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Conforme dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), entre os anos de 2010 e 2017, o estado do Paraná teve um acréscimo de 217,5% sobre os volumes disponibilizados para a segurança pública. O valor investido em segurança passou de 1,26 bilhão de reais em 2010 para 4 bilhões em 2017. Foi investido o montante de 353,84 reais para cada habitante (em 2017), configurando em um aumento de 192% quando comparado com o ano de 2010. Como resultado, a taxa de homicídios caiu 33% no Estado, no mesmo período.

Quando comparado com os demais estados brasileiros, o Paraná foi o estado que mais investiu em segurança pública. Os investimentos aumentaram em 104% no Estado, no período 2010-2017. Como exemplo, o Estado ficou à frente do Distrito Federal, que teve crescimento real de 86%, e do Piauí (72,4%).

O Paraná não figura entre os estados com maiores índices de violência no Brasil, pois, quando consideradas as taxas de homicídios para cada cem mil habitantes, o estado ocupa a 20ª colocação. Todavia, assim como os demais estados brasileiros, o Paraná também enfrenta sérios desafios com a Segurança Pública (EXAME, 2018b).

Mesmo com os investimentos realizados nos últimos anos, o estado do Paraná tem se deparado com vários problemas no que se refere à segurança pública. A Secretaria de Segurança Pública enfrenta alguns problemas crônicos, como a demora na construção de novos presídios, a defasagem do efetivo nas

36 Informações retiradas do site: <http://www.acritica.net/editorias/policia/homicidios-no-brasil-tem- queda-de-104-em-2018-com-573-mil-casos/403289/>. Acesso em: 05 mai. 2020.

polícias civis e militares, a superlotação nas carceragens e a crise estrutural na Polícia Científica (GAZETA DO POVO, 2018).

Conforme o IPARDES, o Paraná aumentou seus investimentos em segurança mesmo com a crise econômica que atingiu o país. Já no estado de São Paulo a segurança pública teve um aumento real de 3,9%. No Rio de Janeiro o grande aumento da violência levou a intervenção federal e um aumento para 41,5% nos valores disponibilizados para a segurança pública, entre 2010 e 2017.

Os estados brasileiros que registraram as maiores taxas de homicídios em 2016 foram Sergipe (64 mortos para cada cem mil pessoas), Rio Grande do Norte (56,9 mortos para cada cem mil pessoas) e Alagoas (55,9 mortos para cada cem mil pessoas).

Já a Bahia lidera em números absolutos: 7.110 pessoas foram mortas no ano passado. Rio de Janeiro e São Paulo aparecem em seguida com 6,2 e 4,9 mil assassinatos registrados ao longo do ano, respectivamente (EXAME, 2018b).

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (SESP), para se ter uma segurança pública eficaz deve-se atuar na área social. É necessário realizar investimentos em setores como a geração de emprego e amenizando a falta de oportunidades com qualificação profissional e educação.

Durante a candidatura ao governo de Roberto Requião no ano de 2002 houve a proposta de uma medida que tinha como objetivo criar um sistema de geoprocessamento das ocorrências policiais. Tais medidas tornaram-se viáveis com a concretização da eleição, e a partir do ano de 2003 começaram as reuniões que visavam à viabilidade operacional e econômica para serem implantadas sob a coordenação da Secretaria de Estado do Planejamento do Paraná (SEPL) e com apoio de técnicos do Instituto Paranaense e Pesquisa Econômica e Social (IPARDES). Anteriormente a esse novo modelo, a SEPL constatou que os sistemas da polícia operavam de maneira isolada (BORBA, 2010).

O sistema de informática da Polícia Militar do Paraná (PMPR) desenvolveu um programa computacional denominado Sistema de Controle Operacional (SisCOp) que realiza todo o acompanhamento de ocorrências policiais. O SisCOp vai ao encontro da proposta do governo, pois permite acompanhar toda a ocorrência policial, desde a ligação para o número 190 até a finalização da ocorrência por meio de um registro pós-processado e a realização das atividades de planejamento e

acompanhamento estatístico, além de um mapeamento das ocorrências em tempo real (BORBA, 2010).

Em 2003, a SEPL criou um grupo de trabalho com o objetivo de consolidar o geoprocessamento das ocorrências policiais. Tal projeto ficou nominado como “Mapa do Crime – Planejamento e Segurança”. O projeto elencou oito requisitos e propostas a serem aprovadas e implementadas, tais como: informatização das unidades policiais; unificação dos Boletins de Ocorrência (BO) das Polícias Civil e Militar; criação de um sistema de integração das bases de dados de Segurança Pública e unificação das áreas de atuação das Polícias Civil e Militar.

