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Para Souza (2006), as políticas públicas são instrumentos ou conjunto de ação dos governos. Já Secchi (2012) analisa como uma medida formulada na ânsia de combater um problema público ou um “conjunto de decisões e ações destinadas à resolução de problemas políticos” (RUA, 1998, p. 731).

Para atingir esse princípio com êxito nos diferentes segmentos, os governos municipais, estaduais ou federal se utilizam das políticas públicas. As políticas públicas necessitam ser planejadas, criadas e executadas em um trabalho em conjunto dos três Poderes que formam o Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário (TODA POLÍTICA, 2018).

O Poder Legislativo ou o Executivo pode propor as políticas públicas. O Legislativo cria as leis referentes à política pública e o Executivo planeja a ação e aplica a medida. Enquanto o Judiciário controla a lei criada e confirma sua adequação ao objetivo proposto.

A execução das políticas públicas é muito importante para o funcionamento da sociedade. Desde 1989 existe a carreira de especialista em políticas públicas. A lei que criou esse cargo define o profissional especializado para a formulação, planejamento e avaliação de resultados de políticas públicas. Elas existem e são executadas em todas as esferas de governo no país (TODA POLÍTICA, 2018).

3.1.1 Tipos de políticas públicas

Por serem programas relacionados com direitos que são garantidos aos cidadãos, as políticas públicas existem em muitas áreas. São exemplos: segurança,

educação, saúde, trabalho, lazer, assistência social, meio ambiente, cultura, moradia e transporte (TODA POLÍTICA, 2018).

A política pública pode ser parte de uma política de Estado ou uma política de Governo. Em geral, a política de Estado é definida pela Constituição Federal. Todavia, o governo também pode criar uma Política de Estado e aprová-la no congresso. A política de Governo depende da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se transformam em políticas públicas (TODA POLÍTICA, 2018).

De acordo com Oliveira (2011) as políticas de governo são aquelas em que o poder executivo delibera em um procedimento embrionário de formulação e implementação de determinadas medidas e programas, de maneira a atender as demandas da agenda política interna, ainda que as mesmas abarquem escolhas complexas.

Logo, as políticas de Estado são aquelas que abarcam mais de uma comissão do Estado. Decorrem, normalmente, pelo Parlamento ou por várias instancias de debate, concluindo em transformações de outras normas ou disposições prévias, com impactos em setores mais extensos da sociedade (OLIVEIRA, 2011). Sendo assim, as políticas públicas constituem um dos principais resultados da ação do Estado.

As políticas públicas, independentes se de governo ou de Estado, devem representar sempre os anseios da sociedade. O Estado é o maior responsável para atender as demandas da sociedade e deve fazer por meio de políticas públicas específicas. Sendo assim, em linhas gerais, podem-se definir políticas públicas como algo elaborado pelo Estado direcionado para a sociedade, que é a principal interessada. E, como tal, também deve participar na elaboração e formulação dessas políticas.

Santos (2005) debate a probabilidade de se construírem redes de políticas públicas no Brasil. O autor enfoca a inclusão do debate sobre o desenvolvimento da sociedade civil brasileira como fator condicionante para se consolidarem as redes de política públicas, em especial as políticas sociais. A relação entre o Estado e a sociedade civil no Brasil é recente (SANTOS, 2005).

De acordo com Diniz (1998), o Brasil tem caráter histórico de decisões do Estado sem consulta ou transparência. Somente tem acesso ao conteúdo das

políticas que vão (ou não) ser aprovadas aqueles que pertencem a um pequeno rol da alta burocracia estatal.

Para Diniz embora o Brasil tenha uma democracia consolidada, no que se refere à liberdade de expressão e participação eleitoral, é um regime deficitário “quanto à eficácia dos mecanismos de cobrança e de prestação de contas, inexistindo praticamente os instrumentos garantidores da responsabilização pública dos governantes diante da sociedade e de outras instâncias do poder” (DINIZ, 1998, p. 38).

Na atualidade, algumas leis, como a de responsabilidade fiscal, denotaram importantes avanços no sentido de maiores esclarecimentos e, certa, participação na formulação das políticas públicas. Contudo, o fato de maior relevância sempre vai ser o de incluir os mais vulneráveis dentro dos programas ou políticas específicas para cada município, região e/ou grupo de pessoas.

