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(DÉCADAS DE 1940 A 1980)

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Neste capítulo78, apresenta-se o histórico das Edições Tabajara, cujos serviços foram

prestados entre as décadas de 1940 e 1980, sua atuação no mercado editorial, assim como os profissionais que atuaram na empresa e as respectivas publicações didáticas. Deve ser destacado, uma vez mais, a importância do estudo da história da editora Tabajara e de suas edições, devido à sua significativa contribuição com dados para esta pesquisa. Segundo Choppin:

A história particular da empresa, de sua produção, de suas estratégias financeiras ou comerciais, de suas filiais ou sucursais, de suas relações com os poderes políticos e religiosos, com o meio científico e profissional, etc. se constitui, certamente, como percurso obrigatório. Mas a história das edições escolares não pode ser reduzida a uma adição de abordagens monográficas: esse setor está submetido a uma série de determinações específicas; é tributário de um contexto político, demográfico, regulador, científico, financeiro, econômico, tecnológico, pedagógico, etc. que condiciona sua existência, sua estrutura, seu desenvolvimento e a própria natureza de suas produções. Somente uma abordagem globalizante pode apreender suas evoluções (CHOPPIN, 2014, p. 564).

As Edições Tabajara têm origem na Livraria de mesmo nome, fundada em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, em 1943. Para compreensão do histórico da Tabajara é fundamental destacar os nomes de dois profissionais, que foram os principais responsáveis pela sua atuação no mercado editorial gaúcho e nacional. São eles, os irmãos Joel Cavalcanti de Albuquerque Tabajara e Olímpio Cavalcanti de Albuquerque Tabajara.

Filhos de José do Cavalcanti Albuquerque Tabajara e Selmira Loureiro de Castro

78 Este capítulo reúne dados obtidos de várias fontes, tais como documentos oficiais, periódicos, Diário Oficial, Leis

Tabajara, Joel e Olímpio nasceram na cidade de Itaqui, localizada na fronteira oeste do estado do Rio Grande do Sul e, ademais, na sua terra natal ambos viveram durante muitos anos. Seu pai, José Tabajara, contraiu dois matrimônios, o primeiro com Ana Amarelina Freitas de Cavalcanti Albuquerque79 e, depois de ficar viúvo, casou com Selmira Loureiro de Castro

Tabajara80. Com isso, José teve um total de 32 filhos (15 do primeiro e 17 do segundo

casamento), o que tornou a família bastante numerosa, perpetuando-se até os dias atuais.81

Joel Cavalcanti de Albuquerque Tabajara nasceu no dia 03 de agosto de 1917. Sua dedicação aos livros era inspirada no seu pai, que era Tabelião e Oficial do Registro de Imóveis da Comarca de Itaqui. Joel, por ser o filho mais velho do último casamento de seu pai, tornou-se responsável pela guarda e educação dos 15 filhos menores, de acordo com um documento registrado por ele em tabelionato antes de falecer, em 1938 (Nelson Tabajara, 2018). Em 1940, Joel Tabajara se transferiu para Porto Alegre e foi morar em uma pensão. Após os primeiros meses estando empregado nessa cidade, levou a sua mãe e seus irmãos de Itaqui para a capital do estado.

De 1937 a 1942, Joel foi funcionário da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul e recebia pensão deixada pelo seu pai. Porém, em 1941, com as dificuldades financeiras enfrentadas na época, optou por buscar uma nova fonte de renda, para complementar seus vencimentos, em função dos encargos, para ajudar a mãe com os gastos e pagar os estudos dos irmãos. Devido ao seu interesse pela educação e em especial pelos livros, decidiu trabalhar na sua divulgação. Viajava para a Argentina e ao Uruguai para comprar livros didáticos e os expunha em banca que montava em frente às faculdades, para vender aos alunos e professores interessados, em uma época em que havia muitos livros importados em francês, inglês e em outros idiomas. Joel tornou-se, assim, com isso, um caixeiro-viajante. Começou, então, nas horas vagas e à noite, auxiliado pelos irmãos menores, a ser também vendedor da Livraria do Globo, liderada pela família Bertaso, que cedia os livros consignados para exposição em escolas e feiras.

79 Alguns dos 15 filhos que o casal (José e Ana Amarelina) teve, são (em ordem decrescente): Luiz Cavalcanti de

Albuquerque Tabajara, Lurdes Tabajara Herter, Alcebíades Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Aristides Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Archimedes Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Severino Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Eulália Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, João Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, José Cavalcanti de Albuquerque Tabajara.

