modo como cada uma dessas pessoas se apropriara de suas vivências de prazer e desprazer.

Em meio a essas vivencias se desenvolve um enredo principiado na comunhão da corporeidade com o mundo. A história aí traçada é a da fundação do

modo como a pessoa sente suas possibilidades de mundo. A intriga entre o objeto e os sentidos corpóreos direciona-se à resolução constituinte de um modo pessoal de sentir o mundo.

O percurso dessa narrativa atravessa o sentir um objeto até a sedimentação de um novo sentido de mundo, o prazer ou desprazer encontrado no elo estabelecido é fruto do engajamento do ser no mundo. É desse modo que o contato entre a pele e os sentidos que ascendem nela e a partir dela, e da estrutura do mundo, formam sentidos na existência. Os sentidos em si já são uma forma de aprendizagem (LE BRETON, 2016).

Na vivência da criança os seus movimentos apreendem tanto o mundo como a si mesma no curso do gesto. Esses desenham uma narrativa vivida no contato com as espessuras dos objetos, com os obstáculos, com a temperatura, o alimento, entre outros. A exploração do mundo conduz a uma maneira íntima de se modular cada um dos sentires corpóreos e existenciais no curso do aprendizado sobre si próprio e o mundo; a visão se ajusta aos tons de luz do ambiente e da mesma forma se dá o aprendizado dos sons, cheiros, olhares e gostos. No degustar o mundo por meio dos sentidos é que se elegem esses os elementos preferidos e preteridos no curso da vida. Os sentires de mundo atravessam a pele e reverberam internamente nas emoções vividas no corpo, cuja organização orienta a formação de sentimentos comuns à forma de sociabilidade vivida, ainda que de uma maneira particular.

O peso da subjetividade sobre cada elemento de mundo torna-se mais forte ao longo das vivências. Todas as tratativas sociais, familiares, religiosas são tocadas pelas experiências cultural e linguística, certos modos de se cumprimentar e mesmo de exercer certos papéis sociais são tangidos com a interpretação vivida dessas sedimentações. Essas se organizam no arco intencional vivido pela pessoa, possibilitando que certos contornos de mundo se tornem falante, em distinção aos outros elementos de mundo (LANDES, 2013; MERLEAU-PONTY, 2006). Contudo, a conjuntura desse arco intencional nunca extrapola a relação fundante de seu contato com o mundo e é exatamente na fronteira entre a pele e o mundo que os elementos do real podem entrar em jogo.

Frequentemente ignorada, a nascente do sentido, fundada na materialidade dos sentidos corpóreos, é o próprio elo da constituição de todas as relações de mundo possíveis, todo conhecimento adquirido nos caminhos em que o sujeito se engaja são estruturações simbólicas daquilo vivido com os sentidos e cujo saber só tem valor por

haver uma possibilidade de mundo relacionada. Da mesma maneira que a vivência da novidade em relação ao que foi experimentado é capaz de ressoar esses sentidos já vividos, as sedimentações constituídas oferecem ao corpo próprio a possibilidade de se portar de uma maneira diferente em relação às vivências anteriores (MATTHEWS, 2010). Certas distinções se encontram presentes em sua experiência de vida e isso permite a expressão de certas possibilidades do esquema corporal que seja sincrônica à situação vivida (IBIDEM).

A situação de jogo é presente na dialética estabelecida entre as novas aquisições em relação às antigas. A pessoa orienta-se no mundo entre as possibilidades presentes e passadas de modo a resolver a intriga vivida com a elaboração e expressão de um sentido emergido na situação. Essa ação depende menos da razão que do engajamento com a própria história vivida e com o presente. Se os sentires corpóreos são capazes de oferecer a ampliação de sentido àqueles já constituídos é porque esses não cessam de ser abertura às possibilidades de mundo, para além das constituições culturais e sociais. Esses são o próprio acesso ao ser anterior às relações gramaticais e sociais, ainda que não seja simples se aproximar da brutidão da experiência (LE BRETON, 2016).

Os sentidos corpóreos se orientam a partir das constituições simbólicas vivenciadas com os outros no entorno. O sujeito aprende a ser membro de sua comunidade linguística conforme adquire (de modo próprio) todo um conjunto de significações que forma o arco de intencionalidades referente ao seu modo de ser dentro dessa sociabilidade. Aquilo que é apropriado nas relações vividas tange o próprio campo perceptivo e também o estilo pessoal assumido, o ser é um interprete de sua cultura e ele a percebe e a produz conforme esse estilo assumido.

