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Créditos e valores

No documento Manual de Contabilidade Societária (páginas 142-145)

Realizável a Longo Prazo (Não Circulante)

3. DESPESAS ANTECIPADAS

7.2.2 Créditos e valores

Nesse subgrupo, estarão classificados os créditos a receber de terceiros, relativos a eventuais contas de clientes com prazo de recebimento superior ao exercí‑ cio seguinte à data do Balanço, títulos a receber, adian‑ tamentos etc., bem como valores, também recebíveis a longo prazo, oriundos de depósitos e empréstimos compulsórios, imposto e contribuições a recuperar etc.

O Plano de Contas apresenta para esse subgrupo as seguintes contas:

a) BANCOS – CONTAS VINCULADAS

São os depósitos bancários feitos em contas vin‑ culadas à liquidação de empréstimos a longo prazo, ou outra operação similar que não permita sua livre movimentação dentro do exercício seguinte. Essa conta é mais bem descrita no Capítulo 3, Disponibilidades – Caixa e Equivalentes de Caixa, item 3.2.2, letra e, De‑ pósitos bancários vinculados.

b) CONTAS A RECEBER

Engloba as contas de clientes com vencimento após o exercício seguinte à data do Balanço, portan‑ to, refere‑se aos casos de vendas financiadas a longo prazo, ou após o ciclo operacional seguinte, se este for maior do que doze meses.

c) TÍTULOS A RECEBER

Entre outras transações podem incluir notas pro‑ missórias, letras ou outros títulos a receber a longo prazo, oriundos de operações, como venda de imóveis, maquinas ou outros bens a terceiros; renegociação (parcelamento) de duplicatas não recebidas de clientes e trocadas por notas promissórias etc.

d) CRÉDITO DE ACIONISTAS, DIRETORES, COLIGADAS E CONTROLADAS – TRANSAÇÕES NÃO RECORRENTES

Estão segregadas em três contas distintas, no Pla‑ no, para um melhor controle.

Tais saldos devem ser destacados no Balanço. Os de coligadas e controladas devem ser mencionados em maior detalhe em Nota Explicativa. (Veja Capítulo 38, item 38.4.27, Notas Explicativas sobre Equivalência Pa‑ trimonial.) Quando os saldos dos créditos de acionistas e diretores forem significativos, também deve ser feita Nota Explicativa, indicando a origem da operação e a sua forma de liquidação.

Na seção 7.1 já analisamos que tais contas se‑ rão classificadas no Realizável a Longo Prazo quando oriundas de transações não recorrentes, independen‑ temente de seu vencimento e época de recebimento, conforme exigido pela Lei nº 6.404/76. Essa determi‑ nação da lei societária era compreensível pelo que se convencionou chamar de conservadorismo e visava evi‑ tar manipulação. Todavia, não podemos concordar que seja uma prática tecnicamente correta como princípio, pois podem perfeitamente existir situações com prazos definidos de realização segura a curto prazo. Assim, se os valores forem significativos e efetivamente recebí‑ veis a curto prazo, de modo que possam vir a afetar a posição financeira e os índices de liquidez, tal fato deve ser mencionado na Nota Explicativa correspondente, de forma que se possa avaliar o efeito da prática con‑ tábil, principalmente em vista da neutralidade que se pretende para ativos e passivos.

e) ADIANTAMENTOS A TERCEIROS

Inclui entrega de numerário a terceiros, mas sem vinculação específica ao fornecimento de bens, produ‑ tos ou serviços predeterminados. É o caso da entrega de dinheiro na forma de conta corrente a ser saldada, ou pelo fornecimento citado, ou pela devolução. De fato, quando forem adiantamentos a fornecedores de equipamentos definidos, normalmente com base em contratos firmados, tais adiantamentos já deverão ser classificados no Ativo Imobilizado, em conta específica. Veja a esse respeito no Capítulo 13, item 13.2.4, letra

b, sobre Imobilizado em andamento, subitem IV. Se fo‑

de determinada compra de matérias‑primas, devem ser classificados no grupo de Estoques, também em conta à parte.

Essa conta também é prevista no Ativo Circulan‑ te, no subgrupo de Outros Créditos, e sua classificação como circulante ou longo prazo dependerá da época prevista para o recebimento do benefício, serviço ou produto correspondente, ou de sua realização median‑ te a devolução em dinheiro.