80 Alguns dos 17 filhos que o casal (José e Selmira) teve, são (em ordem decrescente): Joel Cavalcanti de

Albuquerque Tabajara, Jandira Cavalcanti de Albuquerque, Ofélia Tabajara Freire, Aracy Cavalcanti de Albuquerque, Olímpio Cavalcanti de Albuquerque, Abgar Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Ignes Tabajara Ratier, Bélgio Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Pedro Cavalcanti de Albuquerque Tabajara, Nice Tabajara Rocha e Abner Cavalcanti de Albuquerque Tabajara.

81 Segundo relatos obtidos por alguns parentes, a família tem origem no grupo indígena Tabajara, que habitava o

litoral do nordeste brasileiro, entre os estados da Paraíba e Ceará. Conta-se que um homem descendente dessa tribo veio de Pernambuco para o Rio Grande do Sul e, em homenagem à sua terra, decidiu utilizar esse nome como sobrenome. No caso, essa pessoa seria o senhor José de Holanda Cavalcanti de Albuquerque “Tabajara”, o avô de Joel e Olímpio e de seus 30 irmãos, cujo pai também se chamava José. Eis aqui um exemplo da miscigenação, pela mistura de etnias, raças e povos, bastante característica do Brasil.

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Em 1942, para tratar de interesses particulares, licenciou-se da Secretaria da Agricultura e fundou, em nome de sua mãe Selmira, a firma individual S. Tabajara, situada na Rua Demétrio Ribeiro, nº 502, em duas peças do casarão antigo onde morava sua família, no centro histórico da cidade de Porto Alegre. Esse prédio não existe mais, pois atualmente há um condomínio no mesmo local.

No ano seguinte, em dezembro de 1943, fundou a Livraria Tabajara Ltda., em sociedade com o escritor Mansueto Bernardi82 e a sede foi transferida para a Rua dos

Andradas, nº 1502, 2º andar, perto da Praça da Alfândega e próximo à Rua Marechal Floriano Peixoto, conforme pode ser visto na Figura 07, a seguir (o número exato não foi localizado no prédio, mas acredita-se que, por suas dimensões e antiguidade, possa ter sido instalada no edifício em tons verde e branco, com atual numeração de 1504).

Figura 07 - Localização da Livraria Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1502, em Porto Alegre/RS. Fonte: Registro extraído do Google Maps/Street (de 03/2014) pela autora, em 01/2016.

A empresa, nesta época, contava como fundadores e acionistas figuras conhecidas da política, intelectuais e do cenário educacional do Estado, entre os quais estavam: Presidente Getúlio Dornelles Vargas, Dr. João Belchior Marques Goulart e Eng.º Leonel de Moura Brizola; professores universitários Mem de Sá, Carlos e Victor de Brito Velho, Lino Braun, Ivo Corrêa Meyer, Adroaldo Mesquita da Costa e Armando Pereira Câmara83. Percebe-

82 Mansueto Bernardi (20/3/1888-09/09/1966), imigrante de origem italiana, era um intelectual e escritor conhecido

por sua atuação na administração da Livraria do Globo, em Porto Alegre/RS, junto ao proprietário e diretor José Bertaso. Entre as suas funções, ocupava-se das atividades de coordenação do setor editorial e se retirou da editora no início da década de 1930 (HALLEWELL, 2005; RAMIL, 2013).

83 Esses e outras tantas pessoas também aparecem mencionadas em uma lista extensa de nomes de diretores,

membros do conselho fiscal e acionistas, em uma matéria publicada no Jornal do Dia, no dia 28/03/1948, intitulada “Livraria Tabajara S. A. – Ata da Assembléia Geral Extraordinária, realizada a dezenove (19) de março de mil novecentos e quarenta e oito (1948), com a qual se processou o aumento definitivo do capital social”, ocupando de forma integral a p. 06 e metade da p. 07. Evidencia-se que nesse jornal foram publicadas muitas matérias e notas da Livraria e Editora Tabajara, identificadas durante a pesquisa, tais como convocatórias de assembleias gerais, reuniões, relatório da diretoria, balanço geral, avisos aos acionistas, sorteio de livros, entre outras notícias, novidades e também propagandas de obras didáticas, livros e material escolar. Nas oficinas

se aí a influência das redes de sociabilidade na constituição e no funcionamento do referido empreendimento.

