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3. ARQUITETURA DA CIDADE COLONIAL ROMANA DE EMERITA

3.15 ARQUITETURA ROMANA: MATERIAIS, MÉTODOS E

A arquitetura romana do período entre República e Império reflete diferentes influências gregas. A familiaridade com métodos e materiais, estilos e ornamentos, constituem-se testemunhos que apontam que a escola etrusco-latina absorveu duas vagas sucessivas de influências grega tardia: a primeira, principalmente proveniente do sul da Itália e da Sicília, no século III a.C., e a segunda helenização, procedente da Grécia, Ásia Menor, Síria e Egito, nos dois séculos seguintes. Estas datas refletem os fatos históricos da expansão romana para o sul e para o oeste, nas Guerras Púnicas, e para leste, em seguida à queda de Cartago (ROBERTSON, 1997). Entre esses períodos a influência grega atingiu a arte romana, que produziu muitas obras arquitetônicas (MARTÍN, 1992).

O mundo romano nasce da influência grega, entretanto outros influxos contribuíram para o florescimento da civilização romana. As características provenientes das tribos itálicas combinaram-se com influências externas das colônias helênicas. A civilização etrusca apresentou forte influência grega devido seus laços comerciais com os mercados da Magna Grécia. A arquitetura romana se caracteriza, deste modo, muito pelas várias influências absorvidas das tribos itálicas e dos etruscos, e sua criação artística derivou essencialmente do legado do período helenístico, contribuições que revelaram a evolução do pensamento arquitetônico romano. Novos elementos importados foram introduzidos na cultura romana: cerâmica, pintura, trabalhos em bronze, esculturas, estilo da estatuária, estrutura e decoração dos templos inspirados nos santuários gregos (STIERLIN, 1997).

Tais influências arquitetônicas foram decisivas e penetraram no cotidiano romano. Os edifícios da República geralmente foram marcados pelo estilo helênico desenvolvido na Grécia e no Próximo Oriente entre os séculos III a.C. e I a.C., em virtude das campanhas vitoriosas de Alexandre na Ásia. E esta influência também ocorreu em Roma em consequência de vários acontecimentos históricos, entre tomadas de cidades no Oriente, campanhas militares nas regiões helenizadas e na criação da província da Ásia (Idem, 1997).

Um aspecto importante do período helenístico foi sua caracterização pela construção de monumentos com tendência colossal (LÉVÊQUE, 1987). E este elemento foi muito explorado pelos romanos à medida que a arquitetura religiosa da República evoluía, paralelamente também se aperfeiçoavam as técnicas utilizadas em projetos civis de grande dimensão. Deste modo, os romanos construíram em escala maior que os gregos, com o objetivo de superá-los e atingirem a monumentalidade

(RATHBONE, 2011). A arquitetura romana, expressão da cultura artística desta sociedade, teve como característica fazer com que o belo coexistisse com o útil (TARELLA, 1978). Foi com edifícios de caráter utilitário, como armazéns e depósitos, que a abóbada foi sendo empregada. A partir do princípio das arcadas e das abóbadas, uma característica essencial da arquitetura romana, esta continuou a evoluir, sendo utilizada em basílicas, armazéns portuários, construção de caves por baixo de santuários e palácios. Este avanço técnico introduziu estruturas de grande solidez e permitiu a cobertura sólida de extensas áreas (STIERLIN, 1997).

No final da República as técnicas de construção conheceram grandes progressos através do uso generalizado do opus caementicium ou concreto, em vez da pedra talhada. O que permitiu que os edifícios dinástico-religiosos fossem marcados pela monumentalidade. A instabilidade política durante o domínio de Pompeu e César provocou a aceleração na evolução estilística da arquitetura romana e da urbanização da capital. A chegada da era imperial assinalou uma mudança em todos os aspectos: os chefes das dinastias Júlio-claudiana e Flaviana dariam impulso considerável à arquitetura (Idem, 1997).

Na arquitetura, o domínio de Roma não determinou o rompimento helenístico de raiz do leste grego no período do Império. Entretanto a centralização do governo e a influência de Roma pelos territórios se intensificava, apresentando nas edificações seus novos métodos construtivos e tendências de ornamento e projeto, que se difundiam pela capital e seguiam em direção às províncias, sobretudo no Ocidente. Nesta área construtiva pode-se observar que a maioria dos arquitetos eram gregos, diferentemente dos engenheiros, que revolucionaram os ideais da arquitetura, que geralmente eram romanos (ROBERTSON, 1997).

