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Apresentação e Discussão dos Resultados Estruturas e atividades de apoio aos estudantes com NEE

Anualmente os estudantes com NEE da UA têm contacto com a estrutura de apoio aos alunos chamada Ga- binete Pedagógico. Criado em 1991, com o intuito de proporcionar apoio pessoal e pedagógico, o Gabinete Pedagógico não se dedica exclusivamente ao atendimento a estudantes com NEE, encontra-se disponível em igualdade de circunstâncias para todos os estudantes da UA e é referenciado pelos estudantes com NEE como um dos mais importantes suportes.

Alguns apoios são realizados por iniciativa do Gabinete Pedagógico, como a disponibilidade de uma cadeira de rodas para empréstimo temporário, uma cadeira com verticalização para uso nos laboratórios, material informático, equipamento para produção de bibliografia em suporte informático para cegos, entre outros.

Os Serviços de Documentação dispõem de equipamentos específicos para utilizadores com deficiência mo- tora, postos de acesso para invisuais e amblíopes e integram um serviço de produção de documentos em formatos alternativos, conversão de textos a negro e impressão em Braille.

No presente ano, a biblioteca da Universidade criou uma nova página que disponibiliza conteúdos, recursos e serviços de apoio aos estudantes com Necessidades Especiais, com o intuito de tornar acessível um con- juntos de serviços e fontes de informação para o apoio à aprendizagem.

Dimensão Categoria Subcategoria

Pe rm an ên ci a na UA

Apoio académico Apoio à NEE

Avaliação/testes Acessibilidade

Disponibilidade de Materiais/Recursos Permanência no ensino superior _Principais motivos

Maior desafio na UA Maior satisfação na UA

A UA tem acesso à Biblioteca Aberta do Ensino Superior e tem vindo a participar e integrar o Grupo de Tra- balho para o Apoio a Estudantes com Deficiências no Ensino Superior (GTAEDES). Conforme relatado anteri- ormente, a Universidade de Aveiro tem vindo a estabelecer procedimentos caso a caso e de acordo com as necessidades específicas de cada um dos estudantes que procuram apoio. O Gabinete transmite, portanto, a informação necessária ao Diretor do Curso, que a divulga a todos os docentes que lecionam as disciplinas em que o estudante está inscrito e verifica a necessidade de possíveis recursos a serem utilizados.

Os apoios oferecidos pelo Gabinete Pedagógico são verificados relativamente com as necessidades encon- tradas. Em geral traduz-se numa concessão de tempo extra para a realização de provas de avaliação, apoio nos laboratórios, no caso dos estudantes com deficiências visual ou motora, melhoria das acessibilidades físicas, possibilidade de gravação de aulas, substituição de disciplinas ou conteúdos programáticos.

Os estudantes com deficiências visuais também contam com apoio tecnológico, pois recebem toda a infor- mação escrita (a bibliografia aconselhada pelos docentes, trabalhos ou testes) em formato áudio, utilizando um software específico. Podem também usar o seu portátil em aulas e testes de avaliação.

Contam ainda com a construção de rampas de acesso para a cadeira de rodas, intervenções nos sanitários, instalação de plataformas elevatórias, entre outras bem como a aquisição de equipamentos de apoio. O alo- jamento e os espaços de refeições merecem, igualmente grande atenção. Os Serviços de Ação Social dispo- nibilizam residências adaptadas e, na cantina, os estudantes com dificuldades motoras ou visuais têm o apoio das funcionárias destes Serviços e dos voluntários do Gabinete Pedagógico.

A UA conta ainda com um grupo de voluntários composto por docentes, estudantes e funcionários que prestam diferentes apoios como na cantina, desporto, explicações, entre outras, sempre que solicitados.

Os momentos e métodos de avaliação tendem a ser diferentes dos estabelecidos para os restantes estudan- tes referente à calendarização, modelo de avaliação e tempo concedido para realização das provas ou dos trabalhos. No caso de estudantes com internamento hospitalar prolongado, ou acamados em suas casas, por longos meses, as avaliações são realizadas nesses locais, sob a supervisão da coordenadora do Gabinete Pedagógico.

Outro exemplo é referente aos estudantes com deficiências visuais que necessitam de usar a sala de audio- visuais da biblioteca da universidade ou os estudantes tetraplégicos que em situação de teste escrito optam

por ditar as suas respostas nas avaliações, sendo também acompanhados. Os docentes ainda organizam ho- rários extra classe para esclarecimento de dúvidas e complemento de aulas, bem como o apoio referente à extensão de tempo nas provas de avaliação, sem qualquer espécie de compensação.