Em 1945, a empresa foi transformada em Livraria Tabajara S. A.84. O livreiro Joel

Tabajara, conquistou vários clientes entre universitários e profissionais, que encomendavam livros a ele, como os das faculdades de Medicina e de Direito. Com isso, começou a importar livros e enciclopédias da Argentina, Espanha, México, Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália. Ao mesmo tempo, começou a dedicar-se à representação de livros, entre eles os didáticos, como os da Editora Agir (do Rio de Janeiro), Editora do Brasil S. A. (de São Paulo) e Empresa Gráfica Cruzeiro do Sul.

Nessa época, Joel Tabajara era Diretor e Zélia G. Sperotto (cunhada - irmã de Hilda Luiza Sperotto Tabajara, esposa de Joel) era Diretora Interina da Livraria Tabajara S. A. A Figura 08, a seguir, mostra Joel Tabajara em atividades de trabalho, nos anos iniciais da sua empresa. Na fotografia à esquerda, da década de 1940, está Joel Tabajara trabalhando e carregando pacotes de livros em uma rua de Porto Alegre/RS. Na fotografia à direita, dos anos de 1950, Joel Tabajara estava em Buenos Aires, na Argentina, cidade para a qual costumava viajar para tratar de importação de livros para a sua empresa (Joel Tabajara é o da esquerda, no grupo de três pessoas caminhando).

gráficas desse jornal também foram impressos alguns dos livros didáticos publicados pela Tabajara.

84 No Diário Oficial de 27/03/1967 (p. 03 – Seção III) foi encontrado o informe com o “Título de estabelecimento

deferido”, no qual consta o registro N° 497.781 para a Livraria Tabajara - Livraria Tabajara S. A. - Cl. 32-38 – Art. 117 nº 1.

No Diário Oficial de 20/06/1967 (p. 04 – Seção III), consta na seção de “Certificados expedidos em 9 de maio de 1967” a marca “Livraria Tabajara”, com o termo 497.781, Classes 32 e 38, Registro 356.993. Porém, não se tem conhecimento se isso faz referência ao nome da empresa por escrito e/ou à marca gráfica (logotipo) utilizada pela empresa nos impressos.

No Diário Oficial de 12/01/1968 (p. 20 – Seção III), aparecem dois registros com “Tabajara”, requeridos pela Livraria Tabajara. Um deles consta com o N. 828.459-460, como Indústria Brasileira, nas Classes 28 (Artigos – Cartões termoplásticos de identidade) e 25 (Artigos – Ações, apólices, cartazes, clichês, decalcomanias e literais de propaganda). O outro consta com o N. 828.461 na Classe 50 (Artigos – Distribuição, representações e revenda de títulos e valores mobiliários, prestação de assistência técnica à empresa e sua idealização e planejamento jurídico administrativo, elaboração de planos, esquemas na organização empresarial; pesquisas, planos, estudos, projetos, financiamentos, investimentos e empreendimentos).

No Diário Oficial de 06/03/1968 (p. 04 – Seção III), a empresa está registrada na seção de “Título de estabelecimento deferido”, sob N.° 567.950 - Centro de Representantes Industriais e Comerciais - Livraria Tabajara S. A. - Classes: 33, 41, 42 e 43 (Art. 97, n.°1 do C. P. I.).

No Diário Oficial de 15/10/1968 (p. 09 – Seção III), foi encontrada uma referência de Livraria Tabajara S. A., com o Registro 375.576, no de 25/10/1968 (p. 06 – Seção III) o N. 378.952 e no de 12/05/1969 (p. 03 e 05 – Seção III) os Ns. 828.459, 828.460 e 828.461, 828.934, 828.935, 828.936 e 828.937, ainda não identificados pela necessidade de se verificar as páginas anteriores desses documentos.

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Figura 08 – Fotografias de Joel Tabajara. À esquerda, em Porto Alegre/RS (década de 1940) e à direita, em

Buenos Aires/Argentina (anos de 1950).

Fonte: Acervo particular de Nelson Tabajara.

Em julho de 1946 começam as atividades da Editora Tabajara, na sede localizada na Rua dos Andradas, 1201 – 1º andar (Figura 09), negócio que surgiu com a finalidade de publicar coleções de livros com temas da atualidade e em evidência na época. Suas primeiras edições foram: Mocidade e Amor – para rapazes (Coleção Amor e Vida, 1º v., de Marcel-Marie Desmarais e Daniel A. Lord, S. J.); Examina-te bem (Coleção às Armas!, 1º v., de Léo Kohler, S. J.); Cartas sôbre o matrimônio (Coleção Amor e Vida, Agustin B. Elizalde); Cartas de um

padre comunista (de Agustin B. Elizalde) e Pequeno dicionário de frases latinas – provérbios,

locuções e curiosidades (de José Lodeiro)85.