Quando Augusto chegou ao poder, iniciando o período imperial, o estilo da arquitetura disseminou-se pelas regiões conquistadas através das legiões romanas, em reflexo dos empreendimentos de Roma. Iniciaram-se construções de estruturas enormes e grandes projetos de planejamento urbano, de centros urbanos que despertavam com o aparecimento do fórum, capitólio, templos, arenas culturais e desportivas. A influência de Roma refletia-se pelas províncias através do planejamento urbano e a criação de cidades, à imagem do centro do poder imperial, Roma. Os romanos continuaram com as obras do período da República e levaram- nas para as províncias do Império, onde eram estabelecidas como melhoramentos territoriais de grandes dimensões, com criações de estradas de importância comercial

e estratégica, e construções de pontes, aquedutos e reservatórios de água (STIERLIN, 1997).

A arquitetura romana do apogeu do Império, dos descendentes de Augusto, seguia além do conhecimento deixado registrado na obra do teórico romano de arquitetura Vitrúvio. O estilo caracterizou-se pela criação de construções monumentais, de grandes espaços interiores em templos e palácios, em balneários e anfiteatros, para exaltar o poder do Império em Roma e nas províncias ocidentais (STIERLIN, 1997). Os romanos exploraram as vantagens das novas técnicas construtivas do arco, da abóbada e da cúpula, empregadas em seus edifícios. Através destas estruturas os romanos conseguiam superar as limitações de comprimento dos edifícios gregos, estes feitos com vigas de madeira nos tetos que formavam um triângulo. As estruturas romanas com paredes altas permitiram erguer espaços enormes e complexos, ao mesmo tempo que equilibrados e contrabalançados; entre os edifícios romanos mais relevantes que empregavam as principais técnicas curvas destacam-se: templos, termas públicas, basílicas, teatros, anfiteatros, termas, aquedutos e arcos monumentais (MARTÍN, 1992; ROBERTSON, 1997).

O helenismo grego adequava a arquitetura de seus conjuntos urbanísticos com a paisagem natural. Os romanos adotaram essas ideias à sua concepção de organização de espaço – influenciada pelos etruscos –, que quando aplicadas às suas técnicas de construção, seus monumentos se destacavam, principalmente pela relação entre espaços internos e externos. Deve-se lembrar que os interiores dos ambientes – com organização geométrica e paredes que relacionavam nichos e êxedras – se conectavam aos exteriores através de vãos amplos e flexíveis, proporcionando boa iluminação para os interiores e visibilidade para o exterior. A qualidade do espaço visava a funcionalidade como também sua percepção (Idem, 1992).

A evolução da arquitetura romana foi determinada pela necessidade de grandes salas e recintos cobertos para destinos civis e religiosos. Tais recintos se traduziam na criação de espaços interiores maiores e com soluções mais ousadas para as abóbadas que realizavam suas coberturas. Para tanto, a técnica de talhar a pedra progrediu, primeiramente, desde as paredes poligonais até alcançar as obras construídas em grandes blocos quadrados. Os romanos conheciam a arte de cortar a pedra aplicada a arcos com aduelas e a abóbadas, e depois a cúpulas. Mestres nas construções em grandes blocos unidos sem argamassa ou argila, geralmente

utilizavam grampos de ferro ou bronze para garantir a coesão das estruturas (STIERLIN, 1997).

O uso do tijolo surgiu na fase inicial do Império. Conhecido antes dessa data, era usado apenas nas estruturas de suporte e telhados de monumentos e edifícios públicos. Em grande parte o tijolo foi utilizado nos edifícios utilitários, estabelecimentos, insulae, edifícios industriais e oficinas; também estruturas em tijolos e fachada em mármore apareceram empregadas em templos e palácios imperiais. Uma estrutura em tijolo oferecia vantagens ao ser mais leve, fácil de moldar e trabalhar. O revestimento poderia ocultar diversos materiais utilizados por motivos de ordem prática. Esta técnica de alvenaria variada apresentava uma aparência de unidade (Idem, 1997).

Os edifícios romanos não oficiais possuíam camadas de estuque que substituía o revestimento de mármore, este sistema foi também utilizado para decorar monumentos gregos e para ocultar pedras de qualidade inferiores, principalmente em regiões onde não existiam jazidas de mármore. O estuque cobria colunas e paredes e se encontrava utilizado, em grande parte, nas construções de casas particulares. O estuque esculpido também fora empregado na decoração de residências e basílicas (Ibidem, 1997).

