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Apuração do valor realizável líquido A aplicação do critério de valor de CUSTO ou valor

No documento Manual de Contabilidade Societária (páginas 129-131)

liquidação duvidosa

ATIVO Conta Saldo

5.3 Critérios de avaliação 1 Critério básico

5.3.3 Apuração do valor realizável líquido A aplicação do critério de valor de CUSTO ou valor

REALIZÁVEL LÍQUIDO, DOS DOIS O MENOR, mencio‑

nada no item 5.3.1, deve ser feita separadamente para cada subconta de estoques.

a) MATÉRIAS‑PRIMAS, OUTROS MATERIAIS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO E ALMOXARIFADO DE USO GERAL

Nesse caso, no § 1º do art. 183 da Lei nº 6.404/76, alterado pela Lei nº 11.941/09, encontramos como conceito do valor justo “... o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado’’, ou seja, será o custo de reposição de cada material, entendendo‑ ‑se como custo de reposição a compra de quantidades usuais em circunstâncias normais, sendo esse o critério para mensurar o valor recuperável do estoque quando este for inferior ao custo. Para esse tipo de itens, desde que estejam disponíveis os valores de reposição, não há muita complexidade.

Exemplificando, temos:

Materiais Quantidade Custo Unitário$ Custo Total$

Valor realizável líquido $ Unitário abaixo do Mercado $ A B C 1.000 2.000 4.000 2,00 0,50 0,40 2.000,00 1.000,00 1.600,00 4.600,00 1,80 0,55 0,40 0,20 – –

Como se nota, apenas um dos materiais possui valor realizável líquido abaixo do custo e, como deve prevalecer o menor, reconhece‑se contabilmente uma

perda estimada para redução ao valor realizável líqui‑ do, a qual será debitada ao resultado e calculada da seguinte forma:

Material Quantidade que prevalece $Valor Unitário Total$ Valor contábil$

Diferença (Valor da perda estimada)

$

A 1.000 1,80 1.800,00 2.000,00 200,00

Tal perda estimada é demonstrada no Balanço como redução das contas de estoques, como previsto no Plano de Contas e descrito no item 5.2.6, letra k. b) PRODUTOS ACABADOS E MERCADORIAS PARA

REVENDA

No caso de produtos fabricados ou de mercadorias adquiridas para revenda, o valor realizável líquido de cada item é apurado pelo líquido entre o preço de ven‑ da do item e as despesas estimadas para vender e re‑ ceber, entendendo‑se como tais as despesas diretamen‑ te relacionadas com a venda do produto e a cobrança de seu valor, tais como comissões, fretes, embalagens, taxas e desconto das duplicatas etc.; despesas do tipo

propaganda, despesas gerais, administrativas etc., que beneficiam não diretamente um produto, mas genérica e constantemente todos os produtos da sociedade, não devem ser incluídas nessa determinação de despesas para vender e receber.

Exemplificando, temos: Produtos Quan‑ tidade Custo Unitário $ Total $ Preço de Venda $ A B C 100 200 300 5,00 10,00 1,00 500,00 2.000,00 300,00 7,00 12,00 2,00

A apuração é como segue:

A B C

1. Preço de venda 2. Despesas para vender a) Embalagem b) Entrega (frete) c) Comissões

d) Despesas bancárias de co- brança

Total das despesas para vender 3. Valor realizável (1 – 2)

4. Custo de fabricação (ou de aqui- sição)

5. Unitário abaixo do “mercado’’

7,00 0,35 0,30 0,60 0,50 1,75 5,25 5,00 – 12,00 0,30 0,30 0,90 1,10 2,60 9,40 10,00 0,60 2,00 0,04 0,04 0,17 0,15 0,40 1,60 1,00 –

De forma semelhante ao caso anterior, apenas um produto apresentou valor realizável líquido inferior ao custo de fabricação ou compra, tornando‑se necessário o reconhecimento de uma perda estimada para ajuste no valor de $ 120,00, ou seja, 200 unidades a $ 0,60 de custo acima do mercado. No exemplo dado, considera‑ mos que o preço de venda, assim como o custo dos pro‑ dutos, já se encontra sem o ICMS, não havendo, por‑ tanto, necessidade de deduzir a parcela desse imposto. A Lei nº 6.404 determina que, nesses casos, en‑ tenda‑se por valor justo “o preço líquido da realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro” (grifo nosso) (alínea b, § 1º, art. 183), sendo este o critério para mensurar o valor recuperável do estoque quando este for inferior ao custo.

