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3.2. Modelo de jogo no futebol

3.2.4. Os momentos do jogo e seus princípios e subprincípios

Segundo Silva (2008), o modelo de jogo tem como objetivo desenvolver uma organização e uma forma de jogar de acordo com os momentos que o jogo oferece. Estes momentos estão divididos em momentos de defesa, momentos de ataque e as transições entre esses dois momentos, a transição defesa\ataque e transição ataque\defesa.

Ainda de acordo com Silva (2008), estes momentos do jogo não seguem uma sequência definida apesar de ser possível diferenciá-los, fazendo assim com que o jogo seja formado por diversos momentos diferentes e que não se desligam e que a

organização da equipe nesses diferentes momentos tenha uma articulação havendo assim uma relação entre os princípios dos diversos momentos do jogo.

Os princípios no futebol são as vertentes que orientam o pensamento tático dos jogadores que formam uma equipe de futebol, estes princípios participam da solução das dificuldades que são observadas em diferentes situações de jogo. (PIVETTI, 2012).

Segundo Garganta (1997), os princípios táticos englobam as movimentações e estão relacionados diretamente com as ações dos jogadores, com a consciência, o conhecimento tático e com os mecanismos motores.

Os princípios gerais segundo Garganta (1997) são ideias comuns aos outros princípios, tanto operacionais, quanto fundamentais e as diversas fases que o jogo oferece sendo dividido em três conceitos formados a partir das relações numéricas e espaciais entre os atletas da equipe e os jogadores adversários, não zonas de disputa pela bola. Segundo o autor, o princípio geral do conceito ataque é não permitir a inferioridade numérica, da transição defesa\ataque e ataque\defesa é evitar a igualdade numérica e da defesa é procurar criar a superioridade numérica.

Os princípios operacionais, de acordo com Garganta (1997) apud Bayer (1994) são as operações necessárias para tratar uma ou várias categorias de situações. Portanto, eles se relacionam a conceitos para as duas fases do jogo, sendo na Defesa, anular as situações de finalização, recuperar a bola, impedir a progressão do adversário, proteger a baliza e reduzir o espaço de jogo adversário e no ataque, conservar a bola, construir ações ofensivas, progredir pelo campo de jogo adversário, criar situações de finalização e finalizar à baliza adversária.

Os princípios fundamentais, segundo Garganta (1997), são um conjunto de regras de base que guiam as ações dos jogadores e da equipe nas fases de defesa e ataque da equipe, com o objetivo de criar situações de desequilíbrios na organização da equipe adversária, manter a organização da própria equipe e fazer com que os jogadores tenham uma ação organizada no “centro de jogo”.

De acordo com Costa et al (2010), são observados cinco princípios para cada fase de jogo baseados nos seus objetivos. Na defesa, temos o princípio da Contenção onde se é necessário diminuir os espaços de ação ofensiva do portador da bola, orientar a progressão do portador da bola, parar ou retardar o ataque ou contra-ataque adversário, proporcionar maior tempo para uma melhor organização da defesa, diminuir as linhas de passe da equipe adversária, evitar o drible que venha a

ser realizado com progressão a caminho do gol, impedir a finalização a gol da equipe adversária; o princípio da cobertura defensiva onde se deve ser um novo obstáculo para o jogador adversário que está com a bola caso ele ultrapasse o atleta que está na contenção, passar confiança ao jogador que está na contenção para que ele seja agressivo e efetivo na marcação do portador da bola; o princípio do equilíbrio onde se procura assegurar a estabilidade defensiva na região de disputa de bola, apoiar os companheiros que estão fazendo a contenção e a cobertura, cobrir as linhas de passe que possam ser criadas, marcar os jogadores que possivelmente possam vir a receber a bola, fazer uma recuperação defensiva sobre o portador da bola e recuperar ou afastar a bola da zona onde ela está. O princípio da concentração para proteger com maior ênfase o gol, levar a ação ofensiva adversária para a zona de campo com menor risco para a sua meta e proporcionar maior pressão no centro do jogo; e o princípio da Unidade defensiva onde se busca fazer com que a equipe marque em bloco, diminuir a ação ofensiva da equipe adversária na sua largura e profundidade, reduzir o espaço do jogo, utilizando a linha de impedimento, anular as linhas de passe para jogadores que estão fora do centro de jogo e possibilitar a participação em uma próxima ação defensiva da equipe.