A Lei nº 9.249/95 revogou a Lei nº 7.799/89, que estabelecia, em seu art. 4º, a correção monetária “das contas representativas de adiantamentos a fornecedo‑ res de bens sujeitos a CM, salvo se o contrato prever a indexação do crédito’’. Para maiores detalhes, veja Capítulo 40, Correção Integral das Demonstrações Contábeis.

f) PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA (Conta Credora)

Assim como as contas similares do Ativo Circulan‑ te, essas do Longo Prazo também devem ser registra‑ das pelo valor da transação que as originaram, menos a perda estimada para ajustá‑las ao valor provável de realização, conforme estabelece o item I do art. 183 da Lei nº 6.404/76.

A perda estimada com créditos de liquidação du‑ vidosa foi classificada após as contas que têm mais na‑ tureza de crédito. O valor da perda estimada deve ser apurado por meio similar ao discutido no Capítulo 4, Contas a Receber, efetuando‑se uma análise detalhada das contas e um cálculo de perda provável. Normal‑ mente, como essas contas não são de operações cor‑ rentes e constantes, não há estatísticas ou experiências anteriores válidas para cálculo da perda estimada com base em determinados percentuais. Torna‑se assim mais importante a análise individualizada de sua com‑ posição e as perspectivas de cobrança. Entre as contas mencionadas, as mais sujeitas a perdas por devedores duvidosos são as Contas a Receber, Títulos a Receber e Adiantamentos a Terceiros. Os créditos de acionistas, diretores, coligadas e controladas também devem ser considerados, apesar de, normalmente, serem mais di‑ fíceis de sofrer perdas. A perda estimada pode ser cons‑ tituída a débito de despesas pela diferença entre o saldo já existente e o novo valor necessário, ou pela reversão da anterior e constituição pelo novo valor identificado, sendo relevante que a evidenciação da composição da perda estimada seja apresentada em nota explicativa para melhor explicação ao usuário. Se houver valores significativos sobre essas contas, oriundas de transa‑ ções que não sejam usuais, o débito não deve ser em Despesas de Vendas, mas, sim, em Despesas Adminis‑ trativas, com destaque na Demonstração do Resultado.

g) IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES A RECUPERAR Há conta similar no Ativo Circulante, em Outros Créditos, cuja natureza e origem são detalhadas no Ca‑ pítulo 4 sobre Contas a Receber. No Realizável a Longo Prazo classificam‑se os casos cuja recuperação, seja por meio de compensação ou restituição, é prevista após o exercício seguinte à data do balanço. Os casos mais comuns de impostos e contribuições a recuperar são classificados no circulante. Todavia, há circunstâncias cuja realização se dará a longo prazo, como, por exem‑ plo, nos casos de tributos com legalidade questionada, cujo desfecho depende de decisões ou de julgamento judiciais. Sobre Imposto de Renda e Contribuição So‑ cial Diferidos veja Capítulo 20, Imposto sobre a Renda e Contribuição Social a Pagar.

h) EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS À ELETROBRAS I – Introdução

Apesar de ter sido extinta sua cobrança, ainda exis‑ tem saldos remanescentes dos empréstimos compulsó‑ rios à Eletrobras, gerados por dois regimes legais: a) Obrigações da Eletrobras

A Lei nº 4.156, de novembro de 1962, instituiu um adicional cobrado nas contas de energia elétrica dos consumidores industriais. Tal adicional cobrado caracterizava‑se como empréstimo e vigorou até fins de 1976, dando origem ao recebimento das Obrigações da Eletrobras.

O resgate se dá pelo seu valor de emissão original acrescido de atualização monetária e juros de 6% ao ano. b) Créditos da Eletrobras

O sistema de créditos instituído a partir do Decre‑ to‑lei nº 1.512, de 29‑12‑1976, e implantado a partir de janeiro de 1977, determinava que os adicionais pagos nas contas de energia elétrica de um ano seriam trans‑ formados em créditos à Eletrobras, a partir de janeiro do ano seguinte, mas não sendo mais emitidas as obri‑ gações do antigo sistema.

Os saldos remanescentes desses créditos são atua‑ lizados monetariamente para fins de resgate ou conver‑ são em ações e rendem juros de 6% ao ano, calculados sobre o valor corrigido.

A cobrança do Empréstimo compulsório foi extin‑ ta a partir de 1º‑1‑1994, conforme disposto na Lei nº 7.181/83.