Figura 09 - Localização da Editora Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1201, em Porto Alegre/RS. Fonte: Site Wikimedia Commons, Eugenio Hansen, 2015.

Os livros editados foram sendo classificados em quatro seções estabelecidas pela editora: Estante de Cultura (Política, Sociologia, Filosofia, Ensaio, Biografias), Estante de

Recreio (Romances, Contos, Poesia), Estante de Formação (Educação Moral e Religiosa) e Biblioteca Infantil. Inicialmente, muitas das publicações da Tabajara eram edições com traduções de obras bem vendidas fora do país em outros idiomas, porém, com o passar dos anos, passaram a ser predominantemente didáticas e abrindo espaço aos autores gaúchos (cujas características são aprofundadas no desenvolvimento deste trabalho), devido ao interesse da editora em se estabelecer no mercado editorial didático.

Casado com Hilda Luiza Sperotto Tabajara, com quem teve 7 filhos86, no fim da

década de 1940 Joel Tabajara comprou um prédio, que estava situado na Rua dos Andradas, nº 1774, entre as ruas Dr. Flores e Sr. dos Passos, próximo à Santa Casa de Misericórdia da cidade de Porto Alegre, conforme pode ser visto no mapa disponível na Figura 10, que ilustra a localização do endereço no centro da cidade.

Figura 10 - Mapa da localização da Livraria Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1774, em Porto Alegre/RS. Fonte: Registro extraído do Google Maps pela autora, em 01/2016.

No início de 1950, neste local, Joel já estava morando com a família no porão e inaugurou a nova loja da Livraria Tabajara no dia 09 de janeiro daquele ano, no restante do prédio. Com isso, investiu ainda mais na sua atuação junto às escolas e professores, dedicando-se à edição de livros didáticos. Entre eles, estavam aqueles que eram acompanhados de Manuais do Professor, bastante característicos dessa editora e distribuídos gratuitamente aos profissionais. Isso foi iniciado nessa nova sede própria, que viria a ser então a mais conhecida de sua história no mercado editorial. Essa é considerada a última sede oficial da Tabajara instalada em Porto Alegre/RS.

É interessante comparar o mapa anteriormente mostrado (Figura 10) com um do final da década de 1950, exposto a seguir (Figura 11), encontrado em uma das edições da Revista

do Ensino/RS (Ano VII, Edição Especial, janeiro de 1958), no qual aparecem assinalados

86 Entre os 7 filhos de Joel e Hilda, estão (em ordem decrescente): José Moacir, Nelson, Myriam, Carmen, Joel

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alguns pontos de referência na região central de Porto Alegre, entre eles a Livraria do Globo, para conhecimento dos clientes, que predominantemente eram professores e professoras das escolas gaúchas. Estranha-se que a localização da Livraria Tabajara, mesmo estando próxima e instalada na mesma região, não aparece indicada, apesar de essa empresa também prestar serviços de interesse ao público-alvo da revista.

A Figura 11, a seguir, mostra uma parte do mapa (cuja versão completa ocupa duas páginas da revista), com a zona onde está assinalada a Livraria do Globo, destacada com contorno retangular branco, enquanto que no local onde está o círculo branco, é mostrado a localização da Livraria Tabajara, na mesma rua, algumas quadras à direita (ou acima, pois a rua é inclinada e olhando-se o mapa da esquerda para a direita, a Livraria do Globo fica na parte baixa da rua e a Tabajara na parte alta).

Figura 11 – Parte de mapa da região central de Porto Alegre/RS, que apresenta alguns pontos de referência. Fonte: Revista do Ensino/RS, Ano VII, Edição Especial, janeiro de 1958, p. 24-25.

A Figura 12, a seguir, mostra duas imagens no mesmo endereço (o último em que a editora funcionou), sendo que a da esquerda apresenta o prédio com a fachada original da sede da Tabajara, no início da década de 1950. Esse prédio foi demolido em 1958 para reformas no local e a sede da empresa foi novamente inaugurada em 1960, com mais andares e uma fachada bem diferente da anterior. Em 2015, com a saída de um inquilino do prédio, a fachada foi modificada mais uma vez, estando atualmente com o aspecto visto na imagem à direita. É interessante observar, na fotografia da esquerda, que o prédio apresenta a indicação do nome da Livraria Tabajara três vezes (uma na horizontal na parte superior e duas no sentido vertical, na lateral esquerda e direita do prédio), assim como sinaliza alguns de seus serviços prestados, tais como “Livros e material escolar”, “Encadernação”, “Livros jurídicos”. Constata-se que a fachada mais recente é totalmente distinta da anterior, que em nada foi

preservada quanto às suas características estilísticas e arquitetônicas e, também, que o prédio da empresa foi aumentado para um porão e 02 andares87.

