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5. ANÁLISES E DISCUSSÕES

5.1 Categorias de Análise

5.1.4 As estruturas e objetivos do clube

Quando falamos da estrutura física e os objetivos do clube, o Treinador da categoria sub 20 (TB), fala em seu depoimento que o modelo de jogo engloba também toda a estrutura física do clube:

“Tá dentro do modelo de jogo né, o termo modelo de jogo, a definição de modelo de jogo ele é tão amplo que também engloba essa questão né, estrutura física, as pessoas que estão envolvidas nesta gestão, as pessoas que circulam dentro do clube, funcionários, desde do, do, do funcionário mais humilde digamos assim né, lá da portaria, ou que faz a manutenção do clube até os treinadores todos, todas estas pessoas influenciam, de maneira muito marcante na tua maneira de jogar lá dentro de campo, o modelo de jogo, o conceito de ter um modelo de jogo ele é influenciável por todas essas variantes ai. “ (TB)

Essa citação do TB pode ser confirmada por Carraveta (2012) quando o mesmo fala que, devido essa nova organização do futebol, foram criados diversos setores nos clubes para que se tenha cada vez mais um clube organizado em sua totalidade, fazendo com que esse preparo seja a base para as conquistas dos objetivos tanto dentro quanto fora de campo norteados pelo modelo de jogo.

Para Paoli (2007), toda a estrutura física que o clube oferece junto com uma filosofia de trabalho é necessária para que os objetivos do clube sejam alcançados. Assim, o TB mostra que todo o clube faz parte e influencia o modelo de jogo.

Desta forma, o modelo de jogo sofre influências de todo o clube, podendo sofrer consequências positivas ou negativas de acordo com cada mudança que o clube sofra, seja estrutural ou até mesmo dos diferentes profissionais que lá atuem, todos esses requisitos podem influenciar no rendimento dentro do campo.

O Treinador da equipe profissional (TP) não relaciona com modelo de jogo, mas também afirma a importância de uma boa estrutura que supra todas as necessidades que o clube possua para conquistar os objetivos:

“ A estrutura que o clube te oferece né, eu vou dizer do clube que eu trabalho que é simples, mas é super funcional, isso te da condição de você antever ou antecipar, prevenir lesões que é, você pode perder atletas por muito tempo né, você tendo um departamento de fisiologia dentro do clube, você tendo um departamento médico que funcione, hoje a gente faz o VO2 dentro do clube então, isso tudo te dá uma condição de tá equilibrado e não afetar no seu rendimento durante a temporada, pelo contrário, você vai ter os atletas em atividade né, o máximo possível, então a estrutura ela funciona para que você realmente tenha condições de suportar a temporada e ir alcançando seus objetivos. “ (TP)

Carravetta (2012) corrobora com a fala de TP quando descreve que a estrutura envolve diferentes aspectos do clube. Uma estrutura física e administrativa competente, com boa organização, atendendo e se adaptando a todas as mudanças diretas que o futebol sofre, serve como alicerce para o melhor rendimento do clube como um todo. Pois desta maneira o clube poderá conquistar títulos, revelar novos jogadores, ter crescimento patrimonial e de sócios.

O discurso de Carravetta (2012) e a fala de TP demonstram que para que um clube tenha sucesso, este deve funcionar em todos os seus departamentos para que consiga, assim, os objetivos traçados.

O treinador da base (TB) complementa em seu depoimento sobre estrutura e objetivos que os grandes clubes europeus seguem uma linha metodológica e filosófica de futebol há um longo período de tempo como modelos a serem seguidos, mas não copiados.

“Ah o modelo ideal a ser seguido são os grandes clubes europeus, a gente tem a referência maior que é o Barcelona mas tem outros clubes, nós temos o Ajax na Holanda, o Feyenoord na Holanda, equipes que seguem uma linha metodológica, filosófica de futebol já a bastante tempo , mas é tudo como eu te digo, tudo muito longe da nossa realidade aqui, o grande segredo nosso

aqui é conseguir contextualizar tudo na nossa cultura, no nosso modo de ser, então, são exemplos a serem seguidos, mas não copiados.” (TB)

“[...] é tudo como eu te digo, tudo muito longe da nossa realidade aqui, o grande segredo nosso aqui é conseguir contextualizar tudo na nossa cultura, no nosso modo de ser, então, são exemplos a serem seguidos, mas não copiados. “ (TB)

O comentário de TB está relacionado com a opinião de Pereira (2004), apud Leocini & Silva (2000), quando este fala que o modelo de gestão deve apresentar algumas características imprescindíveis como: modelo estável, que opere há pelo menos cinco anos, no qual suas variáveis administrativas já estejam consolidadas; um modelo que contemple a lucratividade e/ou o desempenho em campo como metas ou resultados esperados; um modelo que possibilite facilidade ao acesso às informações necessárias para tal análise.

O autor acima cita alguns clubes estrangeiros que contemplam essas características, dentre os quais: o Barcelona da Espanha, o Milan da Itália e o Manchester United da Inglaterra.

Mais uma vez o pesquisado demonstra o seu conhecimento global de modelo de jogo quando relaciona com infraestrutura, e cita grandes equipes de futebol da Europa que seguem este modelo administrativo.

Desta forma, espelhar-se nessa ampla estrutura dos clubes europeus, pode ser a saída para a implantação de uma nova cultura de futebol no Brasil, fazendo com que os clubes evoluam e cheguem a um patamar organizacional que se possa competir com essas equipes europeias.

Mas é importante que cada clube tenha seu modelo de gestão individual, que o caracterize, fazendo com que sua gestão ofereça subsídios para a organização sistemática do futebol e tenham relação direta com os objetivos traçados.

