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2.1 CARACTERIZAÇÃO DA FRONTEIRA SOB O PONTO DE VISTA DA

2.1.1 As fronteiras brasileiras e a criminalidade

As fronteiras do Brasil com os demais países sul-americanos estabelecem rotas de entrada e saída de produtos que impactam diretamente na situação da segurança pública do país. Anualmente, são roubados ou furtados cerca de 400.000 veículos e 15.000 cargas, sendo a maioria destinada para outros países trafegando pelas fronteiras. São 125.000 apreensões de entorpecentes e 80.000 apreensões de armas de fogo que entram no Brasil através de suas fronteiras. Pode-se afirmar que a maioria das 33.000 pessoas que desaparecem todos os anos no Brasil são levadas para fora do país pelas fronteiras.

Além do impacto na segurança pública nacional, as regiões de fronteira se caracterizam por serem altamente violentas. Quando comparadas as regiões de zona de fronteira às demais regiões, salienta que os municípios com população de até 50.000 habitantes localizados nas zonas de fronteira possuem maiores taxas de homicídios do que os que estão fora das zonas fronteiriças.

O Quadro 2 apresenta uma distribuição da incidência dos principais eventos criminosos derivados da inserção na zona de fronteira por Unidade da Federação (DEPRO-SENASP, 2009-10).

Quadro 2 - Eventos Criminosos Relacionados à Zona de Fronteira Segundo UF (Brasil – 2008)

Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública.

Observa-se no Quadro 2 que os crimes mais cometidos e combatidos pelas forças de segurança nas Unidades de Federação (UF) são o tráfico de drogas, roubos de cargas e veículos e tráfico de armas e munições. Em destaque (na cor vermelha) estão as UF’s em que os crimes acontecem com mais frequência, das mais diversas naturezas.

Nas UF’s representadas pela cor vermelha, caso do Amapá, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Amazonas, Roraima e Paraná, a atenção dos governos voltada para a segurança pública deve ser redobrada. A realização das políticas públicas de segurança ocorre por meio de investimentos substanciais, programas de cooperação e integração das forças policiais. As ações visam combater e reduzir a criminalidade de maneira significativa, proporcionando a população local maior segurança e melhor qualidade de vida.

Percebe-se que no Paraná, estado que faz fronteira com o Paraguai e a Argentina, os crimes mais praticados e que devem ser combatidos são o tráfico de drogas, armas e munições, contrabando e descaminho, os roubos de cargas e veículos, rota de veículos roubados e exploração sexual infanto-juvenil. O Paraguai serve ainda como local para o refúgio dos criminosos brasileiros, em especial, dos traficantes de drogas e armas.

A Figura 10 mostra os eventos criminosos realizados na Zona de Fronteira do Brasil.

AP RS MS SC AM RR PR AC RO MT PA

Tráfico de drogas 11

Roubo de cargas, veículos 10

Tráfico de Armas e Munições 9

Crimes ambientais 9

Refugio de criminosos 9

Contrabando e descaminho 9

Exploração sexual infanto-juvenil 7

Tráfico de pessoas 4

Rota de veículos roubados 4

Abigeato (roubo de gado) 4

Pistolagem 3

Evasão de divisas 2

Turismo sexual 1

Eventos Criminosos Presentes 9 9 8 8 8 8 8 7 7 7 3

EVENTOS CRIMINOSOS Estados

Presentes GRAU DE PRIORIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

MÉDIA ALTA

Figura 10 - Eventos criminosos realizados à Zona de Fronteira, segundo a UF (Brasil – 2008)

Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e Departamento de Políticas, Programas e Projetos – SENASP/MJ

A Figura 10 ilustra os crimes realizados com mais incidência nas fronteiras brasileiras, como roubo de gado, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições e tráfico de drogas. No estado do Paraná, destaca-se o tráfico de armas e

munições, tráfico de pessoas, roubo de cargas e veículos, roubo de gado, tráfico de drogas, exploração sexual infanto-juvenil e contrabando e descaminho. O estudo, através da análise dos dados, visa contribuir para se realizarem políticas de segurança pública específicas para se combater esses crimes na fronteira paranaense.

Os resultados da análise corroboram para a relevância da implementação de um projeto de segurança rigoroso nas fronteiras brasileiras, dotando o corpo policial de todos os recursos necessários para operação, como logística, humanos e demais materiais fundamentais para aperfeiçoamento da eficiência e eficácia das ações cometidas (DEPRO-SENASP, 2009-10). O Gráfico 1 compara as taxas de registros de homicídios entre os municípios dentro e fora da Zona de Fronteira.

Gráfico 1 – Taxas de registros de homicídios por 100 mil habitantes, entre os municípios de Zona de Fronteira e fora da Zona de Fronteira (2007)

Comparação das Taxas de Registros de Homicídios por 100 mil hab. entre os municípios em Zona de Fronteira e Fora de Zona de Fronteira Divididos por Faixas de População em

2007 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 0 a 5.000 habitantes 5.001 a 10.000 habitantes 10.001 a 50.000 habitantes População Tax a p or 10 0 m il hab.

Fora de Zona de Fronteira Zona de Fronteira

Fonte: Ministério da Saúde / SVS e IBGE.

O Gráfico 1 mostra a comparação das taxas de registros de homicídios por 100 mil habitantes, entre os municípios em Zona de Fronteira e fora da Zona de Fronteira, divididos por faixas de população, em 2007. Observa-se que tanto nos municípios com população de até 5.000 habitantes quanto nos municípios mais populosos com até 50.000 habitantes, os municípios situados na Zona de Fronteira possuem taxas mais elevadas de criminalidade. Mesmo nos municípios pouco habitados e antes pacatos, quando posicionados na Zona de Fronteira, a

criminalidade tende a ser maior devido a maior circulação de drogas e armas e a presença marcante do narcotráfico.