Figura 12 - Sede da Livraria Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1774, em Porto Alegre/RS. À esquerda o prédio

original (década de 1950) e à direita a sede com a fachada dos dias atuais (2015).

Fonte: Acervo particular de Nelson Tabajara.

A Figura 13, a seguir, mostra algumas personalidades na inauguração da nova sede da Tabajara, ocorrida em 1960. Entre elas, estão alguns funcionários da empresa, intelectuais da sociedade local e autores de obras publicadas pela livraria.

Figura 13 – Inauguração da nova sede da Livraria Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1774, em Porto Alegre/RS,

1960.

Fonte: Acervo particular de Nelson Tabajara.

87 Com o prédio reinaugurado em 1960, a distribuição dos serviços e seções da Tabajara era a seguinte: no subsolo

ficava o depósito; na loja estavam a venda à varejo, o atacado, o estoque e a expedição; na sobreloja eram situados os setores da Revista do Ensino/RS, do Departamento de Pessoal, do Arquivo e da Contabilidade. Existia, ainda, um mezanino que era ligado a um apartamento que desembocava na rua Sr. dos Passos. Nesse local, havia uma cozinha e um setor de conexão com os autores e tudo que envolvia a elaboração dos livros, como a área técnica e a biblioteca. No apartamento, logo à entrada, estava a sala da diretoria - de Joel e Olímpio, além da sala de José Moacir (o filho mais velho de Joel). Ainda no mezanino, além de cozinha, junto à sala da biblioteca, estava a sala da sra. Zoraida, na qual havia uma grande mesa em que, no mínimo duas vezes por semana, almoçavam autoras e pessoas convidadas por Joel e Olímpio (Nelson Tabajara, 2018).

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Após algum tempo, Joel Tabajara comprou uma casa, na Vila dos Comerciários, no bairro Medianeira, para sua família morar, mas a empresa editorial seguiu funcionando no mesmo endereço. Essa sede foi utilizada até o encerramento dos serviços em espaço físico. O prédio segue sendo de propriedade dos filhos (acionistas) de Joel Tabajara e tem sido locado para estabelecimentos comerciais diversos.

A Figura 14, a seguir, ilustra a localização do prédio fechado com placas de aluguel, no canto direito da fotografia (registrada pela autora em visita ao local em 2014), com porão e 2 andares, em tons de cinza emoldurando vidraças e dois painéis de identificação visual de loja, um verde e um branco (de empresas diferentes), sobre os portões de entrada. Pode-se visualizar também parte da Rua dos Andradas, na qual a Tabajara esteve sediada.

Figura 14 - Localização da Livraria Tabajara, na Rua dos Andradas, nº 1774, em Porto Alegre/RS. Fonte: Registro realizado pela autora, em 08/2014.

Vale registrar que a Rua dos Andradas é uma rua bastante tradicional do centro (histórico) da cidade, considerada a mais antiga e que já foi a mais glamourosa e sofisticada da capital. É conhecida também como Rua da Praia e sediou Livrarias reconhecidas, como a do Globo, entre outras que ainda existem na área, por onde circulavam escritores, autores e artistas, além de profissionais do ramo editorial. Essa rua é conhecida historicamente por ser ambiente de efervescência cultural, da intelectualidade, da política e de manifestos na cidade, pois concentrava o comércio e o movimento das pessoas, servindo de ponto de encontro para a sociedade gaúcha, devido aos seus estabelecimentos diversos, que também incluíam cafés, confeitarias e restaurantes, em seus vários prédios históricos.

Entre esses lugares típicos de circulação das pessoas, um dos que ficava próximo à Livraria Tabajara era a clássica Confeitaria Princesa (antiga Confeitaria Cristal, fundada com o novo nome em 1960, na Rua Andradas, 1812). A seguir, a Figura 15 mostra como era a Rua dos Andradas, nos idos de 1950, com uma imagem bastante diferente do que se viu na Figura 14, dos tempos atuais.

Figura 15 – Vistas da Rua dos Andradas, em Porto Alegre/RS – década de 1950. Fonte: Acervo fotográfico do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo, Porto Alegre/RS.

A Revista do Ensino/RS (Ano VII, Edição Especial, janeiro de 1958, p. 46), a mesma referida anteriormente com o mapa da região central de Porto Alegre/RS, apresenta também uma listagem com indicação de locais e, na seção que se refere às Livrarias, é interessante