Para Santos (2005) rede de políticas públicas é a caracterização geral do processo de formulação de políticas onde participantes de comunidades políticas constroem uma relação interdependente. Marin e Mayntz (1991) complementam que redes de políticas públicas se definem ainda pela sua função, a saber, a formulação e implementação de medidas. Por meio da observação de agentes que participam das negociações e consultas antes que as decisões sejam tomadas.

Ao trabalhar com a rede de políticas públicas Schneider (2005) aconselha a noção de que a problematização, deliberação, implementação e processamento político de uma questão pública não é uma questão única para o Governo. Pois, em uma rede todas as pessoas estão envolvidas diante de um problema público, sejam as organizações públicas ou privadas.

Marin e Mayntz (1991) refutam a tese em que o Estado deva ser o único ator protagonista diante das políticas públicas. Para esses autores, a formulação das políticas através das redes não se alicerçaria em comando e ordem, mas, sim, em negociação e trocas. Reforçam ainda que ao se realizarem as trocas não significa necessariamente que todos se beneficiem de maneira igualitária.

Sendo a sociedade civil uma esfera de interação social entre o Estado e a economia. É composta pela família, pela esfera das associações, como as associações voluntárias, pelos movimentos sociais e formas de comunicação pública. Neste contexto, o da formulação das políticas públicas, o Estado passa a compartilhar sua relevância com a sociedade e seus atores sociais.

O conjunto de etapas de determinada política pública até que seja colocada em prática é chamado de ciclo de políticas públicas, seguindo as fases elencadas no Quadro 7.

Quadro 6 - Fases das políticas públicas

FASE DEFINIÇÃO

1 Identificação do problema Reconhecimento de situações ou problemas que

necessitam de intervenção.

2 Formação da agenda O governo define quais questões têm relevância

social ou urgência.

3 Formulação de alternativas Estudo, avaliação e escolha das medidas mais

úteis ou eficazes para a solução dos problemas.

4 Tomada de decisão

Definir as ações a serem executadas. Levando-se em consideração as análises técnicas e políticas sobre as consequências e a viabilidade das medidas.

5 Implementação Momento quando as políticas públicas são

colocadas em prática pelos governos.

6 Avaliação

Momento em que se avalia a eficiência dos resultados alcançados e rever os ajustes necessários.

7 Extinção

É possível que depois de um período a política pública deixe de existir, pois pode acontecer de o problema deixar de existir ou das ações não serem eficazes para sua solução ou perdeu a importância diante de outras necessidades mais relevantes, ainda que não tenha sido resolvido. Fonte: TODA POLÍTICA, 2018.

Uma política pública pode ser elaborada pelo Estado ou não. As instituições privadas também podem promovê-las, desde que haja um problema a ser a resolvido e, em consonância, com a necessidade do povo, que é o que define uma política pública. No Brasil, é mais comum ocorrerem às chamadas Parcerias Público- Privadas (PPP’s), em torno das mais diversas Políticas Públicas32.

Como exemplo de parceria Público-Privada, tem-se o debate em torno da segurança privada e direitos humanos realizado em dezembro de 2019 pelo Instituto Ethos. Na oportunidade se permeou a atuação de empresas que contratam e fornecem esse serviço. O Instituto Ethos e a Comissão Arns promoveram uma

32 Conforme a Lei 11.079/2004, Parceria Público-Privada (PPP) é um contrato administrativo de concessão, sendo patrocinada ou administrativa. A PPP administrativa é aquela em que o pagamento pelo serviço é oriundo dos cofres públicos. Na PPP patrocinada, o pagamento pelos serviços prestados vem de duas fontes: dos cofres do governo e de quem utiliza e dos usuários.

oficina estratégica com o objetivo de debater as principais questões de direitos humanos relacionados à segurança privada.

As ações do Instituto Ethos servem de auxílio para o governo e para a sociedade no combate a criminalidade. A intenção das discussões em torno desse assunto foi a de propor a construção de condições para as empresas que dispõem de serviços de segurança privada atuar com qualidade. A proposta tramita no Congresso Nacional.

Para Oliveira et. al (2014) o conceito de segurança está associado a noção de percepção. Ou seja, como uma pessoa percebe quando sua integridade está em risco ou não. Para os autores, desta forma, o conceito de segurança se torna subjetivo no que se refere à como um sujeito analisa uma situação que possa comprometer sua sobrevivência.

Conforme salienta Oliveira (2017) para se obter êxitos com a segurança pública, os municípios devem desempenhar importante papel nessa área. Os municípios devem se organizar e tratar o tema com toda a atenção merecida seja com as guarda-municipais, conselhos ou planos municipais de segurança pública.