• Nenhum resultado encontrado

Aspectos complementares da Lei das Sociedades por Ações

No documento Manual de Contabilidade Societária (páginas 41-43)

Patrimônio Líquido (DMPL) e de Lucros ou Prejuízos Acumulados

1.4 Aspectos complementares da Lei das Sociedades por Ações

1.4.1 Conformidade com as práticas

contábeis brasileiras

Para que as demonstrações contábeis representem apropriadamente a posição patrimonial e financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da en‑ tidade devem ser seguidas as orientações do CPC in‑ seridas no Pronunciamento Conceitual Básico – Estru‑ tura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Presume‑se que a aplicação

dos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do CPC garante às demonstrações contábeis a adequação necessária.

O Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1)– Apresen‑ tação das Demonstrações Contábeis – estabelece que a entidade que apresentar as demonstrações contábeis em conformidade com os Pronunciamentos, Orienta‑ ções e Interpretações do CPC deve declarar de forma explicita que atende plenamente às referidas normas. Caso não seja possível atender a todos os requisitos dos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações ou a administração entenda que sua aplicação comprome‑ te o objetivo das demonstrações contábeis, a entidade deve divulgar:

a) que a administração concluiu que as de‑ monstrações representam apropriadamente a posição patrimonial e financeira, o desem‑ penho financeiro e os fluxos de caixa da en‑ tidade;

b) que aplicou os Pronunciamentos, Orienta‑ ções e Interpretações aplicáveis, exceto pela não aplicação de um requisito com a finali‑ dade de obter representações adequadas; c) o título do Pronunciamento, Orientação ou

Interpretação não atendida; d) as razões da não aplicação;

e) o tratamento que o Pronunciamento, Orien‑ tação ou Interpretação exigiria e o procedi‑ mento efetivamente adotado; e

f) o impacto financeiro da não aplicação do Pronunciamento, Orientação ou Interpreta‑ ção para cada período.

Caso a administração entenda que a conformida‑ de a determinado Pronunciamento, Orientação ou In‑ terpretação proporciona demonstrações contábeis dis‑ torcidas e enganosas que comprometam os objetivos dessas mesmas demonstrações, a entidade deve deixar de atender a essa determinação e utilizar a que con‑ siderar mais adequada, seguindo os passos dados no parágrafo acima.

Caso esteja nessa situação de produzir demonstra‑ ções distorcidas e enganosas por seguir determinação de algum Pronunciamento, Orientação ou Interpreta‑ ção, mas a estrutura regulatória vigente proíba a não aplicação da alternativa considerada de melhor quali‑ dade, a entidade deve divulgar:

a) o título e a natureza do Pronunciamento, Orientação ou Interpretação em questão; b) as razões que levaram a administração a

concluir que o cumprimento do Pronuncia‑ mento, Orientação ou Interpretação torna‑

ria as demonstrações contábeis distorcidas e conflitantes com seus objetivos; e

c) para cada período apresentado, os ajustes de cada item nas demonstrações contábeis que a administração concluiu serem necessários para se obter uma representação adequada.

1.4.2 Agrupamento e destaque de contas

Para a apresentação das demonstrações contábeis e notas explicativas, as contas de valor insignificante não devem aparecer destacadamente, mas agrupadas com outras do mesmo grupo, que sejam semelhantes, desde que indicada sua natureza. A Lei nº 6.404/76 obriga o detalhamento por conta, impedindo o agru‑ pamento de contas semelhantes se a soma dos saldos ultrapassar 10% do valor do respectivo grupo de contas (circulante é um grupo, por exemplo).

Nos casos em que certos subgrupos tenham contas com valores significativos, elas devem ser destacadas na demonstração contábil, para melhor compreensão.