Esse modelo de gestão individual é citado no depoimento do treinador da equipe profissional (TP), no qual cada instituição deve buscar uma estrutura que, dentro da sua realidade, consiga oferecer totais condições para a realização de um bom trabalho.

“Não tem modelo ideal, até pela condição de cada um, a condição de cada um que vai dizer o modelo ideal, que se você for analisar todos os clubes eu digo lá do Sudeste, Corinthians, São Paulo, Palmeiras todos eles têm condição, o clube em questão que ta no Nordeste é uma estrutura menor, simples, mas também é uma estrutura que te dá condição, então é muito relativo você falar qual a estrutura, qual a condição que você tem para poder seguir, o clube em questão dá essa condição só que uma condição diferente, simples e funcional; “ (TP)

[...] “acho que a condição é aquela que você pode dar dentro da sua condição financeira.” (TP)

Essa organização dos clubes brasileiros citadas pelo TP, na busca de um modelo ideal e individual, a partir das condições de cada clube é identificada por Pereira (2004), quando o mesmo cita que alguns clubes estão sofrendo um processo de transformação nesse quesito de organização. Para o autor, num contexto geral, principalmente no Sul e no Sudeste, já se pode identificar uma gestão de futebol mais sólida no Brasil.

Desta forma, se faz necessário um maior investimento dos clubes de futebol em sua estrutura física, oferecendo assim melhores condições para que o clube e seus profissionais alcancem as metas traçadas em seus diversos setores. Esse maior investimento estrutural pode apoiar a globalização do futebol brasileiro, reduzindo a diferença existente entre os clubes das regiões sul e sudeste em relação aos clubes das demais regiões do país.

No que diz respeito a estrutura e os objetivos do clube pesquisado, TB cita no seu depoimento uma evolução no clube no aspecto de investir num CT (centro de treinamento) para formar jogadores e na criação de uma filosofia de futebol.

“ [...] O nosso clube passa por um momento novo né que a pouco tempo ele adquiriu essa estrutura aqui no CT né então dá um salto, o Clube a partir desse momento ele entra no cenário de um clube formador no Brasil né, ele entra no cenário porque hoje ele tem uma estrutura física, eu percebo que hoje a gente aqui dentro, internamente tá começando a construir uma ideia de filosofia de futebol, de conceitos de futebol mas tudo muito novo, tudo muito no momento inicial, embrionário como eu te falei antes né, então isso leva tempo, isso ai com essa estrutura que hoje dispõe o Clube, com a grandeza do clube, com a torcida, com o investimento, que é um investimento bem significativo vai levar ainda um tempo razoável para começar a dar frutos, eu acredito que isso é coisa lá pra daqui a 4, 5 anos né, mantendo essa ideia, melhorando essa ideia né, melhorando e muito essa ideia a gente vá conseguir encontrar um retorno, começar a dar esse retorno. “ (TB)

Partindo dessa filosofia de futebol que o clube em questão começa a discutir, em relação aos diversos setores e categorias do clube, confirmamos a ideia de Casarin et al (2011) que diz que o modelo de jogo é uma estrutura que todos os profissionais do clube devem utilizar como base para o seu trabalho, ajudando nos objetivos traçados pelas categorias como a transição de jogadores entre as categorias até a principal.

Já no que diz respeito a formação de jogadores e estrutura física citados pelos pesquisado, Paoli (2007) fala que é importante, para que as categorias de base consigam conquistar os objetivos traçados, uma boa organização e estrutura física

como centro de treinamentos, materiais, alojamentos além de uma boa condição para que esses atletas possam se desenvolver dentro do esporte.

Nesta linha de evolução na infraestrutura para formação de jogadores Para Ferreira e Paim (2011), o elevado preço dos passes de jogadores de futebol de alto nível, a concorrência de equipes com maior poder aquisitivo, e a busca em gerar arrecadação e recursos com a venda dos jogadores formados no próprio clube para o exterior, fez com que nos últimos anos, o investimento nas categorias de base aumentasse significativamente.

Por meio de um trabalho bem estruturado a partir das categorias de base, com uma boa organização tanto dentro quanto fora de campo, o clube pode alcançar resultados que possam dar sustentabilidade para todos os setores da instituição.

Já o treinador da categoria profissional (TP) quando perguntado sobre os objetivos do clube pesquisado, identifica o objetivo principal na conquista de boas colocações dentro dos campeonatos que o clube irá disputar proporcionando ao clube uma melhor condição no cenário futebolístico do país.

“ Sem dúvida o principal objetivo é o acesso, é a gente ta disputando, começou a série B agora, a gente tem o objetivo de conquistar o acesso. ” (TP)

“ [...] o objetivo é conquistar o acesso e caminharmos bem dentro da Copa do Brasil a cada etapa e nos aproximarmos quem sabe de uma final. ” (TP)

Esses objetivos citados pelo TP são identificados por Carravetta (2010) quando este descreve que os resultados dentro de campo trarão resultados também fora de campo como, reconhecimento, uma maior projeção dentro do futebol e rentabilidade. Carravetta (2012) também coloca que toda a estrutura do clube é importante para que os clubes consigam atingir seus principais objetivos que são: a Conquista de títulos; a Formação de novos talentos; a Comercialização de jogadores; Disciplina e organização e Crescimento do seu patrimônio.

Os objetivos dos pesquisados, mesmo que um pouco distintos, se completam na busca do crescimento do clube estudado, fazendo com que o clube ganhe cada vez mais conhecimento nacional e internacional, forme jogadores e conquiste resultados expressivos.