Embora em grande parte dos atos intencionais as diferentes apropriações culturais e da linguagem se apresentem com intensidade, em atividades que demandam uma maior abertura para apreender o entorno, seja pela participação do outro ou pela necessidade de se compreender certo gesto, as referências pessoais se tornam mais flexíveis. É o que se percebe no ato de se ler um novo romance, na escuta da história de um amigo ou na prática de um novo esporte.

Na experiência da leitura, o leitor põe suas organizações de mundo à disposição do outro presente no texto, as interpretações pessoais das significações linguísticas são postas ao fundo, a fim de se compreender o sentido próprio empregado nas terminologias apresentadas por esse autor. A própria voz é

empregada no gesto de ler e o exercício positivo se dá tanto na leitura (mental ou verbalizada) do texto, como na posterior interpretação dos sentidos apresentados. O corpo é empregado nessa situação em sua totalidade para a leitura, quanto maior o engajamento maior o alcance do sentido dito pelo outro.

A atividade frequentemente tomada como somente mental ocorre no deslizar o olhar pelas linhas preenchidas por símbolos linguísticos que carregam, entre os espaços e os conjuntos de signos, as palavras arranjadas em uma ordem coerente para a apresentação de ideias. Os sentidos linguísticos são compreendidos primeiramente por sua superfície, mas conforme se revela o sentido da obra, as palavras ganham significações próprias de seus personagens, frequentemente diferente daquelas vividas no cotidiano.

Na leitura o sujeito se aliena de si próprio, do seu instante vivido, e se transporta ao núcleo de significação da história, a consciência de si próprio é menos importante que a história ao qual o sujeito é espectador. No entanto, compreender passivamente esse movimento é enganoso, uma vez que o exercício da imaginação é essencial para a composição da experiência da leitura. A vivência do corpo próprio é primordial para se entender os enredos e para situar-se imaginativamente nos lugares descritos. Embora esses lugares possam ser inexistentes ou desconhecidos, podem ser imaginados a partir das próprias referências de mundo.

A interpretação dos eventos de um romance que acontece entre as pausas da leitura não parte necessariamente da reflexão a respeito das condutas de um personagem, mas dos próprios sentimentos vividos no testemunho da ação de cada um deles. Do mesmo modo, na compreensão do pensamento de um determinado autor, trata-se de perceber certas distinções possíveis a partir dos conceitos apresentados em sua filosofia. Se no primeiro caso, no romance, a interpretação demanda mais da vivência do texto, no segundo esse é vivido enquanto percepção do discurso a respeito de um problema de mundo que reverberará nas próprias convicções e entendimentos rumo ao acordo ou desacordo com os argumentos apresentados.

De modo semelhante, a escuta do outro abre um horizonte no qual as significações explicitadas são acolhidas e interpretadas segundo aquilo que se entende no discurso do outro. As palavras são vividas de modo menos reflexivo que na leitura, mas do mesmo modo ao texto escrito, as significações presentes na organização da fala do outro nem sempre coincidem com os sabores sentidos por

quem escuta. Diferentes as ideologias, diferentes os sentidos de mundo, por exemplo, encaminham direções diferentes ao que foi dito. Dada essa condição ambígua a fala demanda interpretação em todo momento (MERLEAU-PONTY, 1984).

A percepção da entonação, do contexto e das motivações conhecidas para que o outro narre certo enredo são cruciais para o devido entendimento da narrativa apresentada. A escuta se vale de um processo no qual as significações linguísticas, sociais e culturais são emprestadas para se compreender o discurso do outro. Com isso os sentidos pessoais são refreados para o exercício da escuta e a atenção direciona-se em apreender aquilo que emerge no discurso do outro, a fim de se entender o ponto de vista apresentado. A experiência de si próprio se dá também nos ecos de sentidos emanados a partir do discurso do outro, ao qual é potente para revelar em si os sentidos apresentados pelo outro. Na escuta se vivência o outro em um movimento centrífugo em que a sensibilidade corpórea se põe diante do outro em alteridade. A disposição da escuta requer o sentir das possibilidades de mundo ali apresentadas, perceber os sentimentos conditos nesse discurso, pois esse ressoa em nós de modo solidário.