A Eletrobras em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), realizada em 19‑1‑88, e homologada em 20‑4‑ 88, deliberou, pela primeira vez, a conversão dos crédi‑ tos constituídos no período de 1978 a 1985 (contas de energia de 1977 a 1984) em ações preferenciais de seu

capital social. Essa conversão foi efetuada com base no valor patrimonial da ação em 31‑12‑1987, sendo que a alienação foi condicionada a prazos que variaram de 1 a 3 anos.

Com essa conversão, a Eletrobras deixou de pagar os juros anuais de 6% sobre os créditos corrigidos, pas‑ sando a pagar dividendos de 6% ao ano sobre os lucros da empresa ajustados conforme determinações legais. As ações terão prioridade de resgate, em caso de devo‑ lução do capital investido.

II – Classificação Contábil

Tanto as obrigações quanto os créditos da Eletro‑ bras representam direitos realizáveis a longo prazo e, dessa forma, devem figurar nesse grupo, como sugere o Plano de Contas. Essa conclusão também é corroborada pela legislação fiscal, por meio do Parecer Normativo CST nº 108, de 28‑12‑78. Já a Instrução Normativa SRF nº 76/84, corroborada pelo Ato Declaratório (normati‑ vo) CST nº 16/84, aceita a classificação desses direitos como investimentos no antigo Ativo Permanente. En‑ tretanto, essa classificação é tecnicamente incorreta, pois esses valores não guardam relação direta com a atividade da sociedade. Somente seria válida essa clas‑ sificação se, de fato, houvesse a efetiva intenção de se manter esse investimento como permanente, ou seja, se se desejasse usufruir dos rendimentos por ele pro‑ porcionados e não por sua transformação em dinheiro.

III – Avaliação a) Conceito geral

De acordo com o inciso I, art. 183 da Lei das So‑ ciedades por Ações (com a redação dada pela Lei nº 11.638/07), a avaliação das obrigações e dos créditos Eletrobras, enquanto classificados no Realizável a Lon‑ go Prazo, deverá levar em consideração a possibilidade de negociação desses direitos, bem como a efetiva in‑ tenção de a administração da empresa negociá‑los. b) Obrigações da Eletrobras

Esses direitos, em razão da possibilidade de serem negociados antes da data de seu resgate, requerem especial atenção na definição do critério de avaliação a ser adotado. Com base no mencionado artigo da lei societária, a avaliação desse ativo está condicionada à intenção de sua negociação. Nesse contexto, são duas as alternativas de avaliação admitidas para esses sal‑ dos: (a) a de valor justo, normalmente representado pelo valor de mercado; e (b) a do custo de aquisição atualizado. A primeira considera os ativos que estão disponíveis para venda futura antes do vencimento ou destinados à negociação imediata. Nessa hipótese, considerando que o valor de mercado é normalmente

bem inferior ao custo, é requerido o reconhecimento da perda estimada para reduzir o valor contabilizado ao de mercado, após o registro da atualização monetá‑ ria e dos juros. Outra consideração adicional que sur‑ ge com a alteração da lei societária e convergência às normas internacionais é que a contrapartida da perda estimada (indedutível para efeitos fiscais – art. 13, I, da Lei nº 9.249/95, e art. 14 da Lei nº 9.430/96) de‑ verá ser como despesa, somente na hipótese de o ativo ser classificado como destinado à negociação imediata. Caso sua classificação seja a de disponível para venda futura, a contrapartida da perda estimada deverá ser registrada em conta específica do patrimônio líquido, denominada Ajuste de Avaliação Patrimonial (art. 182 da Lei nº 6.404/76). Esse ajuste somente terá reflexos no resultado do exercício quando o ativo for baixado ou reclassificado como destinado à negociação imediata.

A segunda alternativa de avaliação, ou seja, pelo custo amortizado, é aplicável à situação em que a ad‑ ministração da empresa tem a intenção de manter essa obrigação até o seu resgate. Nessa situação, poderá deixar de reconhecer a perda estimada, pois receberá no resgate o valor aplicado corrigido monetariamente. Essa orientação está também em consonância com o que é estabelecido no pronunciamento técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensu‑ ração. Mas resta um ponto importante: se os rendimen‑ tos desses ativos são significativamente abaixo dos do mercado na data do seu reconhecimento como ativos, deveria ter sido efetuado o ajuste a valor presente deles pela taxa efetiva de mercado, e o registro desse ajuste teria sido contra o resultado. Esse ajuste é em conta re‑ tificadora que irá sendo amortizada até o vencimento. Adicionalmente, recomendamos que os juros in‑ corridos sejam classificados separadamente no Ativo Circulante, em razão do prazo previsto para seu rece‑ bimento.

