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O processo de formação do jogador de futebol vem se tornando cada vez mais importante. A necessidade de formar jogadores talentosos no futebol brasileiro vem se tornando cada vez mais imprescindível, tendo em vista a pouca quantidade de craques renomados no futebol mundial e admirados pelos torcedores do país.

Para Paoli (2007) apud Medina (2006), aos poucos os profissionais que trabalham com a formação de jogadores, enxergam que o “craque” deixou de ser um jogador com diferenças técnicas dos demais, nos dias atuais, os aspectos de ordem tática, físicas e psicologia assumem grande importância no contexto do atual futebol. Paoli (2007) identifica o jogador talentoso como, o atleta que possui habilidades e características motoras acima da média de comparado com outros jogadores, técnicas, físicas, emocionais e intelectuais, sendo identificado a partir de um desenvolvimento da sua aptidão ao jogo, considerando as condições que o clube oferece ao talento.

De acordo com Paoli; Silva; Soares (2008), o processo de detectar e selecionar os talentos, independente da modalidade que ele pratica, está relacionado a fatores sociais, culturais, econômicos, éticos, pedagógicos, etc. No futebol, o dinamismo desse processo aumenta, buscando sempre identificar jogadores que se encaixem no tipo ideal de atleta para o esporte.

A busca de jovens jogadores para as categorias de base no futebol é um processo árduo e seletivo. Durante muito tempo se falava que o jogador brasileiro já nasce pronto, acontecendo de uma forma quase que espontânea, a partir de lugares inusitados como, praia, rua, campinhos, etc. Hoje se faz necessário uma procura e estimulação muito mais consciente e profissional para a captação de jovens jogadores. (FERREIRA; PAIM, 2011)

Para Falk; Pereira, (2010), na busca por talentos no futebol são avaliados alguns pontos importantes para o alto rendimento no futebol atual como: sua qualidade técnica; competitividade e participação; disciplina; velocidade; inteligência do jogo; força; biótipo e conhecimentos táticos.

Paoli (2007) entende que a formação de um jogador de futebol deve compreender o desenvolvimento das habilidades motoras e coordenativas adquiridas pelo atleta na infância e na adolescência, tais como, seu desenvolvimento físico e psicológico e técnico/ tático sobre o jogo somado então as condições que o indivíduo trás na sua genética.

O clube, na procura desses novos talentos, utiliza-se de mecanismos para captar jogadores de acordo com sua categoria. Paoli (2007) cita algumas estratégias que são utilizadas tais como: a Indicação, processo que ocorre a partir dos observadores técnicos de jogadores, ou conhecidos no mundo do futebol como “olheiros”, conseguindo captar jogadores para todas as categorias do clube, sendo um mecanismo eficaz, já que em média, 50% dos jovens levados aos clubes por este processo começam a ser aproveitados; a Peneirada ou Processo Seletivo, onde para Paoli (2007) apud Toledo (2002) se identifica o processo mais espontâneo para captação de jovens valores, por conta da procura dos garotos ao clube, passando por um processo de inscrição e seleção que pode ter duração de meses. Entretanto, menos de 1% dos jogadores das categorias de base são aprovados a partir desse processo, conseguem evolução. A contratação para o autor é um processo seletivo mais complexo, onde se dá por meio de uma indicação direta do treinador da equipe a partir das suas observações em competições ou jogos, além de envolver valores financeiros na transação de clube para clube. Atualmente, os clubes procuram cada vez mais esse tipo de captação já nas categorias de base, por trazerem nesse momento um jogador quase pronto. Já os Convênios e Parcerias, onde se empresta jogadores para outras equipes, fornecendo-lhes matérias e um valor financeiro, a fim de melhorar as condições do clube que ficará responsável pela estrutura de treinamento e de jogos, ajudando na formação desses novos jogadores; as Franquias e Escolinhas Independentes, onde e oferece a marca do clube para terceiros, com o objetivo de captar novos valores através daquela franquia.