Na prática de um esporte novo as significações sociais e linguísticas são costumeiramente postas de lado, uma vez compreendidas as regras ou demandas da atividade. O corpo é disposto e engajado na atividade de modo a que a razão da prática é mais sentida que pensada. O pensar a partir das significações sociais ou linguísticas atrapalha o iniciante dessa modalidade. Se em primeiro lugar o discurso do outro a respeito do movimento o ajuda a compreender a ação durante a explanação sobre a mecânica, é a vivência do mesmo que pode sedimentar sua expressão como um dos comportamentos possíveis do corpo. Essa é a disposição corporal vivida no concentrar-se à força abdominal que permite ao praticante de Slackline caminhar sobre a fina fita flexível elevada entre dois pontos distintos. Do mesmo modo que não é o movimento do braço o mais importante ao artista marcial na prática do soco, mas toda a atenção ao seu quadril e postura.

Tais distinções embora possam ser descritas demandam a vivência do próprio movimento para serem sedimentadas, precisam ser sentidas para que o movimento tenha sentido. Seria como compreender o amargo sem a vivência do amargo ou a percepção de cores sem a possibilidade corpórea de senti-las. Essas não podem ser simplesmente informadas enquanto existentes no mundo, o conhecer a respeito de certos elementos que possam excitar certas papilas gustativas ou bastonetes não

revelam o que é o amargo ou as cores para alguém. A apreensão desses elementos por meio da sensibilidade revela sua cognição natural, essas ao serem sentidas possibilitam a ampliação da compreensão cultural a respeito desses sentidos de mundo. O movimento é apreendido em seu sentido na estrutura da ação, a corporeidade é colocada totalmente em direção ao empreendimento do gesto e o realiza dentro de suas possibilidades e distinção, a experiência é determinante para a apreensão e aperfeiçoamento dos gestos nessa situação.

As referências sociais e linguísticas nem sempre atendem diretamente a inclusão de um novo movimento corpóreo para um esporte. Contudo a experiência linguística de diálogo, assim como de aprendizagem são determinantes para a realização eficiente do gesto. A disposição por iniciar a certa atividade leva o ingressante a buscar nos atos dos outros os ecos para sua ação, os resultados alcançados pelo curso do movimento imantam o corpo próprio a buscar a mesma realização motriz. O resultado alcançado na repetição do movimento não é a cópia dos movimentos em questão, mas a busca dos mesmos resultados (MERLEAU- PONTY, 2006b)113. A percepção volta-se a si próprio e ao sentido de mundo que se

busca alcançar, a realização do movimento seguidas vezes torna o gesto progressivamente mais íntimo ao sujeito. A vivência do esporte passa a ensinar posteriormente aquilo que se encontra além da mecânica vivida do movimento, mas inclusive onde tais gestos são possíveis na atividade física.

Os movimentos do corpo se encontram engajados no sentido da atividade realizada, o pensamento nem sempre auxilia essa apreensão. Embora existam treinos destinados a cada prática específica, assim como estudo da excelência da execução do movimento, a vivência da gestualidade é primordial nesse aprendizado. Os sentidos corpóreos são vividos interiormente de modo a destacar a presença do surgimento de um novo hábito, um sentido de mundo que é fruto tanto do engajamento do sujeito a essa prática quanto da participação na mesma. O comportamento não se basta como ideia ou como coisa, mas se trata da integração de uma coisa na outra e que também se enreda com a participação do sujeito no mundo (MERLEAU-PONTY, 2006a).

Nas três situações o mundo pessoal é visitado pela exterioridade e a referência de si próprio é colocada em jogo. Se um primeiro distanciamento da

113 O trecho é inspirado nas reflexões de Merleau-Ponty (2006) em suas análises a respeito da

intensidade de si próprio na vivência é benéfico para a compreensão de algo externo, essa exterioridade amplia as suas possibilidades de ser no mundo. A narrativa vivida, constituinte do estilo pessoal no fluxo das vivências, atua de uma maneira solidária ao acolher os sentidos de mundo apresentados e servem como referência para que essas novas significações sejam compreendidas. Mesmo em se tratando da terceira situação, na qual a aprendizagem de um movimento carece mais da percepção ao próprio gesto do que às considerações da linguagem, o modo de se viver os sentidos existenciais e corpóreos na base de sua materialidade vivida é a abertura para se incluir esse movimento no fluir dos comportamentos pertencentes à ordem do vivido. Em si, a maneira como o sujeito vive sua corporeidade, o como ele experimenta os sabores do mundo, é fundamental para a compreensão do movimento.