1.4.3 Compensação de saldos

A Lei das Sociedades por Ações, no § 3º do art. 178, que trata do Balanço Patrimonial, estabelece que “os saldos devedores e credores que a companhia não tiver direito de compensar serão classificados separada‑ mente’’. Isso significa que os saldos devedores das con‑ tas devem figurar no ativo, e os credores, no passivo, nas seguintes situações:

a) o saldo credor em um banco não deve es‑ tar como redução do saldo total devedor de bancos, mas como conta de passivo, como se fosse empréstimo a pagar;

b) os saldos de contas correntes devem figurar no ativo para os casos das contas devedoras, e no passivo, para os das credoras;

c) os saldos devedores de fornecedores devem constar do ativo, assim como os credores de clientes, no passivo.

Salientamos que a mensuração de ativos líquidos relacionando, por exemplo, perdas estimadas em cré‑ dito de liquidação duvidosa na conta de clientes não é considerada compensação.

O CPC 26 (R1) acrescenta que receitas e despesas, também, não devem ser compensadas, exceto quando forem relacionadas à mesma transação, por exemplo, para ganhos e perdas na alienação de imobilizado deve

ser apresentado o valor contábil referente à venda de‑ duzido das despesas de vendas relacionadas.

1.4.4 Apresentação em milhares de unidades

monetárias

Quando a empresa utiliza essa opção, prevista no § 6º do art. 289 da Lei nº 6.404/76, de apresentar as demonstrações contábeis adotando‑se como expressão monetária o “milhar de unidades monetárias’’, que é realmente útil, deve indicar o fato. Essa indicação pode ser feita no topo de cada demonstração contábil. Consi‑ deramos adequado, em certas situações a apresentação inclusive em “milhão de unidades monetárias”.

1.4.5 Periodicidade

O conjunto completo das demonstrações contábeis (inclusive informações comparativas) deve ser apresen‑ tado pelo menos anualmente. Caso a entidade altere a data de encerramento das demonstrações contábeis ou apresente‑as em um período superior ou inferior a um ano, além do período abrangido pelas demonstrações, deve divulgar:

a) o motivo por utilizar um período mais longo ou mais curto; e

b) o fato de que não são inteiramente compa‑ ráveis os montantes apresentados nessas de‑ monstrações.

1.4.6 Identificação das demonstrações

contábeis

As práticas contábeis brasileiras aplicam‑se ex‑ clusivamente às demonstrações contábeis, logo estas devem ser claramente identificadas e distinguidas de quaisquer outras informações apresentadas em ou‑ tro relatório anual ou documento. É importante que o usuário possa distinguir as informações preparadas com base nas práticas contábeis e outras informações que possam ser úteis, mas que não são objeto dos requi‑ sitos das referidas práticas.

Além de identificadas as demonstrações contábeis, o CPC 26 (R1) aponta como necessária a divulgação das seguintes informações:

a) o nome das entidades às quais as demons‑ trações contábeis dizem respeito;

b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades;

c) a data‑base das demonstrações contábeis e notas explicativas e o respectivo período abrangido;

d) a moeda na qual as demonstrações contá‑ beis são apresentadas;

e) o nível de arredondamento usado na apre‑ sentação dos valores nas demonstrações contábeis.

1.4.7 Meios de divulgação

Pela Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 289, a divulgação das demonstrações contábeis deve ser fei‑ ta em jornal de grande circulação editado na localidade em que está situada a sede da companhia e no órgão oficial da União ou do Estado (Distrito Federal). Essas publicações previstas devem ser feitas sempre no mes‑ mo jornal, devendo qualquer mudança ser precedida de aviso aos acionistas no extrato da ata da assembleia geral ordinária. Todas as publicações ordenadas na lei deverão ser arquivadas no registro do comércio.

A lei ainda prevê que, complementarmente, a CVM pode determinar que tais publicações sejam feitas em jornal de grande circulação nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados, ou através de outro meio com ampla divulgação e ime‑ diato acesso às informações.

A Lei nº 10.303/01, incluindo o § 7º no art. 289 da Lei das Sociedades por Ações, soma às possibilidades relativas aos meios pelos quais as referidas publicações serão disponibilizadas, o uso da rede mundial de com‑ putadores, como forma complementar, mas não substi‑ tuindo os meios citados anteriormente.

No documento Manual de Contabilidade Societária (páginas 41-43)

Documentos relacionados