Para Paoli (2007), o desenvolvimento de um talento no futebol pode ser dividido em seis etapas, são elas: A detecção, que é a procura pela descoberta de novos jogadores que não estejam envolvidos dentro do modo de ver o futebol de outro clube, facilitando assim, o trabalho em longo prazo com esse jogador; a seleção, onde se é levado em consideração características do jogador que influenciará no ótimo desempenho, como, as características físicas, capacidade de aprendizagem, capacidade técnica, fatores afetivos e sociais, etc.; a Oportunização, onde é oferecida

a oportunidade dos garotos se apresentar e mostrar suas características e qualidades; a Promoção, onde se procura atingir pico de desempenho do atleta, levando em consideração procedimentos estruturais, administrativos e futebolísticos; a Exposição, onde o atleta pode demonstrar seu futebol em competições oficiais dentro das categorias de base, sendo colocados em evidência; e a Comercialização, onde os atletas são negociados, para gerar lucro para os clubes.

Segundo Damo (2005), o processo de formação de um jogador de futebol pode se iniciar a partir dos 12 anos, muitas vezes num regime fechado, dentro dos centros de treinamentos e com duração em média de 5000 horas de trabalhos técnico e psicológicos para a prática do esporte de alto nível. Assim, essa busca em ser um jogador de futebol, requer dedicação integral ao esporte.

Entretanto para os jogadores que já estão dentro do clube é necessário um processo de progressão em relação às categorias de base até a equipe profissional. Para isso, segundo Paoli (2007), é necessário um trabalho integrado das comissões técnicas, formando uma comissão geral das categorias de base, tendo como ponto fundamental a união dessas categorias. Para o autor, o trabalho de base é um processo de formação continua funcionando como uma engrenagem, onde para se formar um jogador depende de todas as categorias.

De acordo com Casarin et al (2011), um modelo de jogo da equipe deve ser um mecanismo utilizado por toda uma estrutura da equipe, dando um norte para todos os profissionais do clube, facilitando a transição entre as categorias e a adaptação dos novos jogadores ao estilo de jogar do clube que servirá de modelo até a equipe profissional. Entretanto, segundo os autores, no futebol brasileiro pouco se percebe a utilização de um modelo de jogo que norteia o trabalho dos clubes, onde se observa isso, quando um jogador chega à equipe principal e não interage da maneira que aquela categoria joga.

Para os autores, a formação de jogadores de futebol necessita de urgente por uma reestruturação. É quase consensual a necessidade de realizar um trabalho progressivo e padronizado nas categorias de base, tomado sempre por iniciativas de entidades maiores.

Por ser um esporte seletivo, a promoção para as categorias de cima se tornam mais difícil com o passar dos anos. Segundo Paoli (2007), de acordo com dados fornecidos pelo Coordenador técnico do Cruzeiro-MG, a maior promoção de jogadores para a categoria de idade acima, cerca de 90%, acontece da categoria sub

14 para a sub 15 por conta de um trabalho mais integrado. Este número começa a diminuir com o passar dos anos, da categoria sub 17 para a sub 20, apenas 30% a 40% dos jovens jogadores são aproveitados, já da sub 20 para a categoria profissional apenas de 5% a 10% conseguem essa promoção.

Outro fator que pode influenciar na formação de jogadores no futebol é a escolarização. Damo (2005) destaca alguns os problemas da compatibilidade entre escolarização e formação do jogador no Brasil. O autor aponta que os centros de formação de atletas do futebol brasileiro, são totalmente livres na gestão de sua política pedagógica de formação de atletas e de escolarização, não havendo uma supervisão ou orientação das cargas de treinamento, da qualificação dos profissionais que realizam o trabalho com os jovens jogadores e da adequação da infraestrutura dos centros de treinamento. Em contrapartida, Damo (2005) fala que em alguns países da Europa como a França, a política governamental exige que exista compatibilidade entre a formação do jogador e sua escolarização. O jovem, ao fim do processo de formação, pode entrar na carreira profissional com baixa formação escolar, dependendo do tipo compatibilização entre o trabalho treino corporal e a escola.

Nos dias atuais os dirigentes dos clubes estão dando cada vez mais importância para as categorias de base. O elevado preço dos passes de jogadores de futebol do alto nível, a concorrência de equipes com maior poder aquisitivo, e a busca em gerar arrecadação e recursos com a venda dos jogadores formados no próprio clube para o exterior, fez com que nos últimos anos, o investimento nas categorias de base aumentasse significativamente. (FERREIRA; PAIM, 2011).

4. METODOLOGIA