Perceber já é uma maneira de interpretar e de se viver o mundo (LE BRETON, 2016). As dimensões dos sentidos são tomadas por uma maneira própria de se vivenciar os sentidos de cada região de mundo e cultura (LE BRETON, 2016; MERLEAU-PONTY, 2006). Isso implica que apesar da possibilidade do distanciamento das significações pessoais em atividades compreensivas, o estilo pessoal de se sentir o mundo dificilmente se altera, o sujeito continua engajado em sua maneira própria de compreender. Os sentidos são postos à disposição do que é oferecido pelo outro, mas ainda em um sentido próprio, assim, a ação do outro ainda é vivenciada e interpretada a partir dessa maneira pessoal de sentir o mundo.

No entanto os sentidos corpóreos não são somente interpretação de um mundo particular, como tratado anteriormente, eles são tangidos pelos signos culturais sedimentados, mas eles também são a abertura a todo o enriquecimento apreendido no fruir das vivências. A experiência do novo oferece novas possibilidades de distinção para o sujeito. Isso é expresso por Merleau-Ponty,

Considero meu corpo, que é meu ponto de vista sobre o mundo, como um dos objetos desse mundo. A consciência que eu tinha de meu olhar como meio de conhecer, recalco-a e trato meus olhos como fragmentos de matéria. Desde então, eles tomam lugar no mesmo espaço objetivo em que procuro situar o objeto exterior, e acredito engendrar a perspectiva percebida pela projeção dos objetos em minha retina. Da mesma forma, trato minha própria história perceptiva como um resultado de minhas relações com o mundo objetivo; meu presente, que é meu ponto de vista sobre o tempo, torna-se um momento do tempo entre todos

os outros, minha duração um reflexo ou um aspecto abstrato do tempo universal, assim como meu corpo um modo do espaço objetivo (2006a, p. 108).

As apropriações de mundo possibilitam distinguir elementos da realidade que antes não eram possíveis, o sujeito vivencia um aprofundamento com os objetos e assim suas concepções nunca se dão por acabadas – mas ampliam as próprias possibilidades corpóreas de agir e significar o mundo.

O inacabamento do objeto é possível dado ao fato de que aquele que o percebe nunca se encontra acabado, mas em projeto. O corpo próprio detém em sua ambígua natureza a possibilidade de ser sempre abertura ao mundo, ele é o contato com os fenômenos anterior aos predicados sociais, culturais e da ciência. Seu contato com o mundo abre possibilidades intencionais à carne do mundo, mas não as selas, contudo é o ensaio de um conhecimento que mais identifica o objeto para si do que aquilo que ele é no mundo. Essa posse simbólica se encontra encarnada no modo próprio do sujeito sentir o mundo, de tê-lo em sua perspectiva, mas sem desrealizá- lo. Para Merleau-Ponty (2006) “Ter a experiência de uma estrutura não é recebê-la em si passivamente: é vivê-la, retomá-la, assumi-la, reencontrar seu sentido imanente” (p.348).

A estrutura é ultrapassada dentro dos sentidos vividos pelo sujeito. Embora, isso não implique que as verdades que esse sujeito percebe sejam relativizações, mas sim que essas estejam enraizadas no fundo que sustenta essa verdade, seu mundo da vida. Em um sentido amplo isso significa dizer que os conhecimentos de uma ciência como a física se ancoram as constituições culturais de um determinado povo (MARSHALL, 2008). Em um sentido individual isso implica que a corporeidade apreende os elementos do mundo em uma condição provisória, mas condizente com seu tempo vivido (MERLEAU-PONTY, 2006).

O estado provisório de nossos saberes é sinérgico ao nosso modo de ser no mundo. Tendemos nossas interpretações aos caminhos que nos engajamos e, assim, os objetos falantes cantam um mesmo recital que celebra o mundo vivido na marcha dos nossos sentimentos. Um arco intencional se estabelece em nossa própria maneira de nos apreender e a narrativa vivida forma aquilo que tecemos como si próprio.

O que conhecemos do mundo é fruto da narrativa tecida a partir de um passado em relação ao que vivemos no presente e esperamos do futuro. O conhecer é provisório, pois se enriquece na subjetividade do tempo vivido.

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