A arquitetura romana em seu desenvolvimento abrangeu uma série de técnicas distintas que variaram dependendo de épocas e regiões. Os materiais básicos dedicados para as construções dessas técnicas eram a pedra, madeira, cal e argila. Para o emprego destes elementos avaliava-se o que o terreno oferecia, e caso necessário, importava-se o material em estado bruto ou já elaborado. A pedra constituía-se como o material mais tradicional e foi utilizada em diferentes formas: as menores para alvenaria, e as maiores para socos de fortificações – o mármore de cor e outras pedras ornamentais marcaram o interesse pela policromia. A madeira se fazia empregada em obras provisórias e definitivas, em armações ou entalhes. A argila era encontrada facilmente e proporcionou a fabricação de materiais em larga escala, além de desenvolver técnicas com taipa, adobe, tijolos e telhas. A cal misturada com areia cimentava os conjuntos de edifícios, revestindo e adequando estruturas, compondo assim uma arquitetura veementemente resistente e permitindo erigir formas abobadadas mais complexas (MARTÍN, 1992).

A principal revolução tecnológica da arquitetura romana ocidental consistiu na utilização do cimento sólido. A arquitetura e a arte helenísticas marcaram

profundamente o mundo romano, mas diferentemente do mundo grego, onde se usava a pedra, especialmente o mármore, como material principal, os romanos utilizavam principalmente o concreto e tijolos, reservando a pedra para as fachadas decorativas. No início, os romanos utilizariam a toba, uma rocha pobre e macia (BOVO, 2006b), e a partir do século III a.C., inventariam o concreto romano, uma criação surgida a partir da mistura de argamassa feita de cal (realizada com água, cal e areia), e da pozzolana (feita de pedras ou cascalhos, fragmentos cerâmicos e tijolo), juntos formavam a chamada opus caementicium, utilizado na construção de estruturas, muros e pisos. A composição da pozzolana variava conforme a função do concreto: em fundações, usava-se entulho pesado de calcário, já em abóbadas, optava-se pela leveza da pedra-pomes (ALGABA, 2009; Idem, 2006b; STIERLIN, 1997).

O concreto romano, material muito sólido e maleável, adaptava às formas arquitetônicas curvas, além de permitir levantar grandes estruturas abobadadas. Tal material podia ser vertido para moldes de madeira, assim permitindo a construção de abóbadas e cúpulas monolíticas; e com a técnica de criação de abóbadas circulares de caixotões, permitia-se erguer estruturas mais leves e sem fragilidades. Assim, através deste meio, se difundiu a implementação do arco, abóbada e cúpula na arquitetura romana. O cimento também permitiu a criação de espaços livres e amplos sem precisar recorrer a tirania dos arcos na base de uma cúpula. A utilização de tijolos, concreto, abóbadas e arcos possibilitou levantar estruturas maciças, como aquedutos, pontes, termas e anfiteatros (RATHBONE, 2011; Idem, 1997).

As técnicas de sistemas construtivos de paredes e muros eram diversas. Os romanos utilizavam vários tipos de paramentos sobre as paredes de concreto, de pedra, e de tijolo, ou combinação dos mesmos. O opus quadratum correspondia às pedras grandes de alvenaria, quadradas, dispostas em camadas horizontais, com blocos de acabamento liso ou estofados; ou blocos quadrados e colocados ordenadamente, o opus africanum; ou blocos colocados em curso, o opus vittatum; ou quando o revestimento de concreto era conseguido através de pequenos blocos de pedras ou alvenaria de formatos irregulares, não trabalhados e sem curso, a técnica denominava-se opus incertum ou alvenaria tosca, a mais antiga (ALGABA, 2009; Idem, 2011; Ibidem, 1997).

O opus reticulatum, realizado a partir do século II a.C., se assemelhava ao opus

fazia-se com pedras cortadas em quadrados e dispostas em ângulos de 45 graus; o

opus latericium era de alvenaria de tijolo; o opus testacium cinsisitia, feito a partir do

século I d.C., consistia em um núcleo de concreto revestido de tijolo queimado, cozidos em forno. Além dos tijolos retangulares havia outros com borda curva, práticos para construir pilastras e colunas. As vezes podia-se combinar cursos de pedra com outras de tijolo, o chamado opus mixtum. Independente do paramento em geral as paredes e os muros eram revestidos de estuque branco feitos de calcário moído, ou de painéis de mármore ou de calcário (ALGABA, 2009; RATHBONE, 2011; STIERLIN, 1997).