As propostas especificadas no projeto foram: proposta de adequação institucional da SESP para implantação e uso do sistema Mapa do Crime; reestruturação das bases cartográficas e de logradouros; capacitação e treinamento das Polícias Civil e Militar e dos demais órgãos da Segurança Pública e adequação do sistema para a manutenção da solução desenvolvida. Tais requisitos e propostas foram aprovadas pelo governador e implementadas entre os anos de 2004 e 2006. Os investimentos realizados em torno do projeto Mapa do Crime foram de oitocentos mil reais (BORBA, 2010).

No contexto das políticas públicas para o estado do Paraná, foi criado no ano de 2006 um Comitê Gestor de Segurança Pública para atender as demandas de gestão da SESP. A proposta fundamental do Comitê Gestor é promover um ambiente favorável de debates em torno das políticas de Segurança Pública no Paraná (BORBA, 2010).

Como exemplo de políticas públicas a nível estadual, as mesmas contribuíram para minimizar o número de homicídios no Espírito Santo, por meio do Programa Estado Presente, lançado em 2011. No Paraná ocorreu uma integração das polícias Civil e Militar que surtiram efeito no combate ao crime no estado (IPEA, 2014).

Dentre as políticas de segurança pública para a região de fronteira, foi assinado o termo de entendimento entre o Ministério da Justiça e o governo do Paraná para estabelecer a utilização do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e realização de ações integradas permanentes de segurança pública, prioritariamente em áreas de fronteiras e divisas (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).

Como resultados parciais das ações, em três anos foram apreendidas cerca de seiscentas toneladas de drogas com o Plano Estratégico de Fronteiras. Também já foram apreendidas 2.913 armas e realizadas mais de 42 mil prisões. O

investimento total dos últimos três anos para ações de segurança na fronteira contabiliza R$ 930 milhões. O Plano integra ações de segurança dos ministérios da Justiça (polícias Federal, Rodoviária Federal e Força Nacional) e Defesa (Forças Armadas) (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2014).

No ano de 2011 foi instalado no município de Foz do Iguaçu o Núcleo Regional para o Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira do Estado, que deve abarcar todas as esferas políticas do país: a União, por meio do Ministério da Integração, o Estado e os municípios da Faixa de Fronteira. O Núcleo de Fronteira prevê acima de tudo o planejamento e execução de ações voltadas para o desenvolvimento da região (AEN-PR, 2011).

Conforme discurso proferido pelo então governador Beto Richa, no dia 24/11/2011, o Núcleo de Fronteira consentirá explorar as ricas potencialidades da região, por onde passam muitos turistas, revertendo em empregos e qualidade de vida para a população local. Foz do Iguaçu é a segunda cidade do País que mais é visitada por turistas estrangeiros, atrás apenas do Rio de Janeiro (AEN-PR, 2011).

O grande potencial de crescimento da região fronteiriça também foi destacado pelo então ministro da Integração Nacional, Fernando Coelho Bezerra (em 2011), que pretende criar projetos visando o desenvolvimento dessa região. Segundo o ministro, é preciso investimentos para combater o contrabando e o narcotráfico e assim diminuir a violência na Faixa de Fronteira (Agência de Notícias do Paraná, 2011). O plano de ação do Núcleo de Fronteira tem projetos para os 139 municípios da Faixa de Fronteira paranaense e será administrado por um grupo formado por inúmeras instituições governamentais e da sociedade em geral (ANP, 2011).

O Núcleo de Fronteira proporciona grandes possibilidades de novos projetos e políticas públicas para a Faixa de Fronteira, com espaço para as parcerias empresariais e comerciais. A Faixa de Fronteira paranaense, com 2.372.942 habitantes (IBGE, 2010), é a mais populosa entre todas no Brasil. Conforme o superintendente da Polícia Federal do Paraná, delegado José Alberto Iegas, é extremamente importante a integração de todas as forças de segurança com o Núcleo, pois, desta forma, contribuirá com a segurança da região. Importante ressaltar que diversas ações policiais que ocorrem na fronteira já estão integradas, pois fazem parte de um acordo entre os governos federal e estadual (AEN-PR, 2011).

A criação do Núcleo de Fronteira se junta com outras ações adotadas no ano de 2011, como a criação do Gabinete de Gestão Integrada de Foz do Iguaçu, o primeiro em área no Brasil, e a instalação do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), com sede em Marechal Cândido Rondon.