c) Créditos da Eletrobras

Neste sistema, em que o empréstimo é em forma de crédito e não é negociável, não há valor de merca‑ do, ficando a empresa obrigada a manter tais créditos até seu resgate pelo valor aplicado, corrigido mone‑ tariamente. Os juros são periodicamente creditados à empresa, por meio de desconto nas próprias contas de energia elétrica.

Como se pode notar do elenco de contas sugerido, temos três contas para os empréstimos compulsórios da Eletrobras, quais sejam:

Obrigações da Eletrobras – já comentada acima; Crédito da Eletrobras – idem;

Ações Preferenciais – Eletrobras. Contabilização dos Juros

Como os juros serão incluídos periodicamente como dedução nas contas de energia e por seu valor não ser relevante, sua contabilização poderá ser feita quando do registro da respectiva conta de energia. Essa redução do valor a pagar deverá ser classificada como Receita Financeira.

d) Ações preferenciais

Esses ativos, representados originalmente por cré‑ ditos junto à Eletrobras, foram convertidos em partici‑ pação acionária pelo valor patrimonial das ações. As‑ sim como as Obrigações Eletrobras, também poderão exigir o registro da perda estimada (indedutível para efeitos fiscais – art. 13, I, da Lei nº 9.249/95, e art. 14 da Lei nº 9.430/96), para ajuste entre o valor das ações contabilizado e o de mercado, de forma a adequar a avaliação desses títulos às intenções da administração de negociá‑los, mesmo porque não há muita justificati‑ va em se admitir hipótese alternativa.

Contudo, é pertinente mencionar que na hipótese da adoção de sua avaliação pelo valor justo, não ne‑ cessariamente as variações corresponderão a ajustes negativos. O que se destaca é que independentemen‑ te da natureza positiva ou negativa da variação, o seu registro deverá observar os mesmos procedimentos contábeis descritos anteriormente para o registro das perdas estimadas sobre os saldos das Obrigações Ele‑ trobras (item b). Assim, eventuais variações positivas do valor justo dessas ações serão reconhecidas: como receita no resultado do exercício, quando destinado à negociação imediata, ou então, como ajuste credor da rubrica de Ajuste de Avaliação Patrimonial, quando dis‑ ponível para venda futura.

Os créditos reconhecidos após o exercício de 1985 recebem o mesmo tratamento que os anteriores à deci‑ são de conversão, ou seja, serão corrigidos monetaria‑ mente e renderão juros. Contudo, dever‑se‑á analisar a necessidade de se reconhecer as perdas estimadas, ten‑ do em vista o precedente da citada assembleia geral de utilizar‑se da faculdade prevista no art. 3º do Decreto‑ ‑lei nº 1.512/76, de converter os créditos constituídos em ações.

IV – Nota Explicativa

As empresas que tenham saldos significativos des‑ ses empréstimos compulsórios devem mencionar o cri‑ tério de avaliação utilizado por meio das Notas Expli‑ cativas.

Ver detalhes no Capítulo 38, item 38.4.30, em No‑ tas Explicativas de Créditos junto à Eletrobras.

i) DEPÓSITOS RESTITUÍVEIS E VALORES VINCULADOS

Essa conta abrange os depósitos e cauções, contra‑ tuais, legais ou judiciais, além de eventuais depósitos compulsórios para certas operações que tenham recu‑ peração em prazo superior a um ano da data do balan‑ ço. Veja mais detalhes no Capítulo 4, Contas a Receber, item 4.3.10, relativo à conta similar a curto prazo. j) PERDAS ESTIMADAS (conta credora)

Deve‑se analisar a necessidade de reconhecimento como já visto em casos específicos pois, conforme o art. 183 da Lei nº 6.404/76, tais ativos devem ser avaliados e registrados de acordo com a sua possibilidade de ne‑ gociação e da intenção da administração em negociá‑ ‑los. Para fins de seu registro devem ser excluídos os direitos eventualmente já prescritos e feitos os registros adequados para ajustá‑los ao valor provável de reali‑ zação.

7.2.3 Investimentos temporários a longo

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