Os pisos e pavimentos mais modestos podiam ser de terra, barro ou tijolo, os mais elaborados para espaços exteriores, eram construídos mais frequentemente com pedra. Dentre estes últimos pisos destacava-se o opus sectile, um piso decorativo de luxo formado por calcário, mármore e outras pedras coloridas, distribuídas a formar desenhos geométricos simples. No interior dos ambientes, das domus e edifícios públicos, o piso preferido para os revestir era o mármore e o opus musivarium, colocado nas salas e pontos principais. Uma argamassa de cal era utilizada como reboco, o opus signinum, que impermeabilizava as superfícies que poderiam ficar em contato com a água. Às vezes se utilizava a argila, que acrescentava um ar rosado. Ao final da República e início do Império, algumas vilas e principalmente termas incorporam às suas arquiteturas oculos ou janelas abertas ao exterior, que se fechavam com materiais transparentes, os lapis speculares ou gesso espelhado – muito resistente e fácil de trabalhar – e, no final do século I d.C., o vidro. Obras de alvenaria e concreto em massa, que não exigiam conhecimento específico do trabalho da pedra, eram realizados por structores ou pedreiros (Idem, 2009).

O opus concretarium correspondia às fundações de blocos de cimento, que permitia a construção de abóbadas e cúpulas criadas por meio de caixotões. Para a construção de elementos curvilíneos como o arco, a abóbada e a cúpula, os arquitetos e engenheiros romanos possuíam muitos materiais e fórmulas tecnológicas que permitiam a obtenção de estruturas complexas (STIERLIN, 1997). O sistema de construção do arco, opus arcuatum permitia a construção de pontes de pedra duradouras e resistentes, e também dos viadutos dos aquedutos (ALGABA, 2009).

Na segunda metade do século II a.C. Roma adquiria um aspecto monumental, sua arquitetura se modificava com a introdução de colunatas, frisos e planos destacados que se tornavam mais elegantes com a construção de pórticos. Os tetos

planos foram substituídos pelo arco semicircular, que também começou a ser utilizado isoladamente como monumento celebratório (LIBERATI; BOURBON, 2005). O arco se converteu na forma básica da arquitetura romana e adquiriu autonomia estrutural, sendo erigido com fins celebrativos até se transformar em arcos triunfais na época imperial, alternando-se com as portas como sinal de entrada no núcleo cidadão, para comemorar realizações civis dos governantes, como por exemplo a construção de uma estrada ou porto (BOVO, 2006b; RATHBONE, 2011). As aberturas dos arcos de triunfos sustentam uma abóboda, apoiada por pilares, sobreposta à cornija e acrescentando os elementos arquitetônicos como colunas e arquitraves (TARELLA, 1978). O Oriente helênico não conhecia arcos de triunfo que configuram-se como uma invenção italiana, apenas no século II a.C. se espalhou o costume de erigir arcos simbólicos nas cidades romanas (GRIMAL, 2003).

A arte romana de baixo-relevo era muito utilizada e se encontrava nos frisos decorativos dos edifícios, o mesmo aconteceu com os arcos de triunfo, que no período imperial se difundiram como ato propagandístico. Principalmente no século I a.C., onde ocorreu o encontro da estrutura com a ornamentação e surgiu a arquitetura de propaganda. Diferentemente dos arquitetos, os escultores romanos não adquiriram maiores inovações, as obras de arte romanas deveram muito às gregas, pois tomaram emprestadas suas manifestações artísticas. Estas receberam influências de modelos etruscos e gregos, explorando principalmente as características do retrato (TARELLA, 1978). A retratística romana nasceu junto a utilização em larga escala de estátuas famosas para embelezamento de residências particulares e prédios públicos (LIBERATI; BOURBON, 2005).

