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2.3 NÍVEIS DE APRENDIZAGEM NAS ORGANIZAÇÕES

2.3.2 Aprendizagem em nível grupal

Para Pawlowsky (2001), a aprendizagem organizacional deve ser devidamente distinta da aprendizagem individual, onde o nível grupal tem destaque, porque o grupo ou o time

funcionam como um portão de entrada para a aprendizagem organizacional. Para o autor, o nível de grupo tem sua referida relevância na questão de que os grupos não são simplesmente uma ligação entre o indivíduo e a organização, mas também o indispensável sistema social interventor no qual os indivíduos compartilham, aprendem e, portanto, existe o comportamento organizacional. Para Edmondson (2002), os grupos de indivíduos existem no interior de uma grande organização e são compostos por membros evidentemente definidos, os quais compartilham responsabilidade pelos resultados, tais como por produtos e serviços.

Conforme o apresentado por Henry (1989), das seis formas da aprendizagem experiencial, duas são relevantes na aprendizagem grupal: a) servir para promover a elevação da consciência de grupo, ação de comunidade e mudança social; b) promover o crescimento pessoal, desenvolvimento e ampliação da autoconsciência e eficiência do grupo. Neste mesmo sentido, a aprendizagem na perspectiva grupal é relacionada ao contexto onde as pessoas se relacionam, construindo e reconstruindo o conhecimento para gerar novas ações no âmbito organizacional, lembrando que a aprendizagem individual é dependente da aprendizagem coletiva (DIXON, 1999).

A aprendizagem pode ser motivada com base em alguns aspectos a serem considerados: as condições antecedentes que são formadas pela estrutura do grupo, isto é, pelo contexto de apoio e pela preparação do líder do grupo; pelas crenças do grupo que são representadas pela segurança e a eficácia do grupo; pelo comportamento do grupo, no que se refere ao comportamento de aprendizagem do grupo; e pelos resultados, que equivalem ao desempenho, quer dizer, se este satisfaz ou não as necessidades de seus consumidores (GODOI; FREITAS; CARVALHO, 2011).

De acordo com Silva (2013), o termo aprendizagem grupal é relativamente recente, pois começou a ser discutido na década de 1990, ao ter seus estudos ampliados a partir de 2000. De acordo com Takahashi (2015), para haver aprendizagem grupal, há a necessidade de ocorrer interação e compartilhamento de experiências, conhecimentos e práticas, embora nem todos os indivíduos do grupo possam apresentar as mesmas soluções diante dos mesmos problemas. Conforme Vasconcelos e Mascarenhas (2007), o grupo de trabalho é um fenômeno social que serve para integrar indivíduos às organizações e é composto por duas ou mais pessoas interdependentes entre si, com objetivos comuns e com papéis mais ou menos determinados.

Para Silva (2013), o grupo é importante para a organização por: ser responsável pela execução de tarefas que não poderiam ser feitas por indivíduos trabalhando sozinhos; ser capaz de fornecer uma multiplicidade de talentos e de habilidades que serão utilizados em tarefas específicas; fornecer recursos para avaliação e solução de problemas, para a tomada de decisão

e de implementação de ações corretivas; poder oferecer meios mais eficientes para o controle organizacional e do comportamento dos indivíduos; poder facilitar as mudanças nas políticas e nos procedimentos da organização; inclusive, poder aumentar a estabilidade da organização, transmitindo aos membros mais novos valores e normas.

Segundo Pawlowsky (2001), o grupo ou o time enquanto espaço social favorecido para o compartilhamento das experiências e dos modelos mentais, é necessário para o espaço de aprender. Conforme Silva (2013), o grupo é importante para o indivíduo por: poder ajudar no processo de aprendizagem sobre a organização e seu contexto; poder promover a conscientização das potencialidades e limitações dos indivíduos; poder oferecer condições para a aprendizagem de novas habilidades e adoção de novos comportamentos; conceder a obtenção de recompensas desejadas e que não estariam disponíveis para o indivíduo isolado; ser fonte de satisfação de necessidade, tais como a de reconhecimento, pertencimento e referência. Os grupos desempenham relevante papel tanto para a organização quanto para os próprios indivíduos.

No modelo de aprendizagem de times, proposto por Edmondson (1999), são considerados três fatores interdependentes – fatores estruturais, crenças do grupo e comportamentos de aprendizagem – que impactarão o desempenho do grupo. Desta forma, os fatores estruturais são condições próprias do grupo, que afetam as crenças dos seus membros e colaboram indiretamente com o resultado final.

Conforme Takahashi (2015), a aprendizagem organizacional não é um processo linear, que se inicia com a aprendizagem individual, passando para a aprendizagem grupal e, por fim, tornando-se organizacional. Para compreender como ocorre a aprendizagem em um dos níveis, é possível focar apenas um destes níveis. Desta forma, para entender a aprendizagem individual, é necessário olhar para o indivíduo inserido na organização. Para entender a aprendizagem grupal, é necessário olhar para a equipe em que o indivíduo se encontra e observar as respectivas interações que ocorrem entre ele e os demais indivíduos. E, finalmente, para compreender a aprendizagem organizacional, deve-se observar a dinâmica global da organização, entendendo as mudanças vivenciadas e os conhecimentos internalizados e por sua vez convertidos em práticas e rotinas.

A aprendizagem que vem do grupo tem significados coletivos, representando onde os momentos do passado são guardados, tornando-se parte da memória organizacional. Esses significados mantêm os membros da organização unidos, pois permitem que eles ajam em consenso uns com os outros, desenvolvendo um sentimento de pertencimento nos indivíduos pertencentes ao grupo (EDMONDSON, 2002).

Os resultados das interações dos indivíduos entre si, somados à ligação destes indivíduos com o processo de aprendizagem organizacional, funcionam como agentes de desenvolvimento (EASTERBY-SMITH; ARAÚJO, 2001). Dixon (1999) afirma o poder da mente coletiva ao colocar a interpretação coletiva no centro da aprendizagem organizacional. Na compreensão, cada um entende melhor o raciocínio que os outros estão usando para chegar ao seu significado. Tomar a decisão de expor informações, de caráter positivo ou negativo, resultará em uma decisão favorável a um grupo e desfavorável a outro. Os três níveis de aprendizagem organizacional estão interligados por processos sociais e psicológicos: intuindo, interpretando, integrando e institucionalizando. Esses quatro processos se reportam ao Modelo 4i que é abordado ainda nesta seção.