A Associação Académica e as comissões de Praxe realizam um trabalho de integração com os estudantes desde o momento do ingresso bem como no seguimento do percurso académico.O desporto adaptado e as atividades recreativas e culturais começam a ter alguma expressão bem como o incentivo à pratica da vela adaptada com o apoio dos Serviços de Ação Social, Associação Académica, voluntários e um clube despor- tivo da cidade. A dança tem sido outra atividade desenvolvida pelos alunos na universidade. Referente ainda à questão social, o GRETUA, Grupo Experimental de Teatro da Associação Académica permite a entrada gra- tuita nos seus espetáculos à pessoa que acompanhe um estudante com deficiência e, na mesma linha, a As- sociação ainda concede descontos a todos os espetáculos apresentados.

Permanência: Percurso Universitário

Vida Social e Autonomia

A importância da vida social no percurso académico foi 15 vezes referida pelos estudantes com NEE, como um dos aspetos mais importantes dentro da Universidade. Segundo MS, “não há melhor do que nós parti- lharmos ideias com pessoas do mesmo curso e pessoas de outros cursos também”. Na perspetiva de RP, “temos que ter conhecimento social e falarmos com as pessoas, é sempre bom ter novos conhecimentos, novas amizades”. AA ao referir a vida social, bem como a praxe relata que “eu fiz as minhas praxes en- quanto caloira, participei em todas. Pra mim foi importante no sentido que deu pra conhecer pessoas de todos os nãos do curso, deu pra me integrar com eles, ã, também criou alguma entreajuda porque eles iam me buscar na cadeira normal para eu ir a praxe”.

Sendo referenciada na vida social académica, a praxe foi citada 7 vezes como importante apoio durante o percurso universitário. RP descreve: “Na praxe foi brutal, gostei um bocado, nesse momento faço parte da comissão de praxe” e MM relembra “Mesmo a nível das praxes, sempre tiveram muito respeito”. Ainda rela- cionado à prática importante da praxe, os estudantes referem a praxe como inclusiva, além de integrativa.

Percebendo as atividades extra curriculares como importantes na vida social dos estudantes com NEE da UA, foram relatadas as principais como: grupo de dança da UA (3) “acho que é importante, no primeiro ano tive integrado num grupo de dança, depois mais pro final estive integrado num grupo de vela ali na ria, é giro”

recorda SM, grupo de jovens da igreja (2), associação de cegos em Portugal (1), Núcleo de estudantes (1) aulas de música (4) e vela adaptada (3) “E então, desde que comecei a fazer vela os pesadelos, não vou di- zer que acabaram, porque se há um período que eu deixo de fazer, aquela sensação volta outra vez, mas durante o tempo em que eu estou a fazer, eu não tenho pesadelos, eu durmo muito melhor. Desde essa altura, eu durmo muito melhor. E isso foi uma coisa que eu até já comentei com meu colega é que faz mesmo muito bem, muito, muito bem mesmo” (AM).

Importante salientar que destas atividades extra curriculares, as mais referidas são o grupo de dança, vela adaptada e a música, todas elas de alguma forma relacionadas à UA, quer sejam otimizadas pelo Gabinete Pedagógico, por parcerias com a Universidade ou mesmo pelo incentivo da UA no seguimento destas.

Principais apoios no percurso universitário

Através de 21 unidades de texto os estudantes explicitaram o apoio do Gabinete Pedagógico na UA. Relacionado ainda com o apoio específico para as NEE, foram citados o apoio dos voluntários referente a pesquisa e conversão de materiais (1), dos voluntários para o almoço (2), o apoio da psicóloga da UA (1), o apoio às NEE por parte da biblioteca (3) e uma referência à Linha telefónica gratuita de apoio aos estudan- tes (LUA). Para tal, dentre os apoios citados, podemos perceber que o mais referido tem sido o Gabinete Pedagógico, como o setor que viabiliza esses recursos. Concluímos portanto que além de ser um apoio im- portante para os estudantes com NEE, é também conhecido e divulgado dentro do espaço académico.

Conforme os dados apresentados pelo Gabinete Pedagógico, as avaliações dos estudantes podem ser adap- tadas conforme as necessidades apresentadas pelos estudantes. Foram relatadas 10 unidades de texto refe- rindo que são feitas as adaptações, e essas podem ser percebidas nas práticas de mais tempo para a reali- zação (6) auxílio na transcrição das avaliações (2) e a permissão do uso do computador (2) “eu vou utilizar o meu computador, a Dra fica ao pé de mim, vê o que eu escrevo, o que eu faço no computador, depois im- primimos e mandamos pros professores e os professores também concordaram” relata AS.

