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Apresentação e Análise dos Resultados

II. PRÁTICA DE ESTÁGIO CURRICULAR

3. Estudos de Caso

3.2. Apresentação dos Estudos de Caso

3.2.1. Estudo de Caso I V.H

3.2.1.4. Apresentação e Análise dos Resultados

Toda a discussão de resultados obtidos foi realizada com referência a critério e os resultados analisados de acordo com parâmetros qualitativos. Os resultados da grelha de observação foram sujeitos a uma análise item a item, tendo em consideração todos os registos (quantitativos e qualitativos/observações), para o estabelecimento do perfil psicomotor e posterior elaboração dos objetivos a trabalhar no âmbito do seu Plano de Intervenção Individual.

A apresentação dos resultados em seguida refere três valores principais: a Pontuação

Obtida na Avaliação Inicial, a Pontuação Obtida na Avaliação Final pela V.H. nos

diferentes domínios e ainda a Pontuação Máxima possível de ser obtida em cada domínio.

Unidade I – Habilidades de Adaptação ao Meio Aquático

Figura 5 - Total de Pontuações obtidas pela V.H. nas Habilidades de Adaptação ao Meio Aquático

Como é possível verificar na figura 5, em termos de Habilidades de Adaptação ao Meio Aquático, verifica-se uma manutenção ou melhoria em todas as habilidades avaliadas. De uma forma mais detalhada, a V.H. apresenta bons resultados em termos de Autonomia Pessoal no Meio Aquático, atingindo a cotação máxima nos dois momentos. Estes aspetos foram trabalhados todas as sessões, enquanto rituais de organização pessoal de entrada e saída das mesmas (apenas necessitando de algumas indicações verbais para calçar os chinelos). A cotação máxima foi também obtida na Familiarização com o contexto, que foi igualmente potenciada ao longo dos últimos anos de intervenção no meio aquático; a dificuldade inicial em molhar a cara/cabeça foi sendo ultrapassada, passando a fazê-lo de forma espontânea ao longo da sessão. As Entradas e Saídas da Piscina são uns dos pontos fortes da V., sendo completamente autónoma neste domínio (e.g. tem noção das regras de segurança; embora no início solicitasse ajuda física constante nas subidas pela borda da piscina em contexto de tarefa, a V. tem capacidade para realizar a ação de forma independente, tendo vindo a tornar-se cada vez mais autónoma).

Em termos de Equilíbrio e Flutuação são observáveis algumas dificuldades, sobretudo, em tarefas que envolvem a autonomia na posição de Decúbito (Dorsal e Ventral). Embora flutue na posição de Decúbito Dorsal, no início da intervenção a V. necessitava ainda de apoio físico e acompanhamento individualizado; todavia, a sua autonomia e capacidade de controlo tónico nas funções de flutuação foram progressivamente aumentando através das atividades desenvolvidas no período de intervenção. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Avaliação Inicial Avaliação Final Pontuação Máxima

Relativamente às Rotações, a V.H. apresenta uma boa capacidade em passar do plano horizontal para o vertical, apesar de dificuldades na passagem da posição de Decúbito Ventral para Dorsal e vice-versa, mesmo com ajuda física, demonstrando ainda alguns sinais de insegurança.

A Função Respiratória surge como uma das áreas menos fortes da V.H., quer em termos de inspiração e expiração, com e sem Deslocamentos. Assim, inicialmente a expiração bucal com a boca imersa era realizada apenas com indicação verbal constante e demonstração, não efetuando, portanto, uma respiração ritmada; no momento de Avaliação Final estas funções não se encontravam ainda adquiridas, embora tenha sido observada uma maior autonomia e iniciativa para a sua realização. Apresenta ainda dificuldades em termos de expiração bucal e nasal, controlada e ritmada, imergindo na água em apneia.

Quanto ao domínio da Imersão, apesar da V.H. imergir todo o corpo sozinha com instrução verbal e quando inserido no contexto de tarefa com um dado objetivo (e.g. apanhar objetos do fundo da piscina), a pontuação relativa à Avaliação Inicial espelha um desempenho razoável, uma vez que não existia a imersão espontânea. Não obstante, este foi um dos domínios onde a evolução foi verificada entre os dois períodos de avaliação; em contexto de tarefa, a V. passou a realizar imersão total de forma espontânea, planeada, com um maior controlo e com autonomia. Para além disso, com a introdução dos óculos de mergulho, passou a abrir os olhos quando imerge, embora este seja ainda um aspeto em aquisição.

No que concerne aos Deslocamentos em Meio Aquático, verifica-se que a V.H. é autónoma nos Deslocamentos Verticais; inicialmente necessitava de feedback verbal constante e demonstração nos saltos com deslocamentos (pés juntos), passando a ajuda verbal a ser o apoio mais utilizado e os saltos a serem realizados com mais ritmo e autonomia, mas com acompanhamento constante (em aquisição). Em termos de Deslocamentos Horizontais em Decúbito Ventral e Dorsal, tanto em Avaliação Inicial como Final, são verificadas algumas dificuldades, necessitando de algum tipo de apoio físico e de feedbacks verbais. Relativamente aos Movimentos Propulsivos, a V.H. apresenta capacidade para se deslocar realizando os movimentos ao nível dos Membros Inferiores (em decúbito ventral e dorsal), embora necessite de ajuda física e do apoio dos flutuadores. Importa destacar que estes resultados espelham também a observação realizada em termos de Movimentos Propulsivos dos Membros Superiores que não se afiguraram como prioritários no âmbito da intervenção, dado haver necessidade de se consolidarem aquisições anteriores.