Há que se interpretar aqui o texto legal à base da técnica contábil. Não se aplica pura e simplesmente a dedução da margem de lucro como regra, isto é, não se diminui também do preço de venda o lucro normal, já que isso simplesmente faz voltar ao custo. A aplicação indiscriminada desse critério acaba por fazer a empre‑ sa reconhecer prejuízo cada vez que o preço de venda cair, para, talvez, reconhecer lucro no exercício seguin‑ te. Por exemplo: Um produto costuma ser vendido com lucro bruto de 40% sobre o custo e tem despesas de venda de 10% do preço de venda. Assim, se ele custar $ 1.000,00, teremos:

Receita Líquida de Venda Despesas de venda Subtotal

$ 1.400,00 ($ 140,00)

$ 1.260,00

Nesse caso, o lucro, após o cômputo das despesas, passa a ser de $ 260,00 por unidade, ou 18,6% sobre

o preço de venda, ou ainda 26% sobre o custo. Se em certa data o preço caísse para $ 1.300,00, teríamos:

Preço de venda Despesas de venda Subtotal $ 1.300,00 ($ 130,00) $ 1.170,00

Pela regra legal, se olhada sem maior atenção, te‑ ríamos ainda que deduzir o “lucro’’ de $ 260,00, ou de $ 242,00 (18,6% × $ 1.300,00), o que nos obrigaria a considerar:

Subtotal (–) “Lucro’’

Valor líquido realizável

$ 1.170,00 ($ 260,00)

$ 910,00

e, assim, teríamos de reduzir o estoque de $ 1.000,00 para esse valor, fazendo aparecer um prejuízo nesse exercício de $ 90,00. Isso não teria sentido se o produto fosse posteriormente vendido pelos $ 1.300,00, pois aí registraríamos o lucro total de $ 260,00 ($ 1.300,00 – $ 130,00 – $ 910,00).

A legislação, ao mencionar margem de lucro, re‑ fere‑se, por exemplo, ao caso em que o preço caiu e continuará caindo, e a empresa então sabe que nem pe‑ los $ 1.300,00 deverá conseguir vender. Aí sim, se, por exemplo, estimar que no máximo conseguirá vender pelo líquido de $ 855,00 ($ 950,00 menos despesas de $ 95,00), deverá reduzir o estoque de $ 1.000,00 para $ 855,00, o que, comparado com o preço de venda na data do Balanço, aparenta uma redução de margem de lucro de $ 315,00 ($ 1.170,00 – $ 855,00), mas que na realidade significa a antecipação do prejuízo que real‑ mente ela estima que ocorrerá.

c) PRODUTOS EM PROCESSO

Esses estoques também devem ser confrontados com o valor realizável, havendo duas alternativas para seu cálculo. Uma seria tomar seu custo já incorrido mais uma estimativa dos custos a completar. Esse valor final seria comparado com o mercado como se fosse um produto acabado. Por outro lado, para estoques em iní‑ cio do processo, a melhor forma talvez seja decompô‑ ‑los pelas matérias‑primas já requisitadas, cujos custos seriam comparados, como se fossem matérias‑primas.

I – Forma de Aplicação do Método

Já vimos, pelos exemplos anteriores, que o reco‑ nhecimento da perda estimada para redução dos esto‑ ques ao valor realizável líquido, quando este for menor

que o custo, deve ser feito item por item de estoque, pois, caso contrário, acaba resultando na compensação de custos irrecuperáveis de itens cujo valor realizável líquido é inferior ao custo, por lucros não realizados em itens cujo valor realizável líquido excede o de custo. Todavia, tal compensação pode ser aceitável em cer‑ tos casos de matérias‑primas, parte das quais com va‑ lor realizável líquido inferior ao de custo, mas que são agregadas para formar um produto acabado que possa ser vendido com uma margem normal de lucro.

Essa consideração é válida, pois as matérias‑primas não se destinam à venda, mas à utilização na fabricação dos produtos acabados para venda.

Finalmente, quanto à aplicação do método, há que se considerar seus problemas práticos, particularmente no caso de empresas que têm centenas ou mesmo mi‑ lhares de itens em suas contas de estoques.

Uma forma aceitável de aplicação do método é efetuar os cálculos para todas as suas matérias‑primas básicas, que, portanto, serão poucas e de grande valor e, também, para todos os produtos acabados. Quanto aos demais itens, deve‑se procurar efetuar o cálculo para os de maior saldo na data do Balanço, dando‑se uma cobertura significativa em termos de valor, mas que, em termos de quantidade de itens, provavelmente não o será.

No documento Manual de Contabilidade Societária (páginas 129-131)

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