Para os romanos uma estátua tinha valor como ornamentação, não para valores plásticos, mas como elemento decorativo subordinado à estrutura arquitetônica, ou seja as estátuas tinham função de complementar uma obra arquitetônica. Nos baixos-relevos ficava explícita a ideia de uma arte plástica subordinada à arquitetura, com finalidades de ornamentar os monumentos. Apenas no reinado de Trajano (em 113 d.C.) o baixo-relevo atinge uma plena autonomia, onde em uma coluna a arquitetura conseguiu se tornar suporte para os baixos-relevos esculpidos (TARELLA, 1978). Desta forma conseguimos perceber a arte romana caracterizada pela capacidade de assimilação e integração, adoção e adaptação, que geravam um intenso sincretismo em todo o império por valorizar a contribuição de

outras culturas, assim transformando suas próprias características artísticas (MARTÍN, 1992).

Através da combinação do arco e da abóbada os arquitetos romanos modificaram estruturas típicas do mundo grego, como o teatro, que poderia dispensar ser construído em ladeiras, e assim se estabelecer em terrenos planos. Também os teatros podiam ser fechados e transformados em anfiteatros. As construções de teatros e anfiteatros eram muito importantes, pois os espetáculos dos jogos eram necessidades das plebes urbanas, além de estarem conectados com a religião. Desde modo, os romanos levaram estas atrações para as províncias, que fomentavam ainda mais a expansão da romanização; assim, qualquer cidade dispunha de um teatro, para comédias, tragédias e mímica e, as cidades mais importantes, de um anfiteatro, para exibições violentas de combates de gladiadores e caçadas na arena. Os edifícios provinciais como o teatro e o anfiteatro permitiam disciplinar as peregrinações, substituindo crenças nativas pela influência romana dos jogos e ritos, aos quais contribuíram muito para a romanização (GRIMAL, 2003).

Durante o século II a.C., com o aperfeiçoamento das técnicas romanas dos arcos e das abóbodas, foi possível conceber e consolidar teatros e arenas inicialmente em pedra e depois em tijolos. A arquitetura explorou no conforto da planta do edifício, circular ou elíptico, para alcançar maior visibilidade de qualquer ponto da escadaria da plateia. Os arcos conquistaram espaço e revelaram características fundamentais em suas ornamentações conforme o aperfeiçoamento da prática à técnica estética, formando um conjunto articulado com a abóboda e a cúpula. Esta característica curva da arquitetura romana se distinguiu veementemente da arquitetura grega (TARELLA, 1978).

As corridas de bigas e quadrigas foram inventadas pelos gregos quando os carros eram utilizados na guerra. O esporte ganhou adesão dos romanos, que devido à popularidade construíram grandes pistas de circos pelas cidades do Império. Também a maioria das grandes cidades romanas possuíam um anfiteatro, onde os governantes financiavam os jogos e ofereciam ao povo espetáculos gratuitos para ganharem popularidade, apresentando execuções públicas, caçadas aos animais selvagens e lutas de gladiadores (RATHBONE, 2011).

Primitivamente os fóruns romanos compunham-se por um espaço vazio para desenvolver as atividades comerciais e da vida pública, posteriormente, com o desenvolvimento urbano e o crescimento populacional, as cidades romanas criaram

novos fóruns, as ditas grandes praças retangulares, rodeadas de pórticos e circundadas pelos principais edifícios civis e religiosos, além de instalações de lojas duradouras. Nota-se que já a partir do século III a.C., as cidades romanas começaram a se espelhar nas colônias gregas e passaram a usar colunatas, os pórticos, tal como se usavam nas ágoras ou agorai helênicas. Geralmente o fórum situava-se ao centro, no ponto do cruzamento do kardo e decumanus maximus (GRIMAL, 2003). Nos fóruns apareceram as primeiras basílicas, construídas com elementos essenciais dos arcos e abóbadas, reservadas aos negócios e à administração da justiça (BOVO, 2006b; TARELLA, 1978).

O templo romano derivava do grego por mediação etrusca, com uma função diferente ao permitir que sacerdotes, autoridades e a população participassem das cerimônias, estas que eram realizadas diante do templo numa ampla esplanada levantada sobre um alto pedestal, o pódio. Os templos romanos destacaram-se por duas características: o pórtico, de colunas que formavam a fachada, e a cella, totalmente fechada com entrecolúnios. Esses elementos contribuíam para que os edifícios romanos destacassem a visão frontal do conjunto, para definir a orientação do espaço e indicar uma via de acesso ao edifício (MARTÍN 1992). Como um ornamento, o templo ítalo-etrusco possuía fachada majestosa e cenográfica. As colunas eram em princípio de ordem toscana, sem estrias e com capitel derivado do dórico e do jônico (BOVO, 2006b).