Unidade II – Comportamento, Interação, Relação e Envolvimento com Técnico(s),

Objetos e Espaço

Em relação aos domínios da Unidade II da Checklist de Observação, respeitantes às questões relacionadas com o comportamento, interação, relação e envolvimento, importa destacar que, quando relativo ao técnico, a Avaliação Inicial se refere à TSEER responsável pela intervenção psicomotora em meio aquático da CerMov, já a Avaliação Final refere-se à estagiária uma vez esta ter passado a assumir a figura de técnica da V.H.

Tal como se pode observar através na figura 6, a V. apresenta uma boa Interação com

o Técnico. Não obstante, aquando da Avaliação Inicial, a sua dependência afetiva em

relação ao técnico era notável, o que poderá ter contribuído para algumas dificuldades observadas ao longo da sessão, em termos de comportamentos de autonomia, independência e espontaneidade. Assim, ainda que a sua relação com os elementos da sessão fosse boa, a maior parte dos momentos de interação verificavam-se após indicação verbal da técnica, ou em resposta às investidas do seu par. Com a

deslocação da figura de referência para a estagiária, mantiveram-se os aspetos positivos de interação e verificou-se uma maior independência afetiva.

Figura 6 - Total de Pontuações obtidas pela V.H. relativas ao Comportamento, Interação, Relação e Envolvimento com Técnico(s), Objetos e Espaço

Esta mudança poderá ter contribuído para a evolução verificada em termos de

Interação com os Pares, neste caso específico, com o seu colega, nas sessões em

grupo. Isto é, embora, em termos quantitativos, na Observação Inicial, a pontuação obtida neste domínio tenha sido máxima, ao longo do tempo, a frequência na procura do par ao longo das atividades e no estabelecimento do contacto visual foi sendo crescente, assim como a demonstração de um maior à vontade e sentido de iniciativa para a interação com este, de forma adequada ao contexto.

Neste sentido, as maiores evoluções em termos de comportamento, interação e relação foram verificadas em contexto de Jogo, tal como demonstra a figura 6. Assim, inicialmente observadas as dificuldades em termos de interação com o outro, os objetos e o espaço, no contexto de sessão quer em situações de jogo espontâneo (praticamente impercetível), quer dirigido (observável uma maior motivação em situações de jogo manipulativo), após o período de intervenção em Psicomotricidade, a V. passou a revelar sinais emergentes e cada vez mais consolidados de jogo simbólico, cooperativo e exploratório (utilizando para o efeito material seu familiar utilizado na sessão), para além de ser notória a sua evolução em termos de jogo manipulativo (ainda que básico), mostrando maior interesse pela manipulação de objetos, utilizando-os com um objetivo e de forma mais coordenada.

No que respeita ao domínio da Comunicação, embora a V.H. quase não utilize linguagem verbal (vocabulário bastante reduzido, verbalizando algumas sílabas de palavras familiares ao seu quotidiano), esta poderá ser considerada como uma das suas áreas fortes, uma vez que em termos de linguagem recetiva, a V.H. apresenta uma boa capacidade de compreensão de ordens que envolvam instruções simples e mais complexas, estabelecendo contacto visual sempre que é chamada pelo seu nome, assim como no que respeita à linguagem expressiva, demonstra uma boa capacidade de comunicação através de recursos não-verbais, sobretudo gestos, exprimindo as suas vontades, motivações, emoções e preocupações. Assim, embora os resultados demonstrados no gráfico revelem uma manutenção desta capacidade, este foi um dos domínios onde se verificaram maiores evoluções ao longo das sessões, tendo o poder comunicativo aumentado exponencialmente, também associada à construção da relação terapêutica e, consequentemente, à natural progressão do sentimento de segurança e à vontade que foi sendo criado.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 J.a Interação Técnico J.b Interação Pares J.c Interação Outro e Objetos K. Comunicação L. Fatigabilidade M. Participação e Dinâmicas da Sessão Avaliação Inicial Avaliação Final Pontuação Máxima

Quanto ao grau de Fatigabilidade ao longo das sessões, poderá considerar-se que o perfil da V. é variável consoante o seu estado físico e emocional diário, dado que, tal como descrito anteriormente, esta apresenta um diagnóstico de epilepsia, que influencia bastante o seu desempenho e nível de participação de sessão para sessão e, sobretudo, os sinais de fadiga que vai apresentando, sendo que, em alguns momentos, a realização das tarefas é interrompida devido ao seu estado. Estes são pontos que servem de justificação para a pontuação obtida em Avaliação Final (resultado superior ao da Avaliação Inicial), uma vez que toda a sua condição veio a agravar-se ao longo do período de intervenção, interferindo com a realização das tarefas ou mesmo da própria sessão.

Em termos de Participação e Dinâmicas da Sessão, foram verificadas melhorias entre os dois momentos de avaliação. A pontuação obtida tanto na fase inicial como final, reflete o cumprimento das tarefas e das regras de segurança e, ainda, a sua participação nas tarefas, de acordo com as instruções (que envolvam uma ação simples); no entanto, quando essas instruções envolvem mais do que uma ação, são verificadas dificuldades na concretização da ação pretendida. Relativamente à permanência na tarefa, participação, motivação e interesse, a V.H. apresenta evoluções, passando a procurar com menos frequência a figura de referência, através do olhar e do toque, tornando-se mais autónoma e cooperativa, demonstrando uma correta noção de sequencialização das tarefas da sessão.

Para além disso, importa referir que, num momento inicial, através de uma observação informal nas sessões em meio aquático, a V.H. apresentava uma postura rígida em algumas tarefas (tónus aumentado nos deslocamentos em decúbito dorsal e flutuação), sobretudo em momentos de insegurança, procurando a figura de referência prontamente. No entanto, o seu nível de motivação para as tarefas e o seu bem-estar no meio aquático eram evidentes ao longo de toda a sessão.