Já no ataque, os autores citam o princípio da penetração que tem o objetivo de desestabilizar a organização defensiva da equipe adversária, atacar diretamente a equipe adversária e criar situações que dê vantagens para as ações ofensivas, como superioridade numérica, etc.; o princípio da mobilidade, onde se busca criar ações de quebra da organização defensiva do adversário, se apresentar numa zona ou situação real de gol, criar linhas de passe em profundidade, conseguir o domínio ou a posse da bola para criar as ações ofensivas; o princípio da cobertura ofensiva procurando apoiar o portador da bola sendo opção para dar seguimento ao jogo, diminuir a pressão da equipe adversária sobre o companheiro que está em posse da bola, criar superioridade numérica, gerar um desequilíbrio na organização defensiva adversária e garantir que a equipe mantenha a posse da bola; o princípio do espaço buscando ampliar o espaço efetivo de jogo da equipe, distanciar os jogadores adversários, dificultar as ações de marcação da equipe adversária, facilitar as ações de ataque da equipe, movimentar o jogo para uma zona de menor pressão e procurar fazer ações de segurança com os jogadores que estão posicionados mais defensivamente na equipe para dar uma sequência ao jogo; e a Unidade Ofensiva, procurando tornar mais fácil a saída da equipe do campo defensivo para o ofensivo, fazer com que a

equipe ataque em bloco, ofertar segurança nas ações de ataque no centro do jogo, preencher o centro do jogo com mais atletas e diminuir o espaço de jogo no campo defensivo.

Casarin e Esteves (2010) mostram exemplo de princípios e subprincípios adaptados. A organização ofensiva tem como princípio a circulação e posse da bola, e alguns subprincípios como, mobilidade, Apoio, Formação de figuras geométricas. Já a organização defensiva, tem como princípio a zona de pressão e pressão da equipe, em sua totalidade, em todos os setores do campo, Cobertura, Dobras de marcação e Flutuação como subprincípios.

Na transição defensiva, os autores citam a pressão coletiva ao perder a posse da bola como princípio e subprincípios como encurtamento das linhas de passe, e rápida Compactação na marcação. Sobre a transição ofensiva, temos como princípio retirar a bola da zona de pressão e subprincípios como retirar a bola em largura, utilizar passes curtos e rápidos, além de manter a posse de bola.

Já para Mendes (2015), o treinador deve externar de forma clara e objetiva seus critérios e intenções para que seus jogadores sigam fielmente a filosofia e os padrões organizacionais da equipe nos quatro momentos do jogo (organização ofensiva, transição ofensiva, organização defensiva, transição defensiva).

Para o autor, a organização ofensiva tem como objetivo a compactação ofensiva, ocupação espacial (campo grande), ocupar os corredores laterais e centrais, valorização da posse de bola, aparecimento de linhas de passe, triângulos, retirar a bola da zona de pressão, circulação da bola na horizontal, paciência, sem ansiedade, sem forçar o passe e, sempre exploração do lado fraco do adversário, executar o jogo vertical no momento adequado, buscar as diagonais, fazer o jogo posicional entre os jogadores. A transição defensiva (ataque-defesa) busca uma prontidão dos jogadores para uma mudança de atitude rápida, executar o pressing e a pressão para recuperar a bola imediatamente no momento da perda, fazer o campo pequeno, induzir a lateralizarão do jogo, induzir o adversário jogar para trás, coberturas diagonais, cuidar do lado fraco para não ser surpreendido.

Já a organização defensiva para o autor procura uma compactação defensiva, cuidado para fechar os espaços entre as defesas, deixar a linha estreita entre os jogadores, executar a sobra, mas, na mesma linha em relação aos companheiros, linha defensiva alta, manter a última linha, corredores centrais e laterais bem preenchidos, cobertura do lado fraco, diagonal protegida, marcação em

profundidade no setor ofensivo do campo, marcação em amplitude no setor defensivo do campo, pressão com bloco alto, médio e baixo, pressing e, uma ótima basculação; deslocamento homogêneo da linha defensiva. A transição ofensiva (defesa-ataque) busca uma prontidão dos jogadores para uma mudança rápida de atitude, transição agressiva, inteligente, rápida e eficaz, jogo vertical, passes agudos, os jogadores devem aproveitar os espaços em termos de profundidade oferecidos pelo adversário, aproveitar a superioridade numérica e, concluir, finalizar as jogadas o mais rápido possível em poucos toques de forma precisa.

Segundo Garganta (1997), o modelo de jogo para uma equipe de bom nível é chamado de elaborado e se é caracterizada da seguinte forma: Um jogo dinâmico, orientado, com frequente comportamento de antecipação, os jogadores são organizados com funções e finalidades diferenciadas. Acontece a Gestão racional do espaço do jogo; a alternância intencional do jogo direto e indireto; a bola circula em função do projeto do jogo coletivo e individual; o acesso ao ataque é resultado dos princípios ofensivos e das ações táticas; a antecipação preside todas as ações; a equipe defende e ataca em bloco; o portador da bola joga de cabeça erguida (ler o jogo) e existe a predominância evidente da comunicação motora.

Assim, o modelo de jogo é a forma de organizar os princípios e subprincípios do jogo, relacionando-os entre si para que eles sigam um objetivo único de se criar uma maneira de jogar da equipe. Essa relação entre os princípios e subprincípios deve acontecer de forma coerente para que os resultados nas diferentes fases do jogo sejam positivos fazendo assim com que a equipe tenha equilíbrio e seja eficiente na sua forma de jogar pré-determinada.

Ter princípios e subprincípios de jogo bem definidos, são pontos importantes para o trabalho de um treinador de futebol. No futebol atual, possuir uma boa organização entre as fases do jogo pode ser o caminho para uma equipe obter bons resultados em uma partida.