A disponibilidade de recursos reconhecida como satisfatória engloba as subcategorias de Limpeza das resi- dências (1), Alterações curriculares (2), materiais adaptados (6) e o cartão adaptado de estacionamento. Os recursos disponíveis são também referidos nos espaços da biblioteca relacionados a pesquisa (3) e a dispo- nibilidade dos materiais em formato acessível (2) “eu preciso de ajuda da biblioteca para fazer o tratamento

dos livros científicos, portanto num formato acessível, num formato digital que eu uso no computador...” (SM).

Relacionado à disponibilidade de recursos insatisfatória os estudantes referenciam aspetos como a demora por materiais (6) “Em termos de material didático, eu sei que para pessoas com baixa visão nessa área ainda há algumas falhas, porque eu sei que aqui a biblioteca há lá uma equipa que coloca os conteúdos em for- mato acessível, mas às vezes demoram muito a fazer” (IG), disponibilidade de materiais (6) e avarias (3).

Os principais apoios para a permanência no Ensino Superior são referidos pelos estudantes como o apoio da família (9) do gabinete pedagógico (8), dos professores (8), dos colegas (6), da psicóloga (2), do serviço de ação social (1), da instituição que acolhe um dos alunos (1) e pela própria força de vontade (1) “e se hoje eu estou aqui na universidade a falar contigo, a terminar esse curso devo muito a mim, é verdade, ao meu investimento e meu esforço...” relata AS.

As acessibilidades na UA

Acessibilidade física/estrutural

Com 34 unidades de texto os estudantes afirmam que a Universidade de Aveiro apresenta Acessibilidade física/estrutural satisfatória, conforme relatam IG, “a nível de acessos físicos, acho que está muito bem, está bem organizada. Não há assim nenhum local inacessível. Há sempre acesso à todos os departamentos, tem sempre uma rampa, depois tem elevadores acessíveis...”, e AM “as residências são fantásticas porque pra além de serem perto da universidade, como eu a bocadinho disse, vivo na universidade. É, é pronto, é perti- nho, os quartos são individuais...”. Importante salientar que as acessibilidades são mais referidas pelos estu- dantes com deficiências a nível físico e visual e que os estudantes com dislexia não referenciam, talvez por não entenderem como necessário nos seus casos específicos.

A mesma quantidade de unidades de texto (34) é referida pelos estudantes afirmando que a Acessibilidade física/estrutural da UA é insatisfatória. As principais reclamações são relacionadas a deslocação (10) “Quem vem da reitoria para aqui é a mesma coisa, tem só escadas, não se pensa nas pessoas que como no meu caso tem esse problema. Eu pra descer as escadas tenho que ter apoio, tenho que me concentrar, já fiz, portanto não tinha outra maneira de ser e quando eu vinha a cantina almoçar e queria ir a reitoria por exemplo, ou tinha que descer baixada, porque a descer é mais complicado que a subir ou quando não havia

rampa tinha que descer mesmo pela escada mas sempre com muito receio de cair porque não tinha o apoio” relata AP. A insatisfação ainda revela-se pelos buracos (4) e acessos (20).

Acessibilidade cultural/atitudinal

Os estudantes com NEE referiam 57 vezes que consideram que a UA apresenta acessibilidade cultural/atitu- dinal por parte dos professores, conforme relatam IG “eu acho que cá não há tanto aquela distinção de ser diferente ou não. Há mais aceitação por parte dos colegas, de professores, de toda gente” e AS “eu sou um exemplo vivo que grande parte dos meus professores foram sensíveis, são sensíveis e se eu precisar de al- guma coisa, eles ajudam-me...”. Através desses relatos, reafirmamos que o professor que acredita nas poten- cialidades dos estudantes preocupa-se também com a sua aprendizagem e o seu grau de satisfação.

Por outro lado, os estudantes referem em 30 unidades de texto que a UA não apresenta acessibilidade cul- tural/atitudinal por parte dos professores pois os alunos relataram que já passaram por discriminação (6) “devido as minhas dificuldades na fala e etc. Sempre fui confrontada com o fato de não ser o melhor curso pra mim. Pois essa sociedade ainda não está preparada para a diferença, não está. E a diferença está nos olhos de quem a vê...” conforme descreve IG.

Os resultados também apontam para a acessibilidade cultural/atitudinal num âmbito maior em positiva, quer seja por parte dos colegas, professores ou funcionários, bem como a sensibilização para o apoio, realidade apontada pelos estudantes da UA.